sexta-feira, 29 de maio de 2009

A cidade de Lisboa em 1147. (III)

Chegava a hora de Lisboa. Azava-se o momento.
Os despatriados escalabitanos haviam-se acolhido apavorados e pobres aos muros da Rainha do Tejo e, aumentando-lhe a população, infundiam-lhe o terror e diminuíam-lhe os recursos. Um cerco em forma, posto que demorado, levaria a render-se pela fome o povo que se apinhasse dentro do círculo de ferro que o terrível filho do conde Henrique fosse tecer em volta dele.
Não julgo ousada temeridade o supor que esta ideia lhe andasse a borbulhar no cérebro e lhe acendesse no coração a chama duma esperança que se apaga e alimenta. Logo em Abril seguinte, ao fazer a doação do domínio eclesiástico de Santarém aos Cavaleiros do Templo deixa transparecer o pensamento que o dominava e absorvia. Diz ele nesse documento:
Mas se por acaso acontecer que algum dia, por sua piedade, me entregue Deus a cidade que se chama Lisboa… (1)
[José Augusto de Oliveira, O Cerco de Lisboa em 1147, pp. 39-40.]

Nota do Autor:

(1). — Sed si forte evenerit ut in aliquo tempore mihi Deus sua pietate darte illam civitatem, quae dicitur Ulyxbonam… [Vi. Biblos IX, pág. 558.]
Até breve.

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