quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Autores e Obras citados de 1.Novembro.2008 a 30.Dezembro.2008.

Monge escrivão da Idade Média.


(a Autores e a Obras anteriormente referenciados, apenas se lhes citam os nomes e respectivos títulos.)


A. Vieira d’Areia, O Processo dos Templários, Livraria Civilização — Editora, Porto, s/d (1947);
Aarão de Lacerda, Arte em Portugal nos séculos XII, XIII e XIV, História de Arte em Portugal, Vol. I, Portucalense Editora, Porto, 1942;
Amélia Aguiar Andrade, Percursos Vividos, Percursos Conhecidos nos Núcleos Urbanos Medievais, Estudos de História e Arte — Homenagem a Artur Nobre de Gusmão, Edições Vega, Lisboa, 1995 (retirado da Web);
Alexandre Herculano, História de Portugal, Desde o começo da monarquia até o fim do reinado de Afonso III, Tomo I, Livro II; Vol. IV, Livro VIII, Parte I;
António Borges Coelho, Portugal na Espanha Árabe, Vol. 2, Editorial Caminho, Lisboa, 1989;
António Quadros, O projecto áureo ou o Império do Espírito Santo, Portugal, Razão e Mistério, Livro II, Guimarães Editores, Lisboa, 1987;
fr. Bernardo da Costa, História da Militar Ordem de Nosso Senhor Jesus Cristo;
Carl Erdmann, A ideia de Cruzada em Portugal, Publicações do Instituto Alemão da Universidade de Coimbra, Coimbra, 1940;
David Lopes, O Cid Português — Giraldo Sem Pavor, pp. 124 a 127, separata da Revista Portuguesa de História;
Edrisi, Geografia, Vol. 2;
Ernesto José Nazaré A. Jana, Tomar e seu Termo no séc. XII;
Francisco Costa, O Paço Real de Sintra, Sintra, 1980;
Gabriel Fournier, Le Chateau dans la France Médiévale. Essai de Sociologie Monumentale. Paris, 1978;
Heinrich Schæffer, História de Portugal, Vol. I;
Hugh Kennedy, Os Muçulmanos na Península Ibérica, História política do al-Andalus;
Isabel Morgado, Soure: uma mui antiga terra da Estremadura, S. I., Comissão Nacional para as Comemorações dos descobrimentos Portugueses e Câmara Municipal de Soure, 1996;
Jaquelina Félix e Sónia Barros, Modelos de Escola na Idade Média (retirado da Web);
[http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/opombo/hfe/momentos/modelos/index.htm];
fr. Joaquim de Santa Rosa de Viterbo, Elucidário, Tomo II;
José Manuel Capêlo, Portugal templário, Relação e sucessão dos seus Mestres [1124-1314], A presença templária em Portugal;
José Manuel Vargas, O património das Ordens Militares em Lisboa, Sintra e Torres Vedras, segundo uma inquirição do reinado de D. Afonso II, Ordens Militares: guerra, religião, poder e cultura — coordenação de Isabel Cristina F. Fernandes —, Vol. 2, Edições Colibri/Câmara Municipal de Palmela, Lisboa, 1999;
Juan G. Atienza, Monjes y Monasterios Españoles en la Edad Media, Ediciones Temas de Hoy, Madrid, 1994;
Leonor Correia de Matos, A Ordem de Cister e o Reino de Portugal, Fundação Lusíada, Lisboa, 1999;
Lévi-Provençal, Códice de Albaidac, in Documents inédits d’histoire almohade, tradução de David Lopes;
Luís de Figueiredo Falcão, Livro em que se contém toda a Fazenda…, ed. 1859;
M. Osório, O castelo de Almourol, Revista de Engenharia Militar, 1896-1897;
Manuel Sílvio Alves Conde, Tomar Medieval;
Maria Teresa Acabado, Inventário de Compras do Real Mosteiro de S. Vicente de Fora (Cartulário do Séc. XIII), Coimbra, 1969, doc. 53;
Mário Jorge Barroca,
Do castelo da Reconquista ao castelo Românico (séc. IX a XII), Portugália, Nova Série, Vol. XI-XII;
A Ordem do Templo e a Arquitectura Militar Portuguesa do Século XII;
Michel Fixot, Notes sur la genèse du Château Roman, Matériaux pour l’Histoire dês Cadres de Vie dans l’Europe Occidentale (1050-1250), Nice, 1984;
Nuno Villamariz Oliveira, Castelos da Ordem do Templo em Portugal, 1120-1314, Vol. I;
Paulo Alexandre Loução, Os Templários na Formação de Portugal;
Pinharanda Gomes, A Regra Primitiva dos Cavaleiros Templários;
Régine Pernoud, Os templários;
Saul António Gomes, As Ordens Militares e Coimbra medieval: tópicos e documentos para um estudo, Ordens Militares: guerra, religião, poder e cultura — — coordenação de Isabel Cristina F. Fernandes —, Vol. 2, Actas do III Encontro sobre Ordens Militares. Lisboa, Edições Colibri/Câmara Municipal de Palmela, Lisboa, 1999;
Rodrigo Jiménez de Rada, D., Historia de los hechos de España — edição de Juan Fernández Valverde —, Alianza Universidad, Madrid, 1984;


Outros:

A. N. T. T. (Arquivo Nacional da Torre do Tombo);
Códice de Albaidac, Documents inédits d’histoire almohade, publicados por Lévi-Provençal, tradução de David Lopes;
Crónica Latina dos Reis de Castela, edição de Luís Charlo Brea, §10;
D. M. P. (Documentos Medievais Portugueses), Docs. Régios I;
Documentos de D. Sancho I (1174-1211), vol. I, 1979, doc. 104.
História de Portugal em Datas — coord. de António Simões Rodrigues — Círculo de Leitores, Lisboa, 1994;
Livro dos Mestrados;
Monumenta Henricina, Vol. I, p. 6, nota 5 — direcção de A. J. Dias Diniz e Comissão Executiva das Comemorações do V Centenário da Morte do Infante D. Henrique;
Ordem de Cristo, livro 232, fl. III-IIIv, Arquivo Nacional da Torre do Tombo (ANTT);
Reservados, Biblioteca Nacional de Lisboa (BNL), cod. 8533, fl. 3;
Tesouros Artísticos de Portugal (coordenação de José António Ferreira de Almeida), Selecções do Reader’s Digest, Lisboa, 1982.

Até breve

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Sobre Elvas. IV.

Do que deixámos publicado, pode–se concluir que Elvas não foi conquistada, fosse em 1226, 1227, 1228 ou sequer em 1229, como equivocadamente nos contam os compêndios de historiografia ou de análise histórica até agora publicados, mas, na realidade, ocupada nos meses finais de 1230, já que a maioria dos seus habitantes, ao fugirem, durante a tarde e a noite desses dois ou três dias em que o puderam fazer, deixaram escancaradas — conforme lhes tinham dito para fazer — as portas do castelo (alcáçova) e da medina às forças cristãs que, entretanto, se aproximavam. Essas forças eram constituídas, na sua grande maioria, por hostes das quatro Ordens militares existentes no reino de Portugal: Hospital, Santiago, Templo e Avis (Calatrava).
Esta ocupação deu-se muito provavelmente nos meses finais desse ano: entre Setembro e Novembro. E a outorga do foral à cidade foi concedida então pela vontade de D. Sancho II, em Novembro ou Dezembro, senão mesmo num dos meses da primeira metade de 1231.
No entanto, há que referir que uma pequena parte da população almohada de Elvas permaneceu, aceitando as regras e leis dos novos ocupantes cristãos. Foram eles, na sua maioria, comerciantes, artífices e mestres dos ofícios com as suas respectivas famílias.
O castelo de Juromenha foi ocupado cerca de um mês depois, nas mesmas condições.

Pedro Alvites
Até breve e um Bom Ano.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Controle de territórios.

E como não entrever nos Templários o exercício de um controle de territórios e caminhos ribatejano-estremanhos dominados pelos eixos do Tejo e do Zêzere ou, mesmo, das serranias alto-beirãs por onde passavam significativos fluxos comerciais entre Castela-Leão e Portugal?
[Saul António Gomes, As Ordens Militares e Coimbra medieval: tópicos e documentos para um estudo, Ordens Militares: guerra, religião, poder e cultura, Vol. 2, pp. 44-45.]

Até breve.

domingo, 28 de dezembro de 2008

A Idade Média.

Mapa da Europa: divisão do Império Romano.

A Idade Média divide-se em duas etapas bem distintas: a alta Idade Média, que vai da formação dos reinos germânicos, a partir do século V, até a consolidação do feudalismo, entre os séculos IX e XII; e a baixa Idade Média, que vai até ao século XV, caracterizada pelo crescimento das cidades, a expansão territorial e o florescimento do comércio.
[retirado da Web, de um trabalho realizado por Jaquelina Félix e Sónia Barros — http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/opombo/hfe/momentos/modelos/index.htm.]
Até breve.

sábado, 27 de dezembro de 2008

O turista medieval.

O forasteiro que percorria qualquer vila ou cidade medieval levava da paisagem urbana uma imagem efémera e parcial. Era demasiado curto, com efeito, o tempo que gastava a calcorrear o caminho que ligava a porta por onde entrara à que escolhera para sair. E certo que não ficava indiferente ao protagonismo da muralha e, se os seus olhos conseguiam apartar-se dos tabuleiros repletos de tentadoras mercadorias que ladeavam o seu percurso, reconhecia a muralha, o castelo, os campanários que anunciavam a presença de igrejas e/ou mosteiros ou os pormenores arquitectónicos que caracterizavam uma residência de prestígio.
Se porventura a sua estada se prolongava por mais algumas horas ou dias tomava contacto com outras artérias. Exactamente aquelas que o conduziam a locais e/ou edifícios de utilização pública — o mercado, a estalagem, a igreja, o paço do concelho, entre outros —, destinos mais frequentes das suas deslocações a um núcleo urbano
.
[Amélia Aguiar Andrade, Percursos Vividos, Percursos Conhecidos nos Núcleos Urbanos Medievais, Estudos de História e Arte — Homenagem a Artur Nobre de Gusmão, Edições Vega, 1995].

Até breve.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Propriedades em Sintra.

A origem das propriedades da Ordem do Templo em Sintra remonta a 1156 ou 1157, quando D. Afonso Henriques doou ao Mestre Gualdim Pais casas e herdades naquela vil (1). A inquirição de 1220 descreve esses bens, referindo, em Sintra, umas boas casas, tendas, duas vinhas, uma almoinha e um moinho de água. No termo, indica em Almosquer, um pomar, em Maceira (Manzanaria, no original), uma boa granja com quatro casais, no Vimieiro, uma herdade, em Almoçageme, outra herdade, na Adraga, outra, e em Revanque (2), outra com dois casais. Todo este património veio a integrar a chamada bailia do Templo em Sintra, cujos bens foram doados em 1267 a D. João Peres de Aboim, voltando à Ordem após a sua morte (1284 ou 1285) (3).
[José Manuel Vargas, O património das Ordens Militares em Lisboa, Sintra e Torres Vedras, segundo uma inquirição do reinado de D. Afonso II, Ordens Militares, Guerra, Religião, Poder e Cultura — coordenação de Isabel Cristina F. Fernandes —, Vol. 2, p. 111.]

Notas do Autor:

(1). — A. N. T. T. (Arquivo Nacional da Torre do Tombo), Livro dos Mestrados, fl. 66v, publ. D. M. P. (Documentos Medievais Portugueses), Docs. Régios I, doc. 257.
(2). — Na demarcação das paróquias de Sintra, em 1253 (publ. Francisco Costa, O Paço Real de Sintra, Sintra, 1980, pp. 57-59), é referida a herdade dos Templários em Revanque.
(3). — Francisco Costa, op. cit..

Até breve.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

D. Afonso Henriques e a Ordem do Templo.

Apesar de Afonso Henriques pertencer à irmandade desde 1126, (1) teria posto certas condições à instalação e fixação da Ordem no território, quando foi eleito ou se tornou rei.
Privilégios e isenções de tal latitude e de tal importância teriam feito perigar e haveriam prejudicado facilmente o trono, se a sábia circunspecção dos monarcas portugueses não houvesse, ao mesmo tempo, imposto umas certas obrigações e marcado os limites que àquelas as contrabalançavam salutarmente.
1) Combater os mouros e coadjuvar o rei na guerra contra os infiéis era o primeiro dever dos templários, quando os soberanos ou mesmo os particulares lhes cediam terrenos.
2) Em tempos de guerra, tinham eles próprios de custear a despesa, não recebendo soldo algum do rei; eram, pelo contrário, obrigados, quando o rei ou os seus filhos e ricos-homens passassem pelos seus territórios, a dar-lhes hospedagem e alimento.
3) Sem permissão expressa do rei, não podiam enviar nada dos seus bens ao Mestre da Ordem, com sede na Palestina.
4) Não lhes era permitido dispor livremente das suas propriedades; assistia, porém, ao rei o direito de dispor delas e concedê-las a seus filhos ou outros cavaleiros do reino que tivessem prestado maiores serviços.
5) O Mestre português da Ordem só pode ser eleito com assentimento do rei; também, não podia sair do reino sem permissão do soberano; quer fosse para uma cruzada à Palestina, quer afim de ir à Andaluzia ou a Granada, para auxílio do rei de Castela. Quando se concedia ao Mestre da Ordem o afastar-se, para tais fins, devia deixar um substituto, que o soberano possuía o direito de determinar.
6) Quando, alguma vez, se elegesse um Mestre da Ordem, na Palestina, para Portugal, ele não podia exercer o lugar sem a confirmação régia.
7) Os Mestres da Ordem, eleitos, tinham de prestar homenagem ao rei e ao príncipe e de jurar reconhecê-lo como seu senhor, depois do falecimento do pai.
8) Os Mestres portugueses da Ordem só podiam admitir portugueses na mesma.
9) Só era permitido aos cavaleiros o reunirem em capítulo no lugar designado pelo soberano, e só na presença de um enviado da coroa, que o rei para isso determina.
Os monarcas portugueses não só tiveram o bom senso de aproveitarem os braços poderosos e os homens empreendedores, enviados, pelos outros soberanos e países, à conquista e defesa do Santo Sepulcro, na protecção do próprio lar e na ampliação das fronteiras do reino, dando, assim, à inclinação irrisória da época, uma direcção benéfica para Portugal; como trataram também que a cavalaria portuguesa, destinada a escudo do trono e da pátria, não se tornasse numa arma ofensiva contra eles, e que este poderoso e santo elemento do Estado não degenerasse em prepotente e perigoso. Vigiavam igualmente que as condições sob que foram admitidos os templários e sob que lhes faziam cedência de terrenos, assim como a esfera em que estava circunscrito o seu poder, fossem sempre respeitados pelas Ordens. Eles faziam regularmente uso dos direitos senhoriais que tinham reservado à coroa; puniam qualquer violação desse jus e exerciam mesmo, segundo parece, algumas vezes, semelhantes direitos só com o fim de os conservar sempre em vigor. Mais de uma vez, os reis retiraram aos templários, que caíam no desagrado, os castelos e fortalezas que lhes estavam confiados, dando-os a outros, em que depositavam melhor confiança. D. Afonso III exonerou um templário, a quem o Mestre da Ordem entregara a guarda do forte de Castelo Branco e colocou outro em seu lugar. D. Dinis procedeu de igual forma com alguns domínios e castelos da Ordem, unicamente, segundo se antolha, para não perder o direito, pela cessação de exercício.
(2)
Se, na verdade, a Ordem sofreu estas restrições no nosso País, isso explica nunca se terem registado abusos. (3)
[José Manuel Capêlo, Portugal templário, Relação e sucessão dos seus Mestres [1124-1314], A presença templária em Portugal, pp. 64-65.]

Notas do Autor:

(1). — Na carta redigida em Guimarães, a 13 de Março de 1129 em que confirma e assina com o próprio punho a doação de Soure, D. Afonso Henriques, ainda como infante, faz saber: (...) esta doação faço (...) Eu, o ilustre infante D. Afonso (…) com a minha própria mão roboro esta carta.
(2). — Schæfer, ob. cit., pp. 307 a 310.
(3). — A. Vieira d’Areia, O Processo dos Templários, p. 100, Livraria Civilização — Editora, Porto, s/d [1947].

Até breve e Bom Natal.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Desenvolvimento de estruturas de exploração e povoamento.

Em torno de Soure (1), como das suas satélites Ega e Redinha, bem como junto a Pombal, os Templários desenvolveriam estruturas dominiais de exploração e de povoação do território, ali fundando casais, granja e aldeias, construindo as respectivas igrejas matriciais dos priorados isentos, bem como algumas outras ermidas e infra-estruturas de apoio à defesa do território, bem como de viajantes e de peregrinos.
[Saul António Gomes, As Ordens Militares e Coimbra medieval: tópicos e documentos para um estudo, Ordens Militares: guerra, religião, poder e cultura, Vol. 2, p. 49.]


Nota do Autor:

(1). — Além da bibliografia citada em anteriores notas sobre Soure, consulte-se o estudo de Isabel Morgado, Soure: uma mui antiga terra da Estremadura, S. I., Comissão Nacional para as Comemorações dos descobrimentos Portugueses e Câmara Municipal de Soure (1996).

Até breve.

domingo, 21 de dezembro de 2008

Território de Ceras.

Apossados os templários do território de Ceras, procuraram logo um sítio acomodado para nele estabelecerem a capital da sua Ordem nesta monarquia, e o acharam no lado esquerdo do rio Thomar, e sobre as ruínas, já quase imperceptíveis, da famosa Nabância. Ali fundaram a primeira igreja com o título de Santa Maria do Olival, onde era tradição existira antigamente um mosteiro, e imediato a ela fundaram o seu principal convento, que existiu até que foram extintos.
[fr. Joaquim de Santa Rosa de Viterbo, Elucidário, Tomo II, p. 591.]

Até breve.

sábado, 20 de dezembro de 2008

1223.

D. Sancho II.

Morre D. Afonso II, sucedendo-lhe D. Sancho II, nascido em Coimbra, em 1209. Filho de D. Afonso II e D. Urraca, neto do rei de Castela Afonso VIII. Tinha 13 anos e de acordo com o testamento paterno ficaria até à idade de governar (14 anos) sob tutela dos grandes senhores: chanceler Gonçalo Mendes, o mordomo-mor Pedro Anes e o deão de Lisboa, Mestre Vicente. Estas personalidades levaram o jovem monarca a reconciliar o poder real com a igreja.
[História de Portugal em Datas — coord. de António Simões Rodrigues —, p. 35.]

Até breve.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Soure: doação de 1128.

(…) em 1128, o castelo de Soure continuava a carecer de uma actuação mais decidida. É, pois, neste panorama que deverá ser enquadrada a entrega de Soure aos Templários. Assim o que era doado aos Templários em Março de 1128 não era um castelo e território «apetecíveis» mas, pelo contrário, uma área destruída por eventos de um passado recente, mal povoada e com carência de estruturas defensivas. O que se lhes pedia era, portanto, tarefa ingrata, em zona instável e de fronteira.
[Mário Jorge Barroca, A Ordem do Templo e a Arquitectura Militar Portuguesa do Século XII, p. 173.]

Até breve.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Lisboa em 1147.

Lisboa medieval, na altura da conquista de 1147.
Reconstituição de Carlos Alberto Santos.


O âmbito da cidade era o actual castelo, defendido por um muro circular torreado, de cujo exterior partiam lateralmente duas muralhas, que, fazendo volta por nascente, se iam encontrar na orla do Tejo, exactamente à beira da água. A área intermédia devia abranger os actuais bairros de Alfama e Ribeira velha; espaço que mal compreenderíamos como pudesse conter população avultada, se uma testemunha ocular da conquista de Lisboa não nos subministrasse os meios de explicar, ao menos até certo ponto, esse facto. Os edifícios eram por tal modo apinhados que, exceptuando os bazares ou mercados, seria difícil achar uma rua ou passagem que tivesse mais de oito pés de largo. Além disso, em todo o circuito de muros e contíguos a estes havia uam espécie de vastos subúrbios, cujo avesso era talhado a pique, e por tal modo dificultoso de entrar que cada um podia considerar-se como um castelo ou baluarte.
[Alexandre Herculano, História de Portugal, Desde o começo da monarquia até o fim do reinado de Afonso III, Tomo I, Livro II, p. 493.]

Até breve.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

A Borgonha.

Talvez a relação do condado portucalense com a Borgonha explique o facto enigmático de a Ordem do Templo já estar instalada [em Portugal], pelo menos, dois anos antes da sua oficialização pelo clero romano, em 1128.
[Paulo Alexandre Loução, Os Templários na formação de Portugal, p. 108, Esquilo, 2ª Edição, Lisboa, 1999.]

Até breve.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

O Papa e a extinção da Ordem.

Antes, porém, pela bula Vox in excelso, submetida ao Concílio de Viena, a 3 de Abril de 1312, o Papa extinguiu a Ordem do Templo, sem contudo se pronunciar pela sua condenação canónica. Decerto devido às irregularidades do processo. A bula Ad providam fez conhecer a decisão a todo o mundo cristão.
[António Quadros, O projecto áureo ou o Império do Espírito Santo, Portugal, Razão e Mistério, Livro II, p. 124, Guimarães Editores, Lisboa, 1987.]
Até breve.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

A Cruzada na Península Ibérica.

Combate entre muçulmanos e cristãos na Península Ibérica.

A noção de cruzada, essa grande aventura da fé, entrou na Península Ibérica [Hespanha] com os freires da Ordem de S. Bento (1). Começa na Catalunha — bem antes que em Leão, Castela, Navarra ou Portugal (2) — com o beneplácito de bispos e abades. Foi o papa Alexandre II [1061-1073], um clunicense, quem primeiro [com gritados e incessantes apelos aos ainda incipientes e mal definidos reinos hispânicos] fez acordar e proclamar a necessidade duma guerra santa, e quem, com a ajuda inestimável desta Ordem religiosa, se lançou a conceder indulgências a quem nela participasse. Muitos cavaleiros europeus, sobretudo franceses e alemães, chegaram a Aragão para contribuir para a conquista de Barbastro [1064], confiantes que, nestas empresas guerreiras, as promessas de salvação das suas almas se concretizassem. Era este o espírito que vigorava, verdadeira e conscientemente, em todas as mentes da Idade Média.
Toledo foi conquistada [1065]
(3) por Fernando I, o magno, sendo nomeado seu primeiro arcebispo, o francês Bernardo, um clunicense, enviado a Castela pelo [4º] abade (S.) Hugo [†1109], sucessor de (S.) Odilón. Entretanto, poucos anos mais tarde [c. 1092], chegam à corte do rei Afonso VI, de Leão e Castela, os condes Raimundo e Henrique da Borgonha.
Por outro lado, o papa Urbano II [1088-1099],
(4) depois do sermão feito no concílio de Clermont [1095], aconselhou os cruzados de toda a Hespanha a que não fossem para a Terra Santa, fazendo menção [e caso!] de que eles tinham a própria cruzada em casa e que não lhes fazia falta nenhuma participarem em igual aventura no Oriente Médio. Chegou mesmo a proibi-los de tal. No entanto, muitos deles, parecendo esquecer a palavra do Sumo Pontífice, demandaram a Palestina.
Desta maneira, diríamos quase simplista — podendo afirmar-se que verdadeiramente imbuída com o espírito de cruzada — começa a Reconquista na Península Ibérica. Não só o exército real e os dos senhores feudais, mas a Igreja em armas, no terreno, eram disso prova.
A guerra contra o Islão toma foros de sagrada com o primeiro cerco de Saragoça [1101] — grande feudo moçarábico da Península — com o rei Pedro I de Aragão [c. 1072-1104], o primeiro monarca hispânico que tomou o nome de rei cruzado. No entanto, este rei teve que abandonar o intento sem conseguir o seu objectivo. Foi só quando seu irmão Afonso I, o batalhador [1073-1134], subiu ao trono [1104], que tal se verificou. Em 1118, depois de reunido o concílio de Tolosa, com religiosos de ambos os lados dos Pirinéus, acordou-se conferir à tomada daquela cidade
(5) o carácter religioso com que se tinha iniciado dezassete anos antes. Assim, a nova campanha deixou de ser apenas aragonesa, desde o momento em que se comprometeram nela cavaleiros e vilãos de todo o território peninsular, diante dos quais marchavam os seus respectivos bispos e muito monges, que deram provas de inaudito arrojo e intervindo activamente nos combates.(6)
[José Manuel Capêlo, Portugal templário, Relação e sucessão dos seus Mestres [1124-1314], A presença templária em Portugal, pp. 45-46.]

Notas do Autor:

(1). — Beneditina ou de Cluny.
(2). — Obviamente que, nesta altura, Portugal não existia como reino.
(3). — Naqueles dias Toledo era a cidade santa da Península, a versão hispânica de Jerusalém. [Juan G. Atienza, Monjes y Monasterios Españoles en la Edad Media, p. 328, Ediciones Temas de Hoy, Madrid, 1994.]
(4). — Foi mais tarde beatificado.
(5). — Foi conquistada a 18 de Fevereiro de 1118.
(6). — Juan G. Atienza, ob. cit., pp. 326-327.


Até breve.

domingo, 14 de dezembro de 2008

Ideologia de guerra.

É indesmentível que, de início, todas as Ordens Militares se apresentavam debaixo de uma ideologia unanimemente centrada na luta contra os sarracenos e na recuperação dos antigos e santos lugares da Cristandade. Ideologia que S. Bernardo bem incorporou no seu Elogio da Nova Milícia (1), propondo não só a justificação moral de uma guerra santa contra os inimigos da Cruz, como sobretudo um modelo ético e perfectível que impressionava os candidatos às honras da cavalaria e da nobreza, particularmente sedutora para aqueles numerosos iuvenes que nada herdavam das avoengas familiares nobiliárquicas.
[Saul António Gomes, As Ordens Militares e Coimbra medieval: tópicos e documentos para um estudo, Ordens Militares: guerra, religião, poder e cultura, Vol. 2, pp. 44-45.]

Nota do Autor:

(1). — Liber as Milities Templi De Laude Novae Militae, redigido entre os anos de 1130 e 1136 e dedicado a D. Hugo, Mestre da Ordem do Templo. Publicado com tradução em Obras Completas de San Bernardo. I. Introducción General y Tratados, Madrid, BAC, 1993, pp. 494 e ss.

Até breve.

sábado, 13 de dezembro de 2008

A acção dos Templários em Portugal: seus inícios.

A acção dos Templários, nos seus momentos iniciais em Portugal, que as fontes documentais régias elucidam com assinalável escassez e em manifesta parcimoniosa atitude, deve ter-se pautado por um considerável conjunto de insucessos. Não conseguiram, por exemplo, evitar a destruição de Soure por 1144 e o aprisionamento do conhecido presbítero Martinho, que a tradição portuguesa consagraria como santo. Por outro lado, conhece-se a sua presença activa na defesa da fortaleza de Leiria, povoação nova fundada por D. Afonso Henriques, em 1135, mas que as Milícias cristãs parecem não ter conseguido defender com pleno êxito, não evitando mesmo alguns desagradáveis cercos e a perda da fortaleza aquando de algumas incursões sarracenas após-1135 (1).
[Saul António Gomes, As Ordens Militares e Coimbra medieval: tópicos e documentos para um estudo, Ordens Militares: guerra, religião, poder e cultura — — coordenação de Isabel Cristina F. Fernandes —, Vol. 2, p. 49, Actas do III Encontro sobre Ordens Militares. Lisboa, Edições Colibri/Câmara Municipal de Palmela, Lisboa, 1999.]

Nota do Autor:

(!). — Seja-me permitido remeter, sobre este assunto, para o meu estudo “Presença das Ordens Militares na Região de Leiria (Séc. XII-XV)”, As Ordens Militares em Portugal e no Sul da EuropaActas do II Encontro Sobre Ordens Militares, Lisboa, Edições Colibri/Câmara Municipal de Palmela, 1997, pp. 143-204.
Até breve.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Propriedades em Lisboa.

Os bens dos Templários em Lisboa tinham sido confirmados por Bula de Urbano III, em 22 de Maio de 1187, que referia a «casa de Lisboa com todas as suas pertenças» (1), sem especificar de que propriedades se tratava. A inquirição de 1220 assinala, na freguesia de Santiago, umas boas casas com seu curral e outras duas casas, e, em Santo Estêvão, três tendas, lagares de azeite, e parte em casas e lagares de vinho. Nesta freguesia, temos uma notícia anterior, de 1200, de uma casa dos freires do Templo (2).
Nos limites do termo da cidade, os Templários detinham propriedades em Arroios (uma vinha), Lumiar (uma boa granja com dois casais), Malapados, perto de Chelas (vinha), Odivelas (granja com dois moinhos), Trigache (peça de herdade) e em Alpriate (3) (granja com salinas). Referências anteriores conhecidas, só para a vinha da Concha, mencionada em documento de 1197 (4)
[José Manuel Vargas, O património das Ordens Militares em Lisboa, Sintra e Torres Vedras, segundo uma inquirição do reinado de D. Afonso II, Ordens Militares: guerra, religião, poder e cultura — coordenação de Isabel Cristina F. Fernandes —, Vol. 2, p. 111, Edições Colibri/Câmara Municipal de Palmela, Lisboa, 1999.]

Notas do Autor:

(1). — Carl Erdman, Papsturkunden in Portugal, Berlin, 1927, doc. 118.
(2). — Maria Teresa Acabado, Inventário de Compras do Real Mosteiro de S. Vicente de Fora (Cartulário do Séc. XIII), Coimbra, 1969, doc. 53.
(3). — A comenda da Granja de Alpriate, em 1600, foi avaliada em 200 mil réis (Luís de Figeiredo Falcão, Livro em que se contém toda a Fazenda…, ed. 1859).
(4). — Documentos de D. Sancho I (1174-1211), vol. I, 1979, doc. 104.

Até breve.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

S. Teotónio.

A veneração do primeiro rei português pelo prior der Santa Cruz, a quem pedia a bênção e lhe beijava a mão de joelhos, parece advir da integridade moral do cónego, amplamente reconhecida pela sociedade do seu tempo, e porventura pelo apoio que este lhe prestou à sua causa. A importância desta figura — que o papa Alexandre III canonizou, em 1163, um ano após a sua morte — e desta ordem religiosa, pode explicar o facto de, por um lado, no testamento de D. Afonso Henriques, Santa Cruz de Coimbra vir a beneficiar do dobro da quantia que o rei destinara para Alcobaça e para as catedrais de Coimbra, Porto, Viseu, Lamego e Évora, e, por outro, como vimos anteriormente, ter sido no mosteiro coimbrão que o rei se fez sepultar.
[Nuno Villamariz Oliveira, Castelos da Ordem do Templo em Portugal, 1120-1314, Vol. I, p. 48.]

Até breve.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

D. Sancho I.

Falecia, a 6 de Dezembro (1185), D. Afonso Henriques subindo ao trono D. Sancho I que seria aclamado rei três dias depois, em Coimbra. D. Sancho I prosseguirá a política do pai no reforço da defesa fronteiriça e, também, no recomeço da ofensiva. É de destacar o esforço realizado para atrair habitantes às regiões conquistadas, atribuindo cartas de foral de forma a consolidar o repovoamento.
[História de Portugal em Datas — coord. de António Simões Rodrigues —, p. 31.]

Até breve.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

D. Julião Pais.

Julião Pais era nomeado (1182), por D. Afonso Henriques, chanceler-mor. A este funcionário da cúria régia, estava confiado o selo real com que eram autenticados os diplomas régios. O chanceler tinha funções muito amplas, controlando os diversos funcionários administrativos e ocupando a chefia da magistratura. Tendo origem no reino de Leão, insere-se na progressiva organização e implantação da máquina administrativa do poder.
[História de Portugal em Datas — coord. de António Simões Rodrigues —, p. 30, Círculo de Leitores, Lisboa, 1994.]

Até breve.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Empréstimos.

A Ordem exerce paralelamente, tanto no Oriente como no Ocidente, para além das suas habituais funções religiosas e guerreiras, uma outra: a de banca. Os empréstimos eram não só concedidos a reis, a parte de uma nobreza poderosa e competitiva, como a uma burguesia que começava a mostrar-se, e a posicionar-se no reino, ainda que timidamente. Uma outra nobreza, paralelamente — por enquanto não tão poderosa e sustentada, mas a tornar-se já capaz, por si própria — numa intentada doação de terras à Ordem, procurava a sua filiação nesta. Por vezes, conseguia-o. As razões eram fortes, até porque o poder do dinheiro ou das doações criara e sustentara as diferenças. Exactamente por isso, tanto de dinheiro emprestado quanto de filiação recusada, nasceram rancores e ódios ocultos. A teia tecida por algumas aranhas iria provocar uma outra bem maior, na sua plena e mais perfeita forma, precisamente dentro de um século.
[José Manuel Capêlo, Portugal templário, Relação e sucessão dos seus Mestres [1124-1314], A presença templária em Portugal, p. 104.]

Até breve.

domingo, 7 de dezembro de 2008

D. Fernão Mendes, o braganção.

Depois do Castelo de Soure, os Templários receberam das mãos de um particular — o cunhado de D. Afonso Henriques, D. Fernão Mendes de Bragança — três castelos: Penas Róias e Mogadouro, a Norte do Douro, e o castelo de Longroiva, a Sul deste Rio. A doação do Castelo de Longroiva foi assinada em 10 de Junho de 1145 e os outros dois castelos devem ter sido entregues sensivelmente por essa altura.
[Mário Jorge Barroca, A Ordem do Templo e a Arquitectura Militar Portuguesa do Século XII, p. 186.]
Até breve.

sábado, 6 de dezembro de 2008

Tomar medieval.

castelo de Tomar. Vista aérea.

Porém, terminada a Reconquista, o dispositivo defensivo tomarense ficava distante das fronteiras e ia-se tornando desinteressante e militarmente obsoleto. A alcáçova acabaria por ceder lugar aos Paços Mestrais e ao Convento. Quanto à Almedina, desde muito cedo insuficiente para conter os efectivos populacionais que serviam Tomar, seria suplantada pelo antigo arrabalde.
[Manuel Sílvio Alves Conde, Tomar medieval, p. 72.]

Até breve.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Yahyā n. Ali n. Ghānīya.

Este período vê também surgir uma nova força entre os almorávidas do al-Andalus, os Banū Ghānīya. Yahyā n. Ali n. Ghānīya era membro da casa dominante pelo lado materno, sendo a sua mãe parente de Yūsuf n. Tashfin, enquanto que o pai era um chefe da tribo Massūfa. Pode ter sido este séquito tribal que lhe permitiu dar novo ânimo às forças almorávidas. A família surge primeiro em 1226/7, quando o irmão de Yahyā, Muhammad, era governador das ilhas Baleares, que permaneceriam sob o domínio dos Banū Ghānīya até à conquista almóada de 1203. Yahyā foi governador de Múrcia antes de 1133, altura em que o transferiram para Valência a fim de ajudar a combater a ameaça de Aragão. Em 1134, comandou as forças muçulmanas na batalha de Fraga (1) e em 1136 ele e o governador de Fraga, Sa‘d n. Mardanīsh, conquistaram Mequiñenza, repondo, assim, a posição muçulmana no Baixo Ebro. Yahyā terá permanecido no Levante até 1143 ou 1144, altura em que foi transferido para Sevilha para fazer face à crescente ameaça de rebelião de Ibn Qasi no Algarve.
[Hugh Kennedy, Os Muçulmanos na Península Ibérica, História política do al-Andalus, pp. 211-212.]

Nota pessoal:

(1). — Onde foi morto e desapareceu o rei Afonso I, de Aragão, o conquistador
.
Até breve.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

A morte espera em Drá.


Depois o príncipe dos crentes (Iúçufe que estava em Sevilha) partiu para a cidade de Marraquexe e levou com ele o cristão chamado Guerando (Giraldo) que mandou residir para o Suz (cuja capital é Tarudante e onde está Agadir) com o seu senhorio. Foi daí que ele escreveu para Lisboa a Ibn Anrike para lhe dizer as condições favoráveis em que se achava ali, junto do mar, e acrescentava: «Se te parecer, manda navios armados para te apossares deste país porque podes contar comigo.» Mas o portador desta missiva foi preso e o príncipe dos crentes mandou a Guerando que viesse falar-lhe à cidade de Marraquexe. Assim foi. Ao mesmo tempo o califa dava a seguinte ordem ao governador de Drá (país a leste do Suz), chamado Muça ibn Abd Açamade: «Quando vos enviarmos Guerando e os seus partidários, reparti estes pelas tribos e a ele matai-o porque nós temos carta dele que mostra a sua traição.»
Depois disto o príncipe dos crentes convidou Guerando a ir para Drá, dizendo-lhe que lá estaria melhor que no Suz. Guerando cumpriu a ordem do califa e com ele foram 350 milicianos cristãos, seus partidários.
Chegados a Drá, Muça mandou-o matar como lhe ordenara o príncipe dos crentes. Sucedeu isto em 565 [24 de Setembro de 1169 a 12 de Setembro de 1170].
(1)
[António Borges Coelho, Portugal na Espanha Árabe, Vol. 2, p. 310, Editorial Caminho, Lisboa, 1989.]

Nota do Autor:

(1). — Códice de Albaidac, in Documents inédits d’histoire almohade, publicados por Lévi-Provençal, tradução de David Lopes, in obra citada (2). (Ibidem, p. 310, nota 2.)
(2). — O Cid Português — Giraldo Sem Pavor, pp. 124 a 127, separata da Revista Portuguesa de História.

Até breve.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

D. Afonso Henriques, S. Bernardo e o papa Inocêncio II.

Bernardo de Claraval

Estava S. Bernardo ocupado na lição dos Cantares e governo do seu mosteiro quando chegou de Portugal D. Pedro Afonso, meio-irmão de D. Afonso Henriques, trazendo consigo Frei Rolando, religioso de S. João de Tarouca “experto nas coisas de França” e um dos oito que S. Bernardo enviara de Claraval. São portadores de cartas do príncipe e do abade de Tarouca e nelas se relata a vitória de D. Afonso contra os mouros “por vontade divina”, como fora levantado rei por seus vassalos e como o monarca de Leão se mandara queixar ao Papa, dizendo não ser lícito a ninguém usurpar o título real, sendo vassalo de outro rei; e porque o negócio era importantíssimo, por dele poderem resultar guerras entre cristãos e por viverem entre mouros que então senhoreavam grande parte da Espanha, lhe pedia que negociasse com o papa Inocêncio II, junto de quem tinha tanto valimento, que lhe confirmasse o título real, ficando ele feudatário da Igreja e obrigado a pagar-lhe em cada ano certa quantia em moeda.
[Leonor Correia de Matos, A Ordem de Cister e o Reino de Portugal, pp. 27-28, Fundação Lusíada, Lisboa, 1999.]

Até breve.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Cavaleiros e confrades.

Uma quantidade de documentos que se conserva ainda hoje no arquivo de Tomar, desde a época da admissão dos templários em Portugal até ao fim do século XIII, mostra que homens e mulheres, casados e solteiros, se inscreviam na Ordem como Confrades, Familiares ou Donatos. Na Ordem chamavam-se Frades, Confrades ou quasi-Frades. Muitas viúvas de fidalgos entravam, para a Ordem, como Fradas ou Fratrissas (irmãs). Os iniciados faziam doação de parte dos seus bens, para custeio do seu sustento, que ficava sob a inspecção do Mestre da Ordem ou dos seus primeiros religiosos. Sem permissão dele ou deles, não podia tal quota-parte ser trocada, vendida ou gasta, de qualquer outra forma. Em caso de falecimento, este [um] tanto dos bens ficava sendo propriedade da Ordem; ou, se havia filhos, recebiam aqueles uma percentagem. Ninguém entrava de mãos vazias na associação da Ordem.
[Heinrich Schæfer, História de Portugal, Vol. I, pp. 66.]

Até breve.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Castelos de fronteira: Germanelo e Penela.


A instabilidade criada pelas frequentes incursões muçulmanas até aos campos de Coimbra, que justificou a iniciativa de d. Afonso Henriques de mandar edificar o castelo de Germanelo, ajuda também a compreender o aparecimento do foral de Penela em 1137. É também a mesma instabilidade que pode ajudar a explicar as múltiplas reformas que o castelo de Penela haveria de sofrer ao longo dos tempos, certamente ainda no reinado de D. Afonso Henriques e, conforme nos garantem algumas informações, em tempos sequentes.
[Mário Jorge Barroca, Do castelo da Reconquista ao castelo Românico (séc. IX a XII), Portugália, Nova Série, Vol. XI-XII, p. 107, Instituto Português de Arqueologia, Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Porto, 1990/91.]
Até breve.

domingo, 30 de novembro de 2008

Castelo de Ceras=castelo de Tomar.

Muralhas da Alcáçova e Torre de Menagem, do castelo de Tomar.


Assim, nada nos garante efectivamente que o castelo de Cera não seja o próprio castelo de Tomar, até por que não faria muito sentido que D. Afonso Henriques propusesse aos Templários a troca de Santarém, uma das mais importantes cidade da época, por um castelo em ruínas. Em suma, no nosso entender, nada obsta a que esse castelo fosse o de Tomar, o qual já deveria ter, à data da doação, alguma edificação militar e talvez uma razoável presença humana. (1)
[Nuno Villamariz Oliveira, Castelos da Ordem do Templo em Portugal, 1120-1314, Vol. I, p. 158, e nota 129.]

Nota do Autor:

(1). — Este é mais um assunto nebuloso para o qual a historiografia e sobretudo a arqueologia ainda não conseguiram apresentar provas convincentes. Já Manuel Osório, em finais do século XIX, considerava que “senhores de Cera, os freires da Ordem do templo de D. Gualdim julgaram azado aquelle logar para estabelecerem alli a capital da sua Ordem; e para defeza d’esta, levantaram nas ruínas do antigo castro de Cera o magestoso castello de Thomar”. A historiografia portuguesa do século XX, baseada sobretudo na obra de Viterbo, tem-se inclinado para a existência de um castelo de Cera, localizado perto da actual aldeia de Ceras, embora sem indicarem o local desses vestígios. Também Mário Jorge Barroca, num artigo recente, sustenta que os cavaleiros optaram pela escolha de Tomar “abandonando definitivamente a ideia de reconstruir o velho e arruinado castelo de Ceras”.
[Cf. Osório, M. “O castelo de Almourol”, Revista de Engenharia Militar, 1896-1897, s. p., e Barroca, M. J., “A Ordem do Templo e a Arquitectura Militar Portuguesa do Século XII”, Portugália, Nova Série, Instituto de Arqueologia, FLUP, Porto, Vols. XVII-XVIII, 1996/1997, p. 191.]

Até breve.

sábado, 29 de novembro de 2008

Regras féreas do foral de Marmelar.

Por outro lado, no foral de Marmelar [1194], que é uma vila que Sancho I funda de novo no meio de desvios que se dilatam nas proximidades do castelo de Armamar (1), surge férea a legislação, que se manifesta nas disposições referentes à administração da fazenda e da justiça. Entre outras realiza-se esta directiva, que é deveras indicadora do modo brutal como se actuava, em matéria disciplinar, naqueles dias:

Se algum morador matar outro voluntariamente pague a multa do homicídio (20 bragaes): se for por ímpeto de cólera, e não o tiver desafiado perante o concelho, enterrem-no vivo debaixo do morto (2), confiscando-lhe os bens móveis para o senhor, e os de raiz para o concelho.
Se, porém, houver desafio, deve ter sido com trégua firme (treugam sanam) até nove dias, durante os quais ambos têm de sujeitar a contenda ao julgamento dos homens bons.
[José Manuel Capêlo, Portugal templário, Relação e sucessão dos seus Mestres [1124-1314], A presença templária em Portugal, pp. 93-94.]

Notas do Autor:

(1). — Alexandre Herculano, História de Portugal, Vol. IV, Livro VIII, Parte I, p. 85.

(2). — Diz Herculano em nota de rodapé:
Este exemplo tinha-nos escapado quando escrevemos a Nota 1 do Vol I, p. 382, onde inexactamente afirmámos ser esta clausula alheia aos forais de terras povoadas por portugueses. Todavia, ela é, como dissemos, indício de extrema fereza de costumes, que aliás era natural nas brenhas de Marmelar. [Ibidem, p. 86.]

Por outro lado, na nota que faz a este mesmo assunto e que apõe à atrás mencionada, fazendo-a desaparecer, José Mattoso acrescenta: É raríssimo encontrar esta pena atroz mencionada em forais portugueses. Achamo-la, porém, estatuída no foral da Lourinhã, vila povoada por uma colónia franca. [Ibidem, História de Portugal, Tomo IV, Notas Críticas ao Livro VIII — Parte I, p. 131.]

Até breve.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Uma vergonha nacional.

Aspecto do "arranjo arqueológico" visível junto à igreja de Santa Maria
dos Olivais, em Tomar: Panteão Templário de Portugal.


O que me propus quando inicei este blog era o de aqui fazer inscrever notícias que não só falassem da História da Ordem do Templo em Portugal e de outras efemérides que a ela estivessem relacionadas, bem como de acontecimentos que falassem da História deste País, da Península Ibérica ou do Outremer e a ela pudessem ligar-se. É isso que tenho feito, quase que diariamente.

Chegou, entretanto, uma notícia que me deixou deveras estupefacto. E é dela que, caso excepcional, vos quero deixar nota, por me parecer uma acto de profunda vergonha, desleixo e desinteresse pela forma como se trata o Património histórico que nos resta em Portugal, e do que se passa no "arranjo e embelezamento" que se nos deixa visível, e que circunvizinha a igreja de Santa Maria dos Olivais, lugar que foi destinado ao repouso eterno da maioria dos Mestres Templários que a Ordem teve em Portugal. Por isso D. fr. Gualdim Pais a mandou construir e fez designar como Panteão Templário em solo português.
Para quem quiser, como eu, assinar esta petição, podem fazê-lo, e ler do que se trata, através de:
"Meus caros.

O que se está a passar em Tomar é uma vergonha.

Eu como Português, consciente da importância cultural de um povo que já soube estar à frente do Mundo onde a Igreja de St.a Maria do Olival era o seu "fiel representante", e como "pessoa de bem", depois de ver o que se passa lá através deste blog
,

http://blog.thomar.org/2008/11/tnel-descoberto-no-templo-de-st-maria.html
não pude de deixar de assinar esta sua petição
http://www.petitiononline.com/1cc1160/petition.html


espero que façam o mesmo e divulguem. Lourenço
---------- ----------From: Rui Ferreira
Date: 2008/11/25, Subject: Era um túnel
??

Inacreditável e injusto, não é?!...
Pedro Alvites
Até breve.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Castelo Branco: a última sede templária de Portugal.


Castelo de Castelo Branco, com a sua única torre, pano de muralha e adarve.

Quando um dia a historiografia portuguesa se aperceber que Castelo Branco foi, de facto, a grande cidade templária de Portugal, muito símbolos ruirão e muitas perguntas se farão, e a que necessariamente terão que se encontrar respostas. No entanto, elas existem, e exactamente por isso têm de ser enunciadas o mais rapidamente possível, para colmatar uma falha de anos e anos de enganos e falsos destinos. Convenhamos que há que repor a História no seu devido lugar e com os nomes que lhe são devidos. Apenas para que se faça justiça e se honre um lugar onde apenas tresanda esquecimento e alapardada ignorância.

Pedro Alvites.

Até breve.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Aquisições.

Menos luzentes e extensivas eram as aquisições que a Ordem devia aos particulares. Mas o sossego com que estas aquisições, pouco aparentes, eram feitas, não nos deve deixar desapercebida a sua importância. Obteve-a a Ordem, por sua quantidade e particularidade. Assim como, genérica, a ordem religiosa em Portugal, assim tinham também os templários e as outras ordens de cavaleiros, em breve, os seus familiares.(1)
[Heinrich Schæfer, História de Portugal, Vol. I, pp. 66.]

Nota nossa:

(1). — O historiador alemão cita fr. António Brandão, na Monumenta Lusitaniae, quando diz: Era cousa mui ordinária [frequente] naquele tempo, tomarem as pessoas nobres a Cruz das Religiões do Hospital, ou do Templo; alguns, somente como Confrades, e outros com voto de profissão, apartando-se de suas mulheres, que também recebiam a Cruz, e restavam [davam] seus bens a estas Ordens. A mesma devoção tiveram muitos [para] com as Ordens de Santiago, Calatrava, Avis e Alcântara. [Ob. cit., Vol. I, p. 66, nota 3.]

Até breve.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Castelo de Almourol.

castelo de Almourol

Em 1165, estando o castelo de Almourol completamente reedificado pelos arquitectos e pedreiros templários — numa ilhota existente no meio do rio Tejo, entre Constância, Praia do Ribatejo e Vila Nova da Barquinha — o Mestre (1) eleva a Comendador (2) desta fortaleza, D. fr. João Domingues (3).

[José Manuel Capêlo, Portugal templário, Relação e sucessão dos seus Mestres [1124-1314], A presença templária em Portugal, p. 83.]

Notas nossas:

(1). — No entanto, fr. Bernardo da Costa dá-nos a seguinte informação:
Foi o dito Castello de Almourol edificado no anno de Christo de mil cento e setenta.
Era M.CCVIII.Magister Gaudiniu Bracarui
quae est caput Galetiae ortus edificavit
hoc Castrum Almeiroul &c
.
[Fr. Bernardo da Costa, História da Militar Ordem de Nosso Senhor Jesus Cristo, p. 47.]

(2). — Era raro, neste tempo, um Comendador da Ordem do Templo sê-lo em mais do que uma Comenda. Este caso foi verdadeiramente único, durante muitos anos, nos anais das Comendas templárias portuguesas. Aconteceria quase um século depois, quando D. fr. Paio Gomes Barreto o foi — de 1283 ou 1284 a 1288 — em Castelo Branco, sede do Templo em Portugal, e Jerez de los Caballeros, na Extremadura de Leão.

(3). — O Comendador de Almourol, segundo parece, para lá de o ser para este lugar e seu termo, foi-o para outras duas Comendas que referenciava — as dos castelos de Cardiga e Ozêzere — , a título verdadeiramente excepcional dentro da Ordem, já que um Comendador era-o somente numa Comenda
.
Até breve.

domingo, 23 de novembro de 2008

Torre de menagem. III

Um dos mais antigos exemplos de Torre de Menagem que sobreviveu até nós foi o do castelo de Pombal, uma fortaleza ligada à Ordem do Templo, erguida por D. Gualdim Pais em 1171 (1). Trata-se de uma construção larga e não muito alta, que ofereceu algumas dificuldades aos seus construtores, pelo que estes se viram obrigados a adossarem dois contrafortes cintando a fachada principal e conferindo a esta Torre de Menagem uma silhueta peculiar. Por outro lado. O andar térreo desta Torra, que não possui qualquer abertura para comunicação com o exterior, apresenta muros significativamente mais espessos que os restantes andares, procurando alcançar maior estabilidade e resistência construtiva. As faces exteriores apresentam um perfil oblíquo, em rampa, simulando uma sapata. Não deixa de ser interessante sublinhar que os mais antigos exemplos datados de Torres de Menagem em Portugal surgem sistematicamente associados aos Templários. Podemos incluir neste grupo a Torre de Menagem de Pombal (1171), já referida, e as de Tomar (1160), Penas Róias (1166), Almourol (1171) e Longroiva (1174), todas datadas por inscrições. O próprio facto de D. Gualdim Pais ter assinalado este notável esforço construtivo dos Templários com a colocação de inscrições em todas estas Torres pode ser interpretado como um sintoma da sua relativa novidade dentro do panorama da arquitectura militar portuguesa da segunda metade do século XII.
[Mário Jorge Barroca, Do castelo da Reconquista ao castelo Românico (séc. IX a XII), Portugália, Nova Série, Vol. XI-XII, p. 121.]

Nota do Autor:

(1). — No caso de Trancoso, que abordamos a partir do diploma de 960, o arcaísmo evidenciado pela sua torre resulta do facto de se ter aproveitado para Torre de Menagem do castelo românico uma estrutura pré-românica já existente.
Até breve.

sábado, 22 de novembro de 2008

Torre de menagem. II

Os primórdios da Torre de Menagem continuam mal caracterizados em Portugal. É provável que os primeiros exemplos tenham aparecido já na primeira metade do século XII, reflectindo o conhecimento da arquitectura militar de além-Pirinéus veiculado pelos contactos dinamizados no quadro da reconquista após 1086. No entanto, os mais remotos casos datados pertencem aos meados do século XII e inícios da segunda metade da centúria. Deste modo, a introdução da Torre de Menagem nos castelos portugueses antecede em uma ou duas escassas dezenas de anos o aparecimento de residências senhoriais fortificadas, que começam a surgir entre nós a partir do último quartel do século XII e que se irão inspirar precisamente na fisionomia da Torre de Menagem (1).
[Mário Jorge Barroca, Do castelo da Reconquista ao castelo Românico (séc. IX a XII), Portugália, Nova Série, Vol. XI-XII, p. 121.]

Nota do Autor:

(1). — Cf. Mário Jorge Barroca, Em Torno da Residência SAenhorial Fortificada. Quatro Torres Medievais na região de Amares, Revista de História, Centro de História da F. L. U. P., IX, 1989, 9-61.
Até breve.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Torre de menagem. I

castelo de Pombal.

Isolada no interior do pátio, a Torre de Menagem, símbolo do Poder e último reduto de defesa, constituía a maior inovação do castelo românico. (1) A Torre de Menagem implantava-se num dos pontos da cota mais alta do castelo, erguendo-se em altura por forma a ser possível o tiro directo para o exterior, sem prejuízo da presença do pano de muralha. Adoptando desde cedo a planta quadrangular, possuía o andar térreo sem aberturas e a porta rasgada no primeiro andar. O acesso realizava-se sempre por intermédio de uma escada móvel de madeira que, em caso de perigo, podia ser retirada a partir do interior da construção, isolando-a. Por vezes, nas zonas fronteiras à face da Torre de Menagem onde se abre a porta de acesso, é possível encontrar os testemunhos dos apoios dessa estrutura móvel de acesso, como, por exemplo, no castelo de Moreira do Rei, como já tivemos oportunidade de referir.
[Mário Jorge Barroca, Do castelo da Reconquista ao castelo Românico (séc. IX a XII), Portugália, Nova Série, Vol. XI-XII, p. 121, Instituto Português de Arqueologia, Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Porto, 1990/91;]

Nota do Autor:

(1). — Sobre a origem da Torre de Menagem no castelo medieval europeu, veja-se Gabriel Fournier, Le Chateau dans la France Médiévale. Essai de Sociologie Monumentale. Paris, 1978, 80-90, e Michel Fixot, Notes sur la genèse du Château Roman, Matériaux pour l’Histoire dês Cadres de Vie dans l’Europe Occidentale (1050-1250), Nice, 1984, 45-62
.

Até breve.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

O nome da Ordem e dos seus membros.

O título de Ordem só se legaliza com a Regra. O que a pequena comunidade é não passa de um grupo que se intitula, ou é intitulado por outros, de Irmãos Pobres do Templo de Jerusalém, Militares Pobres do Templo na Cidade Santa — «Pauperum Commilitonum Templi in Sancta Civitate», conforme reza o endereço da Regra. Nesta Regra os irmãos são chamados «Religiosos Soldados de Cristo», — «Commilitonum Christi», ou «Militum Templi». No decurso da Regra variam as nominações, apenas e talvez, para quebrar a monotonia repetitiva das mesmas palavras, mas o significado é o mesmo, ou idêntico: «Milites Templi dicamini» — vós que «vos dizeis Militares do Templo». O título «Christi Milites», na forma do ablativo — «Christi militibus» também aparece mencionada na regra, que lhes confirma o título de Ordem — «Militari Ordinis».
[Pinharanda Gomes, A Regra primitiva dos cavaleiros Templários, pp. 21-22.]
Até breve.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Templários na fronteira portuguesa.

Ao longo dos séculos XII e XIII estes cavaleiros ocuparam diversos pontos da fronteira portuguesa, quer em situações de domínio senhorial sobre o território, onde os poderes concelhios eram ténues, sobretudo em zonas de fraca densidade populacional, como a orla da Beira Baixa e Alto Alentejo, quer em espaços onde era vital a estruturação de importantes aglomerados defensivos. Neste último caso, os exemplos de Portalegre, já referido, Évora e Monsaraz são elucidativos da preocupação da milícia em apoiar a fixação de novos colonos em solo urbano.
(…) Os cavaleiros podiam, através das suas propriedades urbanas, atrair igualmente uma clientela de mercadores e de artífices, que, entre outras actividades, lhe entregava a custódia de objectos de valor ou almejava ser sepultada nos seus cemitérios.
[Nuno Villamariz Oliveira, Castelos da Ordem do Templo em Portugal, 1120-1314, Vol. I, pp. 151-152.]
Até breve.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Évora árabe (almohada).

Évora era naquele tempo, (1) depois da capital da província (Badajoz), a cidade mais importante dela. Vasta e populosa, está cingida de muros, em um castelo ou kassba (2) que a assoberbava constituía a sua principal defesa. O território dos arredores passava por ser um dos singulares em fertilidade, e os seus principais produtos eram os cereais, os gados e toda a casta de frutas e legumes. Um extenso comércio, tanto de importação como de exportação, a tornavam poderosa e rica, e a magnificência da sua principal mesquita merecia particular atenção dos viajantes. (3)
[Alexandre Herculano, História de Portugal, Desde o começo da monarquia até o fim do reinado de Afonso III, Tomo I, Livro II, p. 549.]

Nota do Autor:

(3). — Edrisi, Geografia, Vol. 2, p. 24. provavelmente o chamado Templo de Diana, cujas magníficas ruínas ainda existem, servia de mesquita aos sarracenos de Évora, se é que não era antes o sírio da kassba, por estar a cavaleiro da povoação, sendo a mesquita no lugar onde depois se edificou a sé. (Ibidem, p. 549, nota 187.)


Notas nossas:

(1). — Ano de 1162.
(2). — Alcáçova (castelo) árabe.
Até breve.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

A Ordem: fiel depositária de bens.

Há, em primeiro lugar, a função de depositária que as várias casas do Templo desempenharam: e isso cada vez com mais frequência, à medida que a Ordem se desenvolvia. O tesoureiro do Templo de Paris, o do Templo de Londres, tiveram, a esse respeito, devido a essas posições, lugares de maior relevo. Esses depósitos podem ser ocasionais.
[Régine Pernoud, Os templários, p. 116.]
Até breve.

domingo, 16 de novembro de 2008

Privilégios dos abades de Alcobaça.

Fachada barroca do mosteiro de Alcobaça.

Na ordem social, era de assinalar a preeminência dos abades de Alcobaça sobre os demais clérigos: outrora assinavam e confirmavam nas doações reais imediatamente a seguir ao último bispo e, depois deles, os Mestres das Ordens militares, o Prior mor de St.ª Cruz de Coimbra, o Prior de Guimarães, o Prior de Palmela e Avis, e de todas as outras dignidades eclesiásticas com autoridade para assinarem nas confirmações.
[Leonor Correia de Matos, A Ordem de Cister e o Reino de Portugal, p. 47, Fundação Lusíada, Lisboa, 1999.]

Até breve.

sábado, 15 de novembro de 2008

Destruição de Torres Novas, em 1190.

O cerco almohada de 1190 não teve apenas consequências nefastas em Tomar, tendo atingido quase toda a Estremadura portuguesa. Efectivamente, a invasão almohada traduziu-se na conquista de Torres Novas, que foi incendiada e saqueada depois de resistir durante dez dias ao cerco do exército de Abu Yacub al-Mansur.
[Mário Jorge Barroca, A Ordem do Templo e a Arquitectura Militar Portuguesa do Século XII, p. 180.]

Até breve.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Templários nos reinos de Leão e Castela.

O reino de Leão e Castela, que sofreu várias mutações políticas e geográficas ao longo da sua história, só dispõe de documentação segura referente à presença dos primeiros Templários em datas mais tardias do que as dos outros reinos cristãos (1), nomeadamente através de algumas possessões na zona de Soria, em 1146, de herdades nos arredores de León, cerca de 1148, e da devolução da fortificação e vila de Calatrava, aos muçulmanos, em 1157.
[Nuno Villamariz Oliveira, Castelos da Ordem do Templo em Portugal, 1120-1314, Vol. I, p. 142.]

Nota do Autor:

(1). — Esta constatação tem sido geralmente interpretada como uma lacuna das fontes documentais templárias, que noutras regiões da península teriam tido a oporttunidade de transitar para outras Ordens Militares, como a de Cristo, em Portugal, ou a de Montesa, em Valência. Contudo, se considerarmos os acontecimentos ulteriores, verificamos que a presença da Templo neste reino é quase irrelevante, sobretudo se a compararmos com o poder que detiveram em Portugal, no reino aragonês ou na Catalunha.

Até breve.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Reis e Templários.


D. Afonso Henriques estava, não obstante, pouco disposto a renunciar à soberania dos lugares e territórios conferidos à Ordem. As investigações sobre a legitimidade das aquisições de terrenos e direitos dos cavaleiros do Templo, a que, qual D. Afonso III, mais determinante, o rei D. Dinis mandou proceder em 1314, não deixam alguma dúvida de que Afonso I, bem como os seus sucessores, sabia guardar os direitos do trono em face da Ordem. Pois, enquanto a tornava proprietária, poderosa e altamente favorecida, não se abstinha, contudo, de lhe lembrar os deveres peculiares do vassalo. Aquelas investigações provam isto suficientemente, conquanto os escassos fragmentos das cartas de doação, impressos, nos recusem o esclarecimento documental sobre o modo da dependência da Ordem e seus bens para com o rei.
[Heinrich Schæfer, História de Portugal, Vol. I, pp. 65.]
Até breve.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

A ideia de Cruzada. (I)

Embora os portugueses e espanhóis de antanho tenham falado muito dos seus piedosos propósitos de cruzados, o pensamento de libertar Jerusalém ou duma cruzada contra os turcos foi, no declinar da Idade Média e também no século XVI, pouco mais do que um constante requisito da diplomacia europeia, uma maneira de falar, da qual podemos deduzir uma intenção de cruzada com tão pouca verosimilhança como hoje o faríamos de facto de uma aviador ter sobrevoado o pólo norte e lançado aí uma cruz abençoada pelo papa. Já então isso era, em grande parte, vinho novo em odres velhos.
[Carl Erdmann, A ideia de Cruzada em Portugal, p. 4.]
Até breve.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Templários em Portugal.

Estela funerária templária

Poucos anos depois da instalação da Ordem do Templo [na Palestina] e ainda antes do começo do reinado de D. Afonso [Henriques], encontramos os templários em Portugal. Documentalmente apresentam-se aqui, pela primeira vez, na primavera de 1128, no mesmo ano em que foi confirmada a Ordem pelo papa Honório II, no concílio de Troyes. Este concílio, porém, apesar de se realizar a 14 de Janeiro, não parece ter ocasionado a propagação da Ordem para Portugal. A aquisição de uma propriedade considerável, como o castelo de Soure, que tinha recebido em 1111 um foral do conde D. Henrique, faz supor já serviços prestados anteriormente. Pelo menos, fundou a adquirida convicção da utilidade desta Ordem. Além disso, contém o documento, de Abril de 1128, em que se menciona pela primeira vez os templários, a confirmação duma doação (1) já concedida antecedentemente. D. Teresa reconheceu a importância e a utilidade dos templários para Portugal, que começava a desenvolver-se; instigou a sua actividade e fixou-lhes, desde logo, o termo dos seus deveres, concedendo-lhes, além de Soure, com o seu distrito, todo o território entre Coimbra e Leiria, naquela época ainda incultivado e em poder dos sarracenos. Os cavaleiros fundaram neste sítio os castelos de Pombal, Ega e Redinha. Assim como as primeiras igrejas em tais regiões, mostrando-se tão cultivadores do terreno e propagadores do cristianismo quão bem ampliadores e protectores do novo Estado.
[Heinrich Schæfer, História de Portugal, Vol. I, pp. 60.]

Nota do Autor:

(1). — Ego Regina Tarasia magni Regis Alfonso filia... Ego Comes Fernandus donum, quod Domina mea Regina Militibus Templi donat, laudo et concedo. [Id., Vol. I, p. 60, nota 1.]

Até breve.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

A Ordem estabelece-se. III

A própria rainha e seu filho, o infante D. Afonso Henriques — futuro [primeiro] rei português —, dão o exemplo e filiam-se [tomar a cruz], incentivando, assim, a que a nobreza faça o mesmo.
[José Manuel Capêlo, Portugal templário, Relação e sucessão dos seus Mestres [1124-1314], A presença templária em Portugal, p. 58.]

Nota do Autor:

Tanto mãe quanto filho ter-se-iam feito confrades [irmãos] da Milícia templária, entre os anos de 1126 e 1128, seguindo-se-lhes muitos outros cavaleiros das mais nobres famílias portuguesas da época. É por esta altura que, verdadeiramente protegida e apoiada se estabelece a Ordem em Portugal. Não só porque a receptividade ao ideário que propunha e defendia é bem acolhida pela alta nobreza e pelo clero portucalense, mas, muito principalmente, pelas entradas de inúmeros cavaleiros (filhos segundos e terceiros dessas famílias, que sendo nobreza é igualmente clero) que se verificam, bem como por casais abastados que a ela aderem com doações avultadas, de bens e terras — a um ritmo crescente e ininterrupto. Eles como cavaleiros ou apenas confrades, elas como freiras (ou freirissas). Assim sendo, tudo se alia e conjuga para que a Ordem engrandeça: em pessoas e bens. (Ibidem, p. 58, nota 118.)

Até breve.

domingo, 9 de novembro de 2008

A Ordem estabelece-se. II

Sabendo-se aceite, protegida pela rainha, pelo infante [que ainda não contestava o reino] e pela alta nobreza do condado, começa a construir, através das doações (1) que entretanto recebera, os castelos de Ega, Redinha e Pombal, na zona de Coimbra, bem como algumas igrejas. Recebe os primeiros membros, filhos dessa nobreza. (2)
[José Manuel Capêlo, Portugal templário, Relação e sucessão dos seus Mestres [1124-1314], A presença templária em Portugal, p. 58.]

Notas do Autor:

(1). — Naquele tempo, nem todas as doações eram assinadas — quando recebidas — pelos Mestres; ou, melhor dizendo, pelos Procuradores.
(2). — Cedo se instalou a nova Ordem em Portugal. (...) quando Hugo de Payns veio da Palestina à Europa, a fim de assentar a Ordem incipiente em bases mais largas, um seu irmão de religião, chamado Raimundo Bernardo, presumivelmente francês ou catalão, dirigiu-se para a Península Ibérica, para reunir dinheiro ou alistar membros para a Ordem. Em Março de 1128, estava ele em Braga, na corte da rainha portuguesa D. Teresa. Esta deve ter compreendido imediatamente a importância da nova corporação para a sua terra, pois logo se empenhou em persuadir os cavaleiros a estabelecer residência em Portugal e a empreender guerra contra os mouros. [Monumenta Henricina, Vol. I, p. 6, nota 5 — direcção de A. J. Dias Diniz e Comissão Executiva das Comemorações do V Centenário da Morte do Infante D. Henrique.] (Ibidem, p. 58, notas 116 e 117.)

Até breve.

sábado, 8 de novembro de 2008

A Ordem estabelece-se. I

A Ordem estabelece-se. (1)
[José Manuel Capêlo, Portugal templário, Relação e sucessão dos seus Mestres [1124-1314], A presença templária em Portugal, p. 58.]

Nota do Autor:

(1). — Segundo verificações efectuadas através de documentos, e no tempo, prova-se, sem quaisquer dúvidas, ser Portugal o primeiro reino na Península Ibérica a ver estabelecida a Ordem do Templo no seu espaço geográfico. Vejamos o que sobre isso escreve frei Bernardo da Costa [ob. cit., pp. 2-3]: E sem dúvida, que logo no seu princípio a Ordem do Templo foi recebida, e admitida neste Reino de Portugal, e me persuado foi muito primeiro que no reino de Hespanha; porque sendo ela criada na Palestina pelos nove Cavaleiros, que lhe deram o princípio, na melhor, e mais bem aceite opinião, no ano de mil cento e dezoito (conferidos os Autores mais capazes nas Cronologias) e confirmada pelo papa Honório II, no concílio Trecence, em catorze de Janeiro do ano de Cristo de mil cento e vinte e oito, como consta das sessões do mesmo Concílio, e mais Documentos, sem dúvida alguma. Já no mesmo ano da sua confirmação, consta estar a Ordem do Templo não só aceita, mas estabelecida em Portugal; e não só neste ano, mas ainda nos antecedentes, e pouco depois que os nove Cavaleiros lhe deram o princípio na Palestina. (Ibidem, p. 58, nota 115.]

Até breve.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Templários como corpo militar de elite.

Templários em combate.

Os investigadores já são unânimes em considerar que o papel dos Templários como corpo militar de elite começaria a tornar-se decisivo, no auxílio às pretensões de D. Afonso Henriques, a partir da conquista de Santarém, em 1147. É possível que a Ordem, ao receber do rei, como gesto de reconhecimento pelo seu papel decisivo em tão importante conquista, o direito eclesiástico desta urbe e suas respectivas rendas, tenha tido a intenção de aqui estabelecer uma forte presença, a avaliar pela sua actividade edificadora, cujos exemplos mais sonantes foram a igreja de Santa Maria da Alcáçova, a igreja de Santiago (de Marvila), as muitas propriedades na periferia e, porventura, o auxílio na reconstrução das muralhas da cidade.
[Nuno Villamariz Oliveira, Castelos da Ordem do Templo em Portugal, 1120-1314, Vol. I, pp.. 156-157.]


Até breve.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

A expansão da Ordem em Portugal.

A segunda metade do século XII foi a época em que se deu a maior expansão territorial de toda a história da Ordem em Portugal.
[Nuno Villamariz Oliveira, Castelos da Ordem do Templo em Portugal, 1120-1314, Vol. I, p. 157.]

Até breve.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Territórios templários.

Não sabemos que relações mediavam entre o território de Pombal-Redinha e o de Soure-Ega, como nem se os templários haviam ou não conquistado para si aquele território. A tradição, a esse respeito, tornou-se sumamente confusa por causa dos ulteriores conflitos dos dízimos com o bispo de Coimbra.
[Carl Erdmann, A ideia de Cruzada em Portugal, p. 36, nota 3, Publicações do Instituto Alemão da Universidade de Coimbra, Coimbra, 1940.]

Até breve.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Os primeiros povoados fortificados.

No plano arquitectónico e urbano o florescimento dos primeiros povoados fortificados, que entre nós encontra magnífica expressão em V. N. de S. Pedro, constitui o corolário deste processo. As necessidades de defesa passaram a moldar o urbanismo dos povoados, definindo-os como espaços fechados e comprimidos, onde o colectivo se unia para garantir a manutenção de segurança. A oposição entre habitat e espaços envolventes, não votados à presença de estruturas residenciais, tornou-se, a partir de então, clara e bem delimitada. A fronteira passou a ser também material.
[Mário Jorge Barroca, Do castelo da reconquista ao castelo românico (séc. IX a XII), p. 90, Portugália, Nova Série — Volume XI-XII, Instituto de Arqueologia, Faculdade de Letras da Universidade do Porto, 1990/1991.]
Até breve.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Consequências da derrota de Badajoz.

Este rei Fernando (1) havia tomado como esposa a Urraca filha de Afonso, rei de Portugal, a qual, no entanto, não podia ser sua esposa legítima, já que eram parentes em terceiro grau segundo a lei canónica, pois o imperador (2) e o rei de Portugal eram aparentados em segundo grau, já que eram filhos de duas irmãs (3), filhas do rei Afonso (4), o que conquistou Toledo. Como dote deste enlace ilegítimo, o rei havia entregue ao rei de Portugal muitos castelos, que depois recuperou quando este foi capturado em Badajoz, atirado que foi da montada e de tal maneira que nunca mais montou a cavalo (5).
Também nessa altura foi capturado Giraldo, dito «Sem pavor», que foi entregue a Rodrigo Fernández, o Castelhano (6), o qual, em troca da sua liberdade, Giraldo fez entrega dos castelos de Montánchez, Trujillo, Santa Cruz de la Sierra e Mofre, que o mesmo Giraldo havia ganho aos sarracenos. Empobrecido e desprovido de qualquer ajuda, refugiou-se junto dos sarracenos, aos quais havia causado tantos danos, e pelos quais foi decapitado em terras marroquinas com um pretexto insignificante. (tradução nossa, do castelhano.)
[Crónica Latina dos Reis de Castela, edição de Luís Charlo Brea, §10, p. 36.]

Notas nossas:

(1). — Fernando II, rei de Leão.
(2)). — Afonso VII, rei de Leão e Castela, Imperador das Hespanhas.
(3). — D. Urraca e D. Teresa.
(4). — Afonso VI, rei de Leão, Castela e Galiza, e Imperador das Hespanhas.
(5). — Luís Charlo Brea, em nota de rodapé, refere o arcebispo de Toledo, D. Rodrigo Jiménez de Rada, Historia de los hechos de España (edição de Juan Fernández Valverde, Alianza Universidad, Madrid, 1984), dizendo que este é muito mais explícito. (Ibidem, p. 36, nota 90.)
(6). — Incompatibilizado, há muito, com o rei de Castela, Afonso VIII, Pedro Fernández, o castelhano, morre em terras de Marrocos, na corte do miramolim, poucos dias antes da morte, na aldeia de Gutierre Muñoz, situada entre Ávila e Arévalo, do soberano castelhano, que o perseguia obstinadamente — (…) al cual como enemigo capital el rey noble perseguia (…) —, desde que aquele se passara, há longos anos, para o lado dos califas almohadas. (Ibidem, § 28, p. 59.)
Até breve.

domingo, 2 de novembro de 2008

Charola ou Rotunda? II

Pormenor da Charola ou Rotunda.


A rotunda ou charola (1) é uma igreja poligonal, de planta centrada, com um santuário octogonal e um deambulatório cuja parede externa tem dezasseis panos, separados por contrafortes e encimados por merlões (séculos XII-XIII). Estas igrejas dos Templários tinham como protótipo [a igreja d]o Santo Sepulcro de Jerusalém, numa tradição que já vinha de construções religiosas tumulares romanas. [Tesouros Artísticos de Portugal (coordenação de José António Ferreira de Almeida), p. 19, Selecções do Reader’s Digest, Lisboa, 1982.]

A charola de Tomar, cuja traça se baseou no tipo de mesquitas sírias, gosto adquirido pelos cavaleiros da Ordem do Templo durante as lides orientais, e por eles aplicada no Ocidente, é um raríssimo santuário da Alta Idade Média que segue o protótipo da Ermida de Omar [Jerusalém], modelo igualmente aplicado nas Capelas de Eunate [Navarra] e Vera Cruz [Segóvia]. [Ibidem, p. 549.]

O templo coroado de ameias, constava de um espaço central octogonal, envolvido por um deambulatório de dezasseis faces, coberto de abóbada anelar apoiadas em dezasseis arcos torais. [Manuel Sílvio Alves Conde, Tomar Medieval, p. 128.]

A charola seria tão-só uma torre incluída no sistema defensivo. (…) tendo sido erguida no século XII, com objectivos militares e religiosos. Em vista deste facto talvez seja mais correcto chamar-lhe de oratório-fortaleza. Ela foi construída “… pera os que estivessem em guarda deste castello em tempo que disso houvesse necessidade tivessem oratório em que ouvissem missa e rezassem e juntamente fortaleza a qual, no logar onde esta egreja esta edificada lhe era necessária por ser muito mais alto que o lugar onde estaa o castelo que lhe fica sujeito em tanto que tomado este lugar com pouca dificuldade se tomaria o castelo…” [Ernesto José Nazaré A. Jana, Tomar e seu Termo no séc. XII, p. 77, citando Reservados, Biblioteca Nacional de Lisboa (BNL), cod. 8533, fl. 3 e Arquivo Nacional da Torre do Tombo (ANTT), Ordem de Cristo, livro 232, fl. III-IIIv.]

(…) a Rotunda tomarense vai buscar o seu arquétipo precisamente à Mesquita de Omar (…) erguida em Jerusalém pelo califa Omar, guerreiro contemporâneo de Maomé e difusor da religião islâmica, cujo lugar os cruzados converteram em Templum Domini, e que veio a ser a sede dos Templários na Cidade Santa.
Igualmente referirá o autor numa outra página anterior:
(…) Não obstante, esta obra (2) contém das mais importantes análises da arte religiosa da Ordem do Templo, que ainda hoje mereceriam uma conveniente reflexão. Na verdade, ao tratar da Rotunda do Convento de Cristo em Tomar, compara o seu traçado circular com os edifícios homónimos de Paris e Londres, a capela de Aix, a Capela do Fundador e as Capelas Imperfeitas, no Mosteiro da Batalha. [Nuno Villamariz Oliveira, Castelos da Ordem do Templo em Portugal, 1120-1314, Vol. I, pp. 175 e 37, respectivamente.]

Ainda, segundo palavras de fr. Bernardo da Costa, a Igreja o não he, pello exterior senão tivera abertas na parede grandes frestas. A figura em tudo he de hum Castello antiguo[História da Militar Ordem de Nosso Senhor Jesus Cristo, p.141, Coimbra, 1771 (reimpressão fac-similada, 1997).]

Notas nossas:

(1) Oratório dos templários, que o consagraram a S. Tomás da Cantuária.
[citado de José Manuel Capêlo, Portugal templário, Relação e sucessão dos seus Mestres [1124-1314], A presença templária em Portugal, p. 185, nota 529, Zéfiro, Sintra, 2008.]
(2) Cf. Aarão de Lacerda, Arte em Portugal nos séculos XII, XIII e XIV, História de Arte em Portugal, Vol. I, p. 356, Portucalense Editora, Porto, 1942.

[Sobre este mesmo tema, ver o texto Charola ou Rotunda, de Domingo, 27 de Julho de 2008, inserido no mais encanto.]


Até breve.

sábado, 1 de novembro de 2008

Lealdade templária.

Pintura de Carlos Alberto Santos.


Nunca os templários portugueses se afastaram da lealdade devida ao seu Rei; e, enquanto em Castela e em Leão se sublevavam contra os seus soberanos, declarando-lhes guerra aberta, mostravam-se em Portugal sempre possuídos de afeição pelo imperante e pela pátria.
[Heinrich Schæffer, História de Portugal, Vol. I, p. 310, Ed. Escriptório da Empreza Editora, Porto, 1893.]
Até breve.

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Autores e obras citados desde 15.Junho.2008 a 30.Outubro.2008.



— A. Brásio, O Infante D. Pedro, Senhor de Majorca, Anais da Academia Portuguesa de História, n.º 9, Lisboa, 1959;
— A. Vieira d’ Areia, O Processo dos Templários, Livraria Civilização-Editora, Porto, s/d [1947;
— Al-Himyari, Rawd al-Mi‘tar;
— Alexandre Herculano,
História de Portugal, Desde o começo da monarquia até o fim do reinado de Afonso III, Tomo II, Livro IV — notas críticas de José Mattoso. Verificação do texto por Ayala Monteiro —, Lisboa, 1981;
Id., Tomo III, Livro VI, Livraria Bertrand, Lisboa, 1982;
— Amorim Rosa, Anais do Município de Tomar, Vol. VIII (1137-1453), Ed. Câmara Municipal de Tomar, Tomar, 1972;
— André Jean Paraschi, História dos Templários em Portugal — A expansão territorial, Ericeira, 1991;
— Ángel Almazán de Gracia, Os Guardiães da Terra Santa. O Esoterismo Templário, Codex Templi, Cap. XV, Zéfiro, Sintra, 2007;
— fr. António Brandão,
Crónica de D. Sancho I — edição actualizada de A. de Magalhães Basto —, Cap. XXVI, Livraria Civilização, Porto, 1945;
Crónica de D. Sancho II e D. Afonso III, Livraria Civilização, Porto, 1946;
— António Lopes Pires Nunes,
O castelo de Monsanto e a Beira Baixa no tempo da Reconquista, O castelo de Monsanto da Beira. Cesto de gávea em nave de pedra, Cadernos de Património Cultural da Beira Baixa, nº 9, Ed. Câmara Municipal de Idanha-a-Nova, 2001;
Dicionário de Arquitectura Militar, Caleidoscópio, Casal de Cambra, 2005;
— António Machado de Faria, Anais da União dos Amigos dos Monumentos da Ordem de Cristo, Vol. II, Ed. Câmara Municipal de Tomar, 1972;
— António Quadros, Portugal, Razão e Mistério, Livro II, O projecto áureo ou o Império do Espírito Santo, Guimarães Editores, Lisboa, 1987;
— Amin Maalouf, As Cruzadas vistas pelos Árabes, Difel, Lisboa, 2002;
— Alain Demurger, Vie et Mort de l’Ordre du Temple, Éditions du Seuil, Paris, 1985;
— Bernard F. Reilly, Cristãos e Muçulmanos, a luta pela Península Ibérica, Teorema, Lisboa, s/d (1996?);
— fr. Bernardo da Costa, História da Militar Ordem de Nosso Senhor Jesus Christo, Coimbra, 1771 (reimpressão fac-similada, 1997);
— Carl Erdmann, A ideia de cruzada em Portugal, Ed. do Instituto Alemão da Universidade de Coimbra, Coimbra, 1940;
— Carlos de Ayala Martínez, Las ordenes militares hispânicas en la Edad Media (siglos XII-XV), Introducción, Marcial Pons S. A., Ediciones de Historia, Madrid, 2007;
— Domingos M. da Silva, Amares — Marecos (Grave confusão), Monografia do Concelho de Amares, Ed. Câmara Municipal de Amares, Amares, 1958;
— Eduardo Dias, Árabes e Muçulmanos, Tomo II, A invasão da Hispânia e o aspecto cultural do Islamismo, Livraria Clássica Editora, Lisboa, 1940;
— Ernesto José Nazaré A. Jana, Tomar e seu termo no séc. XII, Actas do Congresso, Vol. 4, 2º Congresso Histórico de Guimarães, Ed. Câmara Municipal de Guimarães e Universidade do Minho, Guimarães, 1996;
— D. Fernando de Almeida, Egitânia — história e arqueologia, Ed. Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Lisboa, 1956;
— Fernando Arroyo Durán, Templários, Jesuítas e Maçons: O Afã Legitimista, Capítulo XXXI, Codex Templi, Zéfiro, Sintra, 2007;
— Francisco Rafael de Pascual, A Continuidade do Templo nas Ordens Militares e de Cister. Valores e Ideais dos Templários, Codex Templi, Cap. XIV, Zéfiro, Sintra, 2007;
— Heinrich Schæffer, História de Portugal, Vol. I, p. 310, Ed. Escriptório da Empreza Editora, Porto, 1893;
— Hugh Kennedy, Os Muçulmanos na Península Ibérica. História Política do al-Andalus, Publicações Europa-América, Mem Martins, 1999;
— João José Alves Dias, Itinerário de D. Afonso II (1211-1223), Jornadas sobre Portugal Medieval, Leiria/1983, Ed. da Câmara Municipal de Leiria, Leiria, 1986;
— fr. Joaquim de Santa Rosa de Viterbo, Elucidário, Vol. II [edição crítica, por Mário Fiúza], Ed. Civilização, Porto-Lisbos, 1965;
— José António Mateos Ruiz, A Cavalaria Cristã. A Iniciação Templária, Codex Templi, Cap. XVI, Zéfiro, Sintra, 2007;
— José Antunes, A versão portuguesa do “Tratado” de Tui (1137). Uma interpretação diferente da de Paulo Merêa e de outros historiadores. Actas do congresso, Vol. 4, Sociedade, administração, cultura e igreja em Portugal no séc. XII, 2º. Congresso histórico de Guimarães, Ed. Câmara Municipal de Guimarães e Universidade do Minho, Guimarães, 1996;
— José Augusto de Oliveira, O Cerco de Lisboa, em 1147. Narrativa do glorioso feito conforme os documentos coevos, Ed. Câmara Municipal de Lisboa, Lisboa, 1938;
— José Carlos Sánchez Montero, Apogeu e Decadência, Prisão e Julgamento da Ordem do Templo, Codex Templi, Cap. XIII, Zéfiro, Sintra, 2007;
— José Leite de Vasconcelos, Religiões da Lusitânia, Vol. II, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, Lisboa, 1981 (edição fac-similada da de 1905);
— José Luis Corral Lafuente, Templarios en Tierra Santa, los monjes de la guerra, Historia, National Geographic, nº 42, Julho, 2008;
— José Manuel Capêlo, Portugal templário, Relação e sucessão dos seus Mestres [1124-1314], A presença templária em Portugal, Zéfiro, Lisboa, 2008;
— José Mattoso,
Notas críticas ao Livro II, Alexandre Herculano, História de Portugal, Desde o começo da monarquia até o fim do reinado de Afonso III, Tomo I, Bertrand Editora, Lisboa, 1989;
Os moçárabes, Fragmento de uma composição medieval, Lisboa, 1987;
— fr. Lucas de Santa Catarina, Catálogo dos Mestres da Ordem do Templo portugueses, que tiveram, e exercitaram este título, e cargo nesta Coroa Portuguesa, e em outras de Hespanha, Lisboa, 1722;
— D. Lucas de Tuy, Chronicon mundi;
— Luís Garcia-Guijarro Ramos, Papado, Cruzadas y Ordenes Militares, Siglos XI-XIII, Cátedra, Madrid, 1995;
— Luís Gonzaga de Azevedo, História de Portugal, Vol. VI, Biblion, Lisboa, 1935-1944;
— Manuel Sílvio Alves Conde, Tomar Medieval, O espaço e os homens, Patrimonia, Cascais, 1996;
— Marcelo Caetano, Lições de História do Direito Português, 1140-1495, Lisboa, 1981;
— Maria Alegria Fernandes Marques, O litígio entre a Sé de Coimbra e a Ordem do Templo pela posse das igrejas de Ega, Redinha e Pombal, Jornadas sobre Portugal Medieval, Leiria/1983, Ed. da Câmara Municipal de Leiria, Leiria, 1986;
— Maria von Kemnitz, A construção de uma nova sociedade — o caso específico da minoria Moura. 2º. Congresso Histórico de Guimarães, Actas do Congresso, Vol. 4, Sociedade, administração, cultura e igreja em Portugal no séc. XII, Ed. Câmara Municipal de Guimarães e Universidade do Minho, Guimarães, 1996;
— Mário Jorge Barroca, A Ordem do Templo e a Arquitectura Militar Portuguesa do Século XII, Portugália, Nova Série, Vol. XVII-XVII, separata, Instituto de Arqueologia, Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Porto, 1996/1997;
— Marion Melville, La vie des Templiers, Editions Gallimard, Paris, 1974;
— Nuno Villamariz Oliveira,
Os castelos da Ordem do Templo em Portugal, 1120-1314. Dissertação de Mestrado em História da Arte Medieval, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa, Lisboa, 2000;
Oriente e Ocidente na Arquitectura Militar Templária em Portugal — a Ascendência de Bernardo de Claraval, Capítulo IX, Codex Templi, Zéfiro, Sintra, 2007;
— Paulo Alexandre Loução, A Fundação de Portugal e o Mistério Templário, Cap. VI, Codex Templi, Zéfiro, Sintra, 2007;
— Pedro Gomes Barbosa, Reconquista cristã. Nas origens de Portugal. Séculos IX a XII, Esquilo, Lisboa, 2008;
— Pinharanda Gomes, A Regra Primitiva dos Cavaleiros Templários, Hugin, Lisboa, 1999;
— Régine Pernoud, Os Templários, Publicações Europa-América, Mem Martins, s/d. (1996?);
— Rita Costa Gomes, Castelos da Raia, Vol. II, Trás-os-Montes, Ed. Instituto Português do Património Arquitectónico (IPPAR), Lisboa, 2003;
— D. Rodrigo Jiménez e Rada, bispo de Toledo, Historia de los hechos de España;
— Rui de Azevedo, Documentos Medievais Portugueses, Documentos Régios, tomo 2;
— Rutílio, Livro I;
— Santo Agostinho;
— Sylvia Schein, Between Mount Moriah and the Holy Sepulchre: The changing traditions of the Temple Mount in the central Middle Ages, Traditio, nº. 40, 1984;
— V. Joaquim Bastús, Historia de los Templarios, Ediciones Alcántara, Madrid, 1998 (?);
— Vítor Manuel Adrião, Portugal Templário, Vida e Obra da Ordem do Templo, Via Occidentalis, Lisboa, 2007.


Outros:


Codex Templi
Crónica Conimbricense;
Crónica Latina dos Reis de Castela — Autor anónimo
[edição de Luís Charlo Brea] —, Akal Ediciones, Madrid, 1999;
GEPB (Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira), vários volumes;
Monumenta Henricina, vol. I, Lisboa, 1960;
Portugaliae Monumenta Histórica;
Tesouros Artísticos de Portugal (coordenação de José António Ferreira de Almeida), p. 19, Selecções do Reader’s Digest, Lisboa, 1982.]


Até breve.