terça-feira, 23 de setembro de 2008

A novíssima destruição da Ordem.

Sem se conhecer verdadeiramente a parte histórica referente à Ordem do Templo, nunca se poderá dar como próprios ou verdadeiros um esoterismo e uma simbologia que nunca lhe coubera, nem nunca imaginara — ou tudo o mais que se lhe quiser atribuir à volta de um misticismo abundantemente criado e propagado — porque sendo monges e cavaleiros, eram, de facto e acima de tudo, homens treinados para terem uma intrínseca característica de rudeza e uma função puramente guerreira, pouco se preocupando com esta realidade inventada, e que nos dias de hoje se lhes procura dar tanta importância: a qualidade ou forma mística, simbólica, ritualizada e iluminada que se lhes atribuía. Basta não sabermos, ou recordarmos ou atentarmos, como era o espírito belicoso e bárbaro que existia na Idade Média — tendo a Cruz como símbolo e a Espada como razão — sem pretensão ou noção alguma quanto a esoterismos e práticas místicas, muito menos numa aproximação a relações do sagrado com (ou indo buscar a) qualquer outra cultura sagrada ou fé emanante, mormente a islamita.
É que, nos dias que correm, esta importância, além de ser negativa para a imagem e realidade da Milícia, cria-se-lhe uma tão pouca verdade ou uma irrealidade tão óbvia que a irão destruir ainda mais que as acções que tiveram e demonstraram na prática os sicários e algozes de Filipe IV, de França, quando o fizeram com hipocrisia e sadismo desmedido, naquele tempo de autêntico terror que decorreu entre as primeiras prisões — 13 de Outubro de 1307 — e a extinção da Ordem, decretada pelo papa Clemente V, através da bula Vox in excelso, de 22 de Março de 1312, cujo enunciado do texto — não a condenando implícita ou explicitamente — invoca, no pronuncio da sua extinção, o sagrado bem da Igreja.
Os filmes, as reportagens, as descobertas arqueológicas, a procura e explicação da Arca da Aliança, do Graal, do Santo Sudário, e tudo o mais que, sobre ela, se vai criando e que vemos aparecer amiúde em programas que se deveriam considerar sérios e em canais que se pretenderiam tomar como rigorosos, não só não correspondem à mínima das verdades históricas, como são feitos para enfermarem, nos menos conhecedores, ideias e sentidos que à Ordem nunca coube nem nunca se lhe preocupou minimamente, volto a salientar. Mais não são que recriados embustes e refabricadas mentiras para enganarem sãos e iludirem incautos, numa clara e composta irrealidade tão ao gosto do cinema e de hollywoodescas produções.
Acabe-se, uma vez por todas, de se ser demasiado inventivo e tão (des)agradavelmente incorrecto e fale-se honesta e porfiadamente do que comprovadamente existiu.

Até breve.

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