sexta-feira, 5 de setembro de 2008

O 1º Mestre Templário em Portugal.

D. fr. Guilherme Ricardo [1124 ou 1125-1128].

Cavaleiro franco.
Chega ao condado portucalense em finais de 1124 ou inícios de 1125, acompanhado de alguns cavaleiros, enviados, segundo parece confirmar-se, pelo Mestre Hugo de Payns, a pedido da rainha D. Teresa
, (1) que em carta dirigida, a conselho de alguns ilustres cavaleiros portugueses, lhes oferecia casa e emprego para o seu Instituto nas fronteiras dele, em que o braço Português ia despojando ao Mouro inimigo do que tiranicamente tinha usurpado. (2) É com este Procurador (3) que a Ordem recebe, de facto [por aqueles anos], e em doação, as primeiras casas e propriedades, (4) na região de Braga, sendo confirmado que D. Teresa — rainha do condado de Portucale desde 1112 (5) — lhes doa Fonte Arcada (6), próximo de Braga, com todos os seus termos e benefícios.

Do Deo, & Militibus Templi Salomonis
Villa quæ vocatur =Fonte Arcada =&c.
E assina em ella o dito D. Guilherme Ricardo.
Guilhermus Procurator Templi in ipfis
Partibus accipio Cartam &c
. (7)

muito provavelmente já em 1126, tendo recebido, neste mesmo ano, mais dezassete doações de terras, (8) de membros da alta nobreza portucalense, aquela mesma que incitara a rainha a pedir a sua vinda e presença.
[José Manuel Capêlo, Portugal templário, Relação e sucessão dos seus Mestres [1124-1314], A presença templária em Portugal, pp. 57-58, Zéfiro, Sintra, 2008.]

Notas do Autor:

(1) — A rainha D. Teresa reinou desde a morte de seu marido, o conde D. Henrique — ocorrida em 1112 —, até 1128 ou 1129, conforme fr. Bernardo da Costa nos refere. [História da Militar Ordem de Nosso Senhor Jesus Cristo, p. 3.]
(2) — Frei Lucas de Santa Catarina, Catálogo dos Mestres da Ordem do Templo portugueses, que tiveram, e exercitaram este título, e cargo nesta Coroa Portuguesa, e em outras de Hespanha. Segundo o que refere, seriam vários os cavaleiros vindos ao condado Portucalense, a pedido da rainha D. Teresa. Salienta, entre os chegados, o já citado D. fr. Guilherme Ricardo, que «superintendia sobre os outros», D. Hugo Martoniensis, D. fr. Pedro Arnaldo [da Rocha] e D. fr. Gualdim Pais. [Referido por André Jean Parashi, ob. cit., pp. 95-96.]
(3) — Viterbo [ob. cit., p. 585.] diz-nos que, umas vezes se intitulavam Preceptores, outras Comendadores-mores, outras Mestres, outras Procuradores, outras Ministros, e outras Mestres provinciais (...).
(4) — Uma delas, metade da Quinta de Vila Nova, a doou Afonso Anes que por Deo, se fez Fratribus Militiae Templi, para o caso de morrer sine haerede bonae, et legitamae mulieris [Viterbo, ob. cit., p. 585].
(5) — Ano da morte do conde D. Henrique, acontecida em Astorga — devido a ferimentos recebidos em combate, aquando da tentativa de conquista desta cidade pelas forças de Afonso I de Aragão — nos finais de Abril [a 26] ou princípios de Maio [a 5].
(6) — Estudos mais recentes, mas não de todo confirmados ou publicados, parecem querer indicar que a original Fonte Arcada templária não terá sido a povoação — com o mesmo nome — existente perto de Penafiel, como nos indica fr. Bernardo da Costa, mas uma outra que se encontra a poucos quilómetros de Póvoa do Lanhoso, e cujos visíveis vestígios se nos caracterizam como a do primeiro mosteiro construído pelos templários no condado Portucalense.
(7) — Fr. Bernardo da Costa, ob. cit., p. 6.
(8) — Viterbo diz que são dezoito, as doações. [Ob. cit., p. 584.]
Encontramos sobre o assunto, de qual teria sido a verdadeira das três Fonte Arcada que se conhecem e primeiro convento construído pelos Templários em Portugal, material muito interessante para uma investigação apurada sobre a verdadeira Fonte Arcada templária. Que ela é minhota, não parecem restar muitas dúvidas. No entanto, deixe-se aos laboriosos e criteriosos investigadores o dado e o parecer, porque é deles que virá certamente a nota final.
Até breve.

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