sábado, 31 de outubro de 2009

Autores e Obras citados de 1.Outubro.2009 a 30.Outubro.2009.

Monge escrivão.

(a Autores e a Obras anteriormente referenciados, apenas se lhes citam os nomes e respectivos títulos.)

Adeline Rucquoi, História Medieval da Península Ibérica;
Alexandre Herculano, História de Portugal, Desde o começo da monarquia até o fim do reinado de Afonso III, Tomo I, Livro II;
António Brandão, fr., Monarchia Lusitana, Livro IX, Cap. XI;
António Lopes Pires Nunes, Dicionário de Arquitectura Militar;
António Lopes Pires Nunes, Os castelos Templários da Beira Baixa;
António José Saraiva, O Crepúsculo da Idade Média em Portugal;
Carlos de Ayala Martínez, Órdenes militares peninsulares y cruzada hispânica, Una aproximacíon historiográfica;
Domingos M. da Silva, Monografia do Concelho de Amares, Ed. Câmara Municipal de Amares, Amares, 1958;
Edward Burman, Templários: os Cavaleiros de Deus;
Hermenegildo Fernandes, D. Sancho II, Círculo de Leitores, Lisboa, 2006;
José Carlos Sánchez Montero, Apogeu e Decadência, Prisão e Julgamento da Ordem do Templo, Codex Templi, pp. 281-304, Zéfiro, Sintra, 2007;
José Manuel Capêlo, Portugal templário, Relação e sucessão dos seus Mestres [1124-1314], A presença templária em Portugal;
José Manuel Capêlo, As Sedes Templárias em Portugal, Castelo Branco, a Cidade-Capital Templária de Portugal: de 1215 a 1314, Capítulo VII, Codex Templi, pp. 159-220, Zéfiro, Sintra, 2007;
José Marques, Relações entre Portugal e Castela nos finais da Idade Média, Ed. Fundação Calouste Gulbenkian/Junta Nacional de Investigação Científica e Tecnológica, Lisboa, 1994;
José Mattoso, A nobreza medieval portuguesa no contexto peninsular, Naquele Tempo, Ensaios de História Medieval, Vol. 1;
José Mattoso, João Soares Coelho e a gesta de Egas Moniz, A descendência de Egas Moniz, Portugal Medieval, Novas interpretações, Vol. 8, Círculo de Leitores, Lisboa, 2002;
José Mattoso, Duarte Galvão, Dicionário de Literatura Medieval Galega e Portuguesa;
José Pires Gonçalves, Monsaraz da reconquista, Anais, Academia Portuguesa de História, Volume 25, MCMLXXIX (1979);
José Pires Gonçalves, Alguns aspectos das campanhas de Giraldo Sem Pavor na região do Guadiana, Anais, Academia Portuguesa de História, Volume 26, T. I, MCMLXXIX (1979);
Leontina Ventura, Introdução, D. Afonso III;
Lindley Cintra [Sobre o códice Alcobacense 290 (antigo 316) da Biblioteca Nacional de Lisboa, Separata do Boletim de Filologia, XXIII, 1974, 255-275];
Maria Sofia Dias Rodrigues, Os Templários em Portugal no século XII;
Maria Sofia Marques Condessa, A memória das cidades dos séculos XII a XIV, nas crónicas de Rui de Pina e Duarte Galvão;
Mário Jorge Barroca, Do vale do Mondego à reconquista definitiva de Lisboa (1147), Vol. 1, Da Reconquista a D. Dinis, Nova História Militar de Portugal;
Martim Velho Sottomayor, Trechos da Crónica de Ibn Sáhib respeitantes a D. Afonso Henriques, a Giraldo Sem Pavor e ao território português, Boletim da Junta Distrital de Évora, 7, 1966, pp. 127-147;
P. M. Laranjo Coelho, As Ordens de Cavalaria no Alto Alentejo, O Archeologo Português,
Paulo Pereira, Templários e Templarismos, Vol. VIII, Enigmas, Lugares Mágicos de Portugal;
R. C. Smail, Crusading Warfare (1097-1193), Cambridge, CUP, 1956;
Saul António Gomes, Introdução à História do Castelo de Leiria;
Stephen Howarth, Os Cavaleiros Templários;
Veríssimo Serrão, A Historiografia Portuguesa;
Vieira Guimarães, A Ordem de Cristo;
Pedro Alvites.


Outros:

Cantigas de Santa Maria, n.º 235;
Códice Alcobacense 290 (antigo 316).

Até breve.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Duarte Galvão. (I)

De resto, a Crónica de D. Afonso Henriques de Duarte Galvão também se insere nesta mesma visão providencialista da história e do destino dos reis e do reino luso. Permanecendo ainda hoje em aberto a questão da precedência ou da sequência deste texto em relação aos que Rui de Pina dedicou aos reinados posteriores, assim como a modalidade a que obedeceu a sua encomenda por parte do rei D. Manuel I (1), a crónica de Galvão não deixa de corresponder a um projecto historiográfico paralelo ou complementar aos que se ficaram a dever ao cronista-mor do reino.
[Maria Sofia Marques Condessa, A memória das cidades dos séculos XII a XIV, nas crónicas de Rui de Pina e Duarte Galvão, p. 19.]

Nota da autora:

(1). — Consulte-se a síntese de José Mattoso, “Duarte Galvão” in Dicionário de Literatura Medieval Galega e Portuguesa, ed. cit., 225-226. Segundo Lindley Cintra [Sobre o códice Alcobacense 290 (antigo 316) da Biblioteca Nacional de Lisboa, Separata do Boletim de Filologia, XXIII, 1974, 255-275], todas as cópias “solenes” da crónica de Galvão remeteriam para um códice que resultara de um texto emendado por Rui de Pina ou por alguém a seu mando, devendo o original da crónica de D. Afonso Henriques ser anterior a 1490, a data em que Pina começou o seu labor historiográfico, pelo que a data de 1505 que figura no prólogo hoje conhecido como indicativa do momento do começo da crónica poder-se-á interpretar como a dos inícios da refundição da obra de Galvão às ordens do então cronista-mor do reino. De acordo com Veríssimo Serrão (A Historiografia Portuguesa…, 126-136), o manuscrito em questão teria sido copiado e corrigido a mando de Pina na sua condição de cronista-mor a quem competiria supervisionar os textos dos cronistas-menores, devendo ser essa a condição de Galvão. Seja como for, como reconhece Mattoso, permanecem em aberto as seguintes questões: “Seria o texto redigido antes de 1490, e a data de 1505 da mão de Pina e não da de Galvão? Quando é que Galvão foi encarregado por D. Manuel de escrever as crónicas do reino?” [Ibidem, nota 35.]
Até breve.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

A fundação de um Reino. (III)

No século XI, bem como nos que lhe precederam. O título de infante era já o que se dava aos filhos dos reis. D. Teresa, que, como vimos, recebia dos súbditos o de rainha ainda em vida do conde D. Henrique, havia tomado este último quase constantemente nos seus diplomas pouco tempo depois da morte do marido. Arrancando-lhe das mãos o poder, o filho conservou por alguns anos o de infante com que antes disso era designado. Todavia os portugueses não tardaram a dar-lhe o de rei, que o mancebo hesitava em aceitar. Pouco a pouco, porém, ele começou a adoptar o de príncipe misturado com o de infante e predominando sobre este desde 1136.
[Alexandre Herculano, História de Portugal, Desde o começo da monarquia até o fim do reinado de Afonso III, Tomo I, Livro II, p. 447.]
Até breve.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Castelo de Castelo Branco (I)

Castelo de Castelo Branco, por Duarte d'Armas.
Vista numa perspectiva de noroeste.

Data de 1165 a doação aos Templários da região de Castelo Branco, tendo os freires templários iniciado desde logo a fortificação do monte, mas com obras mais consequentes entre 1214 e 1230. Tratava-se de uma fortificação concentrada e densa, com os dispositivos militares do castelejo ou alcáçova acumulados numa área de cumeada. Porém, esse castelo foi muito alterado, quer por causa das obras realizadas no reinado de D. Dinis, que terá edificado uma nova torre principal e acrescentado o circuito de muralhas, quer sobretudo quando da edificação do Paço dos Comendadores da Ordem de Cristo, já no século XVI. Mesmo assim, com ligação ás muralhas da vila, aumentada também no tempo de D. Dinis, o castelo era poderoso e sobreviveria com essa configuração até ao século XVIII. No século XIX, porém, as muralhas e o castelejo começaram a ser despedaçados e aproveitadas as suas pedras para a construção de habitações na vila, destruição que se agrava durante uma forte tempestade em 1852, derruindo as torres da alcáçova. Infelizmente, na sua forma actual, o castelo não é senão a memória, restaurada e recriada, embora incompletamente, do que terá sido uma fortaleza couraçada templária. Exibe uma torre de menagem de planta quadrangular, que foi incorporada no Paço dos Comendadores, com fenestrações góticas e manuelinas, embora a impressão geral seja a de uma ruína arranjada.
[Paulo Pereira, Templários e Templarismos, Vol. VIII, p. 110, Enigmas, Lugares Mágicos de Portugal.]

Até breve.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Fronteira entre Tejo e Guadalquivir. (I)

A fronteira entre Portugal e Leão e o al-Andalus almohada era então o que sempre fora, uma marca. Aí, grupos de guerreiros que faziam dos combates um modo de vida controlavam extensas áreas de território onde os tradicionais usos agrícolas e pastoral do espaço se tinham progressivamente desgastado em proveito de uma economia assente no saque e que, com frequência, ia buscar o seu sustento às ricas áreas de retaguarda que tinham sofrido menos directamente os desastres da guerra. O baixo vale do Tejo, de um lado, a ubérrima planície do Guadalquivir, o próprio centro do al-Andalus, do outro, eram objectos de raides. Nesse vasto espaço vazio intermédio, vazio de uma organização territorial estável mas não de homens, a paisagem era pontuada por castelos que mudavam frequentes vezes de mão, tomados por um lado para logo serem abandonados ou reconquistados pelo outro.
[Hermenegildo Fernandes, D. Sancho II, p. 137, Círculo de Leitores, Lisboa, 2006.]

Até breve.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

O reino franco do Oriente. (II)

Esses quatro estados muitas vezes entravam em conflito por causa de política e tornavam-se mais enfraquecidos pela presença de emirados muçulmanos independentes e das fortalezas dos Assassinos dentro da área que eles procuravam controlar. Esse paradoxo é explicado pelo facto de que a “ocupação da totalidade da Síria era um ideal (…) talvez nunca percebido e certamente nunca perseguido pelos francos sírios”. (1) Smail mostrou que as estradas que passavam dentro do território franco eram regularmente usadas por exércitos muçulmanos e que as comunicações entre Alepo e Damasco com a Mesopotâmia nunca eram interrompidos pelos cruzados. (2)
[Edward Burman, Templários: os Cavaleiros de Deus, p. 59.]

Notas do Autor:

(1). — R. C. Smail, Crusading Warfare (1097-1193), p. 19.
(2). — Ibid., pp. 20-21.

Até breve.

domingo, 25 de outubro de 2009

1.ºs Mestres comuns nos três reinos.

Cavaleiros templários.

Nos reinos de Leão e Castela — em que viria a entrar posteriormente (1) — ficaria, a partir de 1210 ou 1212, sob o comando directo de um Mestre provincial, que tinha a sua sede/base em Tomar. O primeiro, segundos uns, teria sido D. fr. Gomes Ramires [1210-1212]. Mas a certeza do mestrado comum é-nos dada com o sucessor daquele, D. fr. Pedro Alvites (2) [1212-1221], que foi 11º Mestre em Portugal — o 1º nos três reinos — e o fundador de Castelo Branco, aquela que viria a tornar-se [a partir de 1215] na capital da Ordem do Templo em Portugal durante muitos anos (3) e, por conseguinte, a sede templária nos três reinos (4).
[José Manuel Capêlo, As Sedes Templárias em Portugal, Castelo Branco, a Cidade-Capital Templária de Portugal: de 1215 a 1314, Codex Templi, Capítulo VII, nota 30, p. 164.]

Notas do Autor:

(1). — Não há datas seguras mas pensa-se que os Templários se estabeleceram, de facto, nestes reinos por volta de 1160-1170, ficando com as mesmas regalias com que outras Ordens autóctones se estabeleceram.
Nestas, estão os casos de Calatrava [fundada em 1164], de Santiago [fundada em 1170] e de S. Julião do Pereiro [fundada em 1176], que será o núcleo da futura Ordem de Alcântara [fundada em 1213]
.
(2). — Igualmente denominado D. fr. Pedro Álvares «de Alvites» [ou Alvito].
(3). — Até 1314, ano da sua extinção em território português.
(4). — Até 1288.

Até breve.

sábado, 24 de outubro de 2009

Poemas de oposição.

Um acontecimento deixou um eco apaixonado e sentido, embora breve, nos cancioneiros: a guerra civil do Bolonhês contra D. Sancho II, que inspirou duas composições, ambas adversas ao conde. O tema e o espírito de ambas são idênticos. Trata-se da traição dos alcaides que entregaram os castelos ao conde de Bolonha, infringindo assim o juramento senhorial. (…) Ambas atacam, do ponto de vista da nobreza, a intervenção do clero a favor de D. Sancho II. Nesta guerra interveio a favor de D. Sancho o futuro Afonso X, que recordará o episódio, a propósito de acções cometidas contra ele próprio, como um caso típico de traição:

Nunca assi foi vendido
Rei Don Sanch’ en Portugal. (1)

É de crer que partiram da corte de Afonso, o Sábio, os poemas de oposição ao Bolonhês, tanto mais que este rei cultivou pessoalmente a sátira castigadora da cobardia e da traição aos valores cavaleirescos.
[António José Saraiva, O Crepúsculo da Idade Média em Portugal, p. 42.]

Nota do Autor:

(1). — Cantigas de Santa Maria, n.º 235.
Até breve.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Chegada dos Templários a Portugal.

Certeza do ano da sua entrada no condado de Portucal não há, no entanto sabe-se de positivo do desejo de D. Teresa, mãe de D. Afonso Henriques em os ter cá e foi por isso que ela e mais dezassete nobres portugalenses doaram aos cavaleiros do Templo, Font-Arcada (1), pois vemo-los assinar todos e mais D. Fernando (2) corregente esse título sem contudo se saber a data.
A doação de Soure, em Março de 1128, por essa senhora, prova também a existência de trabalhos para a fixação dos templários em Portugal
.
[Vieira Guimarães, A Ordem de Cristo, p. 7.]

Notas nossas:

(1). — Cremos que esta Font-Arcada não é outra senão a povoação de Fonte Arcada de Póvoa do Lanhoso, aliás, como anteriormente deixámos expressa a nossa opinião.
(2). — D. Fernando é o conde galego D. Fernão Peres «de Trava».
Até breve.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Ocupação e povoamento. (I)

Tem alguma importância a bula de Alexandre III, de 13 de Abril de 1179, relativa a Pombal, povoação nela classificada como “quondam siluam” no momento em que fora dada aos Templários. Esta designação manter-se-ia nas bulas de Urbano III, de 29 de Janeiro de 1187, e de Celestino III, de 8 de Agosto de 1196, onde se reafirma: “quam siluam cum dificultate máxima de Sarracenorum manibus liberantes, peru os et homines uestros (…) coluistis ibique tres acclesias, Columbar uidelicet, Rodinam et Egam (…).”
Estas bulas sobre uma área a norte do território de Leiria, e num concelho fronteiriço, referem uma situação da década de 1150, altura em que Leiria já existia há mais de década e meia. Tanto a norte como a sul de Leiria, a paisagem florestal dominava nos anos de 1140-1160 (…).
[Saul António Gomes, Introdução à História do Castelo de Leiria, p. 27.]
Até breve.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra.

Mosteiro de Santa Cruz, de Coimbra.

A deslocação de D. Afonso Henriques coincidiu com a fundação do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra (1131), onde se veio a localizar o primeiro panteão régio nacional. Santa Cruz de Coimbra seria, de resto, a instituição responsável pela preservação da memória do reino ao longo do século XII.
[Mário Jorge Barroca, Do vale do Mondego à reconquista definitiva de Lisboa (1147), Vol. 1, p. 40, Da Reconquista a D. Dinis, Nova História Militar de Portugal.]
Até breve.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Mata.

A curta distância de Monsaraz, a sudoeste desta vila e confinando com a referida herdade do Xarez registam-se, ainda hoje [1976], os dois microtopónimos Mata ou Matas e Geralda. Embora fugidiamente importa fazer curta ronda sobre estes dois topónimos dos arredores de Monsaraz.
Mata pretendia significar, por certo e a avaliar pelo largo uso que durante a Idade Média foi dado ao vocábulo, uma zona paisagística dos arredores de Monsaraz outrora povoada por densa vegetação do tipo do clássico matagal ibérico onde, como se sabe, a espécie dominante de cistáceas foi sempre, e continua a ser ainda hoje, a esteva ou xara nas suas duas variedades mais correntes: a esteva das «cinco chagas» com cinco máculas roxas ou bronzeadas na base das cinco pétalas ou então de flores todas brancas, conhecida em Espanha pela designação de «estepa».
[José Pires Gonçalves, Monsaraz da reconquista, Anais, Academia Portuguesa de História, Volume 25, p. 15, Lisboa, MCMLXXIX (1979).]
Até breve.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Coimbra, capital do condado Portugalense.

Pouco depois da vitória de S. Mamede, D. Afonso Henriques tomou uma decisão de grande importância: abandonou o Entre Douro e Minho e deslocou-se, em 1131, para Coimbra, onde ficou residência habitual.
[Mário Jorge Barroca, Do vale do Mondego à reconquista definitiva de Lisboa (1147), Vol. 1, p. 40, Da Reconquista a D. Dinis, Nova História Militar de Portugal.]
Até breve.

domingo, 18 de outubro de 2009

O cronista Cristóvão Acenheiro.

Podemos dizer que a historiografia medieval se conclui com Cristovão Acenheiro. Apesar de a sua Crónica dos Reis de Portugal ter sido produzida em 1535 e inaugurar, da alguma maneira, a historiografia moderna portuguesa, este cronista limita-se a compilar e sumariar, sem grande espírito crítico, informações recolhidas nas crónicas medievais, sendo largamente devedor da Crónica de Portugal de 1419 (…).
[Leontina Ventura, Introdução, D. Afonso III, p. 19.]
Até breve.

sábado, 17 de outubro de 2009

A fundação de um Reino. (II)

Nesta hipótese, que nos parece a única verosímil, a situação relativa entre Portugal e Leão era reciprocamente falsa. Se por um lado a questão da independência se podia ainda em 1140 considerar como problema, a dos limites verdadeiros dos territórios que deviam pertencer ao herdeiro e representante de Henrique de Borgonha não era menos disputável. A dificuldade de resolver este complicado negócio parece-nos conciliar as ideias, aparentemente opostas, que as memórias e documentos daquele período suscitam sobre o valor exacto das relações entre o novo estado que surgia e aquele de que nascera.
[Alexandre Herculano, História de Portugal, Desde o começo da monarquia até o fim do reinado de Afonso III, Tomo I, Livro II, p. 447.]
Até breve.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Imigrações e emigrações. (IV)

No mesmo exército, que conquistou em 1242 e 1243 o reino de Múrcia, aparecem também dois senhores da família dos Vinhais e dois outros da família dos Correias, sendo um deles o célebre Mestre da Ordem de Santiago, Paio Peres Correia. No cerco de Sevilha, em 1248, aparecem, além do próprio Mestre de Santiago, seu irmão homónimo chamado o Alvarazento, seus sobrinhos Gonçalo Anes e Gomes Anes e seus primos Gonçalo e Afonso Martins do Vinhal. No mesmo exército participam ainda João Pires de Vasconcelos, o Tenreiro, Gil Pires Feijó ou Gil Pires Conde, outro trovador, Gonçalo Anes de Portocarreiro, Fernão Anes de Lima, Afonso Lopes de Baião, Lourenço Pais de Alvarenga, etc. A maioria é favorecida com terras no repartimiento de Sevilha, mas nem todos por aí ficaram. A maior parte parece ter vendido ou abandonado essas terras e casas e regressado a Portugal, ou fixaram-se noutros locais. Assim, por exemplo, Afonso Lopes de Baião regressa a Portugal no próprio ano do repartimiento, em 1253, aparecendo como governador da terra de Sousa; Afonso Pais de Novais foi alcaide de Coimbra pelo menos em 1265; Fernão Rodrigues Pacheco figura na corte de Afonso III desde 1251; João Peres Redondo tinha grandes propriedades Entre-Cávado-e-Minho em 1258, assim como Lopo Hermiges da Teixeira; Pêro Homem de Pereira aparece no Porto em 1262; e assim sucessivamente. Não é preciso multiplicar os exemplos. Deduz-se daqui que a colaboração no cerco de Sevilha representou quase sempre um exílio passageiro.
[José Mattoso, A nobreza medieval portuguesa no contexto peninsular, Naquele Tempo, Ensaios de História Medieval, Vol. 1, p. 330.]
Até breve.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Soure.

Castelo de Soure.

É, porém, no seguimento de uma política de defesa da fronteira, dessa linha de protecção enquadrada nos castelos que circundavam o perímetro defensivo de Coimbra, a “linha do Mondego” — Montemor, Santa Eulália, Miranda do Corvo e Soure, a que se juntaria, mais tarde, Leiria — que a 19 de Março de 1128 (1) — dois meses depois de se ter iniciado o concílio de Troyes [12 de Janeiro] — confirma em carta de doação (2), a entrega do castelo de Soure à Ordem Militar do Templo.

Villa de Soure (...) acho cometida a Tenencia della aos Cavalleiros do Templo (...).
O Reyno de Portugal foy hum dos que primeiro, e com mão mais liberal deu entrada a estes Cavalleiros. Ja no anno de 1126 os acho de assento nelle, e com terras proprias, das quais fazião concertos, e Escrituras. Em o livro dos Foraes da leitura nova ha estas palavras junto ao Foral de Ferreira dado pela Rainha Dona Tareja (...): que Dom Galdim (3), e Arnaldo da Rocha, e os mais Cavalleiros do Templo fazião contrato com Paio Fernandez, Paio Peres, e suas molheres sobre a villa de Ferreira (4). E declara-se ser feita a Escritura no mes de Junho do anno referido de 1126 (...). Dom Galdim o qual naquella Escritura se nomea Mestre, teve este tittulo em Portugal todo o tempo da sua vida, não por ser o Gram Mestre da Ordem, que este residia em Jerusalem, mas por ser o principal dos Cavalleiros Templarios deste Reino, a quem os mais obedecião. Era de nação Portugues, natural da cidade de Braga (5), de fidalguia antiga, filho de Paio Ramires, neto de Ramiro Aires, e bisneto de Aires Carpinteiro (...). Por sua mãy Dona Gontrode Soares era o Mestre da Familia dos Correas, de cuja nobreza e antiguidade fica dito. Foy valeroso nas Armas (...). E de huma pedra que está no Convento de Thomar sobre a Capella do Mestre Dom Lopo Diaz de Sousa, consta que Dom Galdim passou à Terra Santa, e se achou com o Gram Mestre na tomada de Ascalon, e em outros feitos de armas insignes por espaço de cinco annos, aonde deu boas mostras do seu valor. Fundou os Castellos de Thomar, Pombal, Ceria (6), Idanha, Monsanto, e Almourol, como se relata em a mesma pedra. (7)
[José Manuel Capêlo, As Sedes Templárias em Portugal, Castelo Branco, a Cidade-Capital Templária de Portugal: de 1215 a 1314, Capítulo VII, pp. 170-171, notas 65 a 71, Codex Templi, Zéfiro, Sintra, 2007.]

Notas do Autor:

(1). — Muito se tem discutido — e segue discutindo-se — se o concílio de Troyes se tenha realizado em Janeiro de 1128 ou Janeiro de 1129. Eu sou dos que perfilho que a sua realização se deu no ano de 1128, seguindo opinião de historiadores idóneos. No entanto, acredito, a nova investigação irá realmente determinar o ano preciso em que se deu o histórico evento, já que possui meios determinados e precisos para que tal se verifique.
(2). — A rainha estaria nessa altura casada com o conde Fernão Peres «de Trava», que igualmente outorga a doação, por dele ter governo. [José Manuel Capêlo, ob. cit., p. 69.]
(3). — Gualdim Pais nesta data, 1126, tinha oito anos, já por sabermos que nasceu no ano de 1118. Impossível, pois, ser Mestre da Ordem nesta altura. Erro que alguns biógrafos da Ordem inconscientemente mantiveram através dos anos.
(4). — Esta Ferreira, é a actual vila de Ferreira de Aves.
(5). — Também se sabe que D. fr. Gualdim Pais era natural de Marecos, que não era mais do que a actual Barcelinhos — povoação próxima de Braga e fronteira a Barcelos — e não de Amares, como ainda hoje se crê e esta vila faz menção e tem orgulho de divulgar. Julgo que mais por facilidade do que por razão, entendeu fr. António Brandão colocar Braga em vez de Barcelinhos. Sobre este assunto ver uma monografia de um natural de Amares, Domingos M. da Silva — autor da Monografia do Concelho de Amares —, que nos diz que haveria erro na denominação de Marecos como Amares, dado serem vocábulos inteiramente distintos e desde sempre inconfundíveis na toponímia portuguesa já que Amares vem a pronunciar-se e a escrever-se invariavelmente assim desde muito cedo (p. 82), isto é: desde os seus primórdios. Marecos seria — segundo afirma — a actual freguesia de Santo André, situada e identificada no antigo julgado de Faria — em terras de Santa Maria de Faria —, lugar próximo onde se levanta Barcelinhos, freguesia fronteira de Barcelos e de que hoje faz parte integrante como cidade. (p. 83) Poder-se-á deduzir que Amares nunca foi Marecos e que D. Gualdim Pais, se foi de Marecos, nunca foi de Amares? [Ob. cit., Amares — Marecos (Grave confusão), pp. 79-87.] Também Maria Sofia Dias Rodrigues, no seu artigo Os Templários em Portugal no século XII, p. 136, refere a singularidade de Marecos não poder ser Amares, pois que esta já existia cerca de cinquenta anos antes de D. fr. Gualdim Pais ter nascido, correspondendo à leitura que faz da monografia de Domingos M. da Silva, que igualmente cita.
(6). — O castelo a vir referido, não seria o de Ceria, como vem neste texto, mas o de Ceras. Apenas que, e na verdade, aquele não se inscreve na pedra referida. Vem em substituição do castelo de Ozêzere [actual Constância (8)]. Não sabemos porque razão o cronista o nomeou — já porque nos parece livre arbítrio ou má leitura — e não inscreveu o referido castelo de Ozêzere. Outro tanto, que se saiba, resulta que o castelo de Ceras depois de destruído pela invasão do emir Yusuf, em 1140, jamais foi reconstruído: quer por ordem do rei, quer pela Ordem do Templo. Até porque muitas das suas pedras, a grande maioria, serviram na construção e edificação do castelo de Tomar, em 1160.
(7). — António Brandão, fr., Monarchia Lusitana, Livro IX, Cap. XI.
(8). — Há autores que o referem como sendo o de Payo Pele — a actual Praia do Ribatejo — hoje praticamente destruído, apenas restando uma vaga silhueta da sua muralha.


Até breve.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Suposições e embustes.

Tão pouco têm faltado apreciações sobre o marcado carácter esotérico — oculto, reservado — e exotérico — comum e acessível — da Ordem, tantas vezes tratado — a maior parte das vezes mal — por uma infinidade de literatos e jornalistas. No que se refere a este aspecto, têm-se comentado até à saciedade o uso de simbolismos ocultistas, concepções paganizantes, pretensos saberes milenares e destabilizadores, custodiados em segredo, complots extravagantes, supostas linhagens ocultas de Jesus Cristo, estranhos rituais de iniciação e todo o tipo de sórdidos elementos que em pouco ou nada reflectem o verdadeiro espírito e ideais templários.
[José Carlos Sánchez Montero, Apogeu e Decadência, Prisão e Julgamento da Ordem do Templo, Codex Templi, p. 281, Zéfiro, Sintra, 2007.]
Até breve.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Glossário

Para que haja um melhor conhecimento e enquadramento da época medieval que vimos apreendendo nestes pequenos quadros históricos, que apresentamos diariamente — salvo os raros dias de não publicação por motivos absolutamente alheios à nossa vontade —, achei que seria importante e oportuno, tanto quanto útil, inserir um glossário (1) amplo e diverso que nos possa elucidar melhor quanto ao que pretendemos fazer conhecer. Como já fizemos anteriormente, e em tempo espaçado, daremos nota desses mesmos termos.

Glossário:

abaçanar: tornar baço; escurecer.
abadengo: que é de um abade ou está sob a jurisdição de um abade; direito de prover de abade.
abajoujado: aparvalhado; atoleimado.
abasia: perda mais ou menos completa da marcha sem perturbação da força muscular nem da sensibilidade.
abegão: feitor; o que trata da abegoaria.
abelhudo: teimoso; intrometido; curioso.
albergue: lugar onde se recolhe alguém por caridade; refúgio para se pernoitar ou repousar; estalagem.
albigense: membro de uma seita religiosa que se espelhou pelo sul da França nos fins do século XII, mormente em Albi, e que condenava o culto externo, o uso de sacramentos e a hierarquia eclesiástica. [ver, cátaro.]
álbum: tábua branca em que, entre os Romanos, se escreviam as deliberações dos pretores.
basbaque: parvo; pateta.
cabo: “receba seu cabo”, receba sua conta, fazenda.
devesa: terreno cercado.
exir: sair.
fossadeira: multa aplicada a quem não cumpria a obrigação de ir ao fossado.
juso: abaixo.
mealha: unidade de conta que corresponde a meio dinheiro.
montádigo: imposto cobrado pela pastagem de gados.
paço: residência do rei ou do senhor que o representa.
poia: pagamento feito ao moleiro, forneiro ou lagareiro, em géneros ou dinheiro.
rancoroso: o que apresenta queixa, queixoso.
semedeiro: carreiro, atalho, caminho estreito.
terradígo: renda ou pensão anual, que se pagava por viver e cultivar em terra alheia.
velos: novelos de lã extraída dos ovinos. Normalmente 5 velos correspondem a uma arroba, isto é, 15 kg.

Pedro Alvites

Nota:
(1) — Para uma consulta da bibliografia aqui inserida, dar-se-á uma relação num dos dias finais de cada ano.
Até breve.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

D. Afonso III. (II)

Como rei, a primeira imagem é ainda a do rei guerreiro, dotado de ousadia e destreza, que, servindo-se simultaneamente da audácia de soldado e das artes tortuosas da política, soube responder prontamente à progressão das conquistas de Castela, invadindo os territórios na foz do Guadiana e ultimando a conquista do Algarve. A esta se apõe a imagem do que, em face da situação ruinosa em que encontrou o reino, se afirmou «igual ao perigo, ousado, experiente e activo» (1), e também a do rei que reconheceu a importância dos concelhos e que, pela primeira vez, deu voz às resistências burguesas, ouvindo-as em cortes.
(…) um outro acto de grande relevo administrativo e fiscal são as inquirições, destinadas a inventariar reguengos, herdades foreiras ao rei, padroados da coroa, honras e coutos de nobres ou de Ordens e a avaliar o que andava ilegalmente subtraído ao património de Estado. Depois, o monarca, que admitira em 1254 os concelhos nas cortes, reconhece, em 1261, que só essa assembleia poderá decidir sobre a quebra da moeda.
[Leontina Ventura, Introdução, D. Afonso III, p. 25.]

Nota da Autora:

(1). — Herculano, 1980, II, pp. 499-500.
Até breve.

domingo, 11 de outubro de 2009

Fixação de fronteiras. (II)

O rei de Aragão Pedro II prometeu apoio militar; os reis de Leão e de Portugal enviaram os seus vassalos; o rei de Navarra comprometeu-se igualmente a tomar parte nas operações; Italianos, Franceses e os arcebispos de Nantes e Bordéus juntaram-se aos espanhóis. O começa da campanha deu-se em 24 de Junho de 1212 em Toledo, e o recontro de armas em Navas de Tolosa, a sul de Calatrava, terminou com a completa vitória dos cristãos, de que a unidade, as motivações e a cavalaria pesada foram os principais artesãos. A tora do Sul ficava, assim, aberta: Jaime I de Aragão tomou as Ilhas baleares (1229-1235) e o reino de Valência (1238), D. Afonso III de Portugal apoderou-se do Alentejo e do Algarve (Faro foi tomada em 1249), Fernando III de Leão e Castela conquistou Córdova (1236), Jaén (1246), Sevilha (1248) e estendeu o seu protectorado a Múrcia (1243); Cádis foi ocupada em 1263, e Múrcia, incorporada no reino em 1264. No decorrer destas campanhas, Castelhanos, Aragoneses, Navarreses e Portugueses prestavam uns aos outros ajuda e socorro, confortados pelas bulas papais que assimilavam a reconquista às cruzadas.
[Adeline Rucquoi, História Medieval da Península Ibérica, p. 171.]

Até breve.

sábado, 10 de outubro de 2009

O castelo de Idanha-a-Velha.

Ruínas da Torre Templária de Idanha-a-Velha.

A Torre, conhecida por castelo de Idanha-a-Velha ou Torre dos Templários, construída segundo a direcção E-W, assenta sobre o pódio de um templo romano dedicado a Vénus, que se julga ser da 1ª metade do Séc. I.
Pertencem ao templo romano a base do edifício que era o seu pódio e as duas primeiras filas de pedra
(…).
A torre medieval teria começado por ter a sua janela superior românica em cujo tímpano se encontra uma inscrição que refere a data de 1283 da era de César (1245 da era de Cristo), que corresponde ao reinado de D. Sancho II. Podemos supor que teria uma escada de acesso amovível. Há, depois, marcas de D. Dinis (ou Afonso IV) na porta inferior gótica e no varandim dionisiano, ao lado da janela superior, de que restam apenas as suas mísulas de apoio.
[António Lopes Pires Nunes, Os castelos Templários da Beira Baixa, p. 107.]
Até breve.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Encensória, cera, procuração e votos de Santiago.

(…) eram quatro os direitos pagos ao cabido pela quase totalidade das paróquias do arcediagado: encensória, cera, procuração e vodos ou votos de Santiago.
(…) por encensória deve entender-se o mesmo que censo, censura ou direituras, isto é, um conjunto de prestações anuais, geralmente bastante onerosas e pagas em espécie pelas igrejas paroquiais à diocesana ou catedral, prestações que, segundo os casos, tanto podiam andar ligadas à mesa episcopal como à capitular.
O direito denominado cera pode ter uma dupla acepção, correspondendo ao catedrático ou «pensão anual paga ao prelado diocesano como prova de sujeição e em honra da cátedra episcopal», ou uma contribuição devida ao bispo pelos seus direitos sobre os bens imóveis de certas igrejas
.
(…) Por procuração, que pode ter também outras designações, entende-se quer a prestação devida ao prelado a título de visita pastoral feita por si ou, em certas condições, por seu legítimo representante, quer a que se pagava ao arcediago ou arcipreste por ocasião do calendário, que o mesmo é dizer palestra mensal do clero. Este direito era geralmente pago em numerário.
(…) os tão discutidos e contestados vodos ou votos de Santiago, que de «tributo anual de uma medida de pão e outra de vinho pagos pelos cristãos à igreja de Santiago de Compostela, por cada junta de bois com que lavrassem a terra» foram-se progressivamente transformando em fonte de receita das mitras e mesas capitulares da Península. Aos votos, no arcediago da Vinha (1) andavam unidos os mortórios, que consistiam na totalidade ou só em parte da quota disponível dos seus bens legada pelos fiéis às igrejas para ser aplicada em sufrágios pessoais ou em obras de caridade.
[José Marques, Relações entre Portugal e Castela nos finais da Idade Média, pp. 69-70, Ed. Fundação Calouste Gulbenkian/Junta Nacional de Investigação Científica e Tecnológica, Lisboa, 1994.]

Nota nossa:

(1). — A Terra da Vinha situava-se, de modo lato, num espaço compreendido entre uma linha que se situava entre a povoação de Argela (do rio Coura) e Caminha, até à foz do rio Minho, a norte, descia daquela numa outra até à povoação de Mou, junto ao rio Lima, e percorria, com este, até à sua foz, em Viana do Castelo, mantendo-a, como que num colete de forças, apertada contra o Atlântico. [Ver fig. 1, O Censual do cabido de Tui para o arcediago da Terra da Vinha, 1321, ob. cit., p. 101.]
Até breve.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

O reino franco do oriente. (I)

A situação militar em que os cavaleiros Templários começaram a actuar era de uma complexidade tortuosa. O domínio franco do Oriente era dividido em quatro Estados Cruzados: o Reino de Jerusalém, o principado de Antioquia, o condado de Tripoli e o condado de Edessa. O Reino de Jerusalém tinha o mar como limite a oeste, desde as-Darum até Nah al-Kalb, ao norte de Beirute; a sua fronteira oriental ia do golfo de Aqaba, no mar Vermelho, em direcção ao norte, até a leste do mar Morto e do rio Jordão e pelas montanhas libanesas adentro. O Principado de Antioquia era muito mais antigo, como o seu patriarca. Até recentemente, fora parte do Império Bizantino, e portanto nunca fora “perdido” para os muçulmanos como os outros três estados. Antioquia controlava o caminho terrestre até aos estados da Europa e a costa marítima desde o castelo de al-Marqab, no sul. A sua fronteira norte ia ao norte de Misis até Marash, então contornava Alepo em direcção ao norte e estendia-se a leste do rio Orantes até Kafartab, a partir de onde a sua fronteira sul se estendia até ao mar ao norte de Ahaizar e do território ocupado pelos Assassinos. O Condado de Tripoli estendia-se do litoral perto de Nahr al-Kalb até um ponto a norte de Tortosa, e então, a partir de Ba’rin, a fronteira seguia a sudoeste do rio Orantes e da cidade de Homs. Em seguida prolongava-se de Jubail até ao mar. Por último, o efémero Condado de Edessa ficava situado a nordeste de Antioquia e estendia-se até ao outro lado do rio Eufrates. A sua fronteira norte ia de Marash, na actual Turquia, até Besni e Samsat; ali virava para sul, na direcção da Síria de hoje, e passava entre o próprio condado de Edessa e Harran.
[Edward Burman, Templários: os Cavaleiros de Deus, pp. 58-59, Editora Record.]

Até breve.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Imigrações e emigrações. (III)

Um daqueles de que temos notícias mais precoces é o infante D. Fernando, senhor de Serpa, que depois de haver combatido nesta zona da fronteira portuguesa contra os Almóadas, esteve em Roma em 1237 para fazer penitência por violências praticadas sobre certos clérigos e depois se fixou em Castela, onde se deve ter associado aos exércitos então comandados pelo futuro Afonso X. Levava no seu séquito o trovador João Soares Coelho (a).
[José Mattoso, A nobreza medieval portuguesa no contexto peninsular, Naquele Tempo, Ensaios de História Medieval, Vol. 1, pp. 329-330.]

Nota nossa:

(a). — Este jogral ou trovador João Soares Coelho, cuja data de nascimento e morte se desconhecem, que propalou a Gesta de Egas Moniz, teria sido um seu descendente, por linha de bastardia. Sendo chefe de linhagem, deu origem à família ou ramo dos «Coelho», apesar de, no início do século XIII, os verdadeiros descendentes legítimos de Egas Moniz por linha masculina deviam ser apenas os Lumiares e Alvarengas(1). Foi no seu tempo um trovador deveras reconhecido não só na corte de D. Sancho II, mas, principalmente, na de Afonso III, que acompanhou na campanha e conquista do Algarve.

(1). — José Mattoso, João Soares Coelho e a gesta de Egas Moniz, A descendência de Egas Moniz, p. 307, Portugal Medieval, Novas interpretações, Vol. 8, Círculo de Leitores, Lisboa, 2002.


Até breve.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Comenda do Torrão. (II)

Da opulência desta comenda nos dá testemunho a relação que em resumo publicamos a seguir, o que entendemos ser de algum interesse como subsídio para a história da propriedade da região:
«Na rua da Judearia, além das casas que serviam de aposentamento ao Comendador, possuía a Ordem umas catorze moradas de casas, algumas com quintal onde existiam várias árvores de fruto.
Na rua dos Mercadores duas casas com celeiros.
Na ribeira de Chinches, abaixo do castelo, uma extensa propriedade com um forno de cal, e junto desta muitas vinhas, várias courelas e olivais, com casas de morada, celeiros e lagar de azeite.
Junto à Horta do Paraíso um chão de ferragial.
Uma vinha e olival com árvores de fruto no sítio de Poço das Pias.
No termo da vila uma herdade onde chamam o Torrão, com um assento de casas com seu alpendre; e perto desta herdade, no Ribeiro da Charruada, um moinho e duas azenhas.
Mais duas herdades juntas denominadas respectivamente de Barbacena e Pena Clara, cada uma delas com seu assento de casas, celeiros, pomares com variadas árvores de fruto e videiras. A de Barbacena lavrava-se em três folhas, levando cada folha quatro moios de pão, e a de Pena Clara com três folhas, igualmente levando cada folha moios e meio.
No caminho de Balhadouçe (Badajoz), mais quatro herdades, cada uma das quais tinha também sua casa e celeiros, com três folhas que levavam respectivamente dois a três moios de pão em semeadura, denominadas respectivamente o Outeiro, Taipas, Onde entra o Caya e herdade do Caya. O seu arrendamento no ano de 1503 era por vinte moios de trigo e sete de cevada pagos nas eiras, quatro mil reis de pitança e vinte e quatro galinhas.
Junto do rio Caia tinha a Ordem cinco moinhos
.
[P. M. Laranjo Coelho, As Ordens de Cavalaria no Alto Alentejo, O Archeologo Português, p. 246.]

Até breve.

domingo, 4 de outubro de 2009

Morte de S. Bernardo.

S. Bernardo.

Entretanto, em Clairvaux, consumava-se o acto final. S. Bernardo velho, doente, decepcionado e só, morre nos seu humilde mosteiro, rodeado pelos monges. Eram nove horas da manhã do dia 20 de Agosto de 1153. (1)
[José Manuel Capêlo, Portugal templário, Relação e sucessão dos seus Mestres [1124-1314], A presença templária em Portugal, p. 71, e nota 179.]

Nota do Autor:

(1). — Stephen Howarth, ob. cit., p. 91.


Até breve.

sábado, 3 de outubro de 2009

A ideia de Cruzada na Península Ibérica (V)

A militarização do culto jacobino e as suas implicações no desenvolvimento ideológico da Cruzada hispânica, é um terceiro aspecto digno de consideração. O fenómeno, como já tivemos oportunidade de referir, teve o seu pleno desenvolvimento desde meados do século XII e não acaba senão até á primeira metade do século XIII. Não se tornará necessário referir se encontra fortemente vinculada a presença crescente da Ordem Militar de Santiago no contexto peninsular. De facto, os santiaguistas, em boa medida, converteram-se numa garantia de protecção dos cristãos na sua peregrinação pelos caminhos de Santiago.
[Carlos de Ayala Martínez, Órdenes militares peninsulares y cruzada hispânica, Una aproximacíon historiográfica, p. 84.]
(Tradução nossa.)


Até breve.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

El Camiño (II).

E se na crónica de Ibn Sáhibe se encontra expressa referência a uma estrada que, nos tempos de Giraldo, vinda dos lados do Andaluz e da tão arabizada cidade de Niebla, conduz a Badajoz e que o cronista árabe, nessa época, já identifica, com rigor toponímico, por «Camiño» (1) e, ainda hoje, a povoação de Valverde del Camiño se situa, precisamente, na mesma via ( a actual estrada espanhola nº 435) que, mais para norte de Valverde e, portanto, mais perto de Badajoz, atravessa a aldeia de Valle de Matamoros, parece lógico admitir que o temerário golpe da matança levado a cabo por Giraldo e pelo seu grupo nos homens do comboio mouro, pudesse, de facto, ter ocorrido na antiga estrada rasgada no vale que se insinua nos sopés das colinas erguidas junto desta aldeia de Valle de Matamoros.
Tão frequentada era esta estrada durante a Idade Média que ainda hoje se podem observar, no coração de Xerez de los Caballeros, as ruínas de um pequeno «hostal», destinado a agasalhar e a assistir os mercadores e peregrinos que por ali transitavam no trajecto ascendente a caminho de Badajoz ou então a caminho de Niebla ou Sevilha, no regresso à Andaluzia
.
[José Pires Gonçalves, Alguns aspectos das campanhas de Giraldo Sem Pavor na região do Guadiana, Anais, Academia Portuguesa de História, Volume 26, T. I, pp. 94-95.]

Nota do Autor:

(1). — Martim Velho, idem (2), p. 139. (Este arabista português, que utilizou, no seu trabalho, o texto arábico de Ibn Sáhibe, não hesita em traduzir o topónimo que identifica o local onde ocorreu a batalha entre o grupo de Giraldo e o comboio almóada partido de Sevilha para socorrer Badajoz, pelo termo castelhano de «El Camiño»).

Nota nossa:

(2). — Martim Velho, Trechos da Crónica de Ibn Sáhib respeitantes a D. Afonso Henriques, a Giraldo Sem Pavor e ao território português, Boletim da Junta Distrital de Évora, 7, 1966, pp. 127-147.

Até breve.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Alcaide-menor.

Subordinado do alcaide em que este normalmente delegava a manutenção da ordem e a polícia da povoação, junto ao castelo. Podia prender os delinquentes com a obrigação de os entregar ao juiz local.
[António Lopes Pires Nunes, Dicionário de Arquitectura Militar, p. 34.]

Até breve.