quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Glossário

Para que haja um melhor conhecimento e enquadramento da época medieval que vimos apreendendo nestes pequenos quadros históricos, que apresentamos diariamente — salvo os raros dias de não publicação por motivos absolutamente alheios à nossa vontade —, achei que seria importante e oportuno, tanto quanto útil, inserir um glossário (1) amplo e diverso que nos possa elucidar melhor quanto ao que pretendemos fazer conhecer. Como já fizemos anteriormente, e em tempo espaçado, daremos nota desses mesmos termos.

Glossário:

aba: parte inferior ou pendente de algumas peças de vestuário; parte inferior e geralmente levantada do chapéu; margem; sopé; orla.
abade: aquele que governa uma abadia; superior de uma ordem religiosa.
abadessa: superiora de certas comunidades religiosas.
abaixado: oprimido; humilhado.
abalançamento: audácia; atrevimento; arrojo.
abardado: cheio; sobrecarregado.
algara [o m. q. fossado.]: incursão militar em território inimigo. [do ár. al-gara.]
barbacã: muro anteposto às muralhas e mais baixo do que estas para defender o fosso.
besteiro: peão militar perito no uso da besta.
carreira: carreiro, caminho, estrada pouco larga.
cavaleiro-vilão: vizinho que participa na guerra com o seu cavalo, beneficiando de certos privilégios e isenções.
colheita: imposto anual pago pelo concelho ao rei.
destravessa: consistia em lavrar o terreno em sentido cruzado com o da primeira lavra [a decrua], com o fim de cortar melhor o terreno, esboroar os torrões e preparar o campo para o cultivo.
encoutar: tradução em português do termo latino inquietare, no sentido de alguém ser chamado por outrem à justiça.
ferrado: vasilha para ordenhar e para onde se munge o leite das cabras e ovelhas.
grilhão: objecto metálico que serve para prender alguém pelos pulsos; cadeia; algema.
herdade: O termo herdade (que hoje se toma por uma grande e dilatada fazenda, a que os Latinos chamavam latifundium, tapada ou demarcada sobre si), na sua origem, nada mais significava, que alguns bens de raiz, vindos por herança, avoenga e sucessão de pais e filhos, ou também por sucessão testamentária, em que alguém era instituído por herdeiro. Porém, desde o século IX até o XV, não significava mais que um casal, quinta, herdamento, prédio rústico, villa, granja, celleiro, propriedade, aldeia, alcaria, e toda aquela fazenda, que rendia ou podia render algum fruto, para quem a cultivasse ou fizesse cultivar; prescindindo de ser a tal herdade de mais ou menos extensão, e não sendo, da sua essência, o estar incluída dentro de certos muros, marcos ou balizas mas antes constando, muitas vezes, de courelas, peças ou belgas mui separadas e diversas.
manaria: tributo pago por morte de quem não deixava herdeiros directos. No foral latino: “et non intret ibi nuncium neque manaria”, o que foi incorrectamente apreendido na tradução portuguesa, onde se refere: “e nom entre y mandadeyro nen mande alguum homen”.
mealha: unidade de conta que corresponde a meio dinheiro.
montádigo: imposto cobrado pela pastagem de gados.
malha [O m. q. debulha.]: eram os processos utilizados para se desalojar os grãos das espigas.
pego: ponto mais fundo de um rio ou lago.
pouso: a mó inferior dos moinhos, sobre a qual gira a galga.
redil: recinto vedado de forma quadrada onde pernoita o gado.
semedeiro: carreiro, atalho, caminho estreito.
suso: acima.
terra calva: no século XIII, chamavam-se terras calvas às que já estavam limpas de mato, rotas e lavradas.
velos: novelos de lã extraída dos ovinos. Normalmente 5 velos correspondem a uma arroba, isto é, 15 kg.


Pedro Alvites

Nota:
(1) — Para uma consulta da bibliografia aqui inserida, dar-se-á uma relação num dos dias finais de cada ano.
Até breve.

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