quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Cerco de Coimbra de 1117.

Ruínas do castelo de Coimbra.

O conde D. Henrique tentou — desde que assumiu o comando do condado de Coimbra, tornada uma verdadeira região de moçárabes (1) — que houvesse um surto de povoamento nesta zona de estabilidade precária devido, essencialmente, à constante ameaça muçulmana. Uma investida devastadora em Junho de 1116 levou os seus habitantes a fugirem e recolherem-se sob a protecção das muralhas de Coimbra, não sem antes terem incendiado e destruído as fortificações do castelo, num acto de desespero, mas ao mesmo tempo de insubmissão, transformando o lugar num antro de feras, nos sete anos seguintes, tempo que demoraria a reconstrução, levando a que Herculano tenha escrito:
Estava desguarnecida ou derribada a linha de castelos que a defendia, e Ali veio sem resistência assentar campo em volta dela (Junho, 1117). D. Teresa achava-se então aí. Tal e tão repentina foi a invasão dos sarracenos que a muito custo a rainha se pôde salvar dentro dos muros da cidade. Os arrabaldes ficaram reduzidos a cinzas e as fortificações foram combatidas durante vinte dias sem interrupção de um só. Defenderam-se, porém, os cercados vigorosamente, e o emir, conhecendo que era inútil o insistir, retirou-se, assolando tudo a tal ponto, que — diz um escritor árabe — subsistiram por largo tempo claros vestígios daquela terrível entrada. De feito, ainda sete anos depois o lugar onde existira Soure achava-se convertido em habitação de feras. Ali passara de novo o Estreito e voltara a Ceuta, satisfeito com a vingança que tomara dos cristãos. (2)
[José Manuel Capêlo, As Sedes Templárias em Portugal, Castelo Branco, a Cidade-Capital Templária de Portugal: de 1215 a 1314, Codex Templi, Capítulo VII, pp. 167-168, notas 52-53.]

Notas do Autor:

(1). — Com o nome de moçárabes designavam os sarracenos os povos que, sem abandonarem a própria religião, recebiam o jugo muçulmano. Moçárabe deriva de Mocetárabe, que significa feitos ou tornados árabes. [Fortunato de Almeida, História de Portugal, p. 71, nota 4.]
(2). — História de Portugal, Tomo I, Livro I, pp. 340-341.

Até breve.

9 comentários:

Fresquinha disse...

Até breve, Pedro !DEscansa em Paz.

Abrilongo disse...

Morreu o último "CAVALEIRO DO TEMPLO",em Campo Maior, a terra onde tinha plantado o seu último castelo. Bem junto da fronteira com o reino de Espanha, como se tivesse escolhido aí ficara a vigiar.
Vamos ter saudades tuas e deste "mais encanto" com que nos brindavas.

RUI GONÇALVES disse...

Muitos parabéns pelo seu blog. Fantástico. Imensa coisa para eu entreter-me nos próximos serões.
Deixo-lhe no entanto aqui um outro sobre os mistérios de Tomar.

RUI GONÇALVES disse...

ups, esqueci-me de deixar o link.

http://blog.thomar.org/

Acho que devia ir ao nosso próximo encontro visto escrever sobre estes temas que a ambos nos interessam.

Abr Templário

Anónimo disse...

hello... hapi blogging... have a nice day! just visiting here....

desafio disse...

Caro Pedro Alvites, será possíevl contactar, urgentemente, o e-mail: americo.andre@gmail.com. Assunto: Participação na elaboração de exposição sobre Templários e Castelo Branco Templário. Estaríamos interessados em convidá-lo a elaborar um painel sobre Castelo Branco - Sede Templária conforme defendido no seu blog. Estamos a convidar diferentes investigadores para enriquecimento da exposição

RUI GONÇALVES disse...

Olá Pedro
Pode enviar-me o seu email?
ruigonis@hotmail.com
Obrigado

Albicastelhano disse...

Descansa em Paz [ ] [ ]

Kenny disse...

Isto é só um desabafo para o universo.

Sinto que sigo na tua estela e não sei se terei energia ou tempo para terminar esta demanda que pretendo começar. Será energia bem gasta? Valeu a pena?... Deve ter valido, PT é um livro que muito prezo.

Mas estas investigações tiram-me anos de vida e olhar objectivamente para resultados costuma criar anti-corpos noutros, que não entendem que uma via errada apenas implica que um esforço extra terá de ser feito para encontrar o Caminho. A Geographia indica claramente que Castelo Branco não é Castra Leuca, não estarei só com este ponto a ir contra a versão oficial da história? E será São Martinho Lucernum como Alarcão indica? Esta civitas é tua, não minha... sinto que esta missão também.

Enfrentaste o último mistério demasiado cedo e eu conheci-te demasiado tarde.

Requiescat in pace.