quarta-feira, 8 de abril de 2009

A defesa de Coimbra. (I)

Na sua origem as localidades pela posse de cujas igrejas pugnavam os Templários e a Sé de Coimbra, encontravam-se incluídas no território de Soure, cuja extensão se espraiava de Condeixa-a-Velha até Pombal, no dizer do cronista de Martinho de Soure (1).
Todavia, atendendo às circunstâncias político-militares da zona, uma observação se deverá fazer ás condições dos limites meridionais que o cronista atribui à região. É que, como também ele diz, nas vizinhanças de Pombal a população «não cultivava os seus campos amedrontada pelas correrias dos ismaelitas».
Por outras palavras, estamos aqui perante a linha avançada de uma vasta zona de fronteira, onde sobressai Coimbra como ponto aglutinador de interesses e gentes ao mesmo tempo que centro irradiador de decisões políticas, militares, económicas
(2) e que, a breve trecho, por intermédio dos crúzios, se começava a afirmar também como centro intelectual.
Por todas estas razões, a defesa de Coimbra era tarefa primordial que se punha aos governantes e que eles, na verdade, não descuraram. Assim, em 19 de Março de 1128, D. Teresa doa o castelo de Soure, com seus termos, aos Templários, acto esse confirmado no ano seguinte, por seu filho, Afonso Henriques, o novo senhor da terra portuguesa
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[Maria Alegria Fernandes Marques, O litígio entre a Sé de Coimbra e a Ordem do Templo pela posse das igrejas de Ega, Redinha e Pombal, pp. 352-353, Jornadas sobre Portugal Medieval, Leiria/1983.]

Notas da Autora:

(1). — P.M.H., Scriptores, p. 60, Vita S. Martini Sauriensis (V. M. S.)
Esta fonte narrative, muito embora deva ter sido «composta provavelmente em Soure, entre 1147 e 1150» é conhecida por uma cópia inserta no Livro Santo, de Santa Cruz de Coimbra, para onde deve ter sido transcrita «dez ou quinze anos mais tarde». Sobre esta obra, o seu interesse e o seu valor para a «história local», «militar» e das «instituições eclesiásticas» da parte sul da diocese de Coimbra no séc. XII, veja-se o excelente estudo de Henrique Barrilaro Ruas «A Vida de Martinho de Soure» como fonte de História das Institutições Eclesiásticas, in Revista Portuguesa de História, vol. III, Coimbra, 1947, pp. 231-256, a quem pertencem as expressões transcritas nesta nossa nota.
No nosso texto seguimos a lição do autor, referindo a fonte apenas por Vita Martini Sauriensis e o seu protagonista por Martinho.
(2). — Refira-se que com Afonso Henriques se assiste a uma deslocação do centro do poder político e militar do Norte para o Sul, concretamente para Coimbra.
Até breve.

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