sábado, 31 de janeiro de 2009

Autores e Obras citados de 1.Janeiro.2009 a 30.Janeiro.2009.

Monge escrivão.

(a Autores e a Obras anteriormente referenciados, apenas se lhes citam os nomes e respectivos títulos.)
Adeline Rucquoi, História Medieval da Península Ibérica, Editorial Estampa, Lisboa, 1995;
Alexandre Herculano, História de Portugal, Desde o começo da monarquia até o fim do reinado de Afonso III, Tomo II;
António Lopes Pires Nunes, Os castelos Templários da Beira Baixa, Cadernos de Património Cultural da Beira Baixa, Ed. Câmara Municipal de Idanha-a-Nova, Idanha-a-Nova, 2005;
Bernardo de Sá-Nogueira, Primeiros tabeliães nas vilas do reino sob jurisdição das Ordens Militares (1212-1279), Ordens Militares: guerra, religião, poder e cultura, Vol. 2, pp. 175-185, Edições Colibri/Câmara Municipal de Palmela, Lisboa, 1998;
Heinrich Schæfer, História de Portugal, Vol. I;
Jaquelina Félix e Sónia Barros, Modelos de Escola na Idade Média (retirado da Web);
[http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/opombo/hfe/momentos/modelos/index.htm];
João Carlos Caninas, Francisco Henriques e Jorge Gouveia, O Castelo de Ródão e a Capela da Senhora do Castelo (Vila Velha de Ródão), Ibn Marúan: Revista Cultural do Concelho de Marvão, nº 7, pp. 183-203, 1997;
João Carlos Garcia, O espaço Medieval da Reconquista no Sudoeste da Península Ibérica, Faculdade de Letras de Lisboa, 1986;
fr. Joaquim de Santa Rosa de Viterbo, Elucidário, Tomo II;
José Manuel Capêlo, Portugal templário, Relação e sucessão dos seus Mestres [1124-1314], A presença templária em Portugal;
Mário Jorge Barroca, A Ordem do Templo e a Arquitectura Militar Portuguesa do Século XII;
Nuno Villamariz Oliveira, A influência do Oriente em Portugal através da Arquitectura Militar templária, Mil Anos de Fortificações na Península Ibérica e no Magreb (500-1500): Actas do Simpósio Internacional dobre Castelos, pp. 909-913, Edições Colibri/Câmara Municipal de Palmela, Lisboa, 2002;
P. M. Laranjo Coelho, As Ordens de Cavalaria no Alto Alentejo, O Archeologo Português, Lisboa, Museu Ethnographico Português. — S. 1, vol. 26 (1923/24), p. 186-248;
Paulo Alexandre Loução, Os Templários na formação de Portugal;
Robert Durant, Les Campagnes Portugaises Entre Douro et Tage aux XII et XIII siécles, Paris, Fundação Calouste Gulbenkian-Centro Cultural Português, 1982;
Saul António Gomes, As Ordens Militares e Coimbra medieval: tópicos e documentos para um estudo, Ordens Militares: guerra, religião, poder e cultura, Vol. 2, pp. 43-72;

Outros:

História de Portugal em Datas — coord. de António Simões Rodrigues —, Círculo de Leitores, Lisboa, 1994;
Reader’s Digest, Ao Encontro do Passado.

Até breve.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Portas de Ródão.

Portas de Rodão.
(fotografia de António Mateus)

As Portas de Ródão ocupam um espaço importante no imaginário local. Apoiada em vários acidentes naturais ou antrópicos (1), a tradição oral regista várias lendas (2). A mais notável é a lenda do rei Wamba ou a Maldição de Ródão (3)
A lenda fala do amor adúltero de uma rainha cristã (umas vezes identificada como mulher do rei Wamba, outras com princesa Urraca), que vivia no Castelo de Rodão, com um rei mouro residente do outro lado do rio, nos Castelinhos da Senhora da Graça, a norte de Nisa, sítio onde existe um povoado proto-histórico (?). Diz a lenda que se namoravam sentados em cadeiras de pedras situadas num e noutro lado das Portas, enquanto o rei cristão andava na caça ou na guerra. Diz-se ainda que o rei mouro decidiu raptar a rainha cristã. Com esse fim escavou um túnel, com início no Buraco da Faiopa (mina antiga situada na encosta ocidental da serra de São Miguel), para passar por baixo do rio. Mas falhou o propósito e o túnel (que não existe) terminou a grande altitude, no morro sul das Portas de Ródão, onde existe uma cavidade a que chamam Buraca da Moura.
O rei mouro acabou por fugir com a amante que atravessou o rio sobre uma teia de linho. Segundo a lenda, o rei Wamba conseguiu raptar a mulher. Esta foi julgada em tribunal familiar que a condenou à morte por despenhamento presa a uma mó
(4). Na queda a rainha lançou a seguinte maldição sobre Ródão: “nesta terra não haverá cavalos de regalo, nem padres se ordenarão e putas não faltarão”. Por onde a rainha passou, arrastada pela mói, jamais nasceu mato.
[João Carlos Caninas, Francisco Henriques e Jorge Gouveia, O Castelo de Ródão e a Capela da Senhora do Castelo (Vila Velha de Ródão), Ibn Marúan: Revista Cultural do Concelho de Marvão, nº 7, pp. 183-203, 1997.]

Notas dos Autores:

(1). — É o caso das Portas, de um penhasco a que chamam Cadeira da Rainha, de uma cavidade natural a que chamam Buraco da moura, da mina da Faiopa, do castelo e da capela.

(2). — É o caso das lendas dos Gigantes de Ródão, do Refúgio de Herodes, de Nossa Senhora do Castelo, do Juízo de Deus e da maldição de Ródão. (v. SOROMENHO, 1965.)

(3). — SOROMENHO, Paulo Caratão, 1965, Lendário Rodanense, Revista de Portugal, série A, vol. XXX, pp. 430-447; HENRIQUES, Francisco, 1974, Património Artístico Ignorado — Lendas, Portas de Ródão, 25 de Setembro, Vila Velha de Ródão.

(4). — O despenhamento está também presente nas festividades de Monsanto da Beira. Sacrifícios com despenhamento estão presentes em cultos mediterrânicos como é o caso de Prantos de Adónis (v. Moisés Espírito Santo, 1993, Origens do cristianismo Português, Instituto de Sociologia e Etnologia das Religiões, Universidade Nova de Lisboa, Lisboa, p. 225.).

Nota nossa:

É óbvio que no tempo do rei Wamba os mouros ainda não estavam presentes neste espaço do território português. Que a lenda refira uma rainha D. Urraca é bem mais verosímil e bem melhor aceite como ficção histórica.

Até breve.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Arnado.

Conta a história que num local arenoso, entre o Terreiro da Erva e a Azinhaga dos Lázaros, a noroeste de Coimbra, conhecido por Arnado, reuniu D. Afonso Henriques um pequeno conselho de homens da sua máxima confiança, entre os quais se destacavam D. Pero Pais, seu alferes, D. Lourenço Viegas, D. Gonçalo de Sousa e D. fr. Pedro Arnaldo, frei do Templo, a fim de se discutir, como era seu intento e propósito, sobre a tomada de Santarém, exigindo-lhes por sua vez, e sob pena de morte, o máximo dos segredos. No entanto, de regresso a Coimbra e ao passar, acompanhado dos seus, pela rua da Figueira Velha, ouviu da boca de uma idosa, a falar com outras, que o rei com aqueles seus companheiros vinham de resolver a maneira como furtassem Santarém aos mouros. Imensa foi a incredulidade que se fez nos rostos de D. Afonso I e daqueles seus homens de confiança, já que nenhum deles se havia apartado um só momento de junto do monarca português. O que é certo é que, depois de conquistada a cidade da lezíria, o rei, lembrando-se do episódio acontecido em Coimbra, mandou construir, em Arnado, uma pequena capela comemorando o episódio acontecido no local onde se tinha dado a reunião secreta. O tempo, esse minucioso mestre do trabalho subtil, ajudou a que desaparecesse, tragada que foi pelas areias do rio Mondego que a marginava.
[José Manuel Capêlo, Portugal templário, Relação e sucessão dos seus Mestres [1124-1314], A presença templária em Portugal, p. 68, nota 163.]
Até breve.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Comenda de Nisa.

Pano de muralha do destruído castelo de Nisa.

Como a Comenda de Nisa era uma das mais antigas da margem esquerda do Tejo gozava da prerrogativa de ser cabeça de Ouvidoria das quatro terras circunvizinhas da Ordem, a saber: Alpalhão, Arez, Vila Flor e Montalvão (…).
[P. M. Laranjo Coelho, As Ordens de Cavalaria no Alto Alentejo, O Archeologo Português, p. 204.]
Até breve.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Cluny.

Abadia de Cluny (reconstrução teórica).

A fama de Cluny, que já reformara o mosteiro de Albelda* no reino de Pamplona e cujos costumes haviam sido adoptados por um grande número de casas dos condados do Nordeste de Espanha, levou Fernando I e, depois, Afonso VI a atribuir à abadia borgonhesa uma parte das parias pagas pelos reis das taifas muçulmanas.
[Adeline Rucquoi, História Medieval da Península Ibérica, p. 161.]

Nota nossa:

*. — No ano de 1035.

Até breve.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Escolas catedrais.

Se, até ao século XI, a vida intelectual era praticamente monopólio da Igreja, a partir do século XII, inaugura-se uma nova fase. À margem da sociedade feudal, emerge um novo grupo social, a burguesia, urbana, mercantil e manufactureira, dedicada à finança, acumulando riquezas, poder e importância cultural. É com o seu apoio que se vai operar a renovação da ideia de escola, a sua abertura para além das paredes dos mosteiros e abadias rurais.
O ensino literalmente deixa o campo e instala-se definitivamente nas cidades. As Escolas Catedrais (escolas urbanas), saídas das antigas escolas episcopais (que alargaram o âmbito dos seus estudos), tomaram a dianteira em relação às escolas dos mosteiros. Instituídas no século XI por determinação do Concilio de Roma (1079), passam, a partir do século XII (Concilio de Latrão, 1179), a ser mantidas através da criação de benefícios para a remuneração dos mestres, prosperando nesse mesmo século.
A actividade intelectual abre-se ao exterior, ainda que de forma lenta, absorvendo elementos das culturas judaica, árabe e persa, redescobrindo os autores clássicos, como Aristóteles e, em menor escala, Platão
.
[retirado da Web, de um trabalho realizado por Jaquelina Félix e Sónia Barros —
http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/opombo/hfe/momentos/modelos/index.htm.]
Até breve.

domingo, 25 de janeiro de 2009

O “território” de Idanha-a-Velha e os Templários.

Mapa mostrando a reconquista cristã contra os Almohadas, em 1157.

Para leste, D. Afonso Henriques começou por doar aos Templários, em 1165, no Vale do Tejo, toda a enorme área de Idanha-a-Velha que ia do Rio Cera (Tomar) ao Erges. A doação era feita pelos limites da velha Diocese da Egitânia e correspondia a um autêntico Território, como o eram os de Braga, porto ou Coimbra, o que constituía uma enorme honra concedida aos Templários e uma prova de confiança, tanto mais que todo este vale do Tejo estava em poder dos mouros.
A doação passava para os Templários uma difícil área e equivalia a dar a D. Gualdim Pais, a envergadura de um Sesnando, a figura grada de Fernando magno no Território de Coimbra, um século antes
.
[António Lopes Pires Nunes, Os castelos Templários da Beira Baixa, Cadernos de Património Cultural da Beira Baixa, p. 21, Ed. Câmara Municipal de Idanha-a-Nova, Idanha-a-Nova, 2005.]

Até breve.

sábado, 24 de janeiro de 2009

O traçado de fronteiras no reinado de Sancho I. (III)

Assim, as divisões dos dois países foram, desde os fins do reinado de Afonso I, as mesmas, proximamente, que ainda hoje subsistem desde a foz do Minho até o castelo de Alva sobre o Douro. Da margem esquerda deste rio para o sul os limites do nosso país eram, porém, mais curtos, e a fronteira leonesa, estendendo-se à foz do Côa, seguia-o no seu curso até a confluência do Pinhel e, tomando ao longo deste rio, talvez até a sua origem ou próximo dela, passava perto de Sabugal e de Sortelha, dirigindo-se às fontes do Elga. O Elga formava daí ao Tejo a divisão entre os dois estados como forma actualmente.
[Alexandre Herculano, História de Portugal, Desde o começo da monarquia até o fim do reinado de Afonso III, Tomo II, pp. 19-20.]

Até breve.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

O traçado de fronteiras no reinado de Sancho I. (II)

De Melgaço, a fronteira, fazendo um ângulo, descia de noroeste a sudoeste na direcção pouca mais ou menos da actual, como corre até Lindoso. Dali, voltando numa nova linha para o oriente, corria pela extremidade dos dois distritos em que se dividia, segundo parece, a parte mais setentrional da província de Trás-os-Montes, isto é, o de Montenegro e o de Bragança, e, rodeando ao nordeste a capital deste último distrito, donde ele tirava o nome, inclinava-se para sul. Nessa direcção tornava a bojar para o nascente, abrangendo o território de Miranda, até que, buscando outra vez a perpendicular sobre o Douro, vinha morrer na margem direita deste rio no mesmo ponto, pouco mais ou menos, em que actualmente se estremam a Espanha e Portugal.
[Alexandre Herculano, História de Portugal, Desde o começo da monarquia até o fim do reinado de Afonso III, Tomo II, p. 19.]

Até breve.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

O traçado de fronteiras no reinado de Sancho I. (I)

(…) quando Sancho I tomou posse cabal da administração do reino, os limites boreais e austrais de Portugal eram os mesmos que haviam sido na época do governo de seu pai salvas as alterações transitórias que os eventos das guerras com Leão tinham produzido ou que trouxeram no seu reinado. Desde a foz do Minho até onde este rio se interna hoje no território espanhol ele era, como ainda é, a linha natural que estremava os dois estados. Os sucessos antecedentemente relatados nos mostram que Tui com o seu distrito, que se dilatava pela margem direita daquele rio, pertencia aos leoneses, enquanto Afonso Henriques, dominando na margem esquerda, fundava Lapela, não sabemos em que ano, e Melgaço, em 1181, e seu filho povoava depois Contrasta (Valência) em frente de Tui.
[Alexandre Herculano, História de Portugal, Desde o começo da monarquia até o fim do reinado de Afonso III, Tomo II, pp. 18-19.]
Até breve.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Castelo Branco templário.

Torre, pano de muralha e adarve do castelo de Castelo Branco,
com panorâmica sobre a cidade actual.

(…) entre os castelos pertencentes à Ordem do Templo que chegaram aos nossos dias num estado de razoável reconhecimento, cumpre-nos sublinhar, neste contexto, o exemplo de Castelo Branco.
[Nuno Villamariz Oliveira, A influência do Oriente em Portugal através da Arquitectura Militar templária, p. 909, Mil Anos de Fortificações na Península Ibérica e no Magreb (500-1500): Actas do Simpósio Internacional dobre Castelos.]

Até breve.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

O privilégio da nobreza.

Armaduras medievais, existentes no Museu de Arte Metropolitano,
de Nova Yorque, USA.

As virtudes pessoais e o serviço público — vindos da Roma antiga — juntam-se assim ao valor militar para conferir à sociedade ibérica medieval a sua característica fundamental, a mobilidade, que permitia aceder à única «ordem» querida por Deus, a nobreza, uma nobreza moral que sancionava aos olhos dos homens o título que a garantia. O papel dos soberanos na qualidade de distribuidores deste título adquiriu tanto mais importância quanto, como representante de Deus na Terra, o rei sancionava daí em diante o valor moral dos seus súbditos. O privilégio da nobreza era, evidentemente, acompanhado da obrigação do serviço das armas e, consequentemente, da isenção de impostos. A coroa, que obtinha das contribuições indirectas a imensa maioria dos seus recursos, podia assim dar-se a esse «luxo», e nós bem sabemos que de facto os caballeros e os hidalgos participavam dos despojos reais.
[Adeline Rucquoi, História Medieval da Península Ibérica, p. 248, Editorial Estampa, Lisboa, 1995.]

Até breve.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Primeiro sucesso, provavelmente!...

Combate entre cristãos e muçulmanos. (Azulejo)

O primeiro grande sucesso da Ordem Templária em terras portuguesas parece ter sucedido somente em 1147 com a conquista de Santarém. A sua acção foi suficientemente notada para que D. Afonso Henriques lhes concedesse riquezas e direitos jurisdicionais nessa vila.
[Saul António Gomes, As Ordens Militares e Coimbra medieval: tópicos e documentos para um estudo, Ordens Militares: guerra, religião, poder e cultura, Vol. 2, p. 49.]

Até breve.

domingo, 18 de janeiro de 2009

Cira.

Mata, brenha, lugar cheio de silvados e matagais. À direita do Tejo, e cinco léguas de Lisboa, havia uma dilatada cira ou mata, que el-rei D. Sancho I doou a D. Raulino e outros Flamengos, no de 1200, para ali se estabelecerem e com as maiores franquias. Parece não fizeram largos progressos e que, havendo roteado alguma pequena parte, a demitiram à coroa, pois, no de 1206, o mesmo rei fez doação da sua vila de Villa Franca de Cira (que hoje dizem Xira) a D. Fruilla ou Froilhe Hermiges pelos muitos serviços, que lhe tinha feito, et uia estis multum naturalis nostra. No de 1228, fez esta senhora doação não só de Villa Franca de Cira mas ainda de todos os seus muitos bens, havidos e por haver, nos três reinos de Portugal, Leão e Castela aos da Ordem do Templo, pelos muitos benefícios, que tinha recebido e esperava receber: et quoniam ipsi me receperunt in sua Sancta Confraternitate, et in omnibus suis bonis Orationibus. Assim se vê pelos documentos de Tomar.
[fr. Joaquim de Santa Rosa de Viterbo, Elucidário, Vol. II (B-Z), p. 103.]
Até breve.

sábado, 17 de janeiro de 2009

Três Comendas da Ordem do Templo no Alto Alentejo.

Um dos mais antigos documentos referentes a Nisa e às outras comendas da mais remota antiguidade no norte do Alentejo, como eram Alpalhão e Montalvão, é a concordata feita entre o bispo da Guarda, o seu cabido e D. João Fernandes, Mestre da Cavalaria do Templo em Espanha (1), juntamente com os freires da mesma Ordem em Portugal, sobre os limites e direitos episcopais dessas três comendas.
[P. M. Laranjo Coelho, As Ordens de Cavalaria no Alto Alentejo, O Archeologo Português, p. 201, Lisboa, Museu Ethnographico Português. — S. 1, vol. 26 (1923/24), p. 186-248.]

Nota nossa:

(1). — Como hoje se sabe e reconhece D. fr. João Fernandes foi o último Mestre nos três reinos: Leão, Castela e Portugal (1283-1288). Quando o notável investigador P. M. Laranjo Coelho nos fala deste Mestre em Espanha está a referir-se, como é bom de ver, à função que aquele exercia nos três reinos, que era o que de facto lhe competia cumprir.

Até breve.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Começo do reinado de D. Sancho I.

D. Sancho I

Três dias apenas eram passados desde que D. Afonso I falecera quando seu filho, que estava longe da corte do velho monarca, chegou a Coimbra para subir definitivamente ao trono que ele firmara à custa de tantas fadigas.
[Alexandre Herculano, História de Portugal, Desde o começo da monarquia até o fim do reinado de Afonso III, Tomo II, p. 15.]

Até breve.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Cidade.

Nos princípios da nossa monarquia, era trivial darem os príncipes e os vassalos o nome de cidade a um concelho ou julgado, que tinha, por cabeça, alguma vila acastelada.
[fr. Joaquim de Santa Rosa de Viterbo, Elucidário, Vol. II (B-Z), p. 101.]
Até breve.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Fronteira na linha do rio Tejo.

Guerreiro português. (desenho de Carlos Alberto Santos.)

As conquistas de Santarém e Lisboa, em 1147. afastaram a linha de fronteira para o curso do Tejo e, na sua defesa, a coroa portuguesa contaria com o tributo dos Templários (castelo de Almourol) e dos Hospitalários (castelo de Belver)., O primiero, datado de 1171, notabiliza-se pela sua fascinante implantação numa perquena ilha rochosa do Tejo, vigiando não só a linha de fronteira mas sobretudo o importante nó viário de Constância, onde se transpunha o rio.
[Mário Jorge Barroca, Do castelo da Reconquista ao castelo Românico (séc. IX a XII), Vol. XI-XII, p. 122.]

Até breve.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

D. fr. Pedro Arnaldo «da Rocha» e a casa de Borgonha.

Vários autores afirmam que um dos primeiros nove templários seria português. Alexandre Ferreira fala-nos de Arnaldo Rocha, Michel Lamy diz-nos que o cavaleiro Gondomar poderá ser nativo de Portugal. Por outro lado, não subsistem dúvidas de que vários dos fundadores do Templo são da Borgonha, terra de origem do Conde D. Henrique e com a qual Portugal manteve laços no decorrer dos séculos. Algum destes factores poderá explicar o desenvolvimento precoce da Ordem do Templo em Portugal relativamente a outros reinos europeus.
[Paulo Alexandre Loução, Os Templários na formação de Portugal, pp. 141-142.]
Até breve.

domingo, 11 de janeiro de 2009

Reconquista portuguesa.

Por outro lado, o rei e as suas forças — incluindo templários — invadem e devastam grandes áreas do Alentejo sarraceno, com a ajuda do almorávida Ibn Qasi, senhor de Mértola, um dos revoltosos insubmissos devido à presença e à supremacia almohada, que nesse momento começava a subjugar o Andalus. Esta aliança com os portugueses foi-lhe fatal, vindo a ser executado pelos seus, em Silves [1151], sob o insulto escarnecedor de “mádi dos cristãos”. (1)
[José Manuel Capêlo, Portugal templário, Relação e sucessão dos seus Mestres [1124-1314], A presença templária em Portugal, p. 71.]

Nota do Autor:

(1) — Madi, que em árabe significa, Messias, salvador, aquele que vem para salvar, e que pejorativamente aqui, tem o significado que facilmente se adivinha.

Até breve.

sábado, 10 de janeiro de 2009

Vida de monge.

Monge
Nos mosteiros beneditinos de toda a Europa medieval, os monges eram arrancados ao minguado conforto dos seus colchões de palha e ásperos cobertores pelos sineiros, que os despertavam às 2 horas da madrugada. Momentos depois, dirigiam-se apressadamente, ao longo dos frios corredores de pedra, para o primeiro dos seis serviços diários na enorme igreja (havia uma em cada mosteiro), cujo altar, esplendoroso na sua ornamentação de ouro e prata, resplandecia à luz de centenas de velas. Esperava-os um dia igual a todos os outros, com uma rotina invariável de quatro horas de serviços religiosos, outras quatro de meditação individual e seis de trabalhos braçais nos campos ou nas oficinas. As horas de oração e de trabalho eram entremeadas com períodos de meditação; os monges deitavam-se geralmente pelas 6.30 horas da tarde. Durante o Verão era-lhes servida apenas uma refeição diária, sem carne; no Inverno, havia uma segunda refeição para os ajudar a resistir ao frio.
Era esta a vida segundo a Regra de S. Bento, estabelecida no século VI por Bento de Núrsia, o italiano fundador da Ordem dos Beneditinos, canonizado mais tarde. S. Bento prescrevia para os monges uma vida de pobreza, castidade e obediência, sob a orientação monástica de um abade, cuja palavra era lei. Luís, o Piedoso, imperador carolíngio entre 814 e 840, encorajou os monges a adoptarem a Regra de S. Bento.
E, por volta de 1000, a regra seguida praticamente em todos os mosteiros da Europa Ocidental inspirava-se na dos Beneditinos, tal como muitos dos edifícios se baseavam no "modelo" delineado para o Mosteiro de St. Gallen, na Suíça, em 820.
A Regra de S. Bento foi formulada quando este era abade de Monte Cassino (no Sul de Itália), abadia fundada em 529 e que continua a ser um dos grandes mosteiros do Mundo. Bento foi o seu primeiro abade, e foi ele quem estabeleceu o modelo de auto-suficiência advogado pelas primitivas regras monásticas, dependência total dos próprios campos e oficinas, que orientou durante séculos os mosteiros da cristandade ocidental.
Em todos os antigos mosteiros beneditinos, a vida era totalmente comunitária. A rotina diária centrava-se naquilo a que S. Bento chamava "trabalho de Deus". Demorados ofícios de complexidade crescente. Tudo o resto era secundário. O trabalho manual que a regra estipulava existia não só para fornecer aos frades alimentação e vestuário e satisfazer-lhes outras necessidades, como também para evitar a sua ociosidade e lhes alimentar a alma mediante a disciplina do corpo. Posteriormente, quando as abadias enriqueceram, sobretudo através de doações de fiéis devotos, os dormitórios comunitários foram substituídos por celas individuais; e foram contratados trabalhadores para cuidarem dos campos, o que permitiu a muitos monges dedicarem-se a outras actividades, nomeadamente o estudo, graças ao qual a Ordem de S. Bento viria a ser tão justamente célebre.
Nos seus jardins murados, os monges cultivavam ervas medicinais; num dado momento — ninguém sabe quando —, ocorreu-lhes a ideia de adicionar algumas ervas à aguardente, inventando assim o licor beneditino. Pode parecer estranha esta associação da vida monástica com o luxo das bebidas alcoólicas, mas o vinho foi sempre uma bebida permitida aos Beneditinos. Ligava bem com as suas refeições simples, constituídas essencialmente por pão, ovos, queijo e peixe. Embora a carne fosse proibida nos primeiros séculos, posteriormente algumas abadias adicionaram aos alimentos consumidos aves de capoeira e de caça, uma vez que o fundador não as mencionara expressamente entre as vitualhas proibidas. Em todas as refeições, porém, reinava o silêncio. Deste modo, a Regra de S. Bento, posto que severa sob muitos aspectos, conseguiu atingir um certo equilíbrio entre a ascese e o comprazimento.
Bento, obviamente, conhecia a natureza humana. Embora os monges fossem obrigados a levantar-se muito cedo, aconselhava-os a "encorajarem-se uns aos outros com indulgência e a atenderem às desculpas dos dorminhocos" e autorizava a sesta durante o Verão. Além disso, o primeiro salmo do dia devia ser recitado lentamente, a fim de permitir que os retardatários apanhassem os companheiros. Recomendava-se o silêncio, mas em termos de "espírito de taciturnidade", e não de completa mudez; de facto, existia uma sala especial, com uma lareira acesa no Inverno, onde os monges conversavam. Igual consideração para com os monges se verificava no fornecimento do vestuário, simples mas limpo, que incluía uma muda do hábito e da túnica interior. S. Bento não desejava imitar o ascetismo extremo das sociedades monásticas do Egipto ou da Síria. No entanto, os banhos, excepto para os doentes, eram desaconselhados como luxo exagerado. De acordo com a sua imutável rotina, os Beneditinos viviam e trabalhavam em obediência absoluta ao seu abade. Eram eles que o elegiam, mas a partir de então a sua autoridade era total e vitalícia. Era o abade quem deliberava sobre a faceta privilegiada do mosteiro e se este deveria primar pela santidade austera, pela cozinha ou pela erudição. No interior das suas paredes maciças, que nenhum cristão ousaria atacar, os mosteiros possuíam bibliotecas nas quais se conservou intacta grande parte da herança literária da Antiguidade durante os séculos em que a Europa foi assolada por invasões e guerras intestinas.
Na realidade, a segurança, tanto económica como física, que os mosteiros ofereciam às respectivas irmandades deve ter constituído um dos seus principais atractivos. Séculos após século, tanto os Beneditinos como os monges de outras ordens religiosas viveram sem temer a fome, a guerra ou o desamparo. E reconfortava-os sempre a ideia de que, no fim, tinham maiores probabilidades de salvação do que os camponeses ou os cavaleiros, que viviam apegados às coisas mundanas
.
[Ao Encontro do Passado, Reader’s Digest.] (retirado da Web.)

Até breve.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

1252-1254.

Os bispos do Porto e de Coimbra e o Mestre dos templários estavam em conflito com o rei por continuarem os abusos dos funcionários régios. A reclamação que fizeram junto do papa valeu ao monarca (1) uma censura (Agosto de 1254).
[História de Portugal em Datas — coord. de António Simões Rodrigues —, p. 37.]

Notas nossas:

(1). — D. Afonso III.


Até breve.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Chaveiro e Claveiro.

Chaveiro.
Feitor, procurador, despenseiro de uma casa regular ou secular e nem sempre se toma pelo que tem as chaves da porta.

Claveiro.
Claveiro, clavario e craveiro. Era, propriamente, um mordomo, despenseiro ou porteiro-mor, a quem estavam cometidas as chaves das principais oficinas da comunidade. E de clavis se disseram claveiros, clavarios e, depois, craveiros. Na Ordem de Cristo, era a quarta dignidade, cujo ofício era ter as chaves do convento, quando os cavaleiros viviam em comunidade.
[fr. Joaquim de Santa Rosa de Viterbo, Elucidário, Vol. II (B-Z), pp. 98 e 106.]
Até breve.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

O castelo de Pombal.

castelo de Pombal. (fotografia de Rui Meca)

Por esta altura — cerca de 1156 — os Templários davam início à construção do Castelo de Pombal, que talvez possa ser considerado a primeira obra de vulto de iniciativa de D. Gualdim Pais.
[Mário Jorge Barroca, A Ordem do Templo e a Arquitectura Militar Portuguesa do Século XII, p. 178.]

Até breve.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Cavaleiro de Espora Dourada.

Assim se diziam os que, suposto não tivessem nobreza herdada e mesmo fossem d’antes peoens, chegaram a ter a contia e cavalo de servir, e o mostravam ao tempo da Eyra ou Dorna (i. e. no tempo da colheita do pão e do vinho). Cód. Alf., liv. II, tít. 45, § 3. Gozava esta cavalaria de vários privilégios, um dos quais era não pagar jugada. Não só em pinturas antigas se têm visto, mas ainda dentro das sepulturas se têm achado esporas douradas, e que, sem dúvida, faziam a distinção destes cavaleiros, que se menos nobres, não eram contudo menos ricos e asseados.
[fr. Joaquim de Santa Rosa de Viterbo, Elucidário, Vol. II (B-Z), p. 85.]

Até breve.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Cavalo Raudão.

Cavallo Raudão, Roudão e Radam. Assim se chamava ao cavalo, que tinha uma cor tirante a vermelho, a que os Latinos chamam rubidus, donde facilmente se deduziu cavallo ruão, que tem a cor vermelha com alguma mescla de branca.
[fr. Joaquim de Santa Rosa de Viterbo, Elucidário, Vol. II (B-Z), p. 86.]

Até breve.

domingo, 4 de janeiro de 2009

Tabeliães públicos.

Entre meados do século XII e finais do século XIII, o documento produzido pelos tabeliães públicos — instrumentum publicum — seria reconhecido na legislação canónica e civil promulgada pelas diversas entidades soberanas na região da Cristandade Latina do ocidente.
(…) O facto de não ser especificamente referida a obediência do tabelião à tutela do Mestre/Prior ou do Convento da Ordem sobre o tabelião significará, só por si, que a mesma não existiria? No estado actual dos conhecimentos não é possível afirmá-lo.
[Bernardo de Sá-Nogueira, Primeiros tabeliães nas vilas do reino sob jurisdição das Ordens Militares (1212-1279), Ordens Militares: guerra, religião, poder e cultura, Vol. 2, pp. 176 e 179.]
Até breve.

sábado, 3 de janeiro de 2009

D. Afonso II.

D. Afonso II

D. Afonso II não empreendeu grandes expedições para alargamento do território, porque provavelmente estava preocupado com a segurança fronteiriça das regiões transmontanas e beirã. Mas dentro da política dos seus antecessores, procurando garantir a segurança do país, foi concedendo às Ordens militares grandes áreas nas regiões da Beira Baixa e Alentejo.
[História de Portugal em Datas — coord. de António Simões Rodrigues —, p. 34, Círculo de Leitores, Lisboa, 1994.]

Até breve.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Implantação das Ordens Militares em Portugal.

Os mapas da implantação das Ordens Militares em Portugal, publicados em qualquer uma das várias histórias de Portugal disponíveis no mercado livreiro português, dão-nos bem essa imagem cartográfica de distinções espaciais entre elas. Sobre o tema, e entre nós, mencionaremos como importantes as reflexões de João Carlos Garcia, O espaço Medieval da Reconquista no Sudoeste da Península Ibérica, Lisboa, Faculdade de Letras de Lisboa, 1986, passim. Importam também as páginas de Robert Durant, Les Campagnes Portugaises Entre Douro et Tage aux XII et XIII siécles, Paris, Fundação Calouste Gulbenkian-Centro Cultural Português, 1982, pp. 319-320.

[Saul António Gomes, As Ordens Militares e Coimbra medieval: tópicos e documentos para um estudo, Ordens Militares: guerra, religião, poder e cultura, Vol. 2, pp. 46-47, nota 12.]

Até breve.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Direitos do trono.

D. Afonso Henriques.

D. Afonso Henriques estava, não obstante, pouco disposto a renunciar à soberania dos lugares e territórios conferidos à Ordem. As investigações sobre a legitimidade das aquisições de terrenos e direitos dos cavaleiros do Templo, a que, qual D. Afonso III, mais determinante, o rei D. Dinis mandou proceder em 1314, não deixam alguma dúvida de que Afonso I, bem como os seus sucessores, sabia guardar os direitos do trono em face da Ordem. Pois, enquanto a tornava proprietária, poderosa e altamente favorecida, não se abstinha, contudo, de lhe lembrar os deveres peculiares do vassalo. Aquelas investigações provam isto suficientemente, conquanto os escassos fragmentos das cartas de doação, impressos, nos recusem o esclarecimento documental sobre o modo da dependência da Ordem e seus bens para com o rei.
Mas, apesar disso, vemos o monarca conceder, em 1157, à Ordem do Templo, um privilégio de tal abundância de prerrogativas e imunidades que, como livre dádiva de D. Afonso I (tão cauteloso e ciumento do poder indiviso do soberano) nos deve excitar o pasmo. Só a declaração, no documento, de que semelhante privilégio havia sido extorquido, ao autocrata, pelo papa, a instâncias do mestre da Ordem, D. Arnaldo [D. Pedro Arnaldo], e dos templários, é que pode destruir tal admiração. O rei autorga a todos os lugares, igrejas, bens e a todos os súbditos que a Ordem possuir no reino, ou vier a possuir, liberdade e imunidade. Promete defendê-los e protegê-los contra qualquer ofensa ou prejuízo. Aqueles que habitam em propriedades da Ordem são isentos de todos os serviços e de todo o tributo — (ao rei). Não pagavam imposto algum dos haveres da Ordem, nem do que comprassem ou vendessem satisfazia peagem ou portagem. Ninguém pode violar a sua propriedade ou moradia; a ninguém é dado oprimi-los ou capturá-los; ninguém (exceptuando a Ordem) tem o direito de exigir deles penalidades, por crimes cometidos. Os templários não podem ser capturados [presos] nem os seus bens embar­gados sem que haja sido presente ao rei o motivo da prisão ou do embargo. Os seus pleitos devem ser decididos pela sentença dos «bons homens»
(bonorum virorum). (1) Esta carta de privilégios, extorquida, não aumentou as posses, e vantagem, dos templários; conferiu-lhes, porém, o gozo pleno delas; e formou a suma coroa de todas as concessões reais e doações no reinado de D. Afonso I.
[Heinrich Schæfer, História de Portugal, Vol. I, pp. 65-66.]

Nota do Autor:

(1). — A Ordem do Hospital, em território português, recebeu de D. Afonso Henriques, um privilégio semelhante.

Até breve.