quinta-feira, 30 de julho de 2009

Guerra de fronteiras.

As décadas que separam a tomada de Toledo (1085) da vitória dos cristãos em Navas de Tolosa (1212) são caracterizadas pelo declínio do poder muçulmano e a ocupação do território hispânico pelos cristãos. Diversos factores explicam esta expansão que é simultaneamente conquista militar e povoamento do solo.
(…) Mas o avanço de 1085 constituiu ao mesmo tempo uma reviravolta na reconquista militar. Em primeiro lugar, porque os Espanhóis tinham recebido a ajuda militar de cavaleiros vindos do Norte dos Pirenéus, principalmente de Borgonha, mas também da Aquitânia e da Normandia, apoio que se renovou ao longo das décadas seguintes. E depois porque, por apelo dos reis de Sevilha e de Saragoça, os Almorávidas desembarcaram em 1086 e invadiram Al-Andalus. A guerra entre cristãos do Norte e muçulmanos do Sul perdia, desde então, o seu carácter de «guerra civil» para se inserir no quadro mais vasto da luta da «Cristandade» contra o «Islão», a cruzada. Os reis cristãos que dirigiam as expedições militares tinham desde então perante eles não já os reis muçulmanos dos reinos das taifas, mas os «aliados» da África do Norte, aliados intransigentes que pretendiam devolver ao islão espanhol tanto o seu espaço geográfico como a ortodoxia doutrinal e moral que ele tinha perdido.
[Adeline Rucquoi, História Medieval da Península Ibérica, pp. 168-169.]
Até breve.

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