segunda-feira, 30 de março de 2009

Arquitectura militar templária.

Castelo de Tomar com o seu famoso alambor,
de criação templária.

Estabelecer analogias entre os casos português e francês no que toca à arquitectura militar templária é uma tarefa pouco compensadora ou até inútil. A este propósito, Marion Melville sustenta que em França é incorrecto falar de castelos da Ordem do Templo porque “ou o termo é impróprio, ou a atribuição é errónea, pois os Templários não possuíram nenhuma organização militar na Europa, deste lado dos Pirinéus”. (1) Também Raymond Oursel verificou que em França os cavaleiros ergueram sobretudo um tipo de fortificação intermédia, que congregava simultaneamente as funções de mosteiro, fortificação e núcleo de edifícios agrágrios, ao contrário do que aconteceu na Península e no Oriente. Segundo o mesmo autor, a Ordem nunca terá conseguido estabelecer, naquele país, um conjunto arquitectónico coerente que, à semelhança dos mosteiros, pudesse albergar a dupla função de monges e de guerreiros dos seus moradores, acrescentando contudo que “os Templários utilizaram todas as formas de arquitectura militar do seu tempo, desde a vila muralhada até à simples torre solitária adaptada magistralmente às condições do terreno” (2). É esta aparente descontinuidade que Oursel destaca como a característica mais específica e interessante das edificações templárias. Já Laurent Dailliez, referindo-se também a exemplos franceses, acrescenta que “a construção templária em nada difere da construção corrente, ou mesmo da construção camponesa mais simples. Cada igreja, cada edifício seguiu os traços locais, sofreu a influência local da arquitectura e da escultura”. (3)
[Nuno Villamariz Oliveira, Castelos da Ordem do Templo em Portugal, 1120-1314, Vol. I, pp. 124-125.]

Notas do Autor:

(1). — Cf. “Deux aspects de l’architecture des Templiers”, Archeologia, 27, 1969, p. 24.
(2). — Cf. Peregrinos, Hospitalários y Templarios, ed. Encuentro, Madrid, 1986.
(3). — Cf. La France des Templiers, ed. Marabout, Paris, 1974, p. 36.

Até breve.

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