domingo, 2 de novembro de 2008

Charola ou Rotunda? II

Pormenor da Charola ou Rotunda.


A rotunda ou charola (1) é uma igreja poligonal, de planta centrada, com um santuário octogonal e um deambulatório cuja parede externa tem dezasseis panos, separados por contrafortes e encimados por merlões (séculos XII-XIII). Estas igrejas dos Templários tinham como protótipo [a igreja d]o Santo Sepulcro de Jerusalém, numa tradição que já vinha de construções religiosas tumulares romanas. [Tesouros Artísticos de Portugal (coordenação de José António Ferreira de Almeida), p. 19, Selecções do Reader’s Digest, Lisboa, 1982.]

A charola de Tomar, cuja traça se baseou no tipo de mesquitas sírias, gosto adquirido pelos cavaleiros da Ordem do Templo durante as lides orientais, e por eles aplicada no Ocidente, é um raríssimo santuário da Alta Idade Média que segue o protótipo da Ermida de Omar [Jerusalém], modelo igualmente aplicado nas Capelas de Eunate [Navarra] e Vera Cruz [Segóvia]. [Ibidem, p. 549.]

O templo coroado de ameias, constava de um espaço central octogonal, envolvido por um deambulatório de dezasseis faces, coberto de abóbada anelar apoiadas em dezasseis arcos torais. [Manuel Sílvio Alves Conde, Tomar Medieval, p. 128.]

A charola seria tão-só uma torre incluída no sistema defensivo. (…) tendo sido erguida no século XII, com objectivos militares e religiosos. Em vista deste facto talvez seja mais correcto chamar-lhe de oratório-fortaleza. Ela foi construída “… pera os que estivessem em guarda deste castello em tempo que disso houvesse necessidade tivessem oratório em que ouvissem missa e rezassem e juntamente fortaleza a qual, no logar onde esta egreja esta edificada lhe era necessária por ser muito mais alto que o lugar onde estaa o castelo que lhe fica sujeito em tanto que tomado este lugar com pouca dificuldade se tomaria o castelo…” [Ernesto José Nazaré A. Jana, Tomar e seu Termo no séc. XII, p. 77, citando Reservados, Biblioteca Nacional de Lisboa (BNL), cod. 8533, fl. 3 e Arquivo Nacional da Torre do Tombo (ANTT), Ordem de Cristo, livro 232, fl. III-IIIv.]

(…) a Rotunda tomarense vai buscar o seu arquétipo precisamente à Mesquita de Omar (…) erguida em Jerusalém pelo califa Omar, guerreiro contemporâneo de Maomé e difusor da religião islâmica, cujo lugar os cruzados converteram em Templum Domini, e que veio a ser a sede dos Templários na Cidade Santa.
Igualmente referirá o autor numa outra página anterior:
(…) Não obstante, esta obra (2) contém das mais importantes análises da arte religiosa da Ordem do Templo, que ainda hoje mereceriam uma conveniente reflexão. Na verdade, ao tratar da Rotunda do Convento de Cristo em Tomar, compara o seu traçado circular com os edifícios homónimos de Paris e Londres, a capela de Aix, a Capela do Fundador e as Capelas Imperfeitas, no Mosteiro da Batalha. [Nuno Villamariz Oliveira, Castelos da Ordem do Templo em Portugal, 1120-1314, Vol. I, pp. 175 e 37, respectivamente.]

Ainda, segundo palavras de fr. Bernardo da Costa, a Igreja o não he, pello exterior senão tivera abertas na parede grandes frestas. A figura em tudo he de hum Castello antiguo[História da Militar Ordem de Nosso Senhor Jesus Cristo, p.141, Coimbra, 1771 (reimpressão fac-similada, 1997).]

Notas nossas:

(1) Oratório dos templários, que o consagraram a S. Tomás da Cantuária.
[citado de José Manuel Capêlo, Portugal templário, Relação e sucessão dos seus Mestres [1124-1314], A presença templária em Portugal, p. 185, nota 529, Zéfiro, Sintra, 2008.]
(2) Cf. Aarão de Lacerda, Arte em Portugal nos séculos XII, XIII e XIV, História de Arte em Portugal, Vol. I, p. 356, Portucalense Editora, Porto, 1942.

[Sobre este mesmo tema, ver o texto Charola ou Rotunda, de Domingo, 27 de Julho de 2008, inserido no mais encanto.]


Até breve.

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