quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Autores e Obras citados de 01.Dezembro.2009 a 30.Dezembro.2009.

Monge escrivão.

(a Autores e a Obras anteriormente referenciados, apenas se lhes citam os nomes e respectivos títulos.)

A. H. de Oliveira Marques, A Sociedade Medieval Portuguesa, (5ª. Edição), Ed. Livraria Sá da Costa, Lisboa, 1987;
Adeline Rucquoi, História Medieval da Península Ibérica;
Alexandre Herculano, História de Portugal, Desde o começo da monarquia até o fim do reinado de Afonso III, Tomo I, Livro I e Livro II;
António Brandão, fr., Crónica de D. Sancho I e D. Afonso II;
António José Saraiva, O Crepúsculo da Idade Média em Portugal;
Carlos de Ayala Martínez, Las ordenes militares hispânicas en la Edad Media (siglos XII-XV), Marcial Pons Historia/Latorre Literaria, Madrid/Arganda del Rey, España, 2007;
Edward Burman, Templários: os Cavaleiros de Deus;
Fernando de Almeida, D., Egitânia — história e arqueologia;
Hermenegildo Fernandes, D. Sancho II;
Joaquim de Santa Rosa de Viterbo, fr., Elucidário, Vol. II (B-Z);
José Carlos Sánchez Montero, Apogeu e Decadência, Prisão e Julgamento da Ordem do Templo, Codex Templi; José Manuel Capêlo, Portugal templário, Relação e sucessão dos seus Mestres [1124-1314], A presença templária em Portugal;
José Manuel Capêlo, As Sedes Templárias em Portugal, Castelo Branco, a Cidade-Capital Templária de Portugal: de 1215 a 1314;
Mário Jorge Barroca, Do vale do Mondego à reconquista definitiva de Lisboa (1147), Vol. 1, p. 41, Da Reconquista a D. Dinis, Nova História Militar de Portugal;
Saul António Gomes, Introdução à História do Castelo de Leiria;
Pedro Alvites.


Outros:

Crónica Geral de Espanha de 1344;
“Livros” de Linhagens;
“Matéria” de Bretanha
.

Até breve.

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Por aqueles dias...

Combates na Lusitânia.

No rimanço da memória, no tempo em que os cavaleiros eram bravos e expeditos, em que as correrias se faziam à brida e os combates rápidos à guisa de algaras, os homens lutavam pelo terreno e pela reconquista a que julgavam ter direito. E tê-lo-iam?!... As lanças e as espadas cruzavam os ventres, e o ar em volta, desferidos golpes e virotadas, enchia-se com os gritos dos aflitos a redobrarem-se de pasmo e dor, tanto quanto as vidas, que ali caíam, deixavam de ter qualquer valor, não representavam sequer misericórdia, nem sustentavam nenhum peso, mesmo para os que se rendiam. Fosse num campo, fosse no outro, achada ou consumada a vitória. Mantinha-se acesa a lei ígnea do combate, a ferocidade do vencedor, o saque do ouro nos corpos.

Por estes lados, terra de ninguém, mas ainda hoje terra duma beleza infinda, as correrias faziam-se mais pela primavera e pelo verão, altura em que, aos exércitos, era mais fácil transportar, a vau, os ribeiros e os rios, em que pequenas ilhotas se erguiam e faziam valer da firmeza da terra. Era por aqui, por estes lados onde a serrania de Segóvia se ergue, mesmo à minha frente, que as legiões romanas e os lusitanos de Sertório se enfrentaram em rituais de afronta e fingimento. Venceram os expeditos, talvez os menos temerosos — se é que medo havia em qualquer dos lados —, nos que fingiam retirada e se voltaram, à uma, para enfrentar e vencer os que corriam ululando, convencidos de que o inimigo retirava por pavor e por cansaço. Puro engano. “Nunca deves ou procures dar luta a um romano em campo aberto”, sempre o afirmara Sertório aos seus lugares-tenente, também eles romanos, também eles firmes no comando de lusitanos — esses bárbaros que tantos males e mortes lhes tinham causado —, como esse agitado e impetuoso Hirtuleius, que desde sempre acompanhara Sertório, mesmo antes que o general se pusesse na disposição de chefiar os irrequietos e insubmissos guerreiros, espalhados por toda uma meseta da Ibéria central, na luta que travavam contra Roma, e que se-lhe tornara o seu comandante favorito, que liderava a posição lusitana postada no alto daquele castro, e que não conseguiu antever, ou não soube entender, ou não soube lembrar, que as legiões de Lucius Metellus, as que se retiravam do campo da luta, depois de um longo cerco e de várias e infrutíferas arremetidas contra as defesas castrejas, o faziam por pura estratégia, mera conjuntura de guerra, arte ou forma para os conseguir atrair e apanhar em terreno aberto, táctica favorita desde sempre aplicada pelas legiões romanas, por forma a triturá-los sem remissão, nem apelo. Naquele dia de Julho, do ano de 75 a. C., no campo fronteiro ao monte majestoso de que fizeram morada, morto ou moribundo, ficou prostrado um dos últimos dos lusitanos.

Ao olhar o cerro de Segóvia, este maciço arredondado pela beleza da forma e pela singularidade do verde, distingo, perfeitamente nítidos, os ais dos aflitos e dos moribundos, os que, junto à minha mão, foram tragados pela terra e pela secular metamorfose das épocas. Oiço-os vindos das profundidades, do ventre das plantas e das árvores, do silêncio das arredondadas pedras de seixo, sinal, ou testemunho, de que também por aqui correra um rio rápido e sem sorte, que se extinguiu com a correria dos séculos e a alteração do clima. El Niño lhe chamam… À hecatombe!

Mas porque sempre me hei-de lembrar da fúria dos homens, do grito dos aflitos, do terror das legiões?!... Melhor fora que beijasse os leitos aos pouquíssimos rios ainda límpidos ou à terra enunciadamente sagrada que por estes lugares correm e se anunciam.
Melhor fora, como lembrança à nossa sobrevivência.
Pedro Alvites

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Dívidas reais.

Das avultadas somas emprestadas pela Ordem a D. Dinis, estas seriam pagas com os rendimentos de Idanha-a-Nova e Salvaterra do Extremo, para tal fim consignados em documento régio de 1310.
[José Manuel Capêlo, Portugal templário, Relação e sucessão dos seus Mestres [1124-1314], A presença templária em Portugal, p. 165 e nota 482.]

Nota do Autor:

(1). — O rei D. Dinis, em 1310, quando se desenrolava o processo contra os templários, conseguiu reaver Idanha-a-Velha, depois de uma série de discussões, não viesse a fortaleza passar para outro senhorio; tanto que fizera um acordo, nesse sentido, com o rei D. Fernando IV de Castela, onde eram englobados todos os bens da Ordem, tanto lá quanto cá. Foi mesmo mais longe. Os documentos que davam a velha cidade como pertença dos templários foram tidos por suspeitos. Idanha-a-Velha passa, assim, para a Ordem de Cristo, quando esta é criada. [Fernando de Almeida, D., Egitânia — história e arqueologia, pp. 76-78.]


Até breve.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

A fundação de um Reino. (VI)

É indubitável que as instituições da monarquia de que Portugal fizera até então parte contradiziam a sua separação perfeita e absoluta: era, portanto, necessário anulá-las para uma jurisprudência superior a elas. O povo, a cuja frente Afonso I se achava, não tinha, nem podia ter, um direito público diferente do leonês: este era o mesmo dos visigodos, segundo o qual a existência política do rei dependia em rigor da eleição nacional; e, na verdade, havia muitos anos que o jovem príncipe recebia dos seus súbditos o título de rei, posto que nenhum dos actos nos reste de uma eleição regular.
[Alexandre Herculano, História de Portugal, Desde o começo da monarquia até o fim do reinado de Afonso III, Tomo I, Livro I, p. 452.]

Até breve.

sábado, 26 de dezembro de 2009

Ocupação e povoamento. (IV)

Por inícios do século XIII, efectuou-se uma outra inquirição motivada pelas discórdias reinantes entre a Canónica coimbrã e o Bispo diocesano para as quais havia contribuído, consideravelmente, a passagem pela cátedra episcopal daquela cidade de D. Miguel Salomão e os favores por este prelado oferecidos ao cenóbio dos cónegos regrantes. As testemunhas de ambas as partes afirmam unanimemente que foi D. Afonso Henriques que promoveu o povoamento de Leiria: “Dominus rex populauit illam”, “dominus rex alfonsus populauit eam”, “populauit illam”, são expressões reafirmadas prontamente por todos. Precisamente porque não era essa a matéria de controvérsia. A fundação do castelo e o coevo povoamento do território envolvente era um acto bastante objectivo e claro nas mentes das testemunhas depoentes. As divergências surgiam a propósito da discussão sobre os direitos eclesiásticos nas igrejas leirienses, sobre o privilégio da consagração dos seus altares, da administração dos sacramentos ou da ordenação e apresentação de clérigos.
[Saul António Gomes, Introdução à História do Castelo de Leiria, p. 29.]

Até breve.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Besteiro.

Besteiro.

Soldado armado de besta e que com ela peleja. Ordinariamente, ervavam as setas, untando-as com ervas venenosas, principalmente com o helébero ou varatro negro que, por isso, em Portugal, lhe chamam erva besteira.
[Joaquim de Santa Rosa de Viterbo, fr., Elucidário, Vol. II (B-Z), p. 31.]

Até breve.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Fronteira entre Tejo e Guadalquivir. (III)

Do lado cristão, esses guerreiros são também compostos por efectivos permanentes das Ordens Militares, sempre pouco numerosos mas extremamente tenazes e profissionais, no duplo sentido do conhecimento da arte da guerra e da profissão na fé. Uma combinação destes elementos havia mantido Évora nas mãos cristãs desde 1165, praticamente isolada desde as grandes e bem sucedidas incursões almohadas dos anos 80. Neste primeiro tempo de Sancho [II] um cordão de castelos garantira já, de forma bastante larga e difusa, uma presença portuguesa desde o Atlântico até à serra de São Mamede, numa linha de desenho longitudinal: Alcácer do Sal, a velha Qasr Abī Dānis; Montemor-o-Novo, já relativamente consolidada no dobrar da centúria; Évora e depois numa inflexão súbita devida à presença ameaçadora de Badajoz e de Elvas, o seu posto avançado para ocidente, muito a norte, ou, mais precisamente, a nordeste, Marvão, o ninho de águias que muitos séculos antes, durante as fricções internas do século IX andaluz, esse outro grande homem de fronteira que fora Ibn Marwan, fizera seu, em detrimento da Amaia antiga, no vale.
[Hermenegildo Fernandes, D. Sancho II, p. 137.]

Até breve.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

D. fr. Pedro Arnaldo. (II)

Companheiro de jornada, tanto em França quanto na Palestina, de Hugo de Payns, André de Montbard e Godofredo de St. Omer, foi com estes, como cavaleiro cruzado, para o Oriente Médio. Aí combate denodadamente pela sorte dos peregrinos chegados à Palestina, por forma a que cheguem à Cidade Santa sem serem molestados pelos árabes, e, junto com os oito companheiros, ajuda a fundar a Ordem do Templo na cidade de Jerusalém. Em 1123 regressa a França, na comitiva de Hugo de Payns, com André de Montbard, seu grande amigo. No ano seguinte, ou em 1125, chega a Portugal integrando a pequena hoste da Milícia do Templo, comandada por D. fr. Guilherme Ricardo, tudo levando a crer ter sido ele a causa principal desta vinda tão temperana.
[José Manuel Capêlo, Portugal templário, Relação e sucessão dos seus Mestres [1124-1314], A presença templária em Portugal, p. 73-74, e nota 185.]

Nota do Autor:

(1). — Muito provavelmente por volta de 1114 ou 1115.


Até breve.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Boas Festas

A todos os que gostam de História e, particularmente, da História da Ordem do Templo em Portugal, elementos que paciente e diariamente vou lembrando como Memória, neste espaço de todos nós, quero deixar expresso os meus mais sinceros desejos de um Natal com muita paz, muita amizade e muito entendimento, e de um Ano de 2010 pleno de saúde, realizações e concretizações que possam vincar neste mundo turbulento e contraditório, cujas sinistras figuras dirigentes tentam manifestamente destruir a cada palavra que proferem.
Que os Homens pensem que a História se repete - sempre se repetiu! - e que os erros que hoje cometemos, deliberadamente, serão os nossos filhos, mas principalmente, os nossos netos, a pagar esta factura doentia e transformista. Basta olharmos em redor para vermos os sinais evidentes de uma Natureza a (re)transformar-se e a dar poucas hipóteses de sobrevivência aos que ficarem para um futuro mais ou menos próximo.
Que o Homem pense, e realize, que todos os dias poderiam ser um diferente dia de Natal.
Boas Festas!
Pedro Alvites

A mesa medieval. (II)

A alimentação na Idade Média.
Num país como Portugal, o peixe situava-se também na base da alimentação, especialmente entre as classes menos abastadas. O consumo frequente de peixe pela nobreza e pelo clero provinha das prescrições religiosas: cerca de sessenta e oito dias no ano eram de abstinência obrigatória de carne para todos os católicos. Nesses dias, os pratos de peixe ou de marisco substituíam, ao jantar e à ceia, so pratos de carne. Porque as proibições eram rigorosas: em tempo de jejum, nada de carne, ovos, queijo, manteiga, banha, vinho e até peixe gordo! Ervilhas, fruta e peixes pequenos recebiam as preferências da Igreja.
Um dos peixes mais consumidos pelos portugueses na Idade Média, parece ter sido a pescada (peixota), presente em quase toda a documentação que especifique variedades piscatórias. Sardinha, congros, sáveis, salmonetes e lampreias viam-se também com frequência nas mesas de todas as classe sociais. Ruivos, pargos, atuns, trutas, solhos, bizugos, cações, rodovalhos, gorazes e muitas outras espécies eram objecto da culinária de então. Também se comia carne de baleia e de toninha. Mariscos (como amêijoa e berbigão) e crustáceos (como lagostas e caranguejos) eram frequentes.
[A. H. de Oliveira Marques, A Sociedade Medieval Portuguesa, pp. 9-10]

Até breve.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

A Ordem na gestão e defesa do seu património.

Graças à sua organização e à sua gestão ao longo dos séculos, a Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo converteu-se numa grande potência. Possuía territórios em todos os reinos importantes da Europa e da Terra Santa, com comendas, bailíos, conventos e muitos outros pertences.
O crescimento rápido desta congregação provocou confrontos de diversa índole entre a Ordem e os monarcas — o poder temporal — e com a Igreja — representantes do poder divino na Terra. Os primeiros viam como a sua ideia original de conceder ao Templo territórios para a sua defesa e gestão, estava a converter a Ordem num poder incontestável, num verdadeiro perigo para os territórios dos próprios monarcas. Paulatinamente, os reis encontravam-se numa posição inferior aos monges. Por seu lado, a Igreja comprovava que nenhuma outra Ordem no mundo gozava dos privilégios que o Templo tinha obtido, de modo que uma organização religiosa militar começava a competir com ela. A Ordem nunca se confrontou directamente com nenhum dos máximos poderes e soube ceder, nalguns casos, para continuar a manter determinados privilégios que a situavam num lugar de preferência. Mas quando teve que defender os seus interesses nos tribunais, fê-lo sem se esconder, e as altas instâncias judiciais deram-lhe razão quando lhe pertencia. Nestas disputas também se pode observar que a diplomacia foi uma das grandes bases do Templo ao longo da História
.
[José Carlos Sánchez Montero, Apogeu e Decadência, Prisão e Julgamento da Ordem do Templo, Codex Templi, pp. 284-285.]

Até breve.

domingo, 20 de dezembro de 2009

O ideal trovadoresco e o Amadis de Gaula. (III)

O livro [Amadis de Gaula] poderia ter sido redigido na corte de Afonso X, o Sábio, em que o galego-português era a língua usada predominantemente na canção e o castelhano na prosa. Seja dito, todavia, que já se cultivava a prosa em português, como o provam as traduções da matéria de Bretanha, os livros de linhagens e a Crónica Geral de Espanha de 1344.
[António José Saraiva, O Crepúsculo da Idade Média em Portugal, p. 45.]

Até breve.

sábado, 19 de dezembro de 2009

Ordens Militares no Outremer.

Templário (à esquerda) e Hospitalário.
Os Templários e, à imitação destes, os hospitalários e os monges de outras Ordens que foram surgindo ao largo do século XII na Terra Santa constituem, neste sentido, os mais fiéis expoentes da ideia pontifícia de Reconquista cristã, uma ideia universalista que implicava, através da Cruzada, a libertação de quantos cristãos se achassem oprimidos pela ilegítima ocupação do Islão. Neste sentido, as primeiras Ordens, as nascidas na Terra Santa, são «universais».Tenha como cenário de actuação o campo cruzado do Oriente ou o exponencial da Reconquista Peninsular, os seus objectivos não podem ser outros senão os de actuar em defesa dos interesses da Cristandade, sob a chefia pontifícia, e ao longo dessas fronteiras, mais ideológicas que geográficas, que separavam estas terras fiéis a Cristo e à sua Igreja de que injustamente haviam sido arrebatadas pelos Infiéis. Esta teórica dependência pontifícia e este objectivo generalizador das Ordens militares conferiam aos seus monges, pelo menos num primeiro momento, uma certa auréola de autonomia respeitante ao poder secular da realeza.
[Carlos de Ayala Martínez, Las ordenes militares hispânicas en la Edad Media (siglos XII-XV), pp. 21-22.]
(Tradução nossa, a partir do castelhano.)

Até breve.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

D. fr. Pedro Arnaldo. (I)

Se este D. fr. Pedro Arnaldo não for o mesmo D. Arnaldo [da Rocha] de que se escreve e enuncia ter sido um dos nove cavaleiros que na Palestina fundaram a Ordem, e que teria vindo no primeiro grupo de quatro ou cinco cavaleiros, enviados pelo próprio Hugo de Payns — chefiados por D. fr. Guilherme Ricardo quando este chegou a terras do condado portucalense, a pedido da rainha D. Teresa —, então pouco se saberá deste Mestre, a não ser que era adorado entre os seus irmãos como guerreiro valente e homem de profunda ciência e humanidade. Se D. fr. Pedro Arnaldo foi um e o mesmo, como tudo leva a supor que sim, a história é-nos um pouco mais clara, apesar de continuar a mostrar-se um pouco intrigante, ou melhor, omissa, em relação a certas realidades pessoais e históricas.
[José Manuel Capêlo, Portugal templário, Relação e sucessão dos seus Mestres [1124-1314], A presença templária em Portugal, p. 73, e nota 184.]

Nota do Autor:

(1). — Michel Lamy, no seu livro Os Templários — esses grandes senhores de mantos brancos [p. 26], fala do cavaleiro Gondomar, que diz ser, com toda a probabilidade, português.

Até breve.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

A cintura de defesa de Coimbra. (I)

Apesar da cidade [Coimbra] poder contar com uma série de castelos para a sua defesa (Santa Eulália, Montemor-o-Velho, Soure, Castelo Viegas, Penela, Miranda do Corvo, Arouce e outros), continuava a ser presa fácil para incursões muçulmanas, que partiam de Santarém. Por isso, em fins de 1135, D. Afonso Henriques «vendo as frequentes incursões e depredações que se faziam sobre os campos de Coimbra», decidiu fundar um novo castelo — o castelo de Leiria — implantado, como refere a Chronica Gothorum, sensivelmente a meio caminho entre Santarém e Coimbra: a quarenta milhas da primeira e a cinquenta milhas da segunda.
[Mário Jorge Barroca, Do vale do Mondego à reconquista definitiva de Lisboa (1147), Vol. 1, p. 41, Da Reconquista a D. Dinis, Nova História Militar de Portugal.]

Até breve.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Concelho.

Concelho chamam em Portugal algumas terras e aldeias juntas, que se governam por uns mesmos estilos e debaixo das mesmas justiças e senhorio.
[António Brandão, fr., Crónica de D. Sancho I e D. Afonso II, p. 111.]

Até breve.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Estafermo.

Estafermo.

Estafermo era um tipo de boneco, geralmente de metal, com uma arma presa numa das pontas e escudo na outra, usada para treino da cavalaria na Idade Média.
O boneco ficava preso a um eixo, sobre o qual poderia girar. Montado, o cavaleiro procurava atingi-lo com a lança, espada ou outra das armas então utilizadas. Ao ser golpeado, o estafermo girava, por sua vez, simulando estar golpeando e forçando o cavaleiro a treinar também a defesa.
Sua construção era feita colocando-se o simulacro de boneco com os braços abertos na horizontal e, onde deveriam ser as mãos, em geral eram presas armas, como uma clava ou espada, e um escudo.
O ataque ao estafermo dava-se a galope, de sorte que a velocidade da acção simulava uma situação real de combate.
Dentre as armas que poderiam ser assentadas numa das mãos do boneco estavam a alabarda, clavas ou maças de pontas com formatos diversos
.
[Retirado de "http://pt.wikipedia.org/wiki/Estafermo" ]
Pedro Alvites
Até breve.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Glossário

Para que haja um melhor conhecimento e enquadramento da época medieval que vimos apreendendo nestes pequenos quadros históricos, que apresentamos diariamente — salvo os raros dias de não publicação por motivos absolutamente alheios à nossa vontade —, achei que seria importante e oportuno, tanto quanto útil, inserir um glossário (1) amplo e diverso que nos possa elucidar melhor quanto ao que pretendemos fazer conhecer. Como já fizemos anteriormente, e em tempo espaçado, daremos nota desses mesmos termos.

Glossário:

ababalhar: conspurcar.
abadar: prover de abade.
abaetar: enroupar-se; agasalhar-se.
abalado: comovido; impressionado.
alanzoador: resmungão; bazófia; tagarela.
alaúde: instrumento antigo de cordas, semelhante à guitarra.
alavanca: barra de ferro ou pau de remover ou levantar corpos pesados; corpo rígido em forma de barra que pode girar em torno de um eixo fixo chamado fulcro.
albente: que alveja.
albirrosado: de cor branca ligeiramente rosada.
albornoz [do ár. al-burnus.]: espécie de gabão com mangas e capuz usado pelos árabes; casaco largo com capuz ou gola grande.
alfoz [do ár. al-huz.] : arredores de um povoação.
algarrada [do ár. al-‘arrada.]: espécie de catapulta antiga.
azémola: besta de carga.
casa do de profundis: lugar em que se reza este salmo, antes que se entre para o refeitório.
emparedadas: assim se chamavam às mulheres que nos começos do século XIII, nos reinados de D. Sancho I e D. Afonso II se recolhiam em algumas casas a fazer penitências e também as nomeavam enceladas e a seus recolhimentos celas.
gonia: prazer; regozijo; descanso; entretenimento; gosto; consolação, alívio.
hisn: o castelo, a fortificação, na terminologia árabe.
malha [O m. q. debulha.]: eram os processos utilizados para se desalojar os grãos das espigas.
morabitino: moeda de ouro com valor que variou ao longo do tempo e que equivalia, em geral, a 20 soldos.
portádigo: portagem, imposto indirecto que incidia sobre a compra e venda de mercadorias entradas no concelho.
perciçoeiro: livro que contém o que se diz, canta ou reza nas procissões.
pinaça: embarcação de pequeno fuste, de vela e remo, não muito segura mas ligeira.
pobramento: tempo ou época em que uma terra, lugar, cidade ou vila se começou a povoar.
pôr em pés: mostrar ser verdade, e ter fundamento o que se conta, diz ou alega.
pôrra: dava-se, em tempos antigos, este nome aos ceptros ou maças que nas catedrais, colegiadas insignes e alguns mosteiros serviam de ornato e magnificência às mais solenes procissões.
rodízios: peça do moinho de água que, movida pela água que lhe cai numa das travessas escavadas, chamadas «penas», faz andar a mó.
solarengo: dependente que trabalha e está sob a tutela do possidente de um solar.
terra-chã: aldeia ou povoação pequena, que não é cabeça de concelho, nem tem muros, torres ou castelos.
zarco: dizem que assim se chamavam os que tinham os olhos azuis e em demasia claros. Igualmente se diz daquele que é vesgo ou torto da vista; zarolho.
Pedro Alvites

Nota:

(1) — Para uma consulta da bibliografia aqui inserida, dar-se-á uma relação num dos dias finais de cada ano.
Até breve.

domingo, 13 de dezembro de 2009

A mesa medieval. (I)

Refeição na Idade Média.


De uma maneira geral, a alimentação medieva era pobre, se comparada com os padrões modernos. A quantidade supria, quantas vezes, a qualidade. A técnica culinária achava-se ainda numa fase rudimentar e as conquistas da cozinha romana tinham-se perdido. A condimentação obedecia a princípios extremamente simples.
Do ponto de vista da ciência actual, a alimentação medieva revelava-se deficiente em vitaminas. Feita à base de cereais, de carne, de peixe e de vinho, mostrava falta grande de vitamina D e considerável de A e C. os resultados destas deficiências traduziam-se por uma débil resistência às infecções, com o consequente progresso fácil das epidemias, por frequentes doenças da vesícula e dos rins (resultado da acumulação de pedra) e dos olhos (cegueira, xeroftalmia), resultado da falta de vitamina A; finalmente, por escorbuto muito comum, devido à deficiência em vitamina C.
As duas refeições principais do dia eram o jantar e a ceia. Jantava-se, nos fins do século XIV, entre as dez e as onze horas da manhã; mas nos séculos anteriores, essa hora teria de recuar para as oito ou nove. Ceava-se pelas seis ou sete horas da tarde. No Leal Conselheiro, o rei D. Duarte recomendava que decorressem sete a oito horas entre as duas refeições e que, jantando-se muito, se ceasse pouco, assim como, ceando-se muito, se jantasse pouco no dia imediato. Como ideal de frugalidade, prescrevia-se a ausência de qualquer repasto durante o dia. É de supor, contudo, que o progressivo atraso da hora do jantar tivesse implicado, a partir de certa altura, a necessidade de um «almoço» tomado pouco depois do levantar.
O jantar era a refeição mais forte do dia. O número de pratos servidos andava, em média, pelos três, sem contar sopas, acompanhamentos ou sobremesas. Isto, entendia-se, em relação ao rei, à nobreza e ao alto clero. Entre os menos privilegiados ou os menos ricos, o número de pratos ao jantar podia descer para dois ou até um. À ceia, baixava para dois a média das
iguarias tomadas; ou para um, nos outros casos indicados.

A base da alimentação era a carne. Ao lado das carnes de matadouro ou carnes gordas — vaca, porco, carneiro, cabrito (na Coimbra do século XII, cotava-se a maior preço a carne de porco e a carne de carneiro gordo, e só depois vinham a vaca e o cabrito; na Évora de 1280, como de 1384, valia a carne de vaca o dobro da de porco e mais do dobro das de carneiro e cabra) — consumia-se largamente caça e criação. O Portugal medievo era um país de coutadas e de baldios. A caça incluía-se entre as principais distracções do nobre e representava para o vilão fonte importante de subsistência. Em mercado, tabelavam-se as carnes de gamo, zebro, cervo, corço, lebre e até urso, entre as gordas; ao lado de uma variedade assombrosa de aves: perdiz, abetarda, grou, pato bravo, cerceta, maçarico, fuselo, sisão, galeirão, calhandra e muitas outras.
A criação não variava muito da de hoje: galinhas, patos, gansos, pombos, faisões, pavões, rolas, coelhos. Note-se apenas a não existência do perú que só veio para a Europa depois do descobrimento da América. Em caça e criação consistia boa parte dos pagamentos (foros, censos e outras prestações várias) que o vilão era obrigado a fazer ao seu senhor. Tamanha abundância destas peças de carne recebia o nobre que uma lei de 1340 lhe proibiu expressamente a compra delas em mercado.
Fabricavam-se também enchidos vários, como chouriços e linguiça.
A forma mais frequente de cozinhar a carne era assá-la no espeto (assado). Mas servia-se também carne cozida (cozido), carne picada (desfeito) e carne estufada (estufado). O badulaque seria uma espécie de caldeirada de carneiro que existia ao menos nos séculos XV e XVI.
[A. H. de Oliveira Marques, A Sociedade Medieval Portuguesa, pp. 7-9, (5ª. Edição), Ed. Livraria Sá da Costa, Lisboa, 1987. ]

Até breve.

sábado, 12 de dezembro de 2009

Imigrações e emigrações. (VI)

O exílio castelhano de muitos dos nobres que depois formaram a corte de Afonso III de Portugal, as idas e vindas dos jograis e trovadores, o regresso aos seus paços e quintãs de antigos combatentes de Sevilha contribuíram para que, a partir de cerca de 1250, muitos nobres tomassem consciência de outros modelos sociais, de outros sinais de prestígio, e de outros níveis de poder. Traziam consigo o fascínio por um mundo mais contrastado e com padrões superiores mais altos do que os que podiam encontrar em Portugal. Mas as ocasiões de emigração tornaram-se menos prementes. Portugal assistiu, entre 1250 e 1300 a um grande desenvolvimento económico, ocupou-se com o povoamento das novas províncias adquiridas nas décadas anteriores, o Alentejo e o Algarve, e estes factos permitiram a muitos nobres de todas as categorias permanecerem em Portugal e sustentarem o seu nível social sem terem de procurar o exílio. Por outro lado, a Reconquista castelhana passou a marcar passo a partir de 1248. Os combates não cessaram, mas a miragem do saque diminuiu: a fronteira passava a ser lugar de rigorosa disciplina militar, de poucas vantagens materiais e de risco de morte. Passou a atrair sobretudo os cavaleiros mais ousados ou com verdadeiras dificuldades de subsistência.
[José Mattoso, A nobreza medieval portuguesa no contexto peninsular, Naquele Tempo, Ensaios de História Medieval, Vol. 1, p. 331.]

Até breve.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

O reino franco do Oriente. (IV)

O imperador de Bizâncio, embora governante cristão, mantinha um delicado equilíbrio de poder com os seus vizinhos muçulmanos e tinha o cuidado de não permitir que os estados cruzados se tornassem poderosos o bastante para perturbar esse equilíbrio. Ao norte ficava a Cilícia arménia, de importância fundamental para o caminho terrestre da Europa mas pronta a fazer alianças com os inimigos dos cruzados sempre que necessário. Também ao norte estavam os seldjúcidas de Mas’ud, e a nordeste as terras do emir Mohammed Ibn Ghazi — a principal potência da Ásia Menor.
[Edward Burman, Templários: os Cavaleiros de Deus, pp. 59-60.]

Até breve.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

A fundação de um Reino. (V)

A separação de Portugal era, enfim, um facto materialmente consumado e completo, fosse qual fosse a dependência nominal em que o príncipe ficasse do imperador. Nem as armas nem os tratados tinham podido impedi-lo.
[Alexandre Herculano, História de Portugal, Desde o começo da monarquia até o fim do reinado de Afonso III, Tomo I, Livro II, p. 452.]

Até breve.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Agradecimento e lembrança.

Aos seguidores deste blog, a par de tantos e tantos que o lêem, afinal para quem pensei desde que o iniciei, fica o meu mais profundo agradecimento e a minha mais lembrada estima, esperando que continuem a desfrutar de passagens e de conhecimentos únicos nestas pequenas notas que vão lembrando a História da Ordem do Templo e do Reino de Portugal, lugares imperecíveis da nossa Memória e do nosso Sentir.

Agora que o Mundo definha cataclismicamente e a hipocrisia assenta em saciedade, o roubo se instala com uma sem vergonha inacreditável e a mendicidade do povo é cada vez maior e mais sentida. Será que por muito mais tempo? Não será altura de gritarmos, como nos indica e faz cantar o nosso hino: Às Armas! Às Armas!!!!!!!!!!!
Ou Arraial! Arraial!, como se motivavam, gritavam e agiam os antigos?!... A cada um a sua pertença, porque a História, essa, sempre se repete e os homens procuram esquecê-la a cada dia, em cada movimento secular dos polos!
Pedro Alvites

Até breve.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Rio Guadiana.

(…) o famoso Guadiana. Rio de Pato Negro como lhe chamavam os antigos (…).
[citado de http://ec.aciprensa.com/b/badajoz.htm.]
Pedro Alvites

Até breve.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Carta de paz e concórdia.

Bula Ea que pro bono pacis de Adriano IV, passada a 15 de Junho de 1159, confirmando a carta de paz e concórdia estabelecida entre o bispo de Lisboa e a Ordem do Templo respeitante aos direitos do eclesiástico de Santarém.
[José Manuel Capêlo, As Sedes Templárias em Portugal, Castelo Branco, a Cidade-Capital Templária de Portugal: de 1215 a 1314, Codex Templi, Capítulo VII, p. 177.]

Até breve.

domingo, 6 de dezembro de 2009

Reinos peninsulares.

Em 1037, o filho de Sancho III, Fernando I, a seguir à morte de seu cunhado, apoderou-se em nome de sua mulher do reino de Leão, unindo-o a Castela, que tinha herdado. Mas quando, por seu turno, morreu, em 1065, deixou o reino a seus três filhos: porém, Afonso VI saiu vencedor de uma guerra fratricida e reuniu de novo os três reinos, aos quais se juntou o de Toledo em 1085. Em 1157, seu neto, Afonso VII, o Imperador, dividiu de novo os domínios da coroa para dar Castela ao seu filho mais velho, Sancho III, e Leão e a Galiza a seu outro filho, Fernando II. A divisão entre Castela e Leão sobreviveu a vários reis até que Fernando III, herdeiro de Castela por sua mãe, Beringuela, e de Leão por seu pai, Afonso IX, uniu definitivamente as duas coroas em 1230.
[Adeline Rucquoi, História Medieval da Península Ibérica, p. 175.]

Até breve.

sábado, 5 de dezembro de 2009

A espiritualidade religiosa-militar no Outremer.

(…) O que deixámos explícito nas páginas precedentes explica que a primeira de todas as Ordens militares, a Milícia do Templo, nascera na Terra Santa, no recém-constituído reino de Jerusalém. Era este a fronteira mais exposta da Cristandade latina, a que punha termo ao expansivo projecto pontifício que tornava o papa no chefe do Ocidente, um chefe necessitado de instrumentos capazes de tornar realidade e, sobretudo, de poder manter o sonho legítimo da Cruzada.
[Carlos de Ayala Martínez, Las ordenes militares hispânicas en la Edad Media (siglos XII-XV), p. 21, Marcial Pons Historia/Latorre Literaria, Madrid/Arganda del Rey, España, 2007.]
[Tradução nossa, a partir do castelhano.]


Até breve.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Interrupção de 01 a 03 de Dezembro.

Por imperativos de uma curta mas inadiável viagem interromperemos de 01 a 03 de Dezembro este nosso/vosso espaço de conhecimento sobre a Ordem do Templo e o Reino de Portugal, que, com algum trabalho, mas muito gostosamente, venho publicando diariamente com a mesma alegria e empenho com que a vossa presença se me torna uma honra. Dia 4 esperamos retomar o nosso ciclo de conhecimento e de lugar.
Pedro Alvites

Autores e Obras citados de 1.Novembro.2009 a 29.Novembro.2009.

Monge escrivão.

(a Autores e a Obras anteriormente referenciados, apenas se lhes citam os nomes e respectivos títulos.)

Adeline Rucquoi, História Medieval da Península Ibérica;
Alexandre Herculano, História de Portugal, Desde o começo da monarquia até o fim do reinado de Afonso III, Tomo I, Livro II;
António Brandão, fr., Crónica de D. Sancho I e D. Afonso II;
António José Saraiva, O Crepúsculo da Idade Média em Portugal;
António Lopes Pires Nunes, Dicionário de Arquitectura Militar;
Ibn Khaldoun, Historie des Berberes, edição do barão de Slane, Tomo II, Paris, 1927;
Enrique Flórez, pe., España Sagrada, T. 16;
Hermenegildo Fernandes, D. Sancho II;
José Augusto de Oliveira, O Cerco de Lisboa em 1147;
José Carlos Sánchez Montero, Apogeu e Decadência, Prisão e Julgamento da Ordem do Templo, Codex Templi;
José Manuel Capêlo, As Sedes Templárias em Portugal, Castelo Branco, a Cidade-Capital Templária de Portugal: de 1215 a 1314, Codex Templi, Capítulo VII, pp. 159-220;
José Mattoso, A nobreza medieval portuguesa no contexto peninsular, Naquele Tempo, Ensaios de História Medieval, Vol. 1;
José Pires Gonçalves, Alguns Monsaraz da reconquista, Anais, Academia Portuguesa de História, Volume 25, Lisboa, MCMLXXIX (1979);
Maria Sofia Marques Condessa, A memória das cidades dos séculos XII a XIV, nas crónicas de Rui de Pina e Duarte Galvão;
Mário Jorge Barroca, Do vale do Mondego à reconquista definitiva de Lisboa (1147), Vol. 1, Da Reconquista a D. Dinis, Nova História Militar de Portugal;
Miguel de Oliveira, pe., História Eclesiástica de Portugal, p. 110, Publicações Europa-América, Mira Sintra — Mem Martins, 1994;
Paulo Pereira, Templários e Templarismos, Vol. VIII, Enigmas, Lugares Mágicos de Portugal;
Pinharanda Gomes, A Regra Primitiva dos Cavaleiros Templários;
Saul António Gomes, Introdução à História do Castelo de Leiria;
Pedro Alvites.

Outros:

Chronica Adefonsis Imperatoris
DR, Documentos medievais portugueses. Documentos régios. A.D. 1095-1185, ed. de Rui Pinto de Azevedo, vol. I (1-2) e II, Academia Portuguesa de História, Lisboa, 1958-1962.
Livro de Mestrados, folha 17;

Até breve.

domingo, 29 de novembro de 2009

Cova.

Celeiro subterrâneo a que, antigamente, chamavam silo. Os Mouros ainda, actualmente, usam destas covas, a que chamam atamorras, matamorras e matmorras, que são do feitio de uma cisterna, com três ou quatro braças d’alto, e largas à proporção, e nelas conservam o trigo talvez por cinco, seis ou mais anos, sem a mais leve corrupção. E, para isto, depois de debulhado e bem limpo, em estando frio, o metem na cóva, cobrindo-o com palha e depois com terra. Assim nas casas, como nos campos, eles usam destes celeiros.
[Joaquim de Santa Rosa de Viterbo, fr., Elucidário, Vol. II (B-Z), p. 142.]
Até breve.

sábado, 28 de novembro de 2009

Bens Templários. (I)

Fundados para a defesa da Terra Santa, os Templários focaram sem missão no Oriente desde que as últimas praças caíram em poder dos Turcos (1291). A Ordem estava contudo em plena florescência e possuía na Europa grandes riquezas que excitavam a cobiça dos reis. Em Portugal, consta haver sido saqueada por D. Sancho I e D. Afonso III. Em França Filipe, o Belo, foi mais longe: moveu aos Templários um processo iníquo, para os extinguir e se apoderar dos seus tesouros O papa Clemente V acabou por ceder às instâncias do rei (1312), mas determinou que os bens da suprimida Ordem se unissem aos dos Hospitalários. Desta determinação foram entretanto excluídos os que os Templários possuíam nos reinos da Península, em virtude das razões apresentadas pelos respectivos monarcas.
[Miguel de Oliveira, pe., História Eclesiástica de Portugal, p. 110, Publicações Europa-América, Mira Sintra — Mem Martins, 1994.]
Até breve.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Preparação para a conquista de Lisboa, em 1147. (IV)

Rei e os seus guerreiros antes da batalha.

A 16 de Junho chegaram ao porto as primeiras naus dos cruzados. O bispo, que logo os visitou, recebera a 15 uma carta do rei dizendo-lhe: Se por ventura arribarem aí os navios dos francos (…) E D. Afonso ordena-lhe que os receba com benignidade, os convide para o assédio e o próprio bispo com outros que o queiram fazer se lhes entreguem como reféns e venham a ter com ele, rei, junto de Lisboa.
No sermão que o bispo D. Pedro pitões prega no dia 17 aos cruzados diz-lhes que D. Afonso
partira, havia já dez dias, com todo o seu exército contra Lisboa. Aguardaram os cruzados o resto da armada; mandam chamar a Braga o arcebispo D. João peculiar; deliberam seguir com os bispos para Lisboa a fim de que ouvissem ali pessoalmente o que o rei lhes mandara dizer; partem a 26 do Porto e chegam ao Tejo na tarde de 28.
[José Augusto de Oliveira, O Cerco de Lisboa em 1147, pp. 56-57.]
Até breve.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

O ideal trovadoresco e o Amadis de Gaula. (II)

Nestas referências não se indica o autor, mas, em 1454, o cronista português Gomes Eanes de Zurara, na Crónica de D. Pedro de Meneses, declara que o Amadis fora escrito no tempo de el-rei D. Fernando «a prazer de um homem chamado Vasco de Lobeira».
No tempo do rei D. Fernando, que começou a reinar cerca de 1345
(1), já os três livros do Amadis eram lidos e citados por autores castelhanos como obra muito conhecida. Portanto, não podemos atribuí-los a este Vasco de Lobeira.
(…) No
Cancioneiro de Colocci-Brancutti é subscrita pelo redactor, João Lobeira. João Lobeira é um cavaleiro-fidalgo, vassalo de Afonso III e de D. Dinis e oriundo da Galiza. Há notícias dele a partir de 1261 e até 1285 (2).
Nada mais tentador do que relacionar o João Lobeira da época de D. Dinis com o Vasco de Lobeira do tempo de D. Fernando e atribuir a este a continuação de uma obra começada por aquele.
[António José Saraiva, O Crepúsculo da Idade Média em Portugal, p. 45.]
Nota nossa:
(1). — D. Fernando começou a reinar em 1367. Nasceu, sim, em 1345. Houve aqui um lapso do nosso autor.
Nota do autor:
(1). — Ver C.(arolina) Michaëlis, Cancioneiro da Ajuda, Vol. II, pp. 523-525.
Até breve.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Segunda reconquista de Silves.

Muralha do castelo de Silves.

(…) quando Rui de Pina, na Crónica de Afonso III, recorda a segunda “reconquista” de Silves pelas hostes do Mestre da Ordem Militar de Santiago, também acaba por a atribuir não tanto a uma derrota militar da urbe, mas antes, conforme já antes referimos, a uma artimanha que levou os cristãos a nela conseguirem penetrar sem ter de se medir com a preparada resistência dos muros urbanos e dos seus experimentados defensores. Com efeito, a entrada cristã na cidade e a sua posterior conquista ficou a dever-se ao facto dos santiaguistas terem armado uma cilada ao rei de Silves. Sabendo que ele saíra da urbe com uma pequena escolta para defender a Torre de Estombar, uma das atalaias da cidade que os cristãos tinham acabado de ocupar de surpresa, os cavaleiros da Ordem rapidamente se dirigiram para as muralhas de Silves e distribuíram os seus homens de forma a barrar o acesso exterior a todas as suas portas, disfarçando, no entanto, a guarda montada a uma delas, a de Azoia. Assim, quando o soberano muçulmano, dando-se conta de que Silves fora cercada, procurou regressar à cidade para nela preparar a defesa, achou embarguo e resistência em todas as portas(1), a não ser aparentemente, na que lhe estava armadilhada. Ao aproximar-se, o rei confrontou-se então com os santiaguistas que escondidamente a barravam, seguindo-se a luta que fora planeada para levar os guardas urbanos a abrir a porta para sair em socorro do soberano. Desse modo, obtido o pretendido, os freires aproveitaram a confusão e assim entraram e iniciaram a tomada da urbe, cuja posse, aliás, viriam então a agregar às suas anteriores conquistas de Tavira, Salir, Alvor e Paderne.
[Maria Sofia Marques Condessa, A memória das cidades dos séculos XII a XIV, nas crónicas de Rui de Pina e Duarte Galvão, p. 115.]

Nota da Autora:

(1). — Rui de Pina, Crónica de Afonso III, Cap. IX, p. 185.
Até breve.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Fronteira entre Tejo e Guadalquivir. (II)

Um ambiente pouco propício para reis, mais adequado aos rudes homens da fronteira filhos de uma aprendizagem secular, esses mesmos a quem os califas almohadas entregavam a guerra quotidiana ou ouviam aquando das suas gigantescas incursões organizadas, por disporem de um conhecimento especializado inacessível aos não iniciados. Entre eles alguns como a grande família dos Banū Wāzir, originária de Beja — tão importante no Gharb al-Andalus como os Sousões o eram no Norte senhorial — transmitem esse conhecimento na linhagem, numa linha contínua que vai daquele que é ao mesmo tempo da conquista de Lisboa e Santarém o rei verdadeiro de todo o Gharb interior, Sidray Ibn Wāzir, até ao alcaide de Alcácer derrotado em 1217, aquele mesmo que encenou uma pseudoconversão ao cristianismo apenas para depois se escapar.
[Hermenegildo Fernandes, D. Sancho II, p. 137.]
Até breve.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

A fundação de um Reino. (IV)


O cardeal Guido de Vico viera por aquele tempo a Espanha como legado do papa Inocêncio II e ajuntara um concílio provincial em Valhadolid, em que se promulgaram as resoluções do segundo concílio geral de Latrão e se deram, algumas outras providências relativas especialmente à Igreja de Espanha. O imperador e o rei de Portugal dirigiram-se nessa conjuntura a Zamora para numa conferência assentarem as condições de duradoura concórdia. Guido, provavelmente como representante do pontífice, foi chamado a assistir à conferência dos dois príncipes, que, segundo parece, resolveram amigavelmente as controvérsias que os tinham obrigado a demorar a conclusão da paz. Quais foram as condições desta? Nenhum monumento especial que no-lo diga chegou até nós; mas o que se pode asseverar é que o imperador reconheceu o título de rei que seu primo tomara, e que este recebeu dele o senhorio de Astorga (2), considerando-se por essa tenência seu vassalo. (…) Segura assim a tranquilidade dos dois estados, Afonso I voltou aos próprios domínios, deixando por governador de Astorga o seu alferes, Fernando Cativo.
[Alexandre Herculano, História de Portugal, Desde o começo da monarquia até o fim do reinado de Afonso III, Tomo I, Livro II, pp. 451-452.]

Nota do autor:

(1). — «A 4 de deciembre del 1143 en donacíon de la infanta D. Sancha (…) que ténia esta ciudad (Astorga) el rey de Portugal por gracia del nuestro; anadiendo que la gobernaba, en nome del português, Fernando Cativo, etc.», Flores, España Sagrada, T. 16, p. 206. Sobre a narrativa deste e dos subsequentes parágrafos veja-se a nota XIC no fim do volume. [Nota 68.]
Até breve.

domingo, 22 de novembro de 2009

Ocupação e povoamento. (III)

Primeiro tomava-se a terra, a herdade, na qual se passava a cultivar vinhedo, edificar casas e oratório religiosos e todas as outras coisas necessárias à vida humana. A herdade acabava por ser uma administrativa área que exigia delimitação administrativa escrita, isto é, uma afirmação visível da propriedade e o reconhecimento desta por uma entidade superior, no caso, o rei.
[Saul António Gomes, Introdução à História do Castelo de Leiria, p. 28.]
Até breve.

sábado, 21 de novembro de 2009

O reino franco do Oriente. (III)

As cidades fronteiriças, tais como Edessa e Antioquia, eram disputadas pelas potências cristãs e não-cristãs circundantes, que mudavam, fundiam-se, aliavam-se ou atacavam, conforme exigiam as conjunturas do momento. A religião era, muitas vezes, subserviente a necessidades políticas e militares imediatas: o governador Isaac, irmão do imperador João de Constantinopla, fugiu da corte em 1130 e passou os nove anos seguintes a conspirar com vários príncipes muçulmanos e arménios. O sobrinho do mesmo imperador, também chamado João, tornou-se muçulmano e casou-se com a filha de Mas’ud ibn Kilij Arslan, sultão seldjúcida da Turquia e um dos maiores inimigos de seu tio.
[Edward Burman, Templários: os Cavaleiros de Deus, p. 59.]
Até breve.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

A importância de Tomar e Castelo Branco como cidades Templárias em Portugal.

Em relação à importância de Tomar como capital templária de Portugal, deveremos reconhecer que ela foi visível aquando da sua formação, começada a 1 de Março de 1160 e acabada no exacto momento em que a sede passou para o recém construído castelo de Castelo Branco, pelo ano de 1214 ou 1215, altura em que a cabeça da Ordem do Templo em Portugal trocou aquela urbe por esta.

Resulta que Tomar passou a identificar-se como um simples priorado, uma normal bailía e uma relativamente importante Comenda, já que era nela que se continuariam a fazer sepultar — na Igreja de Santa Maria dos Olivais, o panteão Templário de Portugal —, os seus Mestres, para onde eram transportados, tivessem morrido onde tivessem. Culto sagrado que os Templários não prescindiam de fazer. Isto verificou-se até ao seu penúltimo Mestre, D. fr. Lourenço Martins [1291-1293], dado que o último, D. fr. Vasco Fernandes [1293-1314], à altura da sua morte [1323], era Comendador de Montalvão, da recém-formada Ordem de Cristo — natural continuadora e sucessora da Ordem do Templo, que D. Dinis formara em Portugal para absorver a maioria dos bens pertencentes àquela Milícia, aliás, maioritariamente constituída por antigos monges-guerreiros Templários — fora sepultado “sob a nave principal e junto ao altar-mor da igreja de Montalvão”, como se julga saber, e nos refere José Manuel Capêlo [
Portugal templário, Relação e sucessão dos seus mestres [1124-1314], A presença Templária em Portugal, p. 169, Zéfiro, Sintra].

A importância de Tomar voltou a ser evidente e tomar a projecção, que o tempo e o modo proporcionaram que tomasse, apenas, aquando do regresso da hierarquia da Ordem de Cristo, vinda de Castro Marim, em 1357, onde tinha a sua sede desde 1319, durante o mestrado de D. fr. Nuno Rodrigues [1356-1372].

Portanto, há que fazer uma revisão geral sobre a matéria e colocar devidamente nos seus lugares os homens, os factos e os registos como eles devem ter de ser colocados, aliás com o rigor e a sem cerimónia que a História exige que se faça.

É evidente que Tomar, dada a beleza de que sempre se rodeou e a preservação que tem tido e sabido manter ao longo de todos estes séculos, não só do seu castelo mas da grande maioria dos seus próprios elementos, como urbe, merecerá uma atenção bem maior do que a que Castelo Branco tem evidenciado. Evidentemente nesta, muito por culpa da sistemática destruição causada pela mão humana, dos que mandam e dos que talham, não só no castelo mas, principalmente, na memória dos Templários que a souberam erguer e fazer preservar durante os cem anos de vigência da Ordem no seu seio, e, igualmente, mantida capital Templária dos 3 reinos, Leão-Castela-Portugal, até 1288, ano da morte do Mestre D. fr. João Fernandes [1283-1228], altura em que se dissolveu, dado os elementos Templários de Castela(-Leão) resolverem, à revelia, tornar-se “independentes” do comando que sempre fora tido por portugueses, excepto no Mestrado de D. fr. Guilherme Fulcon, que tudo indica parece ser oriundo de França ou da Catalunha, ou, quiçá, mesmo de Portugal [Cf. José Manuel Capêlo, ob. cit., p. 155]. A destruição contínua do seu espaço e, como dissemos, principalmente da sua memória, que se continua a verificar até mesmo nos dias de hoje, sem respeito nenhum pela ancestralidade e pelo lugar, pouco deverá constituir de imagem e tempo a que foi, durante cem anos, a capital e a cidade templária mais importante de Portugal.

Por isso, duma coisa devemos ter conhecimento e noção: é que não foi Tomar a cidade templária por excelência, em Portugal, como nos tem sido dito ou pretendido fazer entender, mas sim Castelo Branco. Há que ter plena consciência e franco conhecimento, relação e evidente parecer.

Tem que se atentar mais na realidade da História do que na nomenclatura do mito, para que a verdade histórica seja aquela que deva ser conhecida e não uma outra qualquer que nos querem impingir e fazer que perdure.

Tudo o resto, é um pouco como… cantigas, que a leveza do vento breve traz e a pouca memória dos homens consente
.
Pedro Alvites
Até breve.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Algibe.

Algibe.

Cisterna dos castelos árabes que atingia, nalguns casos, grandes dimensões.
[António Lopes Pires Nunes, Dicionário de Arquitectura Militar, p. 34.]

Até breve.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Ferreira de Aves.

Por outro lado, já metade da povoação de Ferreira de Aves, em 1146, era pertence dos Templários. Estabelecidos no seu castelo de Soure trocam com os cavaleiros do Hospital as terras que aqui possuíam.
[José Manuel Capêlo, As Sedes Templárias em Portugal, Castelo Branco, a Cidade-Capital Templária de Portugal: de 1215 a 1314, Codex Templi, Capítulo VII, p. 173.]

Até breve.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Doação de Idanha-a-Velha aos Templários, em 1199.

«Eu, el-rei D. Sancho [I], com meu filho el-rei D. Afonso [II], e os demais filhos e filhas, faço escritura e troca firmíssima a vós D. Lopo Fernandes, mestre da Ordem do Templo, e a vossos cavaleiros da cidade de Idanha, a qual vos damos por dois castelos que nos entregaste em terras de Bragança, que são Penas Roias e Mogadouro». [Livro de Mestrados, folha 17, Torre do Tombo, Lisboa.]
Passou-se a carta na Covilhã a cinco de Julho da era de 1237, que é o ano de 1199 [da era cristã]. Confirmam nela D. Gonçalo Mendes, mordomo da Corte; D. Paio Moniz, alferes; D. Raimundo Pais, senhor da Covilhã; D. Martim Lopes, senhor de Trancoso; D. Lourenço Soares, senhor de Lamego; D. Egas Afonso, senhor de Lafões; D. João Fernandes, vedor da Casa ou trinchante de el-rei
.
[António Brandão, fr., Crónica de D. Sancho I e D. Afonso II, p. 106.]

Até breve.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Reconquista e desintegração.

Não obstante, se a Reconquista parece ser obra de todos os espanhóis e se os reis de Leão e Castela podiam pretender ser os seus legítimos empreendedores, a realidade hispânica era bem outra e, a coberto de um empreendimento comum, de um «projecto» repartido, o decorrer do tempo fez aparecer cada vez mais nitidamente os factores de dissolução e de desintegração do conjunto hispânico.
[Adeline Rucquoi, História Medieval da Península Ibérica, p. 174.]

Até breve.

domingo, 15 de novembro de 2009

Confirmação do castelo de Soure aos Templários.

Castelo de Soure.

A transferência da cúria para Coimbra trouxe, naturalmente, para a ordem do dia a questão da segurança da cidade. As medidas sucederam-se. Pouco anos antes, D. Afonso Henriques tinha confirmado à Ordem do Templo a posse do Castelo de Soure e do seu termo (onde se incluíam as povoações de Ega, Redinha e Pombal). A primeira doação deste território tinha sido assinada por D. Teresa em 19 de Março de 1128 (DR, 79). Depois da batalha de São Mamede, o príncipe «confirma» a doação de sua mãe, outorgando, a 14 de Maio de [1129-1130], um diploma de teor semelhante (DR, 96). O diploma de D. Teresa ocupa um lugar especial na história dos Templários em Portugal já que é o primeiro documento que testemunha a presença destes freires entre nós, apenas uma década depois da fundação da Ordem em Jerusalém. Com essa doação, os freires do Templo recebiam um território de vital importância, que permitia controlar os acessos a Coimbra a partir do sul, nomeadamente o itinerário que seguia a velha estrada romana que ligava Lisboa a Coimbra. O diploma de D. Afonso Henriques, de [1129-1130], veio confirmar a confiança que o infante depositava nos freires, que nessa altura estariam, por certo, a reconstruir o antigo Castelo de Soure, erguido por D. Sesnando depois da reconquista de 1064.
[Mário Jorge Barroca, Do vale do Mondego à reconquista definitiva de Lisboa (1147), Vol. 1, p. 40, Da Reconquista a D. Dinis, Nova História Militar de Portugal.]
Até breve.

sábado, 14 de novembro de 2009

Regra. (II)

Fons vitæ, a Regra tem a função paradigmática de mãe e de mestra, mater et magistra. Ela é a verdadeira mãe do professo. A casa onde o professo vive, as funções que lhe cumpre desempenhar, os bens de que dispõe, o direito de manutenção, ou seja, de enxerga, de manjedoura e de fato, são sequências da maternidade magistral da Regra. Se gozar de tais direitos e não cumprir os deveres, constitui-se ladrão, parasita, ou hipócrita, na comunidade fraternal.
[Pinharanda Gomes, A Regra Primitiva dos Cavaleiros Templários, p. 7.]
Até breve.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

A fundação de um Reino. (IV)

O cardeal Guido de Vico viera por aquele tempo a Espanha como legado do papa Inocêncio II e ajuntara um concílio provincial em Valhadolid, em que se promulgaram as resoluções do segundo concílio geral de Latrão e se deram, algumas outras providências relativas especialmente à Igreja de Espanha. O imperador e o rei de Portugal dirigiram-se nessa conjuntura a Zamora para numa conferência assentarem as condições de duradoura concórdia. Guido, provavelmente como representante do pontífice, foi chamado a assistir à conferência dos dois príncipes, que, segundo parece, resolveram amigavelmente as controvérsias que os tinham obrigado a demorar a conclusão da paz. Quais foram as condições desta? Nenhum monumento especial que no-lo diga chegou até nós; mas o que se pode asseverar é que o imperador reconheceu o título de rei que seu primo tomara, e que este recebeu dele o senhorio de Astorga (2), considerando-se por essa tenência seu vassalo. (…) Segura assim a tranquilidade dos dois estados, Afonso I voltou aos próprios domínios, deixando por governador de Astorga o seu alferes, Fernando Cativo.
[Alexandre Herculano, História de Portugal, Desde o começo da monarquia até o fim do reinado de Afonso III, Tomo I, Livro II, pp. 451-452.]

Nota do autor:

(1). — «A 4 de deciembre del 1143 en donacíon de la infanta D. Sancha (…) que ténia esta ciudad (Astorga) el rey de Portugal por gracia del nuestro; anadiendo que la gobernaba, en nome del português, Fernando Cativo, etc.», Flores, España Sagrada, T. 16, p. 206. Sobre a narrativa deste e dos subsequentes parágrafos veja-se a nota XIC no fim do volume. [Nota 68.]
Até breve.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Glossário

Para que haja um melhor conhecimento e enquadramento da época medieval que vimos apreendendo nestes pequenos quadros históricos, que apresentamos diariamente — salvo os raros dias de não publicação por motivos absolutamente alheios à nossa vontade —, achei que seria importante e oportuno, tanto quanto útil, inserir um glossário (1) amplo e diverso que nos possa elucidar melhor quanto ao que pretendemos fazer conhecer. Como já fizemos anteriormente, e em tempo espaçado, daremos nota desses mesmos termos.

Glossário:

abá [do ar. aba.] : espécie de manto usado pelos beduínos.
abadia: igreja ou mosteiro dirigido por um abade ou abadessa; dignidade ou cargo de abade.
abafo: agasalho; cobertura que resguarda do frio.
abanação: antiga pena de desterro por um ano.
abarbar: pôr á mesma altura; atingir; igualar.
abarroado: obstinado; cabeçudo; teimoso.
abduzir: separar; afastar; tirar do seu ponto.
acusação: acto ou efeito de acusar; denúncia, censura, imputação.
alacar: vergar com o peso ou carga.
ágamo: celibatário; assexuado.
alancar: pôr-se em fuga; sair de baixo de um peso.
alarar: viver na mesma casa.
albicastrense: relativo a Castelo Branco; natural ou habitante desta cidade.
alcácer [o m. q. alcáçar]: castelo; palácio régio afortalezado. [do ár. al-qacr.]
alcáçova [do ár. al-qaçaba.]: fortaleza com residência régia ou senhorial; fosso que cingia a cidade. aleivosia: traição; calúnia; perfídia; deslealdade.
apreciadura: preço, valor monetário da pena aplicada a uma infracção ou a um delito.
cabeça do casal: conjunto de posses, geralmente, constituída por casas, currais e alpendres necessários à vida agrícola, como terras, quintas, hortas, e outras.
loqui ex cathedra: falar de cadeira; isto é, falar como o que é definido pelo poder apostólico. Tanto que se dizia: «Os ditos dos Sumos Pontífices não são infalíveis, senão quando decretam alguma coisa».
meirinho: funcionário régio ou senhorial com competências gerais, nomeadamente cobrar os impostos e outras receitas.
peão: vizinho que se demarca do cavaleiro por não possuir cavalo e fazer a guerra a pé, estando, no caso da Guarda, escusado do fossado.
pouso: a mó inferior dos moinhos, sobre a qual gira a galga.
redil: recinto vedado de forma quadrada onde pernoita o gado.
solar: habitação e domínio de um senhor nobre ou de um vizinho importante.
terra calva: no século XIII, chamavam-se terras calvas às que já estavam limpas de mato, rotas e lavradas.
tribo: conjunto de gente nómada da mesma origem e que obedecem ao mesmo chefe.

Pedro Alvites

Nota:

(1) — Para uma consulta da bibliografia aqui inserida, dar-se-á uma relação num dos dias finais de cada ano.
Até breve.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Povoamento de Contrasta.

Bem é verdade que el-rei D. Sancho I fez povoar a vila de Contrasta, se foi pela achar arruinada das armas de Leão, ou pela fundar de novo, nos não consta. El-rei D. Afonso II, estando em Guimarães a 11 de Agosto do ano de 1217, mandou passar foral aos moradores de Contrasta e diz nele: «É de saber (diz el-rei D, Afonso II) que já meu pai el-rei D. Sancho, de ínclita memória, deu outra semelhante carta e foral aos homens de Contrasta». O que eu tenho por sem dúvida é que depois deste tempo se arruinou e tornou a povoar de novo esta própria vila. El-rei D. Afonso III, afirma numa sua carta, que fez a segunda vez povoar esta vila e lhe mudou o nome de Contrasta em Valença. »Quando outra vez fizemos povoar a mesma vila, lhe mudamos o nome de Contrasta e lhe puzemos o de Valença».
[António Brandão, fr., Crónicas de D. Sancho I e D. Afonso II, p. 67.]
Até breve.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Castelo de Castelo Branco (II)

Torre e pano de muralha, com adarve, do castelo de Castelo Branco.
[Foto de Luis Norberto Lourenço.]

Castelo Branco foi, decerto, um enclave de grande importância para os Templários. Desde logo, o seu nome de baptismo — Castelo Branco — evoca aquilo que sabemos ser o «sistema» de geografia mítica utilizado por Ordens religiosas-militares em Portugal, procurando designar algumas das suas possessões com os nomes de importantes possessões da Terra Santa: assim acontece, de facto, ou hipoteticamente, com Castelo Branco, provável emulação do poderoso castelo de Chastel Blanc, na Palestina, de que recuperava, inclusivamente, a planta e desenho geral.
[Paulo Pereira, Templários e Templarismos, Vol. VIII, p. 110, Enigmas, Lugares Mágicos de Portugal.]

Até breve.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Formação dos reinos de Leão e Castela.

Os reinados de Fernando I, o Grande (1035-1065), e de seu filho Afonso VI (1065/1072-1109) lançaram as bases da futura história de um reino em que Castela suplantaria futuramente Leão, mas que assentava num princípio monárquico herdado da Espanha hispano-visigótica e transmitido pelos reis de Oviedo e, depois, de Leão.
[Adeline Rucquoi, História Medieval da Península Ibérica, p. 159.]
Até breve.

domingo, 8 de novembro de 2009

Ocupação e povoamento. (II)

Oito anos após a conquista de Lisboa, um quarto de Ega começara a ser explorado permanecendo as outras áreas desse território incultas, se bem que os homens de Soure tentassem trabalhá-las de uma forma algo marginal. Significa isto que a necessidade comunitária empurrava os homens para espaços não arroteados e no sentido do seu aproveitamento, mas não nega o estado inicial de ermamento dessas mesmas áreas territoriais.
Atesta também que após a conquista de Lisboa e Santarém (1147) se criaram condições mais eficazes para o povoamento daquelas áreas do termo de Soure e, como maior razão ainda, de Leiria
(1) e das suas comunidades rurais nascentes.
[Saul António Gomes, Introdução à História do Castelo de Leiria, p. 28.]

Nota nossa:

(1). — Logo no seu início, possivelmente em 1135, chamou-se à nova povoação Leirena. Excepcionalmente, em 1175, foi denominada Lairena, num escrito, muito possivelmente devido a erro gráfico. Por outro lado, e saliente-se, na Chronica Adefonsis Imperatoris o topónimo vem designado por Erena, por mais que uma vez [ver ob. cit., p. 30-31.]. Mas a realidade é que, desde o seu primeiro foral, em 1142, ficou com aquele designativo. O actual topónimo aparece muito naturalmente com a correcção aportuguesada da própria palavra.
Para uma melhor elucidação sobre o assunto, cf. ob. cit., p. 31, e notas 77 a 79.
Até breve.

sábado, 7 de novembro de 2009

O ideal trovadoresco e o Amadis de Gaula. (I)

O ideal trovadoresco expresso nos cancioneiros teve a sua expressão em prosa narrativa escrita, género que se impôs ao público à medida que a arte dos jograis declinava. O tradutor português de um romance de cavalaria, ou o seu copista, fala-nos de gente que lê e leva consigo de um lado para o outro pequenos códices.
O livro em prosa onde mais exemplarmente se espelham os modelos amorosos das cortes de Afonso X ou de D. Dinis é o
Amadis de Gaula, publicado pela primeira vez em Saragoça, em 1508, por Garci Rodriguez de Montalvo, ou, como aparece em edições seguintes, Garci Ordoñez de Montalvo. Este não se apresenta como autor da obra. Diz que corrigiu estes três livros de Amadis, que, por falta dos maus escritores ou compositores, se liam mui corruptos e viciosos, e que trasladou e emendou o livro quarto, etc. Ora, antes de 1379, um autor castelhano alude ao Amadis «em três livros»; e há outra menção castelhana de cerca de 1350.
[António José Saraiva, O Crepúsculo da Idade Média em Portugal, pp. 44-45.]
Até breve.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Geralda.

Geralda ou Giralda é topónimo atribuído a uma curta linha de colinas com o recorte suavemente ondulado de serrania de baixo relevo, separada do outeiro de Monsaraz pelo vale do Limpo e outrora certamente integrada na espessa mancha da Mata.
Julgamos tratar-se de antropónimo da Reconquista directamente preso ao nome do fronteiro de Évora, Geraldo ou Giraldo Sem Pavor a evocar e a fixar a sua passagem por estes branhais montaxarenses quando, depois do assalto e conquista da capital do Alentejo, admitimos se tenha vindo esconder nas espessuras desta mata perto de Monsaraz a qual, mais tarde e a lembrá-lo, teria passado a ser conhecida pela
serra do Geraldo ou simplesmente pela Geralda, local donde ele, pela calada da noite, teria partido para mais um dos seus audaciosos e irresistíveis golpes de mão à conquista da Medina muçulmana que, triunfalmente, continuava a campear no alto do outeiro onde hoje se encontra a vila de Monsaraz. O próprio facto do topónimo montexarense ter assumido a forma feminina de Geralda também não pode causar espanto pois o próprio Ibn Khaldoun, talvez o maior historiador árabe de todos os tempos, também se refere, por vezes, ao próprio Gerlado sob forma feminina e trat-o por «Ibn-Geranda», filho de Geralda (1).
[José Pires Gonçalves, Monsaraz da reconquista, Anais, Academia Portuguesa de História, Volume 25, pp. 15-16, Lisboa, MCMLXXIX (1979).]

Nota do Autor:

(1). — Ibn Khaldoun, Historie des Berberes, edição do barão de Slane, Tomo II, p. 198, Paris, 1927.
Até breve.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Castelo de Longroiva.

Castelo de Longroiva.

(…) o castelo de Longroiva é doado, em 1145, por D. Fernão Mendes «de Bragança e Lampaças» [o braganção, como era conhecido] e sua mulher D. Sancha (1) aos Templários (2).
[José Manuel Capêlo, As Sedes Templárias em Portugal, Castelo Branco, a Cidade-Capital Templária de Portugal: de 1215 a 1314, Codex Templi, Capítulo VII, p. 173, notas 83 e 84.]

Notas do Autor:

(1). — Irmã do rei português.
(2). — Em 1319 é transferido para a Ordem de Cristo.

Até breve.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Duarte Galvão. (II)

Neste sentido, tal como Pina, também Galvão foi um letrado cortesão. Nascido em Évora, no seio de uma linhagem fidalga onde se conta um bispo e, depois, arcebispo eborense, o seu irmão João Galvão, Duarte protagonizou uma idêntica longa carreira administrativa e diplomática nas cortes de D. Afonso V, D. João II e D. Manuel I, antes e após este último rei lhe ter solicitado a redacção da crónica do fundador da monarquia lusa (1). Ora, para um tal letrado, ligado a várias missões políticas relacionadas com as negociações destinadas à obtenção de apoios exteriores ao projecto manuelino de retomar a cruzada contra o Islão, a narrativa dos tempos de D. Afonso I foi naturalmente desenvolvida no quadro da procura de uma legitimação histórica para o poder e o carisma atribuídos à realeza portuguesa, sendo, portanto, evocada a época do primeiro dos seus soberanos como providencial e messiânico prenúncio de um império capaz de levar à final vitória contra os infiéis.
[Maria Sofia Marques Condessa, A memória das cidades dos séculos XII a XIV, nas crónicas de Rui de Pina e Duarte Galvão, p. 19.]

Nota da autora:

(1). — Nascido em 1445, Duarte Galvão foi secretário, conselheiro e notário dos monarcas D. Afonso V, D. João II e D. Manuel I, tendo protagonizado ao seu serviço várias missões diplomáticas a Barcelona, Flandres e Roma, acabando, aliás, por vir a falecer em 1515, durante uma viagem que o rei venturoso o encarregara de fazer à corte do Preste João. (…) [Ibidem, nota 36.]
Até breve.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Criação e expansão da Ordem.

(…) deram-se muitos factores que propiciaram, inclusive nos primeiros anos da sua criação, um rápido florescimento e expansão do património da Ordem do Templo. Não se deve esquecer que foi criada por nove cavaleiros, e que só os nobres dos diferentes reinos europeus podiam ostentar o título de cavaleiros. Tratava-se de nobres com um grande património. Este património era cedido na sua integridade, ou em grande parte, à Ordem no momento do seu ingresso, na qualidade de dote: Hugo de Payns, por exemplo, cedeu os seus bens de Payns; Godofredo de Saint-Omer aportou a grande casa que possuía em Ypres (Flandres); Payen de Montdidier entregou o seu senhorio de Fontaine, etc. Pessoas de toda a condição imitaram-nos e multiplicaram as mais diversas doações.
[José Carlos Sánchez Montero, Apogeu e Decadência, Prisão e Julgamento da Ordem do Templo, Codex Templi, p. 281.]

Até breve.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Imigrações e emigrações. (V)

O que importa, decerto, é que alguns desses nobres acompanharam Sancho II até Toledo, e depois acorrem ao cerco de Sevilha, como aconteceu, por exemplo, aos Soverosas, chamando muitas vezes parentes próximos — primos, cunhados ou sobrinhos —; outros partem por sua conta e risco, atraídos pelas possibilidades do soldo, do saque e da glória militar. Há-os das mais altas famílias, como os bastardos régios e os infantes que já citámos, ou os Baiões; mas a maioria é de famílias de segunda ordem como os Novais, os Ribeiros, os Nomães, os Curutelos, os Redondos, ou então de linhagens originariamente prestigiadas, mas que tinham decaído da sua prosápia, como os Alvarengas, os Pereiras e os Froiões.
[José Mattoso, A nobreza medieval portuguesa no contexto peninsular, Naquele Tempo, Ensaios de História Medieval, Vol. 1, p. 330.]
Até breve.

domingo, 1 de novembro de 2009

Lutas de fronteira.

Lutas de fronteira.

(…) quanto aos principais sucessos, que foram entrar el-rei [D. Sancho I] com exército por Galiza e ganhar a cidade de Tui e as vilas de Pontevedra e Sampaio de Lombeu e outros lugares, os quais sustentou em sua vida, e depois os reis seus sucessores restituíram por concerto aos reis de Leão. (…) também os leoneses entraram em Portugal e cercaram a vila de Valença, que então se dizia Contrasta e a tomaram, mas que sobrevindo el-rei D. Sancho, com seu exército, os venceu junto ao rio Minho e foram mortos muitos, assim às mãos dos portugueses, como afogados no rio quando se retiravam.
[António Brandão, fr., Crónica de D. Sancho I e D. Afonso II, p. 67.]
Até breve.

sábado, 31 de outubro de 2009

Autores e Obras citados de 1.Outubro.2009 a 30.Outubro.2009.

Monge escrivão.

(a Autores e a Obras anteriormente referenciados, apenas se lhes citam os nomes e respectivos títulos.)

Adeline Rucquoi, História Medieval da Península Ibérica;
Alexandre Herculano, História de Portugal, Desde o começo da monarquia até o fim do reinado de Afonso III, Tomo I, Livro II;
António Brandão, fr., Monarchia Lusitana, Livro IX, Cap. XI;
António Lopes Pires Nunes, Dicionário de Arquitectura Militar;
António Lopes Pires Nunes, Os castelos Templários da Beira Baixa;
António José Saraiva, O Crepúsculo da Idade Média em Portugal;
Carlos de Ayala Martínez, Órdenes militares peninsulares y cruzada hispânica, Una aproximacíon historiográfica;
Domingos M. da Silva, Monografia do Concelho de Amares, Ed. Câmara Municipal de Amares, Amares, 1958;
Edward Burman, Templários: os Cavaleiros de Deus;
Hermenegildo Fernandes, D. Sancho II, Círculo de Leitores, Lisboa, 2006;
José Carlos Sánchez Montero, Apogeu e Decadência, Prisão e Julgamento da Ordem do Templo, Codex Templi, pp. 281-304, Zéfiro, Sintra, 2007;
José Manuel Capêlo, Portugal templário, Relação e sucessão dos seus Mestres [1124-1314], A presença templária em Portugal;
José Manuel Capêlo, As Sedes Templárias em Portugal, Castelo Branco, a Cidade-Capital Templária de Portugal: de 1215 a 1314, Capítulo VII, Codex Templi, pp. 159-220, Zéfiro, Sintra, 2007;
José Marques, Relações entre Portugal e Castela nos finais da Idade Média, Ed. Fundação Calouste Gulbenkian/Junta Nacional de Investigação Científica e Tecnológica, Lisboa, 1994;
José Mattoso, A nobreza medieval portuguesa no contexto peninsular, Naquele Tempo, Ensaios de História Medieval, Vol. 1;
José Mattoso, João Soares Coelho e a gesta de Egas Moniz, A descendência de Egas Moniz, Portugal Medieval, Novas interpretações, Vol. 8, Círculo de Leitores, Lisboa, 2002;
José Mattoso, Duarte Galvão, Dicionário de Literatura Medieval Galega e Portuguesa;
José Pires Gonçalves, Monsaraz da reconquista, Anais, Academia Portuguesa de História, Volume 25, MCMLXXIX (1979);
José Pires Gonçalves, Alguns aspectos das campanhas de Giraldo Sem Pavor na região do Guadiana, Anais, Academia Portuguesa de História, Volume 26, T. I, MCMLXXIX (1979);
Leontina Ventura, Introdução, D. Afonso III;
Lindley Cintra [Sobre o códice Alcobacense 290 (antigo 316) da Biblioteca Nacional de Lisboa, Separata do Boletim de Filologia, XXIII, 1974, 255-275];
Maria Sofia Dias Rodrigues, Os Templários em Portugal no século XII;
Maria Sofia Marques Condessa, A memória das cidades dos séculos XII a XIV, nas crónicas de Rui de Pina e Duarte Galvão;
Mário Jorge Barroca, Do vale do Mondego à reconquista definitiva de Lisboa (1147), Vol. 1, Da Reconquista a D. Dinis, Nova História Militar de Portugal;
Martim Velho Sottomayor, Trechos da Crónica de Ibn Sáhib respeitantes a D. Afonso Henriques, a Giraldo Sem Pavor e ao território português, Boletim da Junta Distrital de Évora, 7, 1966, pp. 127-147;
P. M. Laranjo Coelho, As Ordens de Cavalaria no Alto Alentejo, O Archeologo Português,
Paulo Pereira, Templários e Templarismos, Vol. VIII, Enigmas, Lugares Mágicos de Portugal;
R. C. Smail, Crusading Warfare (1097-1193), Cambridge, CUP, 1956;
Saul António Gomes, Introdução à História do Castelo de Leiria;
Stephen Howarth, Os Cavaleiros Templários;
Veríssimo Serrão, A Historiografia Portuguesa;
Vieira Guimarães, A Ordem de Cristo;
Pedro Alvites.


Outros:

Cantigas de Santa Maria, n.º 235;
Códice Alcobacense 290 (antigo 316).

Até breve.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Duarte Galvão. (I)

De resto, a Crónica de D. Afonso Henriques de Duarte Galvão também se insere nesta mesma visão providencialista da história e do destino dos reis e do reino luso. Permanecendo ainda hoje em aberto a questão da precedência ou da sequência deste texto em relação aos que Rui de Pina dedicou aos reinados posteriores, assim como a modalidade a que obedeceu a sua encomenda por parte do rei D. Manuel I (1), a crónica de Galvão não deixa de corresponder a um projecto historiográfico paralelo ou complementar aos que se ficaram a dever ao cronista-mor do reino.
[Maria Sofia Marques Condessa, A memória das cidades dos séculos XII a XIV, nas crónicas de Rui de Pina e Duarte Galvão, p. 19.]

Nota da autora:

(1). — Consulte-se a síntese de José Mattoso, “Duarte Galvão” in Dicionário de Literatura Medieval Galega e Portuguesa, ed. cit., 225-226. Segundo Lindley Cintra [Sobre o códice Alcobacense 290 (antigo 316) da Biblioteca Nacional de Lisboa, Separata do Boletim de Filologia, XXIII, 1974, 255-275], todas as cópias “solenes” da crónica de Galvão remeteriam para um códice que resultara de um texto emendado por Rui de Pina ou por alguém a seu mando, devendo o original da crónica de D. Afonso Henriques ser anterior a 1490, a data em que Pina começou o seu labor historiográfico, pelo que a data de 1505 que figura no prólogo hoje conhecido como indicativa do momento do começo da crónica poder-se-á interpretar como a dos inícios da refundição da obra de Galvão às ordens do então cronista-mor do reino. De acordo com Veríssimo Serrão (A Historiografia Portuguesa…, 126-136), o manuscrito em questão teria sido copiado e corrigido a mando de Pina na sua condição de cronista-mor a quem competiria supervisionar os textos dos cronistas-menores, devendo ser essa a condição de Galvão. Seja como for, como reconhece Mattoso, permanecem em aberto as seguintes questões: “Seria o texto redigido antes de 1490, e a data de 1505 da mão de Pina e não da de Galvão? Quando é que Galvão foi encarregado por D. Manuel de escrever as crónicas do reino?” [Ibidem, nota 35.]
Até breve.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

A fundação de um Reino. (III)

No século XI, bem como nos que lhe precederam. O título de infante era já o que se dava aos filhos dos reis. D. Teresa, que, como vimos, recebia dos súbditos o de rainha ainda em vida do conde D. Henrique, havia tomado este último quase constantemente nos seus diplomas pouco tempo depois da morte do marido. Arrancando-lhe das mãos o poder, o filho conservou por alguns anos o de infante com que antes disso era designado. Todavia os portugueses não tardaram a dar-lhe o de rei, que o mancebo hesitava em aceitar. Pouco a pouco, porém, ele começou a adoptar o de príncipe misturado com o de infante e predominando sobre este desde 1136.
[Alexandre Herculano, História de Portugal, Desde o começo da monarquia até o fim do reinado de Afonso III, Tomo I, Livro II, p. 447.]
Até breve.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Castelo de Castelo Branco (I)

Castelo de Castelo Branco, por Duarte d'Armas.
Vista numa perspectiva de noroeste.

Data de 1165 a doação aos Templários da região de Castelo Branco, tendo os freires templários iniciado desde logo a fortificação do monte, mas com obras mais consequentes entre 1214 e 1230. Tratava-se de uma fortificação concentrada e densa, com os dispositivos militares do castelejo ou alcáçova acumulados numa área de cumeada. Porém, esse castelo foi muito alterado, quer por causa das obras realizadas no reinado de D. Dinis, que terá edificado uma nova torre principal e acrescentado o circuito de muralhas, quer sobretudo quando da edificação do Paço dos Comendadores da Ordem de Cristo, já no século XVI. Mesmo assim, com ligação ás muralhas da vila, aumentada também no tempo de D. Dinis, o castelo era poderoso e sobreviveria com essa configuração até ao século XVIII. No século XIX, porém, as muralhas e o castelejo começaram a ser despedaçados e aproveitadas as suas pedras para a construção de habitações na vila, destruição que se agrava durante uma forte tempestade em 1852, derruindo as torres da alcáçova. Infelizmente, na sua forma actual, o castelo não é senão a memória, restaurada e recriada, embora incompletamente, do que terá sido uma fortaleza couraçada templária. Exibe uma torre de menagem de planta quadrangular, que foi incorporada no Paço dos Comendadores, com fenestrações góticas e manuelinas, embora a impressão geral seja a de uma ruína arranjada.
[Paulo Pereira, Templários e Templarismos, Vol. VIII, p. 110, Enigmas, Lugares Mágicos de Portugal.]

Até breve.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Fronteira entre Tejo e Guadalquivir. (I)

A fronteira entre Portugal e Leão e o al-Andalus almohada era então o que sempre fora, uma marca. Aí, grupos de guerreiros que faziam dos combates um modo de vida controlavam extensas áreas de território onde os tradicionais usos agrícolas e pastoral do espaço se tinham progressivamente desgastado em proveito de uma economia assente no saque e que, com frequência, ia buscar o seu sustento às ricas áreas de retaguarda que tinham sofrido menos directamente os desastres da guerra. O baixo vale do Tejo, de um lado, a ubérrima planície do Guadalquivir, o próprio centro do al-Andalus, do outro, eram objectos de raides. Nesse vasto espaço vazio intermédio, vazio de uma organização territorial estável mas não de homens, a paisagem era pontuada por castelos que mudavam frequentes vezes de mão, tomados por um lado para logo serem abandonados ou reconquistados pelo outro.
[Hermenegildo Fernandes, D. Sancho II, p. 137, Círculo de Leitores, Lisboa, 2006.]

Até breve.