sábado, 28 de fevereiro de 2009

Autores e Obras citados de 1.Fevereiro.2009 a 28.Fevereiro.2009.

Monge escrivão.

(a Autores e a Obras anteriormente referenciados, apenas se lhes citam os nomes e respectivos títulos.)

Adeline Rucquoi, História Medieval da Península Ibérica;
Alexandre Herculano, História de Portugal, Desde o começo da monarquia até o fim do reinado de Afonso III, Tomo II;
Duarte de Armas, Livro das Fortalezas;
Edward Burman, Templários: cavaleiros de Deus, Editora Record, Rio de Janeiro, Brasil, 1994;
Hugh Kennedy, Os Muçulmanos na Península Ibérica, História política do al-Andalus;
fr. Joaquim de Santa Rosa de Viterbo, Elucidário, Vol. II;
José Manuel Capêlo, Portugal templário, Relação e sucessão dos seus Mestres [1124-1314], A presença templária em Portugal;
José Mattoso, Ordens militares e religiosidade, da Apresentação, 9º Curso sobre Ordens Militares, Palmela, 7-8 de Fevereiro de 2009;
José Mattoso, Luís Krus, Amélia Andrade, O Castelo e a Feira, a terra de Santa Maria nos séculos XI a XIII, Editorial Estampa, Lisboa, 1989;
José Pires Gonçalves, Monsaraz, vida, morte e ressurreição de uma vila alentejana, Edição da Casa do Alentejo, Lisboa, 1966;
Luís Filipe Oliveira, A Coroa, os Mestres e os Comendadores: as Ordens Militares de Avis e de Santiago (1330-1449), Ed. Universidade do Algarve, Faro, 2009;
Mário Jorge Barroca, Do castelo da Reconquista ao castelo Românico (séc. IX a XII), Portugália, Nova Série, Vol. XI-XII;
Nuno Villamariz Oliveira, A influência do Oriente em Portugal através da Arquitectura Militar templária, Mil Anos de Fortificações na Península Ibérica e no Magreb (500-1500): Actas do Simpósio Internacional sobre Castelos;
Saúl António Gomes, Observações em torno das Chancelarias das Ordens Militares em Portugal, na Idade Média, As Ordens Militares e as Ordens de Cavalaria na Construção do Mundo OcidentalActas do IV Encontro sobre Ordens Militares, Edições Colibri/Câmara Municipal de Palmela, Lisboa, 2005.


Outros:

As Ordens Militares e as Ordens de Cavalaria entre o Ocidente e o Oriente, Actas do V Encontro sobre Ordens Militares (2006) — coord. de Isabel Cristina F. Fernandes — Ed. Câmara Municipal de Palmela/GEsOS, Palmela, 2009;
Chorografia Portuguesa, do Pe. Carvalho da Costa;
Livro de Mestrados;
Monarquia Lusitana, fr. António Brandão.

Até breve.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Duas ordens: nobreza e infanções.

Que a nobreza, considerada serviço de armas, fosse um ideal acessível entre meados do século XI e meados do XIII ainda se compreende numa sociedade que vivia permanentemente em estado de guerra: aos magnates do meio real e aos infanzones ou hidalgos rurais juntavam-se, com efeito, as milícias urbanas da fronteira meridional ou das que separavam os reinos de Leão e Castela, de Portugal, de Aragão e de Navarra, sem esquecer os habitantes dos limites comunais que participavam igualmente nas hostes com as suas cidades tutelares. A guerra oferecia, pois, múltiplas ocasiões de enriquecer e de se alcançar a condição de caballero.
[Adeline Rucquoi, História Medieval da Península Ibérica, p. 246.]
Até breve.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

D. Afonso II (II)

26 de Março de 1211. Falece D. Sancho I, sucedendo-lhe D. Afonso II. Este monarca nascido em Coimbra em 1185, era filho varão de D. Sancho I e de D. Dulce de Aragão. Foi o monarca um defensor dos direitos régios, estabelecendo os fundamentos de uma política de centralização jurídico-administrativa, inspirada nos princípios do direito romano. Defendia a supremacia da justiça régia em relação à senhorial e a autonomia do poder civil perante o poder eclesiástico.
[História de Portugal em Datas — coord. de António Simões Rodrigues —, p. 33.]
Até breve.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

D. fr. João Lourenço.

João Lourenço, cavaleiro do Templo, teve tamanha projecção social no seu tempo que foi ele, um dos embaixadores que D. Dinis mandou a Roma para negociar na cidade eterna a fundação da Ordem de Cristo em Portugal, da qual chegou a ser Mestre.
[José Pires Gonçalves, Monsaraz, vida, morte e ressurreição de uma vila alentejana, p. 15.]
Até breve.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

A fronteira da guerra e destruição.

Cavaleiro partindo para a guerra.

O Garb, como todas as outras províncias meridionais da Península, era um vasto campo de batalha, onde no meio das torrentes de sangue, das aldeias incendiadas, das tribos e famílias não raro vagabundas e fugitivas, se via tremular no alto dos castelos tomados, perdidos, retomados dez vezes e nas torres das cidades fortificadas, que com a mesma frequência mudavam de senhores, ora o estandarte de Maomet, ora o pendão de Cristo.
[Alexandre Herculano, História de Portugal, Desde o começo da monarquia até o fim do reinado de Afonso III, Tomo II, Livro III, p. 21.]

Até breve.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Proclamação da Guerra Santa para a Península Ibérica.

Foi o papa Alexandre II [1061-1073], um clunicense, quem primeiro [com gritados e incessantes apelos aos ainda incipientes e mal definidos reinos hispânicos] fez acordar e proclamar a necessidade duma guerra santa, e quem, com a ajuda inestimável desta Ordem religiosa, se lançou a conceder indulgências a quem nela participasse. Muitos cavaleiros europeus, sobretudo franceses e alemães, chegaram a Aragão para contribuir para a conquista de Barbastro [1064], confiantes que, nestas empresas guerreiras, as promessas de salvação das suas almas se concretizassem. Era este o espírito que vigorava, verdadeira e conscientemente, em todas as mentes da Idade Média.
[José Manuel Capêlo, Portugal templário, Relação e sucessão dos seus Mestres [1124-1314], A presença templária em Portugal, p. 45.]
Até breve.

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Fontes de arquivo.

Tabelião medieval.

Um outro aspecto muito saliente entre as fontes arquivísticas destas Ordens monástico-militares, em território português, é o da extrema recorrência aos ofícios de tabeliães públicos para a redacção dos actos administrativos correntes dentro dessas instituições. Profissionais da guerra mais do que da escrita, as opções de formação cultural e escolar adentro dos claustros beneficiavam, no processo educativo e vivencial dos milites, mais a assimilação de códigos de conduta militares ou guerreiros e de princípios espirituais proselitistas evidentes, do que o apuro pedagógico no domínio do retórico ou filosófico.
Não estranhará, assim sendo, que o tabelionado tenha desempenhado um papel estrutural na vida administrativa destes institutos e que, nos seus arquivos, se encontrem grandes mananciais de instrumentos escritos provenientes de oficinas notariais.
[Saúl António Gomes, Observações em torno das Chancelarias das Ordens Militares em Portugal, na Idade Média, p. 114, As Ordens Militares e as Ordens de Cavalaria na Construção do Mundo Ocidental — Actas do IV Encontro sobre Ordens Militares.]
Até breve.

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Ataques portugueses a Sevilha.

Avanço português na Reconquista.

Ainda mais devastadores foram os ataques portugueses nas zonas a oeste e norte de Sevilha. Em 1178, além de conquistarem Beja, incendiaram Triana, do outro lado do rio a partir da própria capital. Em 1182/3, um grupo de tropas partiu de Lisboa e Santarém e atacou o Aljarafe, a terra das aldeias e olivais a oeste de Sevilha. Cerca de 1000 soldados de cavalaria e 1000 de infantaria fizeram inúmeros prisioneiros e chegaram mais uma vez às muralhas de Sevilha.
A resposta almohada foi fraca. O
sayyid Abū Ali al-Husayn em Sevilha e o seu sucessor, o filho jovem e inexperiente do Califa, o sayyid Abū Ishāq, não conseguiram chefiar de forma eficaz e apenas um veterano almohada, Yūsuf n. Wānnūdin, um dos Cinquenta iniciais, um homem muito admirado por Ibn Sāhib al-Salāt, se revelou um verdadeiro chefe nos ataques a Talavera e a Évora.
[Hugh Kennedy, Os Muçulmanos na Península Ibérica, História política do al-Andalus, p. 262.]

Até breve.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Templários na Beira Baixa e Alto Alentejo.

De facto, múltiplos factores têm passado relativamente ignorados, quer nas monografias locais, quer, de uma maneira mais genérica, no entendimento do contributo da milícia templária na vasta região que compreende a Beira Baixa e o Alto Alentejo.
[Nuno Villamariz Oliveira, A influência do Oriente em Portugal através da Arquitectura Militar templária, p. 910, Mil Anos de Fortificações na Península Ibérica e no Magreb (500-1500): Actas do Simpósio Internacional dobre Castelos.]
Até breve.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

A Ordem do Templo, antes e depois de Robert de Craon.

Depois da batalha...

O comando de Robert [de Craon] alterou o carácter dos Cavaleiros Templários profundamente. A Ordem fora fruto da imaginação de homens que eram membros da primeira geração de francos na Síria Latina, com a sua experiência e qualidades especiais, mas com a sua imaginação limitada. Ela agora seria modificada, tanto no campo de acção quanto na prática diária, sendo transformada numa Ordem de cavaleiros que reflectia os valores da nobreza provençal.
[Edward Burman, Templários: os Cavaleiros de Deus, Editora Record, Rio de Janeiro, Brasil, 1994.]
Até breve.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Sobre castelos. (V)

Para a maioria dos castelos que outrora haviam presidido aos destinos das terras começavam a desenhar-se os anos da degradação. As reformas góticas também atingiram os aglomerados urbanos fortificados que, após quase dois séculos em que os seus sistemas de defesa se viram descurados, sofreriam importante movimento de reforma e de amuralhamento nos reinados de D. Afonso IV, D. Pedro e sobretudo D. Fernando.
[Mário Jorge Barroca, Do castelo da Reconquista ao castelo Românico (séc. IX a XII), Portugália, Nova Série, Vol. XI-XII, p. 125.]
Até breve.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Sobre castelos. (IV)

Em 1249, com a conquista definitiva do reino do Algarve pelos cavaleiros de Santiago, a empresa da Reconquista portuguesa encontrava o seu fim. A assinatura do Tratado de Alcanices, que D. Dinis e D. Fernando IV de Castela rubricam em 1297, haveria de consagrar a linha de fronteira entre os dois reinos. A partir de então é sensível que a coroa portuguesa se empenhará sobretudo na manutenção e reforma dos castelos raianos, aqueles onde se apoiava, a partir de então, a segurança e a integridade do reino.
[Mário Jorge Barroca, Do castelo da Reconquista ao castelo Românico (séc. IX a XII), Portugália, Nova Série, Vol. XI-XII, p. 125.]
Até breve.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

1243: desordem e lutas internas.

Bispos portugueses apresentavam queixa ao papa Inocêncio IV sobre a desordem reinante em Portugal, onde os oficiais régios abusariam da sua autoridade, perante a incapacidade do rei exercer um papel conciliador. Os desencontros do rei com as autoridades eclesiásticas já vinha de longe. O papa Gregório IX, por queixa do bispo de Lisboa, em 1231, em bula, decretava interdição do país. As lutas entre membros da nobreza eram constantes, os conflitos dos bispos com as ordens mendicantes agravavam-se, e o rei mostrava-se impotente para pacificar a sociedade portuguesa. O conde Afonso de Bolonha vai em peregrinação a Santiago de Compostela. Bispos portugueses, ricos-homens e povo teriam pedido ao papa um governador para o reino e sugerido o nome de Afonso de Bolonha.
[História de Portugal em Datas — coord. de António Simões Rodrigues —, p. 36.]
Até breve.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Hagiógrafos e Corógrafos.

Portfólio de livro antigo.

Parecem ser os cronistas gerais das Ordens religiosas, que enumeram as casas das suas congregações e lhes traçam a história, os primeiros que buscam, de fora, as memórias de cada uma delas. Contemporaneamente, os historiadores da Monarquia Lusitana que, aqui e além, recordam o passado de certas localidades a propósito dos acontecimentos em que elas se notabilizaram. Mais tarde, os hagiógrafos, como Jorge Cardoso, que acumulam dados históricos em torno não só de santos e varões piedosos, mas também das terras onde viveram e morreram. E, desde o princípio do século XVIII, os corógrafos, a começar pelo Pe. Carvalho da Costa que, com uma atenção mais sistemática e uniforme, coleccionam dados históricos e geográficos acerca de todas as localidades do Pais, numa tentativa de enumeração completa. Tudo gente de fora: uma memória atribuída externamente por eruditos, da corte e das academias, uma história que brota da consciência ou da vivência colectiva da gente da terra.
(…) Mas o trabalho dos corógrafos tem alguma repercussão no local, quando se pretende refazer a Chorografia do Pe. Carvalho da Costa, e se solicita para isso a colaboração de todos os párocos.
[José Mattoso, Luís Krus, Amélia Andrade, A erudição nacional, p. 16, O Castelo e a Feira, a terra de Santa Maria nos séculos XI a XIII, Editorial Estampa, Lisboa, 1989.]
Até breve.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Commuuns.

Este nome se deu às mourarías, em que viviam os Mouros, segundo as suas próprias leis, governados pelos seus respectivos alcaides e apartados inteiramente (assim como os Judeus nas suas judiarías) da vivenda e familiaridade dos Cristãos, nas terras grandes e notáveis. A cada uma dessas mourarías chamavam commuum ou comuna. (Cód. Alf. Livro II, tít. 99, § 4, e tít. 103, § 1 e tít. 117.) Também se chamou commum um concelho ou julgado.
[fr. Joaquim de Santa Rosa de Viterbo, Elucidário, Vol. II (B-Z), p. 119.]
Até breve.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Robert de Craon.

Foi sob o comando de Robert de Craon ou Robertus, o Burgúndio, que a Ordem do Templo alcançou a sua estrutura hierárquica e organização internacional, obtendo, do papa [Inocêncio II], a autonomia que lhe permitiu agir com independência em relação às autoridades eclesiásticas e seculares, em cuja jurisdição actuavam. (1) O mesmo seria dizer que ficavam subordinados apenas, ou de todo, ao poder papal, nas suas ordens e obrigações.
[José Manuel Capêlo, Portugal templário, Relação e sucessão dos seus Mestres [1124-1314], A presença templária em Portugal, p. 44.]

Nota do Autor:

(1). — Edward Burman, Templários: cavaleiros de Deus, p. 44, Editora Record, Rio de Janeiro, Brasil, 1994.

Até breve.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Circunscrições eclesiásticas na Península Ibérica.

Fiéis ao papel que lhes era atribuído desde o início do século VII — o bispo Pelágio de Oviedo, na sua crónica escrita cerca de 1130, dirá de Afonso VI que foi pater et defensor omnium ecclesiarum hispaniensium —, os reis procederam à restauração das circunscrições eclesiásticas: os bispados de Palência (1035), Viseu (1058), Coimbra (1064), Burgos e Ciudad Rodrigo (1068), Braga (1070), Tui e Orense (1071) e, por fim, Toledo (1086) foram criados ou restaurados e, muitas vezes, confiados a prelados reformadores.
[Adeline Rucquoi, História Medieval da Península Ibérica, p. 161.]
Até breve.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Os tabeliães nas Ordens Militares.

Tabelião na Idade Média

(…) o século de Quatrocentos representa, sobretudo na segunda metade da centúria, um ponto de viragem neste processo de criação e multiplicidade de fundos arquivístico-documentais deste tipo de instituições. Nesse período, de facto, cresceu a intervenção do poder régio português sobre tais institutos religioso-militares, acentuando-se as políticas comendatárias em favor de uma alta-nobreza e da família real. Tal evolução culminará, em Portugal, na assunção, pelo próprio monarca, no segundo quartel de Quinhentos, dos títulos máximos de controle dessas sobreditas Ordens.
(…) Mercê dessa acção actualizadora da memória documental, como também ideológica, do passado salvaguardado nos cartórios dessas Ordens, foram surgindo novos tombos e cartulários, verdadeiros arquivos librários em cujos fólios se plasmaram, pela diligente acção dos copistas autorizados, cópias fidedignas da antiga documentação que se teve por elucidativa e útil ao normal e positivo funcionamento de cada instituto.
(…) A própria Coroa patrocinará a elaboração, no contexto das reformas arquivísticas manuelinas conhecidas como ciclo da “Leitura Nova”,a elaboração de um magno cartulário, o Livro dos Mestrados, em cujos fólios se traslada numerosa documentação, sobretudo da Ordem do Templo, depois de Cristo, bem como, ainda que em número reduzido, da Ordem de Santiago e, finalmente, um pequeníssimo conjunto de diplomas da Ordem de Avis (1).
[Saúl António Gomes, Observações em torno das Chancelarias das Ordens Militares em Portugal, na Idade Média, pp. 112-113, e, parcialmente, a nota 9, As Ordens Militares e as Ordens de Cavalaria na Construção do Mundo Ocidental — Actas do IV Encontro sobre Ordens Militares, Edições Colibri/Câmara Municipal de Palmela, Lisboa, 2005.]

Nota do Autor:

Os documentos da Ordem do Templo/Cristo ocupam os fólios 1 a 178vº. e 212 a 213vº. (…) Apesar de alguns problemas de cópia diplomática vulgarmente atribuídos à Leitura Nova, isso não lhe retira, mormente neste Livro de Mestrados, a real importância heurística. Este tombo ou cartulário, contudo, não se apresenta concluído. De qualquer modo, cerca de 5/6 do Livro aludem a documentação templária. (nota 9.)
Até breve.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Ordens Militares em Portugal.

O facto de se terem perdido quase todos os testemunhos directos acerca das práticas religiosas, dos textos doutrinais e das leituras espirituais dos membros das Ordens militares portuguesas explica a quase total ausência de investigações históricas acerca de tais temas. Todavia, o papel histórico que as mesmas Ordens desempenharam em Portugal desde a origem da nacionalidade e durante os primeiros séculos da sua formação como país independente, justifica que se pretenda preencher esta lacuna, que impede de avaliar devidamente o efectivo contributo da mais importante instituição portuguesa dedicada à guerra externa por motivos ideológicos.
[José Mattoso, Ordens militares e religiosidade, da Apresentação, 9º Curso sobre Ordens Militares, Palmela, 7-8 de Fevereiro de 2009.]
Até breve.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

9º Curso sobre Ordens Militares, em Palmela.

Assisti no último dia 7 de Fevereiro, sábado, a uma série de conferências que se realizam anualmente sobre Ordens Militares – também podem chamar-se cursos, aulas, classes, independentemente de como se queiram interpretar ou assimilar –, patrocinadas pela Câmara Municipal de Palmela e realizadas no teatro S. João, daquela belíssima vila extremenha.

Apraz-me salientar a de José Mattoso, Apresentação do tema, que foi o primeiro a abrir a sessão – depois de cumpridas as formalidades habituais e oficiosas por parte das entidades organizadoras –, comunicação que me pareceu distinta, ponderada e correcta nos termos, modos, assuntos, e principalmente no conhecimento das matérias tratadas. Aliás, a organização do evento distinguiu-o este ano, convidando-o como Consultor Científico para este 9º Curso sobre Ordens Militares. Ainda bem que o fez.
A seguinte foi a de Luís Filipe Oliveira, Fontes para o estudo da religiosidade dos freires, comunicação que nos deu uma panorâmica ou perspectiva do modo e comportamento dos monges-cavaleiros e dos freires-clérigos, no seu aspecto religioso e guerreiro para os primeiros e nos seus aspectos celebrante e litúrgico para os segundos. Não sendo extraordinária, foi interessante.
Já a comunicação de Hermínia Vilar, Ordens Militares, bispos, paróquias, me pareceu eivada de uma certa confusão na exposição do tema e na abordagem dos assuntos, tão variados e pouco esclarecidos eles se mostraram. Assim sendo, não explicou nem deixou explicado. Uma pena, porque me parece ser alguém com conhecimentos adquiridos, não tanto no campo das Ordens Militares, é verdade, mas com mais evidência sobre assuntos de jurisdição de paróquias e prelazias, principalmente as que se dissiminam pelo sul do País.

Seguiu-se um tempo para a refeição do almoço, igualmente necessário para quem fala e quem ouve. A abrir a sessão da tarde, a comunicação apresentada por Saúl António Gomes. Confesso que era aquela, a par da de José Mattoso, que mais me entusiasmava assistir e consequentemente ouvir. E não sai defraudado. De facto, a exposição e o tema Monges e cavaleiros no Portugal medieval: os horizontes espirituais, foram explanados de uma forma prática, directa, visual, com o rigor que a historiografia transmite e o homem sabedor sabe pôr em evidência. Sendo, como é, um dos melhores conhecedores da história da Ordem do Templo em Portugal, o investigador soube elucidar-nos sobre a formalização da Regra templária – escrita ou ditada por S. Bernardo – não só quanto à consequente obediência e prática que os monges-guerreiros se determinaram seguir, como meio e acção, mas igualmente quanto a ideia do profundo querer religioso que estes professos se impunham e praticavam. Aliás, como todos os demais elementos que integravam a nobre Instituição. Aulas deste teor não se devem perder e só ganha quem as assiste.
Seguiram-se as de Pedro Picoito, As Ordens Militares e o culto dos mártires e de João Luís Fontes, Mestres, freires e eremitas, bem enquadradas e equilibradas nas respectivas exposições.
No intervalo que imediatamente se seguiu, ficaram à venda as Actas do V Encontro sobre Ordens Militares (2006) e o livro A Coroa, os Mestres e os Comendadores: as Ordens Militares de Avis e de Santiago (1330-1449), de Luís Filipe Oliveira. Ambas as adquiri, porque eram do meu interesse. Como a comunicação seguinte, e última, A religiosidade dos freires cavaleiros (sécs. XVI-XVIII), de Fernanda Olival, não pertencia propriamente a um período histórico que me interessasse, isto é, para o âmbito do que pretendo conhecer e aprender sobre a Ordem do Templo, o seu tempo e o seu espaço, resolvi sair.

Parece, pelo que deixou dito a responsável pela edilidade, que no próximo ano se irão realizar os quadrienais Encontros sobre Ordens Militares, que darão a possibilidade de se ouvirem comunicações de inegável interesse historiográfico e documental, por parte de investigadores portugueses e estrangeiros de nomeada, e que possibilitará de facto ter-se um maior leque de conhecimento e aprendizagem, nas áreas desta componente histórica, que a cada um mais interesse. Esperemos então pelo seu sucesso.
Pena é que outras Câmaras Municipais com igual património histórico e acervo arquitectónico, no que diz respeito às Ordens do Templo, Avis e Hospital, como Tomar, Castelo Branco ou Idanha-a-Nova (para a Ordem do Templo), Avis (para a Ordem de Avis) ou Crato (para a Ordem do Hospital) não sigam o exemplo da Câmara Municipal de Palmela e do seu Gabinete de Estudos sobre a Ordem de Santiago (GEsOS), na realização de Cursos ou de Encontros com o valor histórico e patrimonial que esta propõe e vem realizando anualmente. Sendo necessariamente uma mais valia, era uma forma útil e capaz de educar e entusiasmar não só as gerações presentes como as vindouras sobre a realidade medieval deste Portugal ainda de todo desconhecido.
Pedro Alvites.
Até breve.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Conquista de Monsaraz.

castelo de Monsaraz.

Só mais tarde, talvez em 1232, nas operações conduzidas ao longo do áspero e escalvado vale do Guadiana pelo rei D. Sancho II, auxiliado por templários, calatravos e espatários, Monsaraz volta de novo, e desta feita definitivamente, à posse dos cristãos. A sua guarda foi, então, confiada à Ordem do Templo.
[José Pires Gonçalves, Monsaraz, vida, morte e ressurreição de uma vila alentejana, p. 11, Edição da Casa do Alentejo, Lisboa, 1966.]
Até breve.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

As Ordens de Cavalaria.

Combate na Idade Média.

(…) desde o princípio do seu reinado Sancho cuidou seriamente de uma das mais graves necessidades públicas, a repovoação de territórios assolados por guerras que duravam havia, não anos, mas séculos. Ao passo, porém, que ele buscava assim promover o aumento da força popular e, portanto, novos recursos para a manutenção do Estado, tratava de empregar os outros meios que a política, os costumes e as circunstâncias do tempo aconselhavam para a defensão do país. Entre esses meios, o aumento das Ordens de cavalaria, desse monaquismo militante a cujo espírito guerreiro as monarquias cristãs de Espanha deveram em boa parte a expulsão dos sarracenos, era um dos mais eficazes. Estes monges-soldados, entre os quais a disciplina monástica supria até certo ponto a falta de disciplina militar, bem pouco adiantada naquelas rudes eras, forçosamente levavam por isso vantagem aos outros homens de armas e cavaleiros, a quem nos combates deviam faltar muitas vezes o nexo da obediência e a força que resulta da unidade e simultaneidade de acção. Para a defesa dos castelos que se incumbiam à sua guarda, doando-lhes o domínio temporal deles, nenhuma outra guarnição poderia ser mais própria; porque esse lugar forte ou castelo convertia-se ordinariamente num preceptoria ou comenda (mansio), e os freires que aí residiam, no seu duplicado carácter de monges e de cavaleiros, a consideravam como uma espécie de solar e de convento, de modo que, reduzidos à defensiva, o sentimento de afecto que nos costuma prender ao lar doméstico lhes redobrava esforço e brios.
[Alexandre Herculano, História de Portugal, Desde o começo da monarquia até o fim do reinado de Afonso III, Tomo II, pp. 27-28.]

Até breve.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

O castelo de Castelo Branco.

Pano de muralha, adarve e torre do castelo de Castelo Branco.
( Foto: Dias dos Reis.)

O castelo de castelo Branco apresenta-se hoje como uma ruína, sobretudo se a compararmos com a imagem que dele nos fornece Duarte de Armas, no seu Livro das Fortalezas (Figs. 1, 2 e 3). A maior parte do recinto está irremediavelmente perdida, em consequência de sucessivas destruições e incúrias, que vêm desde os inícios do século XVIII até à actualidade. No entanto, dos vestígios remanescentes ainda podemos retirar alguns importantes dados para a problematização das influências que a arquitectura militar templária do século XII no oriente teve em território poortuguês.
[Nuno Villamariz Oliveira, A influência do Oriente em Portugal através da Arquitectura Militar templária, p. 910, Mil Anos de Fortificações na Península Ibérica e no Magreb (500-1500): Actas do Simpósio Internacional sobre Castelos.]
Até breve.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Sobre castelos. (III)

Mas, em tempo de paz, a vida no castelo medieval devia ser muito diferente. Ganhavam então importância algumas actividades que permitiam manter os homens de armas operacionais. Entre essas actividades, a mais privilegiada foi, obviamente, a caça. Numerosas são as referências às comunidades que deviam correr o monte com o senhor do castelo, sobretudo para as Terras medievais cujos territórios eram mais montanhosos e florestados.
[Mário Jorge Barroca, Do castelo da Reconquista ao castelo Românico (séc. IX a XII), Portugália, Nova Série, Vol. XI-XII, p. 123.]
Até breve.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Sobre castelos. (II)

Muitas são as passagens nas Inquirições do século XIII que nos permitem saber quais as póvoas que deviam ir trabalhar ao castelo, sintoma da frequência com que eram realizadas reparações, mas de entre elas poucas são as referências explícitas à cedência de homens para a guarnição do castelo. As guarnições deviam ser compostas por homens das aldeias mais próximas da fortaleza.
[Mário Jorge Barroca, Do castelo da Reconquista ao castelo Românico (séc. IX a XII), Portugália, Nova Série, Vol. XI-XII, p. 123.]
Até breve.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Sobre castelos. (I)

Castelo.

As Inquirições permitem ainda entrever outros problemas relativos às estruturas militares que presidiam a cada Terra. O castelo românico apresenta desde muito cedo uma cisterna para aprovisionamento de água, elemento vital em caso de cerco.
[Mário Jorge Barroca, Do castelo da Reconquista ao castelo Românico (séc. IX a XII), Portugália, Nova Série, Vol. XI-XII, p. 123.]

Até breve.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

O Bispo Negro.

Bispo-guerreiro.


Muitos monges foram tirados dos mosteiros, para encherem o lugar de bispos; e como não depunham o hábito monacal, que era preto, o clero se compunha à imitação do seu prelado. Deste tempo ficou, na sé de Coimbra, a mal tramada fábula do Bispo negro. Este foi D. Bernardo, francês de nação, monge de S. bento e arcediago de Braga, feito por S. Giraldo, de quem escreveu elegantemente a vida. O príncipe D. Afonso Henriques (a despeito de sua mãe, a rainha D. Teresa, e de todo o clero e povo de Coimbra, que postulavam para bispo daquela sé o arcediago da mesma D. Tello) o nomeou bispo de Coimbra, no de 1128. E como este monge nunca depôs o hábitos dos negros, como então chamavam aos que professavam a religião de S. bento, e os cónegos da sé de Coimbra vestiam de branco, em razão das grandes sobrepelizes, que então usavam, os mal afectos diziam que tinham, naquela sé, um Bispo Negro, para não dizerem com maior indecência e atrevimento, um Negro Bispo.
[fr. Joaquim de Santa Rosa de Viterbo, Elucidário, Vol. II (B-Z), p. 110.]
Até breve.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Criação de Portugal.

bula Manifestis Probatum.

(…) ao mesmo tempo, as frequentes entradas de Afonso Henriques, por si ou pelos seus ricos-homens, na Galiza ou na Estremadura leonesa haviam sido inteiramente infrutuosas e tinham vindo terminar no sucesso de Badajoz, que amargurou os seus últimos dias.
[Alexandre Herculano, História de Portugal, Desde o começo da monarquia até o fim do reinado de Afonso III, Tomo II, p. 18.]

Até breve.