terça-feira, 16 de junho de 2009

Afonso Henriques vassalo da Santa Sé.

D. Afonso Henriques.

Com efeito, ainda que anteriormente a documentação do infante manifestasse sinais de alguma individualização do território português e do seu chefe, só em 1140 se assumiu aí, claramente, o uso do título de rei (1). Parece, pois, haver um processo deliberado que lentamente se percorria para se afirmar na forma de documento público na relação com o esforço militar. Isto é, tudo parecia concorrer para um reforço da autoridade do chefe dos Portugueses pelo uso das armas, pela vitória sobre os muçulmanos. A vitória militar dava a Afonso Henriques a possibilidade de usar um título igual ao dos outros chefes políticos peninsulares; o esforço vitorioso na guerra contra o infiel sancionava a sua autoridade, reforçando-a. E nela o chefe atingia a plenitude do seu poder, tornando-se, de facto, independente de Leão. E esta situação em breve iria conhecer uma outra gradação, quando, em Dezembro de 1143, Afonso Henriques, em carta ao papa, declarou que se tornara vassalo da Santa Sé nas mãos do cardeal Vico, legado pontifício na Península, e se obrigara a pagar um censo anual de quatro onças de ouro, sob a condição de o papa defender a sua honra e dignidade, de seus sucessores e da sua «terra».
[Maria Alegria Fernandes Marques, A Viabilização de um Reino, p. 28.]

Nota da Autora:

(1). — Muito embora existam alguns indícios de que esse uso era anterior em documentos particulares.
Até breve.

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