sexta-feira, 3 de julho de 2009

Permutas e senhorios.

Durante estes anos, as perturbações causadas em África pela nova seita dos almohadas tinham impedido Ali, o emir de Marrocos, de promover a guerra contra os cristãos da Espanha. Nesta região o terrível açoute dos muçulmanos, Afonso I de Aragão, entretinha principalmente as forças dos almorávidas, e as incursões das fronteiras do Ocidente eram passageiras e apenas feitas pelos sarracenos naturais do país (1). D. Teresa aproveitara esta conjugação para restaurar a linha de castelos que defendiam a fronteira meridional do distrito de Coimbra. Pelo menos os de Soure e Santa Eulália foram por esses anos reedificados. Em 1122 o conde Fernando Peres, que possuía o de Coja sobre o Alva, cedeu-o à rainha, recebendo em recompensa o senhorio daqueloutros. Soure, como mais exposto às correrias, com dificuldade achava habitantes; todavia, já por 1125 ele não era não só um lugar forte, mas também uma povoação importante (2).
[Alexandre Herculano, História de Portugal, Desde o começo da monarquia até o fim do reinado de Afonso III, Tomo I, Livro I, p. 371.]

Notas do Autor:

(1). — «…agarenorum insidias, qui tunc (1123) viarum comeatus clam, necnon et publice incursabant grave captivitatis pondus cum acerbae mortis casibus homibus inferentes», Salvato, «Vita S. Martini Sauriensis», parágrafo 6 [Scr. 60b-61a]; ismaelitae ou agareni era naquela época a denominação que davam os cristãos aos muçulmanos espanhóis: a palavra moabitae, como nos parece ter dito já, designava os almorávidas (al-morabethyn).
(2). — Carta de permutação de Coja por Santa Eulália e Soure, e doação daquele castelo ao bispo de Coimbra em Novembro de 1122 (Livro Preto, f. 214 e 85v. [DR 63, 64]; Salvato, «Vita S. Martini Sauriensis», parágrafos 6, 7, 8 [Scr. 60b-61ª]).
Até breve.

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