terça-feira, 31 de março de 2009

Autores e Obras citados de 1.Março.2009 a 30.Março.2009.

Monge escrivão
(a Autores e a Obras anteriormente referenciados, apenas se lhes citam os nomes e respectivos títulos.)
A. Javierre Mur, «Documentos para el estúdio de la Orden de Santiago en Portugal en la Edad Media», in BA 15-16 (1964);
Adeline Rucquoi, História Medieval da Península Ibérica;
Alexandre Herculano, História de Portugal, Desde o começo da monarquia até o fim do reinado de Afonso III, Tomo II, Livro III;
António Lopes Pires Nunes, Os castelos Templários da Beira Baixa, Cadernos de Património Cultural da Beira Baixa;
Aurea Javierre Mur, «La Orden de Calatrava en Portugal», Boletin de la Real Academia de la Historia, 130 (1952);
C. da Silva Tarouca, «As Origens da Ordem dos Cavaleiros de Évora (Avis), segundo as Cartas do Arquivo do Cabido da Sé de Évora», A Cidade de Évora, 5, (1947);
Derek W. Lomax, La Orden de Santiago (1170-1275), Madrid, 1965;
Duarte d’Armas, Livro das Fortalezas;
Godofredo, Anales, apud Freher., Rer. Germ. Scriptor, T. 1;
J. L. Martín, Orígenes de la Orden Militar de Santiago (1170-1195), Barcelona, 1974;
J. L. Martín, «La monarquia portuguesa y la Orden de Santiago (1170-1195)», AEM, 8 (1972-1973);
fr. Joaquim de Santa Rosa de Viterbo, Elucidário, Vol. II (B-Z);
José Manuel Capêlo, Portugal templário, Relação e sucessão dos seus Mestres [1124-1314], A presença templária em Portugal;
José Mattoso, Notas Críticas ao Livro III, in, Alexandre Herculano, História de Portugal, Desde o começo da monarquia até o fim do reinado de Afonso III, Tomo II, Livro III;
José Mattoso, Luís Krus, Amélia Andrade, A questão dos limites da terra no princípio do século XII, O Castelo e a Feira, a terra de Santa Maria nos séculos XI a XIII;
Miguel de Oliveira, pe.,«A Milícia de Évora e as Ordem de Calatrava», LS 1 (1956);
Mário Jorge Barroca, Do castelo da Reconquista ao castelo Românico (séc. IX a XII), Portugália, Nova Série, Vol. XI-XII;
Muhammad Al-Idrisi [ou Edrisi], Geografia;
Nuno Villamariz Oliveira, A influência do Oriente em Portugal através da Arquitectura Militar templária, p. 909, Mil Anos de Fortificações na Península Ibérica e no Magreb (500-1500): Actas do Simpósio Internacional dobre Castelos, pp. 909-913;
Nuno Villamariz Oliveira, Castelos da Ordem do Templo em Portugal, 1120-1314;
Paulo Alexandre Loução, Os Templários na formação de Portugal;
Reinério, Continuat. Lamberti Parvi;
Rui de Azevedo, «Primórdios da Ordem Militar de Évora», Boletim Cultural da Junta Distrital de Évora, 8 (1967);
Saúl António Gomes, Observações em torno das Chancelarias das Ordens Militares em Portugal, na Idade Média, As Ordens Militares e as Ordens de Cavalaria na Construção do Mundo Ocidental — Actas do IV Encontro sobre Ordens Militares.

Outros:

Arquivo Nacional, Gav. 5, Maços n. ºs 14 a 46;
Crónica Turonense, apud Martene, Ampliss. Collect., Vol. 5,
Documentos Régios, II, 14, 65; 311;
Fontes Medievais da História de Portugal [FMHP];
Forais Antigos, n.º 3, fs. 60v, 62 e 76, maço 12;
De Itinere Navali [edição de Lisboa, 1844 (FMHP — Fontes Medievais da História de Portugal)].
Até breve.

segunda-feira, 30 de março de 2009

Arquitectura militar templária.

Castelo de Tomar com o seu famoso alambor,
de criação templária.

Estabelecer analogias entre os casos português e francês no que toca à arquitectura militar templária é uma tarefa pouco compensadora ou até inútil. A este propósito, Marion Melville sustenta que em França é incorrecto falar de castelos da Ordem do Templo porque “ou o termo é impróprio, ou a atribuição é errónea, pois os Templários não possuíram nenhuma organização militar na Europa, deste lado dos Pirinéus”. (1) Também Raymond Oursel verificou que em França os cavaleiros ergueram sobretudo um tipo de fortificação intermédia, que congregava simultaneamente as funções de mosteiro, fortificação e núcleo de edifícios agrágrios, ao contrário do que aconteceu na Península e no Oriente. Segundo o mesmo autor, a Ordem nunca terá conseguido estabelecer, naquele país, um conjunto arquitectónico coerente que, à semelhança dos mosteiros, pudesse albergar a dupla função de monges e de guerreiros dos seus moradores, acrescentando contudo que “os Templários utilizaram todas as formas de arquitectura militar do seu tempo, desde a vila muralhada até à simples torre solitária adaptada magistralmente às condições do terreno” (2). É esta aparente descontinuidade que Oursel destaca como a característica mais específica e interessante das edificações templárias. Já Laurent Dailliez, referindo-se também a exemplos franceses, acrescenta que “a construção templária em nada difere da construção corrente, ou mesmo da construção camponesa mais simples. Cada igreja, cada edifício seguiu os traços locais, sofreu a influência local da arquitectura e da escultura”. (3)
[Nuno Villamariz Oliveira, Castelos da Ordem do Templo em Portugal, 1120-1314, Vol. I, pp. 124-125.]

Notas do Autor:

(1). — Cf. “Deux aspects de l’architecture des Templiers”, Archeologia, 27, 1969, p. 24.
(2). — Cf. Peregrinos, Hospitalários y Templarios, ed. Encuentro, Madrid, 1986.
(3). — Cf. La France des Templiers, ed. Marabout, Paris, 1974, p. 36.

Até breve.

domingo, 29 de março de 2009

Confronto entre irmãos: D. Dinis e D. Afonso.

Em 1281, dois anos após ter subido ao trono, D. Dinis teve o seu primeiro confronto senhorial com a nobreza. Foi ele protagonizado pelo irmão, o infante Afonso, a quem Afonso III fizera senhor de Portalegre, Arronches, Marvão e Castelo de Vide, e que, para além de também deter o senhorio da Lourinhã, desempenhava altos cargos militares na Beira e no Alto Douro, visto daí deter as tenências da Guarda e Lamego. Chefiava, portanto, uma imponente casa senhorial cujo principal núcleo, estabelecido na fronteira com Castela, poderia revelar-se, em caso de rebelião contra o monarca, perigoso para os interesses do reino. Consciente destes riscos o soberano reagiu prontamente ao primeiro sinal demonstrativo da arrogância senhorial manifestada pelo irmão e principal vassalo. O pretexto ocorreu quando o infante começou a fortificar, sem autorização do rei, a vila fronteiriça de Castelo de Vide. Interpretando o facto como desafio à autoridade régia, o soberano dirigiu-se com as suas hostes ao Alentejo e, após confrontos com os exércitos feudais do irmão, obrigou-o a uma fuga-derrota para Sevilha, de onde só regressaria a Portugal no ano seguinte, em, 1282, depois de firmadas pazes com o seu rei e suserano.
[José Mattoso, Luís Krus, Amélia Andrade, Inquirições de D. Dinis, pp. 49-50, O Castelo e a Feira, a terra de Santa Maria nos séculos XI a XIII.]
Até breve.

sábado, 28 de março de 2009

O castelo de Monsanto da Beira. (II)

O interior do castelo é desnivelado e compartimentado em três recintos, situando-se a porta da traição, a torre de menagem e a cisterna no terreiro do segundo recinto. Nos primeiros séculos da sua vida, o castelo não tinha a cidadela superior, onde está implantado o talefe, para onde se entra por uma porta situada próxima da cisterna, aberta já tarde.
No recinto da torre de menagem havia ainda a tradicional capela de Santa Maria do Castelo, que os tempos levaram e é recordada pela tradição e pelo nome da íngreme rua que, da povoação, nos conduz ao alto.
Para compensar a falta de visão para o lado da capela de S. Miguel erigiu-se, fora de portas, uma torre de vigia (Atalaia), denominada Torre do Pião, hoje praticamente destruída, como já o estava no Séc. XVI
.
[António Lopes Pires Nunes, Os castelos templários da Beira Baixa, p.76.]
Até breve.

sexta-feira, 27 de março de 2009

O castelo de Monsanto da Beira. (I)

Castelo de Monsanto.
[foto da "Colecção Portugal Século XXI".]

Um visitante de Monsanto da Beira, que suba a montanha para alcançar o cume, dá conta que o castelo foi construído sobre as massas rochosas do maciço, característica que lhe confere uma configuração irregular e o tornava praticamente inacessível, em tempos medievais. A cerca primitiva era interrompida, a espaços, por sete torreões prismáticos rectangulares, ligados por curtos panos de muralha sobre as rochas, alguns dos quais já não existem. Também desapareceram as ameias do corpo estreito com remate triangular que coroavam os torreões e ornamentavam os muros.
A porta da entrada principal, era originariamente defendida por dois torreões laterais muito alterosos e situados numa posição sobranceira (vista tirada da banda norte) e teve ainda a defendê-la um pequeno reduto, com três troneiras, ainda existente, e uma interessante, original e grande couraça. A porta da traição, ainda patente aos nossos olhos, rasga-se no lado oposto da cerca
.
[António Lopes Pires Nunes, Os castelos templários da Beira Baixa, p.76.]
Até breve.

quinta-feira, 26 de março de 2009

O avanço da Reconquista.

Bandeira, na Reconquista.
(desenho de Carlos Fonseca.)

(…) o processo da reconquista em Portugal não pode ser dissociado do contributo prestado pelas Ordens Militares, nomeadamente os Templários, os Hospitalários, a Milícia de Évora (ramo português de Calatrava, mais tarde estruturado na Ordem de Avis) e os cavaleiros de Santiago. Se a intervenção da Ordem do Templo se faz sentir sobretudo ao longo da 2ª metade do século XII, quando Gualdim Pais se encontrava à frente dos seus destinos, esmorecendo à medida que nos aproximamos dos finais da centúria, já as restantes Ordens irão desempenhar papel de vulto em períodos algo mais avançados. Com os finais da centúria o papel das Ordens militares no processo de Reconquista viu-se reforçado e, na primeira metade do século XIII, elas haveriam de ser responsáveis pela maior parte dos grandes sucessos militares.
[Mário Jorge Barroca, Do castelo da Reconquista ao castelo Românico (séc. IX a XII), Portugália, Nova Série, Vol. XI-XII, p. 122.]
Até breve.

quarta-feira, 25 de março de 2009

Circunstâncias de Cruzada. (III)

Albur (Alvor) era um dos castelos mais fortes que guarneciam a orla marítima de Chenchir (a). O silêncio de Edrisi (b), que dele não fala, descrevendo aqueles territórios apenas meio século antes, e o próprio nome do castelo, Albur (charneca, baldio), indicam ter sido este ali edificado recentemente para servir de centro e defesa de agricultores que viessem arrotear os campos vizinhos, dantes incultos. Foi contra esse ponto que a expedição se dirigiu. Aterrados com o aparecimento de tão grande número de vals e, provavelmente, afugentados dos campos e das aldeias pelos saltos que a gente da frota iria fazendo em terra, os sarracenos daquelas imediações que não haviam podido retirar-se para Silves tinham-se acolhido a Alvor, onde, em vez de amparo, acharam a última destruição. Eram assaz numerosos os cristãos para não poder o castelo fazer larga resistência. Levado à escala, os seus habitantes experimentaram a crueza dos vencedores, que, não perdoando a sexo nem a idade, puseram a ferro perto de seis mil pessoas, deixando, além disso, a povoação reduzida a um monte de ruínas. Depois, a armada do Norte, não querendo retardar a viagem, seguiu o Estreito, acompanhada até lá pelos navios portugueses, que, retrocedendo ao longo da costa, trouxeram alguns sarracenos cativos, enquanto os cruzados se engolfavam no Mediterrâneo com vento próspero e ricos dos despojos de Avor (1).
[Alexandre Herculano, História de Portugal, Desde o começo da monarquia até o fim do reinado de Afonso III, Tomo II, Livro III, pp. 44-45.]

Nota do Autor:

(1). — De Itinere Navali, pp. 11 e 13 [FMHP 160-161]; Godofredo, loc. cit.

Notas nossa:

(a). — Chenchir ou Al-Faghar era uma das províncias em que se dividia o Ocidente do Andaluz, e a que se situava na sua parte mais meridional. Uma faixa de terra lançada ao longo do oceano, como diz Herculano (ob. cit., Tomo II, Livro III, p. 42). As outras duas eram a de Belata e a de Al-Kassr.

(b). — Muhammad Al-Idrisi (1110-1165
ou 1166), cujo nome completo é Abu Abd Allah Muhammad al-Idrisi (em língua árabe أبو عبد اللّه محمد الإدريسي) ou somente Edrisi, foi um cartógrafo árabe da Idade Média, famoso pela qualidade de seus mapas, tanto no desenho quanto na precisão. [in, Wikipédia, a enciclopédia livre.]
Até breve.

terça-feira, 24 de março de 2009

Aparece pela primeira vez, em Portugal, a denominação de Mestre.

Num documento de 1 de Maio de 1151, regista-se pela primeira vez, em Portugal, a denominação de «Mestre» do Templo em vez de «Procurador» do Templo:

Vobis Fratribus Templi S. Petro Gratyial, & Martino Pelais,
qui in Bracara habitatis submanu Magistri Domnis Ugonis &c. (1)
[José Manuel Capêlo, Portugal templário, Relação e sucessão dos seus Mestres [1124-1314], A presença templária em Portugal, p. 71.]
Nota do Autor:

(1). — Fr. Bernardo da Costa, ob. cit., p. 15.

Até breve.

segunda-feira, 23 de março de 2009

A firmeza de mando de D. Afonso III.

Após 1220, foi em Agosto de 1251 que se efectuaram novos inquéritos régios no território. Eram as primeiras inquirições de âmbito regional ordenadas por Afonso III e tinham sido precedidas, em Janeiro desse ano, pela realização de uma assembleia política mandada convocar pelo rei em Guimarães. Nela se abordaram os problemas decorrentes das lutas então travadas no reino por bandos nobiliárquicos rivais, os roubos e pilhagens praticados pelos cavaleiros nas povoações do reino e o exercício de violências e malfeitorias sobre camponeses indefesos e mosteiros. Enfim, a situação de guerrilha feudal que ainda se vivia após a guerra civil de 1245, a qual grandemente perturbava a segurança interna do País, ameaçando os bens e os direitos dos povos, das igrejas e da própria coroa.
Terá sido provavelmente nessa ocasião que o monarca decidira retomar a prática de inquirições iniciada por Afonso II. Na verdade, depois da morte em Toledo, sem herdeiros, de Sancho II (1248) e da organização, em 1249, da triunfante expedição militar ao Algarve, pela qual se movera a concórdia entre o soberano e grande parte da alta nobreza do reino, estavam criadas as condições para uma restauração dos muitos abalados prestígio e poder da coroa
.
[José Mattoso, Luís Krus, Amélia Andrade, Inquirições de Afonso III (1251), pp. 45-46, O Castelo e a Feira, a terra de Santa Maria nos séculos XI a XIII.]
Até breve.

domingo, 22 de março de 2009

Cartórios das Ordens Militares.

(…) os actos documentais conservados nos cartórios das Ordens Militares medievais portuguesas correspondem às tendências dos demais arquivos de institutos eclesiásticos. Caracterizam-se, em síntese, pela acumulação de diplomas de origem pontifícia (bulas, breves) e/ou episcopal (sentenças, concórdias, procurações, monitorias), régia (doações, privilégios jurisdicionais) e, finalmente, por documentação particular, emanada quer da chancelaria e escrivaninhas de cada Ordem, quer, sobremodo, de oficinas notariais.
[Saúl António Gomes, Observações em torno das Chancelarias das Ordens Militares em Portugal, na Idade Média, pp. 116-117, As Ordens Militares e as Ordens de Cavalaria na Construção do Mundo Ocidental — Actas do IV Encontro sobre Ordens Militares.]
Até breve.

sábado, 21 de março de 2009

D. fr. Rodrigo Dias [1242], 17º Mestre do Templo em Portugal.

Nada se sabe sobre a sua vida e mestrado, que teria sido de muitos poucos meses de duração. A época conturbada em que viveu será disso provável prova. Não há documentos comprovativos a atestarem factos e feitos. Apenas se sabe (1) que foi eleito Mestre da Ordem do Templo neste ano de 1242.
Provavelmente terá resignado ou morrido no mesmo ano em que foi eleito Mestre da Milícia templária
.
[José Manuel Capêlo, Portugal templário, Relação e sucessão dos seus Mestres [1124-1314], A presença templária em Portugal, p. 133.]

Nota do Autor:

(1). — Por Viterbo.

Até breve.

sexta-feira, 20 de março de 2009

O castelo de Idanha-a-Nova (II)

No interior do castelo havia uma alterosa torre de menagem com 3 vãos e a Igreja Matriz, hoje de estilo renascença, mas de origem medieval sem torre sineira incorporada. Os sinos foram colocados entre as ameias da vizinha torre da segunda cerca, que poderá corresponder à actual torre sineira, que tem ainda patente uma entrada gótica.
Na vista tirada da banda sul
(1) constata-se que a vila de Idanha-a-Nova não teve muralha a cercá-la como sucedeu em Monsanto, Penamacor ou Castelo Branco e ainda a existência de outro templo extra-muros. Neste desenho são muito visíveis as troneiras da defesa da entrada. Observa-se também a entrada quadrada da segunda cerca, bem defendida pelas troneiras dos torreões laterais e pelas troneiras do alto do torreão pentagonal. Fora do castelo destaca-se a capela já referida e, no meio da vila, um pelourinho de gaiola, provavelmente de madeira.
[António Lopes Pires Nunes, Os castelos templários da Beira Baixa, p.74.]

Nota nossa:

(1). - Segundo desenho de Duarte d’Armas, in Livro das Fortalezas.

Até breve.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Sobre castelos. (IX)

(…) se os primeiros exemplos de castelos com Torre de Menagem se podem encontrar entre aqueles que foram erguidos pelos Templários no mestrado de D. Gualdim Pais, também os primeiros castelos portugueses que ostentam as inovações góticas que reflectem a introdução dos conceitos de defesa activa podem ser apontados entre os castelos das Ordens Militares no Sul de Portugal.
Para a manutenção e o restauro do castelo, bem como para a composição dos elementos da sua guarnição, contribuíam as populações da sua vizinhança e do seu território
.
[Mário Jorge Barroca, Do castelo da Reconquista ao castelo Românico (séc. IX a XII), Portugália, Nova Série, Vol. XI-XII, p. 122.]
Até breve.

quarta-feira, 18 de março de 2009

Circunstâncias de Cruzada. (II)

Durante a Quaresma de 1189 uma armada de cinquenta a sessenta velas partira do mar do Norte em demanda da palestina. Transportava dez ou doze mil homens da Frísia e da Dinamarca, e entre os seus chefes contava-se um sobrinho de Knud, rei deste último país. Com ventos propícios os cruzados chegaram dentro de poucos dias às costas da Galiza e, aportando, provavelmente, na ria de Noia, dirigiram-se por terra a Compostela, segundo era uso, para visitarem o templo de Santiago, um dos mais célebres lugares de devoção e romagem de toda a Europa. O seu número, o serem gentes em grande parte vindas das regiões setentrionais e cuja presença as recentes devastações dos normandos deviam tornar suspeitosa explicariam o sucesso que então ocorreu. Fosse, porém, estas ou outras as causas dele, é certo que se espalhou a nova de que os peregrinos intentavam roubar a cabeça do apóstolo, cujos restos mortais, conforme a antiga crença, ali se guardavam. Repelidos pelos habitantes daqueles distritos, foram obrigados a embarcar de novo com alguma perda e, seguindo a intentada viagem, vieram buscar abrigo, entrando no Tejo (1). Votados a combater com infiéis, fácil seria ao rei de Portugal fazê-los concorrer para a execução dos seus desígnios. Estava prestes uma armada portuguesa: partiu com a dos cruzados, e, velejando juntas para o sul, dirigiram-se às costas do moderno Algarve (2).
[Alexandre Herculano, História de Portugal, Desde o começo da monarquia até o fim do reinado de Afonso III, Tomo II, Livro III, pp. 42-43.]

Notas do Autor:

(1). — Godofredo, Anales, apud Freher., Rer. Germ. Scriptor, T. 1, p. 351; «Crónica Turonense», apud Martene, Ampliss. Collect., Vol. 5, pp. 1031 e 1032; Reinério, Continuat. Lamberti Parvi, ibid., p. 14, e a nota V no fim do volume.

(2). — De Itinere Navali, etc., p. 11 (edição de Lisboa, 1844 [FMHP 160-161]).
Até breve.

terça-feira, 17 de março de 2009

Coima.

Satisfação, multa ou pena, que se leva pela injustiça, injúria ou afronta cometida. No Aro de Lamego, havia o costume péssimo, que el-rei D. Afonso IV extinguiu, nas suas primeiras cortes. Quando se achava algum homem ou mulher mortos, sem se saber o agressor, a terra ou o lugar mais vizinho era obrigado a pagar ao mordomo trinta maravedis ou provar quem o matou, ou por que causa, e de que sorte morreu. Esta pena se chamava coima. Tombo do Aro de Lamego, a fol. 3.
[fr. Joaquim de Santa Rosa de Viterbo, Elucidário, Vol. II (B-Z), p. 112.]
Até breve.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Diferendo entre Templários e o bispo de Lisboa.

Desde a tomada de Lisboa, em 1147, que existia um diferendo entre o bispo D. Gilberto e os templários. Estes tinham recebido a doação do eclesiástico de Santarém como prémio da sua ajuda na conquista desta cidade, mas o bispo nunca aceitou esta doação, prévia à sua nomeação, por pertencer à mitra de Lisboa e ser um rico foro eclesiástico. Durante 11 anos nenhuma das partes quis ceder e o rei não parecia preocupar-se muito com este litígio. Quando Gualdim (Pais) ascendeu ao mestrado, a questão foi finalmente resolvida, efectuando-se uma concordata entre as duas partes com o beneplácito do rei. Os templários ficaram senhores da região de Ceras tanto no temporal como no eclesiástico e de uma igreja de Santarém (Santiago), todo o restante eclesiástico seria englobado na mitra de Lisboa como era desejo do bispo inglês.
[Paulo Alexandre Loução, Os Templários na formação de Portugal, pp. 141-156.]
Até breve.

domingo, 15 de março de 2009

Circunstâncias de Cruzada. (I)

(…) uma circunstância casual veio incitar o ânimo do rei português [D. Sancho I] a realizar os seus desígnios de conquista. Trouxeram-na os acontecimentos do Oriente. As diligências de Gregório VIII e de Clemente III para excitar o ardor dos guerreiros da cruz no empenho de resgatar os santos lugares tinham surtido o desejado efeito. Preparava-se tudo na Itália, na Flandres, na França, na Inglaterra, na Alemanha e ainda nos países mais setentrionais para a partida dos cruzados, uns por terra, outros por mar. Armadas mais ou menos numerosas desciam diariamente do mar do Norte e, vindo ajuntar-se nos portos de Inglaterra ou de França com os navios destas nações, prosseguiam na sua derrota ao longo das costas da Espanha, em cujas povoações marítimas tomavam virtualhas e refrescos ou buscavam acolheita contra os temporais, para depois passarem o Estreito e se engolfarem no Mediterrâneo. Os portos da Galiza ou os de Portugal eram os mais acomodados ao intento, como dissemos falando das anteriores cruzadas, e por isso se viam aparecer, ora nuns ora noutros, frotas após frotas, que conduziam gentes de tão diversos países. Impacientes por combater os muçulmanos, fácil era mover alguns deles a guerrearem os de Espanha, em cujas povoações, ainda ricas e florescentes, devia oferecer-se a esperança de mais avultados despojos do que na devastada Palestina.
[Alexandre Herculano, História de Portugal, Desde o começo da monarquia até o fim do reinado de Afonso III, Tomo II, Livro III, pp. 40-41.]
Até breve.

sábado, 14 de março de 2009

Sobre castelos. (VIII)

A Torre de Menagem deixa de estar isolada no centro do pátio para surgir muitas vezes adossada ao pano de muralha em locais estratégicos que permitem a defesa de zonas mais sensíveis, com tiro directo a partir do seu nível superior. Com os fins do século XIV e a centúria seguinte, a Torre de Menagem apresenta tendência para se alargar, passando a dispor de amplas áreas destinadas à habitação. Nos andares superiores surgem janelas nobres, amplas e muitas das vezes com duas luzes, procurando, deste modo, alcançar melhor iluminação e arejamento dos espaços interiores. No coroamento destas Torres de Menagem surgem, não só os balcões munidos de matacães, implantados sobre a porta de acesso ao interior, mas também, sobretudo com o século XV, pequenos balcões de ângulo, com sistema de tiro vertical. As novas Torres de Menagem góticas encontram magníficos exemplos nos castelos urbanos de Bragança, Estremoz e Beja.
[Mário Jorge Barroca, Do castelo da Reconquista ao castelo Românico (séc. IX a XII), Portugália, Nova Série, Vol. XI-XII, p. 125.]
Até breve.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Guerra de Cruzada na Península Ibérica.

Combate entre cristão e sarraceno.

A guerra contra o Islão toma foros de sagrada com o primeiro cerco de Saragoça [1101] — grande feudo moçarábico da Península — com o rei Pedro I de Aragão [c. 1072-1104], o primeiro monarca hispânico que tomou o nome de rei cruzado. No entanto, este rei teve que abandonar o intento sem conseguir o seu objectivo. Foi só quando seu irmão Afonso I, o batalhador [1073-1134], subiu ao trono [1104], que tal se verificou. Em 1118, depois de reunido o concílio de Tolosa, com religiosos de ambos os lados dos Pirinéus, acordou-se conferir à tomada daquela cidade, o carácter religioso com que se tinha iniciado dezassete anos antes. Assim, a nova campanha deixou de ser apenas aragonesa, desde o momento em que se comprometeram nela cavaleiros e vilãos de todo o território peninsular, diante dos quais marchavam os seus respectivos bispos e muito monges, que deram provas de inaudito arrojo e intervindo activamente nos combates.
[José Manuel Capêlo, Portugal templário, Relação e sucessão dos seus Mestres [1124-1314], A presença templária em Portugal, p. 46.]

Até breve.

quinta-feira, 12 de março de 2009

Campanha anti-senhorial de D. Sancho I.

Com efeito, desde as Cortes de Coimbra de 1211 que se tinham tomado medidas destinadas a marcar, ainda num plano mais teórico do que prático, a supremacia da justiça régia face às justiças senhoriais, e a autonomia do poder do monarca face ao poder eclesiástico, encontrando-se entre elas a promulgação da primeira lei de desamortização, proibindo às instituições religiosas do reino a aquisição de novas terras, a fim de evitar o seu crescente expansionismo político-económico. Em síntese, assistia-se, desde os começos do reinado, ao desencadear de uma violenta campanha anti-senhorial.
[José Mattoso, Luís Krus, Amélia Andrade, As inquirições de 1220, p. 38, O Castelo e a Feira, a terra de Santa Maria nos séculos XI a XIII.]
Até breve.

quarta-feira, 11 de março de 2009

O rito e a fé da igreja em Espanha com Afonso VI.

Ao abandonar o rito e a escrita visigótica*, o rei parecia trair, a favor de Roma ou dos «Francos», as próprias bases da realeza hispânica. Na realidade, sacrificara símbolos mas continuava a ser o chefe da Igreja, o vigário de Deus e o responsável da ortodoxia da fé no seu reino.
[Adeline Rucquoi, História Medieval da Península Ibérica, p. 162.]

Nota nossa:

*. — Deveras influenciado pelos monges de Cluny e pelos legados do papa que se sucederam na sua corte, Afonso VI toma a decisão de abandonar o antigo rito visigótico, que até aí seguiam, a favor do rito romano. Esta mudança histórica passou-se cerca do ano de 1080.
Até breve.

terça-feira, 10 de março de 2009

Conflitos entre D. Sancho I e as Ordens do Templo e do Hospital, em 1188.

Se, porém, o pensamento de Sancho I era imitar seu avô associando-se à tentativa que mais gloriosa se julgava naquele tempo, a expedição de ultramar, este príncipe achou, segundo cremos, resistência no país, assim da parte das Ordens do Templo e do Hospital, que melhor conheciam os perigos e dificuldades daquelas guerras, como de muitos cavaleiros e burgueses. (1) Apesar, enfim, de ter punido severamente os contumazes, não levou a efeito os seus intentos, talvez porque as circunstâncias pouco tardaram em mudar-se.
[Alexandre Herculano, História de Portugal, Desde o começo da monarquia até o fim do reinado de Afonso III, Tomo II, Livro III, p. 36.]

Nota:

Os documentos citados po Azevedo, V, 7-9, sobretudo DP II 42, mostram que as dissensões entre o rei e os hospitalários e templários foram mais profundas do que simples discordâncias acerca de uma pretendida expedição à Terra Santa. O mesmo se diga, evidentemente, dos milites «qui mihi non servierunt», referidos no testamento de Sancho I. O futuro historiador da época deste rei terá de tentar averiguar as razões destas querelas.
[José Mattoso, Notas Críticas ao Livro III, p. 177, nota 15, Alexandre Herculano, História de Portugal, Desde o começo da monarquia até o fim do reinado de Afonso III, Tomo II, Livro III.]
Até breve.

segunda-feira, 9 de março de 2009

As casas dos frades menores.

(…) não se esquecendo de que Gregório IX, contra os seus sucessores e, principalmente, Inocêncio IV, no de 1252, tinham declarado que as casas dos frades menores, junto das quais havia convento, para diferença dos eremitorios ou oratorios, em que não havia comunidade regular, se chamassem conventuaes ou claustraes, a fim de gozarem de todas as graças e prerrogativas, que distinguiam as colegiadas ou matrizes, como eram: ter sacrário, sinos, cemitério, porta franca para assistirem os fiéis ao Santo Sacrifício, receberem os Sacramentos, ouvirem a palavra de Deus, etc., o que os bispos e párocos não queriam permitir aos religiosos, como consta do cap. Nimis iníqua de excessibus prelat.
[fr. Joaquim de Santa Rosa de Viterbo, Elucidário, Vol. II (B-Z), p. 105.]
Até breve.

domingo, 8 de março de 2009

Actos escritos.

Monge copista da Idade Média.

(…) todas as instituições recorreram à produção de actos escritos como garantia eficaz de salvaguarda dos seus interesses e afirmação propagandística de uma identidade e ideologia.
[Saúl António Gomes, Observações em torno das Chancelarias das Ordens Militares em Portugal, na Idade Média, p. 115, As Ordens Militares e as Ordens de Cavalaria na Construção do Mundo Ocidental — Actas do IV Encontro sobre Ordens Militares.]
Até breve.

sábado, 7 de março de 2009

Aquisições da Ordem do Templo em Portugal.

Menos luzentes e extensivas eram as aquisições que a Ordem devia aos particulares. Mas o sossego com que estas aquisições, pouco aparentes, eram feitas, não nos deve deixar desapercebida a sua importância. Obteve-a a Ordem, por sua quantidade e particularidade. Assim como, genérica, a ordem religiosa em Portugal, assim tinham também os templários e as outras ordens de cavaleiros, em breve, os seus familiares. Uma quantidade de documentos que se conserva ainda hoje no arquivo de Tomar, desde a época da admissão dos templários em Portugal até ao fim do século XIII, mostra que homens e mulheres, casados e solteiros, se inscreviam na Ordem como Confrades, Familiares ou Donatos. Na Ordem chamavam-se Frades, Confrades ou quasi-Frades. Muitas viúvas de fidalgos entravam, para a Ordem, como Fradas ou Fratrissas (irmãs). Os iniciados faziam doação de parte dos seus bens, para custeio do seu sustento, que ficava sob a inspecção do Mestre da Ordem ou dos seus primeiros religiosos. Sem permissão dele ou deles, não podia tal quota-parte ser trocada, vendida ou gasta, de qualquer outra forma. Em caso de falecimento, este [um] tanto dos bens ficava sendo propriedade da Ordem; ou, se havia filhos, recebiam aqueles uma percentagem. Ninguém entrava de mãos vazias na associação da Ordem. (1)
Nota do Autor:

(1). — O historiador alemão (Heinrich Schæffer, autor do texto acima transcrito) cita fr. António Brandão, na Monumenta Lusitaniae, quando diz: Era cousa mui ordinária [frequente] naquele tempo, tomarem as pessoas nobres a Cruz das Religiões do Hospital, ou do Templo; alguns, somente como Confrades, e outros com voto de profissão, apartando-se de suas mulheres, que também recebiam a Cruz, e restavam [davam] seus bens a estas Ordens. A mesma devoção tiveram muitos [para] com as Ordens de Santiago, Calatrava, Avis e Alcântara. [Ob. cit., Vol. I, p. 66, nota 3.]
[José Manuel Capêlo, Portugal templário, Relação e sucessão dos seus Mestres [1124-1314], A presença templária em Portugal, pp. 51-52.]

Até breve.

sexta-feira, 6 de março de 2009

O castelo de Idanha-a-Nova.

Fundado em 1187, por D. Gualdim Pais, Mestre dos Templários, o castelo de Idanha-a-Nova é dos mais antigos da Beira Baixa e poderá ter sido construído para, em conjugação com o de Monsanto, contribuir para a defesa de Idanha-a-Velha que, localizada em planície, era praticamente indefesa apenas com as suas muralhas. (A atribuição da carta de doação é posterior e remonta a 1206.)
A planta do castelo evidencia-nos ser um castelo pequeno, constituído essencialmente pelo palácio dos alcaides e dispondo de um pequeno pátio com entrada autónoma pelo lado oposto à entrada principal do castelo
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[António Lopes Pires Nunes, Os castelos Templários da Beira Baixa, Cadernos de Património Cultural da Beira Baixa, p. 73.]

Até breve.

quinta-feira, 5 de março de 2009

Através da moderna arqueologia militar cristã.

Embora sejam inúmeras as lacunas que o estudo dps castelos erguidos pelos Templários — e, de um modo geral, por todas as Ordens Militares — ainda contém, alguns dados novos permitem, com maior segurança, ter hoje uma visão mais completa dessa realidade. No entanto, tal panorama permanece quase sempre ofuscado pelos passos lentos da nossa arqueologia medieval cristã, que não tem permitido a confirmação ou a correcção de algumas das análises feitas, situação particularmente acentuada para quem procure perceber a evolução que essas fortificações vão sofrendo. Porém, o aparecimento de recentes trabalhos nesta área da história de arte tem conseguido conquistar novos horizontes do saber (1). Os estudiosos da presença templária no território português têm sobretudo vincado, como seria natural, a área compreendida, grosso modo, entre os castelos de Soure e Almourol.
[Nuno Villamariz Oliveira, A influência do Oriente em Portugal através da Arquitectura Militar templária, p. 909, Mil Anos de Fortificações na Península Ibérica e no Magreb (500-1500): Actas do Simpósio Internacional dobre Castelos, Lisboa, Edições Colibri/Câmara Municipal de Palmela, 2001, pp. 909-913.]

Nota do Autor:

(1). — Desde meados do século XIX, e ao longo, do século XX, que se registam diversos subsídios para o estudo da arquitectura militar templária. Porém, cumpre-nos, ao longo desta última década, destacar desde a obra pioneira de Carlos Alberto Ferreira de Almeida, até diversos autores que, de um modo variado, abordam esse assunto, com maior ou menor profundidade, casos, entre outros, de José Custódio Vieira da Silva, Jorge Rodrigues, Paulo Pereira, Saul António Gomes e Mário Jorge Barroca. A este último autor se devem importantes reflexões na matéria, sendo de salientar, pela sua pertinência, os seguintes artigos: “Do castelo da Reconquista ao castelo Românico”, Portugalia, Nova Série, Instituto de Arqueologia, Faculdade de Letras da Universidade do porto, Porto, Vols. XI-XII, 1990/91; “Os Castelos”, Nos Confins da Idade Média, Instituto Português de Museus, Porto, 1992; e, principalmente, “A Ordem do Templo e a Arquitectura Militar Portuguesa do Século XII”, Portugália, Nova Série, Instituto de Arqueologia, Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Porto, Vols. XVII-XVIII, 1996/1997.

Até breve.

quarta-feira, 4 de março de 2009

Constituição do Condado Portucalense.

(…) Afonso VI entrega o governo da região mais ocidental do seu reino, o condado de Galiza e Portugal, incluindo o território conimbricense, ao genro, o conde Raimundo de Borgonha. Porém, demonstrando as derrotas sofridas em 1094 por Raimundo face aos Almorávidas a incapacidade do Conde para desempenhar o papel de defensor da fronteira, o soberano entrega tal tarefa em 1096 a seu outro genro, o conde Henrique de Borgonha, a quem é atribuído o governo das terras a sul da Galiza, as quais, tendo como principais centros os territórios portucalense e conimbricense, passam a constituir o chamado Condado Portucalense.
[José Mattoso, Luís Krus, Amélia Andrade, A questão dos limites da terra no princípio do século XII, p. 33, O Castelo e a Feira, a terra de Santa Maria nos séculos XI a XIII.]
Até breve.

terça-feira, 3 de março de 2009

Sobre castelos. (VII)

O número de torres adossadas aos panos de muralha multiplica-se possibilitando a defesa directa dos alicerces dos muros e a manutenção do inimigo à distância. O seu espaçamento seria calculado em função do alcance do tiro, de arco e sobretudo de besta, por forma a que de um torreão fosse possível atingir a base do outro. Esta articulação entre os vários elementos que compunham a muralha tornava a defesa da integridade dos seus muros mais eficaz. Por outro, o adarve ou caminho de ronda alargar-se, traduzindo uma maior espessura das muralhas e facilitando a movimentação das guarnições em caso de cerco. As escadas de acesso ao adarve deixam de ser erguidas na espessura dos muros, como era predominante na fase anterior, para passar a constituir um maciço pétreo adossado ao pano de muralha. Com esta solução, os castelos góticos conseguiam que o adarve preservasse toda a sua superfície disponível para a circulação da guarnição encarregada da defesa dos muros. Coroando estes, as ameias apresentam tendência para serem mais largas e beixas, sendo munidas, ao centro do seu maciço pétreo, de seteiras adaptadas ao tiro de arco e de besta. Ao mesmo tempo as portas de acesso principais passam a estar protegidas por balcões munidos de matacães, permitindo o tiro vertical.
[Mário Jorge Barroca, Do castelo da Reconquista ao castelo Românico (séc. IX a XII), Portugália, Nova Série, Vol. XI-XII, p. 125.]
Até breve.

segunda-feira, 2 de março de 2009

Sobre castelos. (VI)

A partir dos meados ou fins do século XIII começam a surgir nos castelos portugueses novas soluções arquitectónicas, permitindo a passagem de uma «defesa passiva», típica do castelo românico, para uma «defesa activa», característica do castelo gótico. Esta mudança de conceito, fundamental para se compreender o ritmo de reforma nos castelos portugueses, haveria de se impor decisivamente na centúria seguinte.
[Mário Jorge Barroca, Do castelo da Reconquista ao castelo Românico (séc. IX a XII), Portugália, Nova Série, Vol. XI-XII, p. 125.]
Até breve.

domingo, 1 de março de 2009

Ordens hierosolimitanas no reino de Portugal.

Figuração de Cavaleiros das várias Ordens Militares que existiram em Portugal.

Além das Ordens hierosolimitanas do Templo, do Hospital e do Sepulcro, que já existiam amplamente dotadas desde o reinado antecedente e cujos primeiros vestígios remontam ainda à época de D. Teresa, alguns membros da Ordem castelhana de Calatrava tinham entrado em Portugal pelos anos de 1166 e vindo, segundo parece, fazer o seu primeiro assento em Évora, então conquistada, tomando depois promiscuamente o nome de freires de Évora e de freires de Calatrava (a). Uma nova Ordem fora entretanto fundada em Leão por Fernando II; a de Cáceres, Uclés ou Santiago. Apesar da superioridade dos templários, superioridade que traduz do complexo dos documentos relativos às diversas corporações monástico-militares, e apesar de Afonso I haver de antemão doado ao Templo a terça parte de tudo o que se fosse conquistando além do Tejo, Sancho I julgou oportuno entregar aos freires de Cáceres os castelos de Alcácer, Palmela, Almada e o da vila de Arruda, vila cujo senhorio tinham desde 1172, se a doação que dele fora feita por Afonso I chegou a realizar-se. Ao mesmo tempo, mandou ocupar por cavaleiros de Calatrava o de Alcanede e a vila de Alpedriz, na moderna Estremadura, e lhe assegurou o domínio da fortaleza de Juromenha, logo que fosse conquistada aos sarracenos que então a senhoreavam (1) (b).

Nota do Autor:

(1). — O que dizemos aqui acerca das Ordens militares será tratado em lugar oportuno com a extensão conveniente e à vista dos documentos. As doações à Ordem de Santiago ou dos espatários e à de Calatrava acham-se no Arquivo Nacional, maço 12 de Forais Antigos, n.º 3, fs. 60v e 62 [DR II, 14, 65] e, além disso, as feitas à de Santiago num extenso rolo (Gav. 5, Maços n. ºs 14 a 46), espécie de cartulário do século XIII em que vêm transcritos os títulos mais antigos da Ordem. Entre eles é o primeiro na data este a que nos referimos, circunstância que nos assinala a época de fixação definitiva dos espatários em Portugal; porque a doação da Arruda (Maço 12 de Forais Antigos, n.º 3, f. 76) feita por Afonso I [DR 311] um ou dois anos apenas depois da fundação da Ordem, posto que genuína, é o único vestígio indubitável da anterior existência de freires de Santiago neste país, se é que vieram estabelecer domicílio, pois que o silêncio que a tal respeito guarda a doação de Sancho I faz suspeitar que essoutra não se efectuara. Quanto à doação de Juromenha aos freires de Évora, vê-se que era uma simples promessa; porque aí se diz ser feita «de illo castello quod vocatur Alcanede et de illa villa que vocatur Alpedriz e de illo alio quod vocatur Jurismenia, si mihi eum Deus dederit».

Notas críticas ao Livro III, por José Mattoso (ob. cit., notas 9 e 10, p. 176):

(a). — A Ordem Militar de Évora, ao contrário do que aqui diz Herculano, é uma fundação portuguesa que só depois se veio a filiar na de Calatrava. As suas origens estão hoje suficientemente esclarecidas: R. de Azevedo, «Primórdios da Ordem Militar de Évora», in Boletim Cultural da Junta Distrital de Évora, 8 (1967), 43-62, que pormenoriza e confirma em boa parte o trabalho de M. de Oliveira, «A Milícia de Évora e as Ordem de Calatrava», in LS 1 (1956). Para outros pormenores, ver os trabalhos mais antigos de C. da Silva Tarouca, «As Origens da Ordem dos Cavaleiros de Évora (Avis), segundo as Cartas do Arquivo do Cabido da Sé de Évora», in A Cidade de Évora, 5 (1947), 25-39; Aurea Javierre Mur, «La Orden de Calatrava en Portugal», in Boletin de la Real Academia de la Historia, 130 (1952), 323-376.

(b). — Sobre as Origens de Santiago, há dois excelentes trabalhos recentes: Derek W. Lomax, la Orden de Santiago (1170-1275) (Madrid, 1965); J. L. Martín, Orígenes de la Orden Militar de Santiago (1170-1195) (Barcelona, 1974). Para as suas origens em Portugal, ver: A. Javierre Mur, «Documentos para el estúdio de la Orden de Santiago en Portugal en la Edad Media», in BA 15-16 (1964), 409-428; J. L. Martín, «La monarquia portuguesa y la Orden de Santiago (1170-1195)», in AEM, 8 (1972-1973), 463-466.

[Alexandre Herculano, História de Portugal, Desde o começo da monarquia até o fim do reinado de Afonso III, Tomo II, Livro III, pp. 28-29.]

Até breve.