quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Autores e Obras citados de 1.Novembro.2008 a 30.Dezembro.2008.

Monge escrivão da Idade Média.


(a Autores e a Obras anteriormente referenciados, apenas se lhes citam os nomes e respectivos títulos.)


A. Vieira d’Areia, O Processo dos Templários, Livraria Civilização — Editora, Porto, s/d (1947);
Aarão de Lacerda, Arte em Portugal nos séculos XII, XIII e XIV, História de Arte em Portugal, Vol. I, Portucalense Editora, Porto, 1942;
Amélia Aguiar Andrade, Percursos Vividos, Percursos Conhecidos nos Núcleos Urbanos Medievais, Estudos de História e Arte — Homenagem a Artur Nobre de Gusmão, Edições Vega, Lisboa, 1995 (retirado da Web);
Alexandre Herculano, História de Portugal, Desde o começo da monarquia até o fim do reinado de Afonso III, Tomo I, Livro II; Vol. IV, Livro VIII, Parte I;
António Borges Coelho, Portugal na Espanha Árabe, Vol. 2, Editorial Caminho, Lisboa, 1989;
António Quadros, O projecto áureo ou o Império do Espírito Santo, Portugal, Razão e Mistério, Livro II, Guimarães Editores, Lisboa, 1987;
fr. Bernardo da Costa, História da Militar Ordem de Nosso Senhor Jesus Cristo;
Carl Erdmann, A ideia de Cruzada em Portugal, Publicações do Instituto Alemão da Universidade de Coimbra, Coimbra, 1940;
David Lopes, O Cid Português — Giraldo Sem Pavor, pp. 124 a 127, separata da Revista Portuguesa de História;
Edrisi, Geografia, Vol. 2;
Ernesto José Nazaré A. Jana, Tomar e seu Termo no séc. XII;
Francisco Costa, O Paço Real de Sintra, Sintra, 1980;
Gabriel Fournier, Le Chateau dans la France Médiévale. Essai de Sociologie Monumentale. Paris, 1978;
Heinrich Schæffer, História de Portugal, Vol. I;
Hugh Kennedy, Os Muçulmanos na Península Ibérica, História política do al-Andalus;
Isabel Morgado, Soure: uma mui antiga terra da Estremadura, S. I., Comissão Nacional para as Comemorações dos descobrimentos Portugueses e Câmara Municipal de Soure, 1996;
Jaquelina Félix e Sónia Barros, Modelos de Escola na Idade Média (retirado da Web);
[http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/opombo/hfe/momentos/modelos/index.htm];
fr. Joaquim de Santa Rosa de Viterbo, Elucidário, Tomo II;
José Manuel Capêlo, Portugal templário, Relação e sucessão dos seus Mestres [1124-1314], A presença templária em Portugal;
José Manuel Vargas, O património das Ordens Militares em Lisboa, Sintra e Torres Vedras, segundo uma inquirição do reinado de D. Afonso II, Ordens Militares: guerra, religião, poder e cultura — coordenação de Isabel Cristina F. Fernandes —, Vol. 2, Edições Colibri/Câmara Municipal de Palmela, Lisboa, 1999;
Juan G. Atienza, Monjes y Monasterios Españoles en la Edad Media, Ediciones Temas de Hoy, Madrid, 1994;
Leonor Correia de Matos, A Ordem de Cister e o Reino de Portugal, Fundação Lusíada, Lisboa, 1999;
Lévi-Provençal, Códice de Albaidac, in Documents inédits d’histoire almohade, tradução de David Lopes;
Luís de Figueiredo Falcão, Livro em que se contém toda a Fazenda…, ed. 1859;
M. Osório, O castelo de Almourol, Revista de Engenharia Militar, 1896-1897;
Manuel Sílvio Alves Conde, Tomar Medieval;
Maria Teresa Acabado, Inventário de Compras do Real Mosteiro de S. Vicente de Fora (Cartulário do Séc. XIII), Coimbra, 1969, doc. 53;
Mário Jorge Barroca,
Do castelo da Reconquista ao castelo Românico (séc. IX a XII), Portugália, Nova Série, Vol. XI-XII;
A Ordem do Templo e a Arquitectura Militar Portuguesa do Século XII;
Michel Fixot, Notes sur la genèse du Château Roman, Matériaux pour l’Histoire dês Cadres de Vie dans l’Europe Occidentale (1050-1250), Nice, 1984;
Nuno Villamariz Oliveira, Castelos da Ordem do Templo em Portugal, 1120-1314, Vol. I;
Paulo Alexandre Loução, Os Templários na Formação de Portugal;
Pinharanda Gomes, A Regra Primitiva dos Cavaleiros Templários;
Régine Pernoud, Os templários;
Saul António Gomes, As Ordens Militares e Coimbra medieval: tópicos e documentos para um estudo, Ordens Militares: guerra, religião, poder e cultura — — coordenação de Isabel Cristina F. Fernandes —, Vol. 2, Actas do III Encontro sobre Ordens Militares. Lisboa, Edições Colibri/Câmara Municipal de Palmela, Lisboa, 1999;
Rodrigo Jiménez de Rada, D., Historia de los hechos de España — edição de Juan Fernández Valverde —, Alianza Universidad, Madrid, 1984;


Outros:

A. N. T. T. (Arquivo Nacional da Torre do Tombo);
Códice de Albaidac, Documents inédits d’histoire almohade, publicados por Lévi-Provençal, tradução de David Lopes;
Crónica Latina dos Reis de Castela, edição de Luís Charlo Brea, §10;
D. M. P. (Documentos Medievais Portugueses), Docs. Régios I;
Documentos de D. Sancho I (1174-1211), vol. I, 1979, doc. 104.
História de Portugal em Datas — coord. de António Simões Rodrigues — Círculo de Leitores, Lisboa, 1994;
Livro dos Mestrados;
Monumenta Henricina, Vol. I, p. 6, nota 5 — direcção de A. J. Dias Diniz e Comissão Executiva das Comemorações do V Centenário da Morte do Infante D. Henrique;
Ordem de Cristo, livro 232, fl. III-IIIv, Arquivo Nacional da Torre do Tombo (ANTT);
Reservados, Biblioteca Nacional de Lisboa (BNL), cod. 8533, fl. 3;
Tesouros Artísticos de Portugal (coordenação de José António Ferreira de Almeida), Selecções do Reader’s Digest, Lisboa, 1982.

Até breve

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Sobre Elvas. IV.

Do que deixámos publicado, pode–se concluir que Elvas não foi conquistada, fosse em 1226, 1227, 1228 ou sequer em 1229, como equivocadamente nos contam os compêndios de historiografia ou de análise histórica até agora publicados, mas, na realidade, ocupada nos meses finais de 1230, já que a maioria dos seus habitantes, ao fugirem, durante a tarde e a noite desses dois ou três dias em que o puderam fazer, deixaram escancaradas — conforme lhes tinham dito para fazer — as portas do castelo (alcáçova) e da medina às forças cristãs que, entretanto, se aproximavam. Essas forças eram constituídas, na sua grande maioria, por hostes das quatro Ordens militares existentes no reino de Portugal: Hospital, Santiago, Templo e Avis (Calatrava).
Esta ocupação deu-se muito provavelmente nos meses finais desse ano: entre Setembro e Novembro. E a outorga do foral à cidade foi concedida então pela vontade de D. Sancho II, em Novembro ou Dezembro, senão mesmo num dos meses da primeira metade de 1231.
No entanto, há que referir que uma pequena parte da população almohada de Elvas permaneceu, aceitando as regras e leis dos novos ocupantes cristãos. Foram eles, na sua maioria, comerciantes, artífices e mestres dos ofícios com as suas respectivas famílias.
O castelo de Juromenha foi ocupado cerca de um mês depois, nas mesmas condições.

Pedro Alvites
Até breve e um Bom Ano.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Controle de territórios.

E como não entrever nos Templários o exercício de um controle de territórios e caminhos ribatejano-estremanhos dominados pelos eixos do Tejo e do Zêzere ou, mesmo, das serranias alto-beirãs por onde passavam significativos fluxos comerciais entre Castela-Leão e Portugal?
[Saul António Gomes, As Ordens Militares e Coimbra medieval: tópicos e documentos para um estudo, Ordens Militares: guerra, religião, poder e cultura, Vol. 2, pp. 44-45.]

Até breve.

domingo, 28 de dezembro de 2008

A Idade Média.

Mapa da Europa: divisão do Império Romano.

A Idade Média divide-se em duas etapas bem distintas: a alta Idade Média, que vai da formação dos reinos germânicos, a partir do século V, até a consolidação do feudalismo, entre os séculos IX e XII; e a baixa Idade Média, que vai até ao século XV, caracterizada pelo crescimento das cidades, a expansão territorial e o florescimento do comércio.
[retirado da Web, de um trabalho realizado por Jaquelina Félix e Sónia Barros — http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/opombo/hfe/momentos/modelos/index.htm.]
Até breve.

sábado, 27 de dezembro de 2008

O turista medieval.

O forasteiro que percorria qualquer vila ou cidade medieval levava da paisagem urbana uma imagem efémera e parcial. Era demasiado curto, com efeito, o tempo que gastava a calcorrear o caminho que ligava a porta por onde entrara à que escolhera para sair. E certo que não ficava indiferente ao protagonismo da muralha e, se os seus olhos conseguiam apartar-se dos tabuleiros repletos de tentadoras mercadorias que ladeavam o seu percurso, reconhecia a muralha, o castelo, os campanários que anunciavam a presença de igrejas e/ou mosteiros ou os pormenores arquitectónicos que caracterizavam uma residência de prestígio.
Se porventura a sua estada se prolongava por mais algumas horas ou dias tomava contacto com outras artérias. Exactamente aquelas que o conduziam a locais e/ou edifícios de utilização pública — o mercado, a estalagem, a igreja, o paço do concelho, entre outros —, destinos mais frequentes das suas deslocações a um núcleo urbano
.
[Amélia Aguiar Andrade, Percursos Vividos, Percursos Conhecidos nos Núcleos Urbanos Medievais, Estudos de História e Arte — Homenagem a Artur Nobre de Gusmão, Edições Vega, 1995].

Até breve.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Propriedades em Sintra.

A origem das propriedades da Ordem do Templo em Sintra remonta a 1156 ou 1157, quando D. Afonso Henriques doou ao Mestre Gualdim Pais casas e herdades naquela vil (1). A inquirição de 1220 descreve esses bens, referindo, em Sintra, umas boas casas, tendas, duas vinhas, uma almoinha e um moinho de água. No termo, indica em Almosquer, um pomar, em Maceira (Manzanaria, no original), uma boa granja com quatro casais, no Vimieiro, uma herdade, em Almoçageme, outra herdade, na Adraga, outra, e em Revanque (2), outra com dois casais. Todo este património veio a integrar a chamada bailia do Templo em Sintra, cujos bens foram doados em 1267 a D. João Peres de Aboim, voltando à Ordem após a sua morte (1284 ou 1285) (3).
[José Manuel Vargas, O património das Ordens Militares em Lisboa, Sintra e Torres Vedras, segundo uma inquirição do reinado de D. Afonso II, Ordens Militares, Guerra, Religião, Poder e Cultura — coordenação de Isabel Cristina F. Fernandes —, Vol. 2, p. 111.]

Notas do Autor:

(1). — A. N. T. T. (Arquivo Nacional da Torre do Tombo), Livro dos Mestrados, fl. 66v, publ. D. M. P. (Documentos Medievais Portugueses), Docs. Régios I, doc. 257.
(2). — Na demarcação das paróquias de Sintra, em 1253 (publ. Francisco Costa, O Paço Real de Sintra, Sintra, 1980, pp. 57-59), é referida a herdade dos Templários em Revanque.
(3). — Francisco Costa, op. cit..

Até breve.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

D. Afonso Henriques e a Ordem do Templo.

Apesar de Afonso Henriques pertencer à irmandade desde 1126, (1) teria posto certas condições à instalação e fixação da Ordem no território, quando foi eleito ou se tornou rei.
Privilégios e isenções de tal latitude e de tal importância teriam feito perigar e haveriam prejudicado facilmente o trono, se a sábia circunspecção dos monarcas portugueses não houvesse, ao mesmo tempo, imposto umas certas obrigações e marcado os limites que àquelas as contrabalançavam salutarmente.
1) Combater os mouros e coadjuvar o rei na guerra contra os infiéis era o primeiro dever dos templários, quando os soberanos ou mesmo os particulares lhes cediam terrenos.
2) Em tempos de guerra, tinham eles próprios de custear a despesa, não recebendo soldo algum do rei; eram, pelo contrário, obrigados, quando o rei ou os seus filhos e ricos-homens passassem pelos seus territórios, a dar-lhes hospedagem e alimento.
3) Sem permissão expressa do rei, não podiam enviar nada dos seus bens ao Mestre da Ordem, com sede na Palestina.
4) Não lhes era permitido dispor livremente das suas propriedades; assistia, porém, ao rei o direito de dispor delas e concedê-las a seus filhos ou outros cavaleiros do reino que tivessem prestado maiores serviços.
5) O Mestre português da Ordem só pode ser eleito com assentimento do rei; também, não podia sair do reino sem permissão do soberano; quer fosse para uma cruzada à Palestina, quer afim de ir à Andaluzia ou a Granada, para auxílio do rei de Castela. Quando se concedia ao Mestre da Ordem o afastar-se, para tais fins, devia deixar um substituto, que o soberano possuía o direito de determinar.
6) Quando, alguma vez, se elegesse um Mestre da Ordem, na Palestina, para Portugal, ele não podia exercer o lugar sem a confirmação régia.
7) Os Mestres da Ordem, eleitos, tinham de prestar homenagem ao rei e ao príncipe e de jurar reconhecê-lo como seu senhor, depois do falecimento do pai.
8) Os Mestres portugueses da Ordem só podiam admitir portugueses na mesma.
9) Só era permitido aos cavaleiros o reunirem em capítulo no lugar designado pelo soberano, e só na presença de um enviado da coroa, que o rei para isso determina.
Os monarcas portugueses não só tiveram o bom senso de aproveitarem os braços poderosos e os homens empreendedores, enviados, pelos outros soberanos e países, à conquista e defesa do Santo Sepulcro, na protecção do próprio lar e na ampliação das fronteiras do reino, dando, assim, à inclinação irrisória da época, uma direcção benéfica para Portugal; como trataram também que a cavalaria portuguesa, destinada a escudo do trono e da pátria, não se tornasse numa arma ofensiva contra eles, e que este poderoso e santo elemento do Estado não degenerasse em prepotente e perigoso. Vigiavam igualmente que as condições sob que foram admitidos os templários e sob que lhes faziam cedência de terrenos, assim como a esfera em que estava circunscrito o seu poder, fossem sempre respeitados pelas Ordens. Eles faziam regularmente uso dos direitos senhoriais que tinham reservado à coroa; puniam qualquer violação desse jus e exerciam mesmo, segundo parece, algumas vezes, semelhantes direitos só com o fim de os conservar sempre em vigor. Mais de uma vez, os reis retiraram aos templários, que caíam no desagrado, os castelos e fortalezas que lhes estavam confiados, dando-os a outros, em que depositavam melhor confiança. D. Afonso III exonerou um templário, a quem o Mestre da Ordem entregara a guarda do forte de Castelo Branco e colocou outro em seu lugar. D. Dinis procedeu de igual forma com alguns domínios e castelos da Ordem, unicamente, segundo se antolha, para não perder o direito, pela cessação de exercício.
(2)
Se, na verdade, a Ordem sofreu estas restrições no nosso País, isso explica nunca se terem registado abusos. (3)
[José Manuel Capêlo, Portugal templário, Relação e sucessão dos seus Mestres [1124-1314], A presença templária em Portugal, pp. 64-65.]

Notas do Autor:

(1). — Na carta redigida em Guimarães, a 13 de Março de 1129 em que confirma e assina com o próprio punho a doação de Soure, D. Afonso Henriques, ainda como infante, faz saber: (...) esta doação faço (...) Eu, o ilustre infante D. Afonso (…) com a minha própria mão roboro esta carta.
(2). — Schæfer, ob. cit., pp. 307 a 310.
(3). — A. Vieira d’Areia, O Processo dos Templários, p. 100, Livraria Civilização — Editora, Porto, s/d [1947].

Até breve e Bom Natal.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Desenvolvimento de estruturas de exploração e povoamento.

Em torno de Soure (1), como das suas satélites Ega e Redinha, bem como junto a Pombal, os Templários desenvolveriam estruturas dominiais de exploração e de povoação do território, ali fundando casais, granja e aldeias, construindo as respectivas igrejas matriciais dos priorados isentos, bem como algumas outras ermidas e infra-estruturas de apoio à defesa do território, bem como de viajantes e de peregrinos.
[Saul António Gomes, As Ordens Militares e Coimbra medieval: tópicos e documentos para um estudo, Ordens Militares: guerra, religião, poder e cultura, Vol. 2, p. 49.]


Nota do Autor:

(1). — Além da bibliografia citada em anteriores notas sobre Soure, consulte-se o estudo de Isabel Morgado, Soure: uma mui antiga terra da Estremadura, S. I., Comissão Nacional para as Comemorações dos descobrimentos Portugueses e Câmara Municipal de Soure (1996).

Até breve.

domingo, 21 de dezembro de 2008

Território de Ceras.

Apossados os templários do território de Ceras, procuraram logo um sítio acomodado para nele estabelecerem a capital da sua Ordem nesta monarquia, e o acharam no lado esquerdo do rio Thomar, e sobre as ruínas, já quase imperceptíveis, da famosa Nabância. Ali fundaram a primeira igreja com o título de Santa Maria do Olival, onde era tradição existira antigamente um mosteiro, e imediato a ela fundaram o seu principal convento, que existiu até que foram extintos.
[fr. Joaquim de Santa Rosa de Viterbo, Elucidário, Tomo II, p. 591.]

Até breve.

sábado, 20 de dezembro de 2008

1223.

D. Sancho II.

Morre D. Afonso II, sucedendo-lhe D. Sancho II, nascido em Coimbra, em 1209. Filho de D. Afonso II e D. Urraca, neto do rei de Castela Afonso VIII. Tinha 13 anos e de acordo com o testamento paterno ficaria até à idade de governar (14 anos) sob tutela dos grandes senhores: chanceler Gonçalo Mendes, o mordomo-mor Pedro Anes e o deão de Lisboa, Mestre Vicente. Estas personalidades levaram o jovem monarca a reconciliar o poder real com a igreja.
[História de Portugal em Datas — coord. de António Simões Rodrigues —, p. 35.]

Até breve.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Soure: doação de 1128.

(…) em 1128, o castelo de Soure continuava a carecer de uma actuação mais decidida. É, pois, neste panorama que deverá ser enquadrada a entrega de Soure aos Templários. Assim o que era doado aos Templários em Março de 1128 não era um castelo e território «apetecíveis» mas, pelo contrário, uma área destruída por eventos de um passado recente, mal povoada e com carência de estruturas defensivas. O que se lhes pedia era, portanto, tarefa ingrata, em zona instável e de fronteira.
[Mário Jorge Barroca, A Ordem do Templo e a Arquitectura Militar Portuguesa do Século XII, p. 173.]

Até breve.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Lisboa em 1147.

Lisboa medieval, na altura da conquista de 1147.
Reconstituição de Carlos Alberto Santos.


O âmbito da cidade era o actual castelo, defendido por um muro circular torreado, de cujo exterior partiam lateralmente duas muralhas, que, fazendo volta por nascente, se iam encontrar na orla do Tejo, exactamente à beira da água. A área intermédia devia abranger os actuais bairros de Alfama e Ribeira velha; espaço que mal compreenderíamos como pudesse conter população avultada, se uma testemunha ocular da conquista de Lisboa não nos subministrasse os meios de explicar, ao menos até certo ponto, esse facto. Os edifícios eram por tal modo apinhados que, exceptuando os bazares ou mercados, seria difícil achar uma rua ou passagem que tivesse mais de oito pés de largo. Além disso, em todo o circuito de muros e contíguos a estes havia uam espécie de vastos subúrbios, cujo avesso era talhado a pique, e por tal modo dificultoso de entrar que cada um podia considerar-se como um castelo ou baluarte.
[Alexandre Herculano, História de Portugal, Desde o começo da monarquia até o fim do reinado de Afonso III, Tomo I, Livro II, p. 493.]

Até breve.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

A Borgonha.

Talvez a relação do condado portucalense com a Borgonha explique o facto enigmático de a Ordem do Templo já estar instalada [em Portugal], pelo menos, dois anos antes da sua oficialização pelo clero romano, em 1128.
[Paulo Alexandre Loução, Os Templários na formação de Portugal, p. 108, Esquilo, 2ª Edição, Lisboa, 1999.]

Até breve.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

O Papa e a extinção da Ordem.

Antes, porém, pela bula Vox in excelso, submetida ao Concílio de Viena, a 3 de Abril de 1312, o Papa extinguiu a Ordem do Templo, sem contudo se pronunciar pela sua condenação canónica. Decerto devido às irregularidades do processo. A bula Ad providam fez conhecer a decisão a todo o mundo cristão.
[António Quadros, O projecto áureo ou o Império do Espírito Santo, Portugal, Razão e Mistério, Livro II, p. 124, Guimarães Editores, Lisboa, 1987.]
Até breve.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

A Cruzada na Península Ibérica.

Combate entre muçulmanos e cristãos na Península Ibérica.

A noção de cruzada, essa grande aventura da fé, entrou na Península Ibérica [Hespanha] com os freires da Ordem de S. Bento (1). Começa na Catalunha — bem antes que em Leão, Castela, Navarra ou Portugal (2) — com o beneplácito de bispos e abades. Foi o papa Alexandre II [1061-1073], um clunicense, quem primeiro [com gritados e incessantes apelos aos ainda incipientes e mal definidos reinos hispânicos] fez acordar e proclamar a necessidade duma guerra santa, e quem, com a ajuda inestimável desta Ordem religiosa, se lançou a conceder indulgências a quem nela participasse. Muitos cavaleiros europeus, sobretudo franceses e alemães, chegaram a Aragão para contribuir para a conquista de Barbastro [1064], confiantes que, nestas empresas guerreiras, as promessas de salvação das suas almas se concretizassem. Era este o espírito que vigorava, verdadeira e conscientemente, em todas as mentes da Idade Média.
Toledo foi conquistada [1065]
(3) por Fernando I, o magno, sendo nomeado seu primeiro arcebispo, o francês Bernardo, um clunicense, enviado a Castela pelo [4º] abade (S.) Hugo [†1109], sucessor de (S.) Odilón. Entretanto, poucos anos mais tarde [c. 1092], chegam à corte do rei Afonso VI, de Leão e Castela, os condes Raimundo e Henrique da Borgonha.
Por outro lado, o papa Urbano II [1088-1099],
(4) depois do sermão feito no concílio de Clermont [1095], aconselhou os cruzados de toda a Hespanha a que não fossem para a Terra Santa, fazendo menção [e caso!] de que eles tinham a própria cruzada em casa e que não lhes fazia falta nenhuma participarem em igual aventura no Oriente Médio. Chegou mesmo a proibi-los de tal. No entanto, muitos deles, parecendo esquecer a palavra do Sumo Pontífice, demandaram a Palestina.
Desta maneira, diríamos quase simplista — podendo afirmar-se que verdadeiramente imbuída com o espírito de cruzada — começa a Reconquista na Península Ibérica. Não só o exército real e os dos senhores feudais, mas a Igreja em armas, no terreno, eram disso prova.
A guerra contra o Islão toma foros de sagrada com o primeiro cerco de Saragoça [1101] — grande feudo moçarábico da Península — com o rei Pedro I de Aragão [c. 1072-1104], o primeiro monarca hispânico que tomou o nome de rei cruzado. No entanto, este rei teve que abandonar o intento sem conseguir o seu objectivo. Foi só quando seu irmão Afonso I, o batalhador [1073-1134], subiu ao trono [1104], que tal se verificou. Em 1118, depois de reunido o concílio de Tolosa, com religiosos de ambos os lados dos Pirinéus, acordou-se conferir à tomada daquela cidade
(5) o carácter religioso com que se tinha iniciado dezassete anos antes. Assim, a nova campanha deixou de ser apenas aragonesa, desde o momento em que se comprometeram nela cavaleiros e vilãos de todo o território peninsular, diante dos quais marchavam os seus respectivos bispos e muito monges, que deram provas de inaudito arrojo e intervindo activamente nos combates.(6)
[José Manuel Capêlo, Portugal templário, Relação e sucessão dos seus Mestres [1124-1314], A presença templária em Portugal, pp. 45-46.]

Notas do Autor:

(1). — Beneditina ou de Cluny.
(2). — Obviamente que, nesta altura, Portugal não existia como reino.
(3). — Naqueles dias Toledo era a cidade santa da Península, a versão hispânica de Jerusalém. [Juan G. Atienza, Monjes y Monasterios Españoles en la Edad Media, p. 328, Ediciones Temas de Hoy, Madrid, 1994.]
(4). — Foi mais tarde beatificado.
(5). — Foi conquistada a 18 de Fevereiro de 1118.
(6). — Juan G. Atienza, ob. cit., pp. 326-327.


Até breve.

domingo, 14 de dezembro de 2008

Ideologia de guerra.

É indesmentível que, de início, todas as Ordens Militares se apresentavam debaixo de uma ideologia unanimemente centrada na luta contra os sarracenos e na recuperação dos antigos e santos lugares da Cristandade. Ideologia que S. Bernardo bem incorporou no seu Elogio da Nova Milícia (1), propondo não só a justificação moral de uma guerra santa contra os inimigos da Cruz, como sobretudo um modelo ético e perfectível que impressionava os candidatos às honras da cavalaria e da nobreza, particularmente sedutora para aqueles numerosos iuvenes que nada herdavam das avoengas familiares nobiliárquicas.
[Saul António Gomes, As Ordens Militares e Coimbra medieval: tópicos e documentos para um estudo, Ordens Militares: guerra, religião, poder e cultura, Vol. 2, pp. 44-45.]

Nota do Autor:

(1). — Liber as Milities Templi De Laude Novae Militae, redigido entre os anos de 1130 e 1136 e dedicado a D. Hugo, Mestre da Ordem do Templo. Publicado com tradução em Obras Completas de San Bernardo. I. Introducción General y Tratados, Madrid, BAC, 1993, pp. 494 e ss.

Até breve.

sábado, 13 de dezembro de 2008

A acção dos Templários em Portugal: seus inícios.

A acção dos Templários, nos seus momentos iniciais em Portugal, que as fontes documentais régias elucidam com assinalável escassez e em manifesta parcimoniosa atitude, deve ter-se pautado por um considerável conjunto de insucessos. Não conseguiram, por exemplo, evitar a destruição de Soure por 1144 e o aprisionamento do conhecido presbítero Martinho, que a tradição portuguesa consagraria como santo. Por outro lado, conhece-se a sua presença activa na defesa da fortaleza de Leiria, povoação nova fundada por D. Afonso Henriques, em 1135, mas que as Milícias cristãs parecem não ter conseguido defender com pleno êxito, não evitando mesmo alguns desagradáveis cercos e a perda da fortaleza aquando de algumas incursões sarracenas após-1135 (1).
[Saul António Gomes, As Ordens Militares e Coimbra medieval: tópicos e documentos para um estudo, Ordens Militares: guerra, religião, poder e cultura — — coordenação de Isabel Cristina F. Fernandes —, Vol. 2, p. 49, Actas do III Encontro sobre Ordens Militares. Lisboa, Edições Colibri/Câmara Municipal de Palmela, Lisboa, 1999.]

Nota do Autor:

(!). — Seja-me permitido remeter, sobre este assunto, para o meu estudo “Presença das Ordens Militares na Região de Leiria (Séc. XII-XV)”, As Ordens Militares em Portugal e no Sul da EuropaActas do II Encontro Sobre Ordens Militares, Lisboa, Edições Colibri/Câmara Municipal de Palmela, 1997, pp. 143-204.
Até breve.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Propriedades em Lisboa.

Os bens dos Templários em Lisboa tinham sido confirmados por Bula de Urbano III, em 22 de Maio de 1187, que referia a «casa de Lisboa com todas as suas pertenças» (1), sem especificar de que propriedades se tratava. A inquirição de 1220 assinala, na freguesia de Santiago, umas boas casas com seu curral e outras duas casas, e, em Santo Estêvão, três tendas, lagares de azeite, e parte em casas e lagares de vinho. Nesta freguesia, temos uma notícia anterior, de 1200, de uma casa dos freires do Templo (2).
Nos limites do termo da cidade, os Templários detinham propriedades em Arroios (uma vinha), Lumiar (uma boa granja com dois casais), Malapados, perto de Chelas (vinha), Odivelas (granja com dois moinhos), Trigache (peça de herdade) e em Alpriate (3) (granja com salinas). Referências anteriores conhecidas, só para a vinha da Concha, mencionada em documento de 1197 (4)
[José Manuel Vargas, O património das Ordens Militares em Lisboa, Sintra e Torres Vedras, segundo uma inquirição do reinado de D. Afonso II, Ordens Militares: guerra, religião, poder e cultura — coordenação de Isabel Cristina F. Fernandes —, Vol. 2, p. 111, Edições Colibri/Câmara Municipal de Palmela, Lisboa, 1999.]

Notas do Autor:

(1). — Carl Erdman, Papsturkunden in Portugal, Berlin, 1927, doc. 118.
(2). — Maria Teresa Acabado, Inventário de Compras do Real Mosteiro de S. Vicente de Fora (Cartulário do Séc. XIII), Coimbra, 1969, doc. 53.
(3). — A comenda da Granja de Alpriate, em 1600, foi avaliada em 200 mil réis (Luís de Figeiredo Falcão, Livro em que se contém toda a Fazenda…, ed. 1859).
(4). — Documentos de D. Sancho I (1174-1211), vol. I, 1979, doc. 104.

Até breve.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

S. Teotónio.

A veneração do primeiro rei português pelo prior der Santa Cruz, a quem pedia a bênção e lhe beijava a mão de joelhos, parece advir da integridade moral do cónego, amplamente reconhecida pela sociedade do seu tempo, e porventura pelo apoio que este lhe prestou à sua causa. A importância desta figura — que o papa Alexandre III canonizou, em 1163, um ano após a sua morte — e desta ordem religiosa, pode explicar o facto de, por um lado, no testamento de D. Afonso Henriques, Santa Cruz de Coimbra vir a beneficiar do dobro da quantia que o rei destinara para Alcobaça e para as catedrais de Coimbra, Porto, Viseu, Lamego e Évora, e, por outro, como vimos anteriormente, ter sido no mosteiro coimbrão que o rei se fez sepultar.
[Nuno Villamariz Oliveira, Castelos da Ordem do Templo em Portugal, 1120-1314, Vol. I, p. 48.]

Até breve.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

D. Sancho I.

Falecia, a 6 de Dezembro (1185), D. Afonso Henriques subindo ao trono D. Sancho I que seria aclamado rei três dias depois, em Coimbra. D. Sancho I prosseguirá a política do pai no reforço da defesa fronteiriça e, também, no recomeço da ofensiva. É de destacar o esforço realizado para atrair habitantes às regiões conquistadas, atribuindo cartas de foral de forma a consolidar o repovoamento.
[História de Portugal em Datas — coord. de António Simões Rodrigues —, p. 31.]

Até breve.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

D. Julião Pais.

Julião Pais era nomeado (1182), por D. Afonso Henriques, chanceler-mor. A este funcionário da cúria régia, estava confiado o selo real com que eram autenticados os diplomas régios. O chanceler tinha funções muito amplas, controlando os diversos funcionários administrativos e ocupando a chefia da magistratura. Tendo origem no reino de Leão, insere-se na progressiva organização e implantação da máquina administrativa do poder.
[História de Portugal em Datas — coord. de António Simões Rodrigues —, p. 30, Círculo de Leitores, Lisboa, 1994.]

Até breve.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Empréstimos.

A Ordem exerce paralelamente, tanto no Oriente como no Ocidente, para além das suas habituais funções religiosas e guerreiras, uma outra: a de banca. Os empréstimos eram não só concedidos a reis, a parte de uma nobreza poderosa e competitiva, como a uma burguesia que começava a mostrar-se, e a posicionar-se no reino, ainda que timidamente. Uma outra nobreza, paralelamente — por enquanto não tão poderosa e sustentada, mas a tornar-se já capaz, por si própria — numa intentada doação de terras à Ordem, procurava a sua filiação nesta. Por vezes, conseguia-o. As razões eram fortes, até porque o poder do dinheiro ou das doações criara e sustentara as diferenças. Exactamente por isso, tanto de dinheiro emprestado quanto de filiação recusada, nasceram rancores e ódios ocultos. A teia tecida por algumas aranhas iria provocar uma outra bem maior, na sua plena e mais perfeita forma, precisamente dentro de um século.
[José Manuel Capêlo, Portugal templário, Relação e sucessão dos seus Mestres [1124-1314], A presença templária em Portugal, p. 104.]

Até breve.

domingo, 7 de dezembro de 2008

D. Fernão Mendes, o braganção.

Depois do Castelo de Soure, os Templários receberam das mãos de um particular — o cunhado de D. Afonso Henriques, D. Fernão Mendes de Bragança — três castelos: Penas Róias e Mogadouro, a Norte do Douro, e o castelo de Longroiva, a Sul deste Rio. A doação do Castelo de Longroiva foi assinada em 10 de Junho de 1145 e os outros dois castelos devem ter sido entregues sensivelmente por essa altura.
[Mário Jorge Barroca, A Ordem do Templo e a Arquitectura Militar Portuguesa do Século XII, p. 186.]
Até breve.

sábado, 6 de dezembro de 2008

Tomar medieval.

castelo de Tomar. Vista aérea.

Porém, terminada a Reconquista, o dispositivo defensivo tomarense ficava distante das fronteiras e ia-se tornando desinteressante e militarmente obsoleto. A alcáçova acabaria por ceder lugar aos Paços Mestrais e ao Convento. Quanto à Almedina, desde muito cedo insuficiente para conter os efectivos populacionais que serviam Tomar, seria suplantada pelo antigo arrabalde.
[Manuel Sílvio Alves Conde, Tomar medieval, p. 72.]

Até breve.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Yahyā n. Ali n. Ghānīya.

Este período vê também surgir uma nova força entre os almorávidas do al-Andalus, os Banū Ghānīya. Yahyā n. Ali n. Ghānīya era membro da casa dominante pelo lado materno, sendo a sua mãe parente de Yūsuf n. Tashfin, enquanto que o pai era um chefe da tribo Massūfa. Pode ter sido este séquito tribal que lhe permitiu dar novo ânimo às forças almorávidas. A família surge primeiro em 1226/7, quando o irmão de Yahyā, Muhammad, era governador das ilhas Baleares, que permaneceriam sob o domínio dos Banū Ghānīya até à conquista almóada de 1203. Yahyā foi governador de Múrcia antes de 1133, altura em que o transferiram para Valência a fim de ajudar a combater a ameaça de Aragão. Em 1134, comandou as forças muçulmanas na batalha de Fraga (1) e em 1136 ele e o governador de Fraga, Sa‘d n. Mardanīsh, conquistaram Mequiñenza, repondo, assim, a posição muçulmana no Baixo Ebro. Yahyā terá permanecido no Levante até 1143 ou 1144, altura em que foi transferido para Sevilha para fazer face à crescente ameaça de rebelião de Ibn Qasi no Algarve.
[Hugh Kennedy, Os Muçulmanos na Península Ibérica, História política do al-Andalus, pp. 211-212.]

Nota pessoal:

(1). — Onde foi morto e desapareceu o rei Afonso I, de Aragão, o conquistador
.
Até breve.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

A morte espera em Drá.


Depois o príncipe dos crentes (Iúçufe que estava em Sevilha) partiu para a cidade de Marraquexe e levou com ele o cristão chamado Guerando (Giraldo) que mandou residir para o Suz (cuja capital é Tarudante e onde está Agadir) com o seu senhorio. Foi daí que ele escreveu para Lisboa a Ibn Anrike para lhe dizer as condições favoráveis em que se achava ali, junto do mar, e acrescentava: «Se te parecer, manda navios armados para te apossares deste país porque podes contar comigo.» Mas o portador desta missiva foi preso e o príncipe dos crentes mandou a Guerando que viesse falar-lhe à cidade de Marraquexe. Assim foi. Ao mesmo tempo o califa dava a seguinte ordem ao governador de Drá (país a leste do Suz), chamado Muça ibn Abd Açamade: «Quando vos enviarmos Guerando e os seus partidários, reparti estes pelas tribos e a ele matai-o porque nós temos carta dele que mostra a sua traição.»
Depois disto o príncipe dos crentes convidou Guerando a ir para Drá, dizendo-lhe que lá estaria melhor que no Suz. Guerando cumpriu a ordem do califa e com ele foram 350 milicianos cristãos, seus partidários.
Chegados a Drá, Muça mandou-o matar como lhe ordenara o príncipe dos crentes. Sucedeu isto em 565 [24 de Setembro de 1169 a 12 de Setembro de 1170].
(1)
[António Borges Coelho, Portugal na Espanha Árabe, Vol. 2, p. 310, Editorial Caminho, Lisboa, 1989.]

Nota do Autor:

(1). — Códice de Albaidac, in Documents inédits d’histoire almohade, publicados por Lévi-Provençal, tradução de David Lopes, in obra citada (2). (Ibidem, p. 310, nota 2.)
(2). — O Cid Português — Giraldo Sem Pavor, pp. 124 a 127, separata da Revista Portuguesa de História.

Até breve.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

D. Afonso Henriques, S. Bernardo e o papa Inocêncio II.

Bernardo de Claraval

Estava S. Bernardo ocupado na lição dos Cantares e governo do seu mosteiro quando chegou de Portugal D. Pedro Afonso, meio-irmão de D. Afonso Henriques, trazendo consigo Frei Rolando, religioso de S. João de Tarouca “experto nas coisas de França” e um dos oito que S. Bernardo enviara de Claraval. São portadores de cartas do príncipe e do abade de Tarouca e nelas se relata a vitória de D. Afonso contra os mouros “por vontade divina”, como fora levantado rei por seus vassalos e como o monarca de Leão se mandara queixar ao Papa, dizendo não ser lícito a ninguém usurpar o título real, sendo vassalo de outro rei; e porque o negócio era importantíssimo, por dele poderem resultar guerras entre cristãos e por viverem entre mouros que então senhoreavam grande parte da Espanha, lhe pedia que negociasse com o papa Inocêncio II, junto de quem tinha tanto valimento, que lhe confirmasse o título real, ficando ele feudatário da Igreja e obrigado a pagar-lhe em cada ano certa quantia em moeda.
[Leonor Correia de Matos, A Ordem de Cister e o Reino de Portugal, pp. 27-28, Fundação Lusíada, Lisboa, 1999.]

Até breve.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Cavaleiros e confrades.

Uma quantidade de documentos que se conserva ainda hoje no arquivo de Tomar, desde a época da admissão dos templários em Portugal até ao fim do século XIII, mostra que homens e mulheres, casados e solteiros, se inscreviam na Ordem como Confrades, Familiares ou Donatos. Na Ordem chamavam-se Frades, Confrades ou quasi-Frades. Muitas viúvas de fidalgos entravam, para a Ordem, como Fradas ou Fratrissas (irmãs). Os iniciados faziam doação de parte dos seus bens, para custeio do seu sustento, que ficava sob a inspecção do Mestre da Ordem ou dos seus primeiros religiosos. Sem permissão dele ou deles, não podia tal quota-parte ser trocada, vendida ou gasta, de qualquer outra forma. Em caso de falecimento, este [um] tanto dos bens ficava sendo propriedade da Ordem; ou, se havia filhos, recebiam aqueles uma percentagem. Ninguém entrava de mãos vazias na associação da Ordem.
[Heinrich Schæfer, História de Portugal, Vol. I, pp. 66.]

Até breve.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Castelos de fronteira: Germanelo e Penela.


A instabilidade criada pelas frequentes incursões muçulmanas até aos campos de Coimbra, que justificou a iniciativa de d. Afonso Henriques de mandar edificar o castelo de Germanelo, ajuda também a compreender o aparecimento do foral de Penela em 1137. É também a mesma instabilidade que pode ajudar a explicar as múltiplas reformas que o castelo de Penela haveria de sofrer ao longo dos tempos, certamente ainda no reinado de D. Afonso Henriques e, conforme nos garantem algumas informações, em tempos sequentes.
[Mário Jorge Barroca, Do castelo da Reconquista ao castelo Românico (séc. IX a XII), Portugália, Nova Série, Vol. XI-XII, p. 107, Instituto Português de Arqueologia, Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Porto, 1990/91.]
Até breve.