(fotografia de António Mateus)
Notas dos Autores:
(1). — É o caso das Portas, de um penhasco a que chamam Cadeira da Rainha, de uma cavidade natural a que chamam Buraco da moura, da mina da Faiopa, do castelo e da capela.
(2). — É o caso das lendas dos Gigantes de Ródão, do Refúgio de Herodes, de Nossa Senhora do Castelo, do Juízo de Deus e da maldição de Ródão. (v. SOROMENHO, 1965.)
(3). — SOROMENHO, Paulo Caratão, 1965, Lendário Rodanense, Revista de Portugal, série A, vol. XXX, pp. 430-447; HENRIQUES, Francisco, 1974, Património Artístico Ignorado — Lendas, Portas de Ródão, 25 de Setembro, Vila Velha de Ródão.
(4). — O despenhamento está também presente nas festividades de Monsanto da Beira. Sacrifícios com despenhamento estão presentes em cultos mediterrânicos como é o caso de Prantos de Adónis (v. Moisés Espírito Santo, 1993, Origens do cristianismo Português, Instituto de Sociologia e Etnologia das Religiões, Universidade Nova de Lisboa, Lisboa, p. 225.).
Nota nossa:
É óbvio que no tempo do rei Wamba os mouros ainda não estavam presentes neste espaço do território português. Que a lenda refira uma rainha D. Urraca é bem mais verosímil e bem melhor aceite como ficção histórica.
As Portas de Ródão ocupam um espaço importante no imaginário local. Apoiada em vários acidentes naturais ou antrópicos (1), a tradição oral regista várias lendas (2). A mais notável é a lenda do rei Wamba ou a Maldição de Ródão (3)
A lenda fala do amor adúltero de uma rainha cristã (umas vezes identificada como mulher do rei Wamba, outras com princesa Urraca), que vivia no Castelo de Rodão, com um rei mouro residente do outro lado do rio, nos Castelinhos da Senhora da Graça, a norte de Nisa, sítio onde existe um povoado proto-histórico (?). Diz a lenda que se namoravam sentados em cadeiras de pedras situadas num e noutro lado das Portas, enquanto o rei cristão andava na caça ou na guerra. Diz-se ainda que o rei mouro decidiu raptar a rainha cristã. Com esse fim escavou um túnel, com início no Buraco da Faiopa (mina antiga situada na encosta ocidental da serra de São Miguel), para passar por baixo do rio. Mas falhou o propósito e o túnel (que não existe) terminou a grande altitude, no morro sul das Portas de Ródão, onde existe uma cavidade a que chamam Buraca da Moura.
O rei mouro acabou por fugir com a amante que atravessou o rio sobre uma teia de linho. Segundo a lenda, o rei Wamba conseguiu raptar a mulher. Esta foi julgada em tribunal familiar que a condenou à morte por despenhamento presa a uma mó (4). Na queda a rainha lançou a seguinte maldição sobre Ródão: “nesta terra não haverá cavalos de regalo, nem padres se ordenarão e putas não faltarão”. Por onde a rainha passou, arrastada pela mói, jamais nasceu mato.
[João Carlos Caninas, Francisco Henriques e Jorge Gouveia, O Castelo de Ródão e a Capela da Senhora do Castelo (Vila Velha de Ródão), Ibn Marúan: Revista Cultural do Concelho de Marvão, nº 7, pp. 183-203, 1997.]
A lenda fala do amor adúltero de uma rainha cristã (umas vezes identificada como mulher do rei Wamba, outras com princesa Urraca), que vivia no Castelo de Rodão, com um rei mouro residente do outro lado do rio, nos Castelinhos da Senhora da Graça, a norte de Nisa, sítio onde existe um povoado proto-histórico (?). Diz a lenda que se namoravam sentados em cadeiras de pedras situadas num e noutro lado das Portas, enquanto o rei cristão andava na caça ou na guerra. Diz-se ainda que o rei mouro decidiu raptar a rainha cristã. Com esse fim escavou um túnel, com início no Buraco da Faiopa (mina antiga situada na encosta ocidental da serra de São Miguel), para passar por baixo do rio. Mas falhou o propósito e o túnel (que não existe) terminou a grande altitude, no morro sul das Portas de Ródão, onde existe uma cavidade a que chamam Buraca da Moura.
O rei mouro acabou por fugir com a amante que atravessou o rio sobre uma teia de linho. Segundo a lenda, o rei Wamba conseguiu raptar a mulher. Esta foi julgada em tribunal familiar que a condenou à morte por despenhamento presa a uma mó (4). Na queda a rainha lançou a seguinte maldição sobre Ródão: “nesta terra não haverá cavalos de regalo, nem padres se ordenarão e putas não faltarão”. Por onde a rainha passou, arrastada pela mói, jamais nasceu mato.
[João Carlos Caninas, Francisco Henriques e Jorge Gouveia, O Castelo de Ródão e a Capela da Senhora do Castelo (Vila Velha de Ródão), Ibn Marúan: Revista Cultural do Concelho de Marvão, nº 7, pp. 183-203, 1997.]
Notas dos Autores:
(1). — É o caso das Portas, de um penhasco a que chamam Cadeira da Rainha, de uma cavidade natural a que chamam Buraco da moura, da mina da Faiopa, do castelo e da capela.
(2). — É o caso das lendas dos Gigantes de Ródão, do Refúgio de Herodes, de Nossa Senhora do Castelo, do Juízo de Deus e da maldição de Ródão. (v. SOROMENHO, 1965.)
(3). — SOROMENHO, Paulo Caratão, 1965, Lendário Rodanense, Revista de Portugal, série A, vol. XXX, pp. 430-447; HENRIQUES, Francisco, 1974, Património Artístico Ignorado — Lendas, Portas de Ródão, 25 de Setembro, Vila Velha de Ródão.
(4). — O despenhamento está também presente nas festividades de Monsanto da Beira. Sacrifícios com despenhamento estão presentes em cultos mediterrânicos como é o caso de Prantos de Adónis (v. Moisés Espírito Santo, 1993, Origens do cristianismo Português, Instituto de Sociologia e Etnologia das Religiões, Universidade Nova de Lisboa, Lisboa, p. 225.).
Nota nossa:
É óbvio que no tempo do rei Wamba os mouros ainda não estavam presentes neste espaço do território português. Que a lenda refira uma rainha D. Urraca é bem mais verosímil e bem melhor aceite como ficção histórica.
Até breve.
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