quinta-feira, 30 de abril de 2009

Autores e Obras citados de 1.Abril.2009 a 29.Abril.2009.

Monge escrivão.

(a Autores e a Obras anteriormente referenciados, apenas se lhes citam os nomes e respectivos títulos.)

Alexandre Herculano, História de Portugal, Desde o começo da monarquia até o fim do reinado de Afonso III, Tomo II, Livro III;
Ambrósio Huici Miranda, Las campañas de Ya’Qub Al-Mansur em 1190 y 1191, Anais (da Academia Portuguesa de História), IIª Série, vol. 5, Lisboa, 1954;
André Jean Paraschi, Historia dos Templários em Portugala fundação e os Mestres da Ordem, 1990;
António Borges Coelho, Portugal na Espanha Árabe, vol. III, Caminho, Lisboa, 1973;
António Lopes Pires Nunes, Os castelos templários da Beira Baixa;
Carlos Estepa, La dissolución de la Orden del Temple en Castilla y en León, Cuadernos de Historia, nº. 6, 1975;
Damião Peres, História de Portugal, vol. II, Barcelos, 1928;
Edward Burman, Templários: Os Cavaleiros de Deus;
Fernando de Almeida, D., Egitâniahistória e arqueologia, Ed. Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Lisboa, 1956;
Fernando Lopez Alsina, Introducción al fenómeno urbano medieval gallego, a través de três ejemplos: Mondoñedo, Vivero y Ribadeo, Santiago de Compostela, 1976;
Henri de Curzon (tradução e organização, do francês arcaico) da Regra Latina;
Henrique Barrilaro Ruas, A Vida de Martinho de Soure;
Guilherme de Tiro, History;
Jacques Le Goff, L’apogee de la France urbaine medieval, La ville medieval des Carolingiens à la Renaissance, dir, por Jacques Le Goof, t. II da Histoire de la France Urbaine, dir. por Georges Duby, Paris, 1980;
Joaquim de Santa Rosa de Viterbo, fr., Elucidário das Palavras, Termos e Frases que em Portugal antigamente se usaram…, s. v. Tempreiros, vol. II, Porto, 1966;
José Manuel Capêlo, Portugal templário, Relação e sucessão dos seus Mestres [1124-1314], A presença templária em Portugal;
José Mattoso, História de Portugal, Lisboa, Círculo de Leitores, 1993;
José Mattoso, ed. Crítica da História de Portugal, de A. Herculano, vol. II;
José Mattoso, Ricos-Homens, Infanções e Cavaleiros. A Nobreza Medieval Portuguesa nos Séculos XI e XII, Lisboa, 1982;
José Mattoso, Naquele tempo, Ensaios de História Medieval, A nobreza medieval portuguesa no contexto peninsular, Vol. 1, Círculo de Leitores, Lisboa, 2000;
José Mattoso, Luís Krus, Amélia Andrade, Inquirições de D. Dinis, O Castelo e a Feira, a terra de Santa Maria nos séculos XI a XIII;
Leopoldo Torres-Balbás, Ciudades hispano-musulmanas, t. II;
Leontina Ventura, Livro Santo de Santa Cruz, Ed. de Leontina Ventura e Ana Santiago Faria, Coimbra, 1990;
Luis Franco Nogueira, Apontamentos sobre a Ordem do Templo em Portugal, Boletim Cultural da Câmara Municipal de Tomar, 1991, nºs 14 e 15;
Luís Gonzaga de Azevedo, História de Portugal, vol. V, Lisboa, 1939-44;
Manuel Sílvio Alves Conde, Tomar Medieval, O espaço e os homens;
Maria Alegria Fernandes Marques, O litígio entre a Sé de Coimbra e a Ordem do Templo pela posse das igrejas de Ega, Redinha e Pombal, Jornadas sobre Portugal Medieval, Leiria/1983;
Maria Alegria Fernandes Marques, A Viabilização de um Reino, O Poder e o Espaço, Portugal em definição de fronteiras, Do condado portucalense à crise do século XIV, coord. de Maria Helena da Cruz Coelho e Armando Luís de Carvalho Homem, Nova História de Portugal, Vol. III, dir. de Joel Serrão e A. H. Oliveira Marques, Editorial Presença, Lisboa, 1996;
María del Carmen Carlé, La sociedad hispano medieval. La ciudad, Buenos Aires, 1984;
Mário Jorge Barroca, A Ordem do Templo e a arquitectura militar portuguesa do século XII;
Nuno Villamariz Oliveira, Castelos da Ordem do Templo em Portugal, 1120-1314;
Riley-Smith, J., The Templars and the Teutoic Knights in Cilician Armenia, The Cilician Kingdom of Armenia, ed. T. S. R. Boase, Londres, 1978;
Saúl António Gomes, Observações em torno das Chancelarias das Ordens Militares em Portugal, na Idade Média, As Ordens Militares e as Ordens de Cavalaria na Construção do Mundo Ocidental — Actas do IV Encontro sobre Ordens Militares.
Vieira Guimarães, A Ordem de Cristo, Imprensa Nacional, Lisboa, 1936;

Outros:

Anais da Academia Portuguesa de História, Lisboa;
DMR [Documentos Medievais Portugueses], DR [Documentos Régios] I, doc. 63; LP, doc. 560;
DMP, DR IV, doc. 379; LP [Livro Preto da Sé de Coimbra], doc. 241;
Forais Antigos, n.º 3, f. 7, Maço 12; n.º 9, Maço 7; no Arquivo Nacional [DR II 182, 186; Leg. 608];
Livro Santo, de Santa Cruz de Coimbra;
Portugaliae Monumenta Historica [PMH], Scriptores, Lisboa, 1856;
Revista Portuguesa de História, vol. III, Coimbra, 1947, Vita S. Martini Sauriensis (V. M. S.).
Até breve.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

O Livro Velho de Linhagens.

É já próximo desta época, ou seja de cerca de 1290, que data o Livro Velho de Linhagens, redigido provavelmente por um clérigo ligado ao mosteiro de Santo Tirso. O seu autor queria homenagear um dos mais poderosos revoltados contra o rei [D. Afonso III], Martim Gil de Riba de Vizela, que tinha vivido com seu pai Gil Martins, na corte de Afonso X, entre 1266 e 1247, mas que depois regressou a Portugal.
[José Mattoso, Naquele tempo, Ensaios de História Medieval, A nobreza medieval portuguesa no contexto peninsular, Vol. 1, p. 331.]
Até breve.

terça-feira, 28 de abril de 2009

A Regra francesa. (III)

Curzon acreditava que houve pelo menos quatro revisões importantes da Regra, com muitos acréscimos. Nalguns casos, foram feitas modificações em partes anteriores da Regra, mas a estrutura apresentada aqui pode ser aceite como aquela que governou a vida quotidiana da maior parte da história templária.
Duas mudanças, possivelmente incentivadas por Robert de Craon, feitas na Regra Latina na primeira versão da Regra francesa, são de considerável interesse. A primeira diz respeito à estipulação na Regra Latina de um período de experiência de um ano para os cavaleiros recém-alistados; no parágrafo correspondente da Regra francesa, esse requisito desaparece, indicando um afrouxamento da disciplina e dos requisitos para fins de recrutamento no final da década de 30 do século XII (cf. §11). A mudança mais extraordinária, considerando-se o nosso conhecimento de acusações posteriores, é feita no segundo parágrafo: um trecho de frase na versão original (“… ademais, onde cavaleiros não-excomungados estão reunidos, vós deveis ir” (1)) torna-se exactamente o oposto na Regra francesa: “… ordenamos que ides aonde cavaleiros excomungados estão reunidos”. Essa alteração controversa gerou muitas tentativas de explicação, mas pode se considerada simplesmente uma indicação do poder dos Templários e do grau de independência relativamente ao controle eclesiástico que a Ordem já havia alcançado.
[Edward Burman, Templários: Os Cavaleiros de Deus, pp. 48-49.]

Nota do Autor:

(1). — “ubi autem milities non excommunicatos congregare auderint”.

Até breve.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Terras do castelo de Soure. (II)

Por essa altura [1123], o Bispo de Coimbra, D. Gonçalo Pais, faria doação da igreja de Soure aos cónegos e irmãos Martinho e Mendo Árias com a obrigação de estes procederem à reconstrução do templo, que permanecia destruído: «… ad ecclesiam qui ibi facebat destructa reedificandam…» (DMP, DP IV, doc. 379; LP, doc. 241, de 10 de Outubro de 1123). A iniciativa do Bispo de Coimbra ganha sentido se tivermos em atenção que a Sé de Coimbra foi, em 1104 (PMH, DC 813), a herdeira do património do Mosteiro da Vacariça, onde o Mosteiro de Soure se incorporara pela doação de 1043. É possível que o castelo de Soure tenha sido, por essa altura, objecto de alguma intervenção, mas não encontramos qualquer eco seguro dessas obras na documentação da época.
[Mário Jorge Barroca, A Ordem do Templo e a arquitectura militar portuguesa do século XII, p. 184.]
Até breve.

domingo, 26 de abril de 2009

D. Lopo Fernandes. (I)

D. Gualdim Pais legava tão honrosa herança a D. Lopo Fernandes que por mais de um título provou ser digno de tão alta escolha.
Continuou na senda gloriosa do seu antecessor, dilatando o reino e repovoando as terras desertas e arruinadas por onde tinha passado o anjo mau da guerra.
Em 1197 doou-lhe D. Sancho I Idanha-a-Velha, que já tinha pertencido aos templários, e em 1199 recebe em paga dos bons e leais serviços e em troca do padroado das igrejas de Mogadouro e Penas-Roias, cujos castelos os templários tinham fundado, a vasta região da Açáfa que é hoje a Vila Nova de Rodão com o seu dilatadíssimo território circunvizinho
.
[Vieira Guimarães, A Ordem de Cristo, p. 46, Imprensa Nacional, Lisboa, 1936.]
Até breve.

sábado, 25 de abril de 2009

D. fr. Gualdim Pais no ano de 1190.

D. fr. Gualdim Pais.
(arranjo visual de Ana Isabel Vieira)

Em 1190 D. Gualdim Pais era pessoa já idosa, com pelo menos cerca de 70 anos. Efectivamente, se confiarmos na tradição que nos diz que foi armado cavaleiro em Ourique (1139) (1), D. Gualdim Pais teria nascido cerca de 1118/1120, pelo que contaria então com perto de 70 anos. Na realidade, pouco mais tempo de vida lhe restava, vindo a falecer cinco anos depois do cerco almohada, em 13 de Outubro de 1195, como esclarece o seu epitáfio, que se conserva em Stª. Maria dos Olivais, em Tomar.
[Mário Jorge Barroca, A Ordem do Templo e a arquitectura militar portuguesa do século XII, p. 181.]

Nota do Autor:

(1). — Fr. Joaquim de Santa Rosa Viterbo, Elucidário das Palavras, Termos e Frases que em Portugal antigamente se usaram…, s. v. Tempreiros, vol. II, Porto, 1966, p. 590
.
Até breve.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Titulares do Condado Portucalense. (I)


Chegara o momento dos descendentes do conquistador do Porto, [o conde] Vímara Peres [868-873], acederem à titularidade do Condado Portucalense. Depois de um breve período em que a condessa Todadomna, a viúva de Mendo Gonçalves, exerceu a chefia condal, tais funções são entregues a Alvito Nunes (985-1016), um trineto de Vímara Peres, talvez a partir do momento em que Afonso V chegou à maioridade e que, desejando aliviar a pressão nobiliárquica exercida sobre a realeza, tenha escolhido para o cargo um magnata de uma linha familiar descendente dos pressores da época de Afonso III que se não tivesse envolvido grandemente nas lutas dinásticas do passado, o que era o caso. A menos que o jovem rei apenas tivesse entregue o poder ao nobre que chefiara a rebelião contra o antigo conde. Seja como for, o casamento do filho e sucessor de Alvito Nunes, Nuno Alvites (985-1015), com a filha e herdeira de Mendo Gonçalves, reunificava a constelação familiar que desde o século IX detinha o poder no Entre Minho e Mondego.
[José Mattoso, Luís Krus, Amélia Andrade, O Castelo e a Feira, a terra de Santa Maria nos séculos XI a XIII, p. 124.]
Até breve.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Castelos Templários no Outremer. (I)

castelo no Outremer.

Não podemos saber com exactidão as datas de fundação dos castelos Templários no Oriente em virtude de os arquivos da Ordem terem sido destruídos após o seu violento processo de extinção. Tanto quanto é possível avaliar pela documentação existente, as mais antigas possessões da Ordem do Templo nesta região datam dos anos de 1137 a 1140, como Roche Guillaume ou Trapesac, a norte do Principado de Antrioquia, nas montanhas de Amanus, na Arménia (1). Temos conhecimento de estes cavaleiros se terem fixado no seu quartel-general em Jerusalém (2), no palácio real, ou Templum Salomonis — Mesquita de al-Aqsa —, por oferta do rei Balduíno, e ainda, na Cúpula do Rochedo, no lugar conhecido como Templum Domini, após cedência desse espaço pelos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho.
[Nuno Villamariz Oliveira, Castelos da Ordem do Templo em Portugal, 1120-1314, Vol. I, pp. 129-130.]

Notas do Autor:

(1). — Cf. Riley-Smith, J., “The Templars and the Teutoic Knights in Cilician Armenia”, The Cilician Kingdom of Armenia, ed. T. S. R. Boase, Londres, 1978.
(2). — Os Templários foram, de todas as Ordens Militares, aqueles que mais beneficiaram da atenção generosa por parte dos governantes de Jerusalém, sobretudo no segundo quartel do século XII, com Balduíno II e o Conde Folque de Anjou, seu sucessor. No entanto, a acreditar no cronista Guilherme de Tiro, também conheceram uma certa oposição política do rei Amalrico, num episódio com a seita dissidente muçulmana dos Assassinos, com a qual o monarca pretendia estabelecer contactos.
Até breve.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

D. fr. Guilherme Fulcon, 16º Mestre da Ordem do Templo em Portugal.

Eleito por reunião do Capítulo [em Maio de 1239] e confirmação real, sucessor no mestrado de D. fr. Pedro Nunes.
Sabe-se eleito, já em Junho de 1239, Mestre nos três Reinos, por uma escritura de doação feita por D. Fruíla Ermiges e emitida em Fonte Arcada, em que a Ordem recebia as herdades de Lauredo, Santa Olaia e Cinfães, com seu eclesiástico e seu termo em Caldas de Arego, e uma outra herdade em Auvaces, igualmente com seu termo, bem como outras herdades: Caria, Granja, Vidrão, Novales, Motendos, S. Marino da Pedreira, Carrazede e Santa Maria de Limares
.
(…)
Deste Mestre, com toda a probabilidade de origem castelhana, pouco se sabe, já que a documentação é parca ou inexistente. Não só relativamente à própria Ordem do Templo como a muito do reinado de D. Sancho II, não só devido aos conflitos, intrigas e divisões surgidos anteriormente, como os que se começaram a fazer sentir no princípio deste mestrado, mas, igualmente, à intranquilidade existente nos reinos de Castela-Leão e de Portugal.
[José Manuel Capêlo, Portugal templário, Relação e sucessão dos seus Mestres [1124-1314], A presença templária em Portugal, p. 131.]
Até breve.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Restaurar e povoar Castelo Branco.

Castelo de Castelo Branco, por Duarte d'Armas.

Em 1206, cerca de metade da herdade da Cardosa é doada aos templários e, em 1214, o Rei adquiriu a outra parte, ficando constituído o território da Cardosa, todo ele entregue à Ordem do Templo. Esta herdade tinha um centro urbano, já conhecido por Castelo Branco de Moncarchino localizado em posição central. O foral à nova cidade foi atribuído por Pedro Alvito (Mestre de 1212 a 1221), como dissemos, dele constando: “…Restaurar e povoar Castelo Branco”, o que pressupõe já a existência de uma povoação com este nome, talvez criado à volta da residência dos proprietários da Cardosa.
Assim nasce Castelo Branco inserido numa estratégia militar e em território doado aos Templários para a concretizar
.
[António Lopes Pires Nunes, Os castelos Templários da Beira Baixa, Cadernos de Património Cultural da Beira Baixa, p. 33.]
Até breve.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Avanço cristão a sul de Coimbra.

Se a confirmação da doação de Soure aos templários, em 1129 ou 1130, foi o prenúncio do grande envolvimento de Afonso Henriques nas terras a sul de Coimbra (ao mesmo tempo que mostra que o expansionismo para o Norte não fora ideia exclusiva), a primeira resposta do novo chefe dos Portugueses ao ímpeto agressivo dos Almorávidas encontrou-se na fundação do castelo de Leiria, em 1135, como ponta de defesa avançada da região e de apoio para razias cristãs em território muçulmano.
E que o sul começava a ganhar significado no seu pensamento e na sua acção mostraram-no as devastações do seu alferes Fernando Cativo, por 1134-1135, na região de Ladeia, o fossado do mesmo nome e na mesma região, do comando do infante, cerca de 1136-1137, e ainda a concessão dos forais a Miranda
[do Corvo] e Penela, pelos mesmos anos (1).
[Maria Alegria Fernandes Marques, A Viabilização de um Reino, p. 26, O Poder e o Espaço, Portugal em definição de fronteiras, Do condado portucalense à crise do século XIV, coord. de Maria Helena da Cruz Coelho e Armando Luís de Carvalho Homem, in Nova História de Portugal, Vol. III, dir. de Joel Serrão e A. H. Oliveira Marques, Editorial Presença, Lisboa, 1996.]

Nota do Autor:

(1). — E que davam uma importância fundamental à cavalaria vilã, como a circunstância requeria. Seguem o foral de Coimbra, de 1111.
Até breve.

domingo, 19 de abril de 2009

A Regra francesa. (II)

A parte fundamental da Regra foi completada, porém, entre as revisões e os acréscimos de Robert de Craon em 1139-40 e a queda de Jerusalém, em 1187, quando os parágrafos que determinavam as funções hierárquicas no Reino se tornaram obsoletos e não teriam sido incluídos, se a Regra tivesse sido revista completamente depois dessa data. A versão da Regra que sobreviveu em alguns manuscritos, foi organizada em 1886 por Henri de Curzon, do texto do francês arcaico, sendo os parágrafos de 1 a 76 também apresentados em latim. É composto de cinco partes:
§ de 1 a 76 Parte I: tradução em 72 parágrafos da Regra Latina, juntamente com os parágrafos introdutórios.
§ de 77 a 278 Parte II: uma parte que abrange os Estatutos hierárquicos da Ordem. Os títulos, privilégios e deveres dos dignitários e irmãos são especificados juntamente com os deveres da vida monástica.
§ de 279 a 543 Parte III: a) a vida quotidiana dos irmãos, questões de disciplina no mosteiro, em marcha e na guerra (§ 270-385); b) a realização de assembleias ordinárias, confissão pública, o testemunho ou as acusações que eles tinham que apresentar e o código penal da Ordem (§ 386-543).
§ de 544 a 656 Parte IV: novos esclarecimentos relativos ao código penal, como se as partes curtas, de 1 a 3 linhas, do código original fossem insuficientes. Esta parte, escrita provavelmente no século XIII, abrange exemplos da história templária.
§ de 657 a 686 Parte V: acta da cerimónia para receber novos irmãos na Ordem.
[Edward Burman, Templários: Os Cavaleiros de Deus, pp. 47-48.]
Até breve.

sábado, 18 de abril de 2009

Portas (II).

Porta medieval do castelo de Soure.

Sendo as portas pontos de grande fragilidade, em caso de assédio, a sua defesa era — por tudo — prioritária.
As três portas do dispositivo defensivo tomarense que chegaram aos nossos dias — as portas de Santiago, do Sol, e da Almedina — denunciam esse tipo de preocupações. As duas primeiras formam um conjunto — em forma de arco — de acesso à Alcáçova, dominado pela Torre de Menagem e pela torre pentagonal que lhe está adjacente. Quanto à terceira, por onde se fazia o acesso à Almedina, foi construída numa reentrância da muralha, e rodeada de duas torres de flanqueamento, quadradas
.
[Manuel Sílvio Alves Conde, Tomar Medieval, O espaço e os homens, p. 73.]

Até breve.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Terras do castelo de Soure. (I)

Torre e muralhas do castelo de Soure.

(…) embora não se conheçam notícias directas da passagem das forças almorávidas por Soure, a campanha militar de 1116 teve aqui profundas consequências, quer ao nível das estruturas defensivas quer ao nível do povoamento. Assim se compreende que em 3 de Novembro de 1122 D. Teresa tenha sentido necessidade de doar o castelo de Soure ao conde galego D. Fernão Peres de Trava: “… Et aditio vobis pró servitio quod mihi fecistis illum castrum quod vocatur Saurimcum adjeccionisbus suis per ubi illud potueritis invenire cum suis terminis antiquis…” (DMR, DR I, doc. 63; LP, doc. 560). Estávamos, então, num momento de viragem na história de Soure, conjugando-se esforços de diversas entidades para restaurar a vida quotidiana nessas paragens. Logo no ano seguinte, em 1123, temos notícia de que à frente do Castelo de Soure se encontrava D. Gonçalo Gonçalves (DMP, DR IV, doc. 379; LP, doc. 241), um nobre da região de Coimbra que já fora mordomo de D. Teresa em Viseu (1117-1123) e senhor da Terra de Lafões (1117-1122) (1)
[Mário Jorge Barroca, A Ordem do Templo e a arquitectura militar portuguesa do século XII, p. 184.]

Nota do Autor:

(1). — Cf. José Mattoso, Ricos-Homens, Infanções e Cavaleiros. A Nobreza Medieval Portuguesa nos Séculos XI e XII, Lisboa, 1982, pp. 185-186; Leontina Ventura, in Livro Santo de Santa Cruz, Ed. de Leontina Ventura e Ana Santiago Faria, Coimbra, 1990, p. 13.
Até breve.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Acontecimentos no reino de Portugal nos anos de 1229 e 1230.

No ano de 1229 é dado um novo foral a Idanha-a-Velha. (1)
Igualmente o monarca português concede foral à ocupada (a) Elvas, em finais de 1230 ou inícios de 1231. Aqui, os Templários, que a ajudaram a ocupar, pelo lado norte, levantaram, pouco tempo depois, a ermida da Madalena, num local muito próximo da porta (2) que tomaram e por onde entraram aquando da ocupação.
[José Manuel Capêlo, Portugal templário, Relação e sucessão dos seus Mestres [1124-1314], A presença templária em Portugal, p. 127, bem como informações recentes que este investigador nos prestou.]

Notas do Autor:

(1). — Este foral não dá qualquer indicação de que se teriam aqui instalados colonizadores “Francos”.
Por outro lado a região não permanecia ermada, aquando da reconquista. A série de nomes árabes ou arabizados [v. g. Alcafozes, Alcains, Alpreada, Alpedrinha, Alcongosta, Alcaide, Alcambar (vale do), Alverca (ribeira de), Alcaria, ou Rapoula (de Ibn Arrapollo)], tudo isso indica. E estes nomes não devem ser devidos a povoadores moçárabes, como sucedeu nos arredores de Coimbra.
A reconquista do lado de Leão, ao longo da fronteira, fazia-se a um ritmo mais lento do que o português: devido a isso, só depois da conquista de Alcântara [1214], a região da Beira Baixa pôde começar o repovoamento com alguma paz e segurança.
Por isso foram repetidas as doações ao Templo e, para atrair colonos do norte do reino, os reis deram carta de foral com uma minuciosidade a contrastar com as do velho Condado Portucalense. Nelas não se prevê a interferência ou arbitrariedade dos senhores poderosos e os peões são equiparados aos cavaleiros vilões e estes aos infanções.
Idanha-a-Velha recebeu o seu foral segundo o da Guarda. [Fernando de Almeida (D.), ob. cit., p. 73.]

(2). — Esta porta ainda hoje [2007] tem o nome de Porta do Templo.

Notas nossa:

(a). — Como já fizemos referência, em nota anterior, Elvas não foi conquistada mas sim ocupada por contingentes das Ordens Militares do Hospital, Avis, Santiago e Templo, nos meses finais de 1230, acontecimento ocorrido pouco tempo depois da conquista de Mérida [Maio de 1230] pelas forças leonesas de Afonso IX, cujo infante português D. Pedro Sanches (b), futuro rei de Maiorca [1230] teve papel deveras importante no comando do exército do rei de Leão.
(b). — O infante D. Pedro Sanches era o segundo filho de D. Sancho I, de Portugal. Portanto, irmão do rei D. Afonso II, nesta altura já falecido, e tio de D. Sancho II, rei português vigente à altura destes acontecimentos.
Sobre esta figura deveras interessante, da história da Reconquista na Península Ibérica, principalmente actuante nos reinos de Leão e de Aragão, daremos oportunamente notícia.
Até breve.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

A divisão socio-militar na Ordem do Templo.

O esquema de hierarquização preceituado no foral de 1162 era de tipo sociomilitar e formalmente binário. Na realidade, era ternário, já que pressupunha a existência de uma categoria inferior, embora não a explicitasse. (1)
Os moradores de Tomar eram divididos em grandes e pequenos [“vobis qui in Thomar estis habituri maioribus cuiuscumque ordinis sitis”], cavaleiros (milites) ou peões (peditis, tributarii). Uns e outros diferenciavam-se pela capacidade económica de possuir e manter cavalo e armas para a guerra.
Embora estabelecesse que o tributário adquiria o estatuto de cavaleiro, se obtivesse os meios para tal necessários, o foral nada dizia sobre o limiar com base no qual se estabelecia a diferenciação. Porém, é sabido que, no período da Reconquista, esse limiar costumava ser a posse de “um casal habitado, uma junta de bois, quarenta ovelhas, ou o equivalente de tudo isto em numerário”. A condição de cavaleiro (vilão) correspondia, portanto, ao médio proprietário, ou ao possuidor de fortuna mobilaria equivalente.
O peão teria de dispor dos meios necessários para combater a pé. Tal implicava um mínimo de património imobiliário, ou o exercício autónomo duma profissão
(2). Assim, a peonagem incluía basicamente os pequenos proprietários e os mesteirais.
Abaixo do nível dos peões, existia uma outra categoria, omissa no foral a que nos estamos a reportar. Era a gente vil dos dependentes, assoldados, jornadeiros ou braceiros, que não possuíam bens, nem respondiam por si
.
[Manuel Sílvio Alves Conde, Tomar Medieval, pp. 181-182.]

Notas do Autor:

(1). — Já o foral de 1174 assume a existência desta terceira categoria, ao referir-se a malados e a mouros de alguém [“maurum alicuis”].
(2). — Na segunda metade do século XIV, exigia-se um património mínimo de 300 libras para o ingresso na peonagem. Este limiar correspondia a cerca de metade do exigido aos cavaleiros.
Até breve.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Rebeldia na fronteira.

Entretanto, neste clima de mútuas recriminações, o porta-voz dos interesses nobiliárquicos nas cortes de Lisboa, o infante D. Afonso, o irmão do rei, rebelava-se, mais uma vez, contra o monarca, em 1286-1287. Aliando-se ao magnata castelhano Álvaro Nunes de Lara, também ele desavindo com o seu rei, Sancho IV de Castela, actuavam em conjunto na fronteira entre os dois reinos, do Alentejo a Trás-os-Montes, aí desafiando e hostilizando, com os seus exércitos feudais, as hostes dos dois monarcas ibéricos. A insurreição, provocando uma aliança táctico-militar entre D. Dinis e Sancho IV, apenas termina em Dezembro de 1287 quando, após o cerco da vila rebelde de Arronches, os dois reis derrotam os nobres coligados e os forçam a pazes em Badajoz.
[José Mattoso, Luís Krus, Amélia Andrade, O Castelo e a Feira, a terra de Santa Maria nos séculos XI a XIII, p. 55.]
Até breve.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Inícios da Ordem do Templo em Portugal.

Como temos vindo a referir anteriormente, e por paradoxal que à primeira vista possa parecer, o reino de Portugal é, quase igualado pelo principado catalão, aquele onde a documentação fidedigna regista as datas mais antigas de possessões templárias na Península, onde a milícia se assumiu como a a mais importante organização militar e cuja actividade económica terá sido muito forte, a par da dos religiosos cistercienses de Alcobaça. Autores nacionais e estrangeiros têm sido unânimes na constatação da relativa precocidade da Ordem do Templo na terra portuguesa (1). Alguns têm mesmo sugerido a possibilidade de um ou dois (a) dos nove membros fundadores da milícia hierosolimitana serem portugueses, hipótese que nunca foi objecto de um estudo fundamentado, não tendo, por isso, qualquer confirmação segura (2).
[Nuno Villamariz Oliveira, Castelos da Ordem do Templo em Portugal, 1120-1314, Vol. I, p. 146.]

Notas do Autor:

(1). — Carlos Estepa considera, referindo-se aos Templários, que “em Portugal vemos clara a ligação entre a reconquista e os bens concedidos, sem dúvida melhor do que em nenhum outro reino”. Cf. “La dissolución de la Orden del Temple en Castilla y en León”, Cuadernos de Historia, 6, 1975, p. 138.
(2). — Da lista de fundadores, os nomes dos cavaleiros Gondomar e Arnaldo têm sido identificados como provenientes do ainda Condado portucalense. Este problema foi recentemente adordado por André Jean Paraschi, Historia dos Templários em Portugal — a fundação e os Mestres da Ordem, 1990; e por Luis Franco Nogueira, “Apontamentos sobre a Ordem do Templo em Portugal”, Boletim Cultural da Câmara Municipal de Tomar, 1991, nºs 14 e 15.

Nota nossa:

(a). — Hoje tem-se praticamente a confirmação de que o cavaleiro de Gondomar (o célebre Gundomar, que foi, de facto, um dos nove cavaleiros fundadores da Ordem do Templo em Jerusalém) não é outro senão o cavaleiro portucalense D. fr. Pedro Arnaldo, o cavaleiro Arnaldo de que nos fala o arquitecto Nuno Villamariz Oliveira, neste seu bem elaborado e aprofundado estudo sobre a Ordem do Templo em Portugal e, particularmente, dos castelos que levantou ou fez restaurar. Como se entenderá o cavaleiro de Gondomar e Arnaldo são um e a mesma pessoa. Aliás, viria a ser eleito 5º Mestre da Ordem em Portugal, entre 1156-1158, sendo este último o ano da sua morte, durante o assalto ao forte castelo de Alcácer do Sal.
Para uma melhor análise sobre o assunto remetemos para José Manuel Capêlo, Portugal templário, Relação e sucessão dos seus mestres [1124-1314], A presença templária em Portugal, pp. 42 e 73-75.
Até breve.

domingo, 12 de abril de 2009

A defesa de Coimbra. (II)

Ruínas do castelo de Coimbra.


Era, afinal, o iniciar da deslocação da linha de fronteira para sul, o que, na prática, se saldava por um avanço lento, mas seguro, do domínio cristão, por terras de ninguém, ao encontro do muçulmano.
Na década que se aproxima — 1130-1140 — essa preocupação vai ter maior resposta — é o reforço de Miranda do Corvo (1134 ou 1135), Penela (1137) e, em 1135 ainda provavelmente, uma penetração mais longínqua, com o início do levantamento do castelo de Leiria.
Estava assim constituído como que um cordão de fortalezas — Santa Eulália, Montemor
[-o-Velho], Soure, Germanelo, Penela, Miranda[do Corvo], Lousã — que seriam garante da defesa de Coimbra, bem como possibilitariam a expansão para sul.
Apesar de tudo, a paz duradoura não estava ainda nas terras de Soure. Segundo a
Vita Martini Sauriensis, em 1144 elas são mais uma vez assoladas por mouros de Santarém, a quem os Templários oferecem resistência, não obstando, contudo, ao cativeiro de Martinho.
Só após a conquista de Santarém e Lisboa, haverá condições de paz e estabilidade para azona em questão e a vida poderá aí seguir o seu curso normal
(1).
[Maria Alegria Fernandes Marques, O litígio entre a Sé de Coimbra e a Ordem do Templo pela posse das igrejas de Ega, Redinha e Pombal, p. 353.]

Nota da Autora:

(1). — Isto mesmo se depreende de alguns depoimentos da inquirição de 1184-1185.

Até breve.

sábado, 11 de abril de 2009

Portas (I).

Castelo de Pombal e a sua porta medieval.

Se à muralha competia o isolamento do espaço por si delimitado, protegendo-se das ameaças do exterior, as portas estabeleciam a ligação entre o espaço intramuros e esse mesmo exterior. Homens e produtos punham em contacto os dois espaços, transpondo as portas, nos dois sentidos, ara a paz ou para a guerra. (1)
O papel das portas era fundamental do ponto de vista militar, económico, fiscal e até higiénico (2). Também a sua importância simbólica era grande (3). Quando, à noite, em tempo de guerra, ou noutras circunstâncias que o justificassem, cerrava as suas grandes portas de madeira (4), reforçadas a ferro (5), a vila criava, por detrás dos murosa, um espaço imune aos contactos — e portanto aos perigos — exteriores: a guerra, a doença, as malfeitorias.
[Manuel Sílvio Alves Conde, Tomar Medieval, O espaço e os homens, pp. 72-73.]

Notas do Autor:

(1). — “Elles sont l’instrument de la dialectique du dehors et du dedans. Par elles entrent, pour le meilleur et pour le pire, les produits de l aterre et les marchandises plus lointaines, les hommes, immigrants, paysans, narchands, soldats, par elles sortent les produits et les rituels, sur ses places, dans ses échoppes, ses taverns,ses écoles, ses églises”. Jacques Le Goff, “L’apogee de la France urbaine medieval”, in La ville medieval des Carolingiens à la Renaissance, dir, por Jacques Le Goof, t. II da Histoire de la France Urbaine, dir. por Georges Duby, Paris, 1980, pp. 197-198.
(2). — Para além da, essencial, função militar, “cumplia también outra finción no menos importante, cual era la de canalizar a través de las puertas la circulacíon comercial, haciendo posible el controle y la fiscalizacíon de las mercancías”. Fernando Lopez Alsina, Introducción al fenómeno urbano medieval gallego, a través de três ejemplos: Mondoñedo, Vivero y Ribadeo, Santiago de Compostela, 1976, p. 53.
Em caso de peste, as portas serviam de barreira à sua difusão.
(3). — Daí que, frequentemente, as portas das cidades conquistadas fossem transportadas pelos vencedores, consideradas troféus de vitória. Leopoldo Torres-Balbás, Ciudades hispano-musulmanas, t. II, pp. 605-606.
(4). — Sobre as circunstãncias em que se fechavam as portas das cidades muralhadas, cf. María del Carmen Carlé, La sociedad hispano medieval. La ciudad, Buenos Aires, 1984, pp. 30-31.
(5). — “Para evitar su incêndio, las hojas solian de forrarse com chapas de hierro bien clavadas”. Leopoldo Torres-Balbás, ob. cit., t. II, p. 695. Cf., também, María del Carmen Carlé, et alii, ob. cit., p. 30.
Até breve.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Cerco almohada de 1190.

O cerco almohada de 1190 não teve apenas consequências nefastas em Tomar, tendo atingido quase toda a Estremadura portuguesa. Efectivamente, a invasão almohada traduziu-se na conquista de Torres Novas, que foi incendiada e saqueada depois de resistir durante dez dias ao cerco do exército de Abu Yacub al-Mansur (1).
[Mário Jorge Barroca, A Ordem do Templo e a arquitectura militar portuguesa do século XII, p. 180.]

Nota do Autor:

(1). — Cf. Ambrósio Huici Miranda, «Las campañas de Ya’Qub Al-Mansur em 1190 y 1191», Anais (da Academia Portuguesa de História), IIª Série, vol. 5, Lisboa, 1954, p. 63. Sobre a campanha de Abu Yaqub al-Mansur, de 1190, e para além do contributo decisivo de Huici Miranda, veja-se ainda A. Herculano, História de Portugal, ed. Crítica de José Mattoso, vol. II, pp. 71-79; Damião Peres, História de Portugal, vol. II, Barcelos, 1928, p. 143; Luís Gonzaga de Azevedo, História de Portugal, vol. V, Lisboa, 1939-44, p, 11 e ss.; José Mattoso, História de Portugal, Lisboa, Círculo de Leitores, 1993, pp. 95-97; e o relato árabe em António Borges Coelho, Portugal na Espanha Árabe, vol. III, Lisboa, 1973, pp. 311-315.
Até breve.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Confrontos entre D. Dinis e a Alta Nobreza do Reino.

Contudo na luta travada desde o início do seu governo com a nobreza, D. Dinis não utilizou apenas a resposta armada, tal como sucedeu em 1281, em relação ao infante seu irmão. Essa fora uma solução extrema, utilizada num caso excepcional que se pretendia apresentar como paradigmático e esclarecedor das intenções do rei em prosseguir a política de centralização régia iniciada com o avô e desenvolvida pelo pai. Depois desse aviso, o rei procurou outros meios de combater o senhorialismo nobiliárquico, procurando evitar que a nobreza visse na usurpação e apropriação dos direitos pagos ao soberano pelas populações do reino, a única solução para ultrapassar a sua então difícil situação económica, já que, finda a Reconquista e interrompido o fluxo de riquezas trazidas pelos saque se pilhagens efectuados nos arraiais e cidades do sul islâmico, ainda não fora encontrado um processo alternativo para travar a contínua baixa de respectivos rendimentos e consecutiva quebra do protagonismo político-social até aí detido no País.
[José Mattoso, Luís Krus, Amélia Andrade, Inquirições de D. Dinis, p. 50, O Castelo e a Feira, a terra de Santa Maria nos séculos XI a XIII.]
Até breve.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

A defesa de Coimbra. (I)

Na sua origem as localidades pela posse de cujas igrejas pugnavam os Templários e a Sé de Coimbra, encontravam-se incluídas no território de Soure, cuja extensão se espraiava de Condeixa-a-Velha até Pombal, no dizer do cronista de Martinho de Soure (1).
Todavia, atendendo às circunstâncias político-militares da zona, uma observação se deverá fazer ás condições dos limites meridionais que o cronista atribui à região. É que, como também ele diz, nas vizinhanças de Pombal a população «não cultivava os seus campos amedrontada pelas correrias dos ismaelitas».
Por outras palavras, estamos aqui perante a linha avançada de uma vasta zona de fronteira, onde sobressai Coimbra como ponto aglutinador de interesses e gentes ao mesmo tempo que centro irradiador de decisões políticas, militares, económicas
(2) e que, a breve trecho, por intermédio dos crúzios, se começava a afirmar também como centro intelectual.
Por todas estas razões, a defesa de Coimbra era tarefa primordial que se punha aos governantes e que eles, na verdade, não descuraram. Assim, em 19 de Março de 1128, D. Teresa doa o castelo de Soure, com seus termos, aos Templários, acto esse confirmado no ano seguinte, por seu filho, Afonso Henriques, o novo senhor da terra portuguesa
.
[Maria Alegria Fernandes Marques, O litígio entre a Sé de Coimbra e a Ordem do Templo pela posse das igrejas de Ega, Redinha e Pombal, pp. 352-353, Jornadas sobre Portugal Medieval, Leiria/1983.]

Notas da Autora:

(1). — P.M.H., Scriptores, p. 60, Vita S. Martini Sauriensis (V. M. S.)
Esta fonte narrative, muito embora deva ter sido «composta provavelmente em Soure, entre 1147 e 1150» é conhecida por uma cópia inserta no Livro Santo, de Santa Cruz de Coimbra, para onde deve ter sido transcrita «dez ou quinze anos mais tarde». Sobre esta obra, o seu interesse e o seu valor para a «história local», «militar» e das «instituições eclesiásticas» da parte sul da diocese de Coimbra no séc. XII, veja-se o excelente estudo de Henrique Barrilaro Ruas «A Vida de Martinho de Soure» como fonte de História das Institutições Eclesiásticas, in Revista Portuguesa de História, vol. III, Coimbra, 1947, pp. 231-256, a quem pertencem as expressões transcritas nesta nossa nota.
No nosso texto seguimos a lição do autor, referindo a fonte apenas por Vita Martini Sauriensis e o seu protagonista por Martinho.
(2). — Refira-se que com Afonso Henriques se assiste a uma deslocação do centro do poder político e militar do Norte para o Sul, concretamente para Coimbra.
Até breve.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Concordata entre Templários e Hospitalários.

Templário e Hospitalário.

Celebra-se uma concordata entre templários e hospitalários, manifestada numa escritura datada de Abril de 1230 [ou 1231]. Assinam-na quatro monges‑cavaleiros, que servem de testemunhas-juízes perante as ausências de D. fr. Estevão de Belmonte [Mestre da Ordem do Templo] e de D. Afonso Peres Farinha, Prior da Ordem do Hospital. São eles, D. fr. Soeiro Gomes e D. fr. Fernando Moniz [templários] e D. Lourenço Moniz e D. Pedro Borrigui [hospitalários]. Igualmente a assinam, em nome do Mestre do Templo, o Comendador de Tomar, D. fr. Simão Mendes e em nome do Prior do Hospital, D. Mendes Gonçalves.
[José Manuel Capêlo, Portugal templário, Relação e sucessão dos seus Mestres [1124-1314], A presença templária em Portugal, p. 129.]
Até breve.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

O castelo de Monsanto da Beira. (IV)

No Séc. XII, quando o castelo foi construído, a entrada na cerca fazia-se pela porta, provavelmente aquela que ainda existe, que fora rasgada num pano de muralha encaixado entre as rochas. A ampliação do pormenor da porta permitiria apreciar melhor a sua configuração e faz-nos perceber que, frente a ela, havia um elemento arredondado que ia até ao nível da sua soleira.
O estilo da porta, a configuração das ameias do pano de muralha e dos torreões que a protegiam e a seteira que está desenhada ao lado da porta são elementos coerentes entre si e típicos dos castelos dos primeiros tempos da Nacionalidade, ou seja, dos castelos templários
.
[António Lopes Pires Nunes, Os castelos templários da Beira Baixa, p. 76.]
Até breve.

domingo, 5 de abril de 2009

A Regra francesa.(I)

Foi, provavelmente, por incentivo de Robert de Craon que os parágrafos iniciais da Regra Latina foram traduzidos para o francês; visto que a nova Regra abrange parágrafos dedicados aos irmãos-capelães, é provável que a tradução tenha sido feita depois de Omne Datum Optimum, provavelmente em 1139-40. Contudo, é importante entender que a nova Regra nunca foi realmente terminada: até ao final do século XIII foram acrescentados novos parágrafos — muitas vezes, exemplos históricos fornecidos pelas batalhas e derrotas dos Templários —, e esse processo de adaptação para atender a novas contingências teria continuado, se a Ordem não tivesse sido dissolvida.
[Edward Burman, Templários: Os Cavaleiros de Deus, p. 47, Editora Record, Rio de Janeiro, Brasil, 1994.]

Até breve.

sábado, 4 de abril de 2009

Actos jurídicos.

Se doações de bens e concessão de privilégios constituem a maioria dos actos jurídicos de proveniência pontifícia e régia guardados nestes cartórios — porque actos, de algum modo, facilmente conectados com os momentos fundacionais ou reformadores legitimadores dessas mesmas instituições, dos seus privilégios e patrimónios —, já entre a documentação de carácter mais particular detectamos uma tipologia diplomática quadripartida, constituída, fundamentalmente, por instrumenta agrupados em doações/testamentos, compras e vendas, escambos e notícias de actos e negócios consignativos.
Dentre os actos emanados pelas chancelarias das Ordens Militares e por elas autenticados sobressaem as doações e testamentos, as cartas de foral a comunidades de carácter municipalista, as cartas de aforamentos ou emprazamentos, as chartae fraternitatis, asa composições e as procurações. São raros, posto que se possam citar, textos de súplicas ou de um outro carácter imprecativo.
Actos, pró vezes, coligidos em tombos e cartulários, posto que, no Portugal dos séculos XII a meados do XV, excepção feita a Leça do Bailio, tais “arquivos librários” sejam praticamente inexistentes ou desconhecidos
.
[Saúl António Gomes, Observações em torno das Chancelarias das Ordens Militares em Portugal, na Idade Média, pp. 117-118, As Ordens Militares e as Ordens de Cavalaria na Construção do Mundo Ocidental — Actas do IV Encontro sobre Ordens Militares.]

Até breve.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Castelos de vanguarda ou de fronteira.

castelo de Belmonte.

Sancho, porém, apesar das sérias inquietações domésticas pouco antes relatadas, não se descuidava de ir alevantando novos padrastos contra a recente linha de castelos leoneses. Foi assim que, em frente deles, ao norte se ergueram os muros de Pinhel e ao sul os de Penamacor e de Sortelha (1). Estas povoações, ladeando a Guarda, formavam sobre a raia uma espécie de vanguarda aos castelos que, um pouco mais para o interior, defendiam a Beira, como eram Numão, Longroiva, Marialva, Trancoso, Celorico, Linhares, Gouveia, Covilhã e, descendo para o Tejo, as fortes preceptorias do Templo.
[Alexandre Herculano, História de Portugal, Desde o começo da monarquia até o fim do reinado de Afonso III, Tomo II, Livro III, p. 145.]

Nota do Autor:

(1). — Maço 12 de Forais Antigos, n.º 3, f. 7; Maço 7, n.º 9, no Arquivo Nacional [DR II 182, 186; Leg. 608]. Ignora-se a época exacta da fundação de Sortelha; mas sabemos pertencer à de Sancho I, porque no foral que lhe deu Sancho II se diz que o dá «tam illis qui ibi venitis et habitastis a tempore avi mei». Parece-nos o mais provável atribuí-lo a este tempo.

Até breve.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Templários nos Estados Latinos do Oriente.

No que toca à acção dos Templários nos Estados Latinos do Oriente também muita investigação tem sido feita, como referimos anteriormente, desde meados do século XIX. Nestas regiões, porém, nunca foram tentadas monografias específicas sobre qualquer das milícias internacionais, tendo estas sido sempre integradas no conjunto da presença conquistadora e colonizadora europeia. O estudo dos castelos dos Cruzados tem sido levado a cabo sobretudo tendo como pano de fundo uma visão global e, até aos nossos dias, o destaque individualizado das Ordens do Templo ou do Hospital nestas paragens nunca foi tratado. (1) Muito menos terão sido ainda pesquisadas as eventuais particularidades que caracterizam cada uma destas Ordens, em todos os domínios territoriais que possuíram, do Norte da Europa ao Sul mediterrânico, ou de Portugal à Terra Santa. Apesar desta evidente lacuna historiográfica avançaremos de seguida para um esboço geral, cujo objectivo é traçar uma pequena síntese, mas que nos permitirá explorar diversas implicações que a questão templária, cujo âmbito foi internacional, teve no nosso país.
[Nuno Villamariz Oliveira, Castelos da Ordem do Templo em Portugal, 1120-1314, Vol. I, pp. 125-126.]

Nota do Autor:

(1). — A investigação sobre a Ordem do Templo, apesar de sempre ter sido abordada em todas as obras sobre a arquitectura militar dos Cruzados, nunca teve a oportunidade de receber um tratamento individual, sendo quase sempre inserida de modo fragmentado.
Até breve.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

O castelo de Monsanto da Beira. (III)

Fruto de várias reconstruções e adaptações há no castelo de Monsanto elementos de várias épocas que merecem um pouco da nossa atenção.
A planta do castelo, também desenhada por Duarte d’Armas, tem representada a porta de entrada com o seu sistema defensivo, a torre de menagem, a cisterna e outros elementos esclarecedores a que se deve dar a maior atenção, nomeadamente à existência de uma muralha à volta da povoação velha, a que Duarte d’Armas chama “muro da villa”
.
[António Lopes Pires Nunes, Os castelos templários da Beira Baixa, p.76.]
Até breve.