sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Autores e obras citados desde 15.Junho.2008 a 30.Outubro.2008.



— A. Brásio, O Infante D. Pedro, Senhor de Majorca, Anais da Academia Portuguesa de História, n.º 9, Lisboa, 1959;
— A. Vieira d’ Areia, O Processo dos Templários, Livraria Civilização-Editora, Porto, s/d [1947;
— Al-Himyari, Rawd al-Mi‘tar;
— Alexandre Herculano,
História de Portugal, Desde o começo da monarquia até o fim do reinado de Afonso III, Tomo II, Livro IV — notas críticas de José Mattoso. Verificação do texto por Ayala Monteiro —, Lisboa, 1981;
Id., Tomo III, Livro VI, Livraria Bertrand, Lisboa, 1982;
— Amorim Rosa, Anais do Município de Tomar, Vol. VIII (1137-1453), Ed. Câmara Municipal de Tomar, Tomar, 1972;
— André Jean Paraschi, História dos Templários em Portugal — A expansão territorial, Ericeira, 1991;
— Ángel Almazán de Gracia, Os Guardiães da Terra Santa. O Esoterismo Templário, Codex Templi, Cap. XV, Zéfiro, Sintra, 2007;
— fr. António Brandão,
Crónica de D. Sancho I — edição actualizada de A. de Magalhães Basto —, Cap. XXVI, Livraria Civilização, Porto, 1945;
Crónica de D. Sancho II e D. Afonso III, Livraria Civilização, Porto, 1946;
— António Lopes Pires Nunes,
O castelo de Monsanto e a Beira Baixa no tempo da Reconquista, O castelo de Monsanto da Beira. Cesto de gávea em nave de pedra, Cadernos de Património Cultural da Beira Baixa, nº 9, Ed. Câmara Municipal de Idanha-a-Nova, 2001;
Dicionário de Arquitectura Militar, Caleidoscópio, Casal de Cambra, 2005;
— António Machado de Faria, Anais da União dos Amigos dos Monumentos da Ordem de Cristo, Vol. II, Ed. Câmara Municipal de Tomar, 1972;
— António Quadros, Portugal, Razão e Mistério, Livro II, O projecto áureo ou o Império do Espírito Santo, Guimarães Editores, Lisboa, 1987;
— Amin Maalouf, As Cruzadas vistas pelos Árabes, Difel, Lisboa, 2002;
— Alain Demurger, Vie et Mort de l’Ordre du Temple, Éditions du Seuil, Paris, 1985;
— Bernard F. Reilly, Cristãos e Muçulmanos, a luta pela Península Ibérica, Teorema, Lisboa, s/d (1996?);
— fr. Bernardo da Costa, História da Militar Ordem de Nosso Senhor Jesus Christo, Coimbra, 1771 (reimpressão fac-similada, 1997);
— Carl Erdmann, A ideia de cruzada em Portugal, Ed. do Instituto Alemão da Universidade de Coimbra, Coimbra, 1940;
— Carlos de Ayala Martínez, Las ordenes militares hispânicas en la Edad Media (siglos XII-XV), Introducción, Marcial Pons S. A., Ediciones de Historia, Madrid, 2007;
— Domingos M. da Silva, Amares — Marecos (Grave confusão), Monografia do Concelho de Amares, Ed. Câmara Municipal de Amares, Amares, 1958;
— Eduardo Dias, Árabes e Muçulmanos, Tomo II, A invasão da Hispânia e o aspecto cultural do Islamismo, Livraria Clássica Editora, Lisboa, 1940;
— Ernesto José Nazaré A. Jana, Tomar e seu termo no séc. XII, Actas do Congresso, Vol. 4, 2º Congresso Histórico de Guimarães, Ed. Câmara Municipal de Guimarães e Universidade do Minho, Guimarães, 1996;
— D. Fernando de Almeida, Egitânia — história e arqueologia, Ed. Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Lisboa, 1956;
— Fernando Arroyo Durán, Templários, Jesuítas e Maçons: O Afã Legitimista, Capítulo XXXI, Codex Templi, Zéfiro, Sintra, 2007;
— Francisco Rafael de Pascual, A Continuidade do Templo nas Ordens Militares e de Cister. Valores e Ideais dos Templários, Codex Templi, Cap. XIV, Zéfiro, Sintra, 2007;
— Heinrich Schæffer, História de Portugal, Vol. I, p. 310, Ed. Escriptório da Empreza Editora, Porto, 1893;
— Hugh Kennedy, Os Muçulmanos na Península Ibérica. História Política do al-Andalus, Publicações Europa-América, Mem Martins, 1999;
— João José Alves Dias, Itinerário de D. Afonso II (1211-1223), Jornadas sobre Portugal Medieval, Leiria/1983, Ed. da Câmara Municipal de Leiria, Leiria, 1986;
— fr. Joaquim de Santa Rosa de Viterbo, Elucidário, Vol. II [edição crítica, por Mário Fiúza], Ed. Civilização, Porto-Lisbos, 1965;
— José António Mateos Ruiz, A Cavalaria Cristã. A Iniciação Templária, Codex Templi, Cap. XVI, Zéfiro, Sintra, 2007;
— José Antunes, A versão portuguesa do “Tratado” de Tui (1137). Uma interpretação diferente da de Paulo Merêa e de outros historiadores. Actas do congresso, Vol. 4, Sociedade, administração, cultura e igreja em Portugal no séc. XII, 2º. Congresso histórico de Guimarães, Ed. Câmara Municipal de Guimarães e Universidade do Minho, Guimarães, 1996;
— José Augusto de Oliveira, O Cerco de Lisboa, em 1147. Narrativa do glorioso feito conforme os documentos coevos, Ed. Câmara Municipal de Lisboa, Lisboa, 1938;
— José Carlos Sánchez Montero, Apogeu e Decadência, Prisão e Julgamento da Ordem do Templo, Codex Templi, Cap. XIII, Zéfiro, Sintra, 2007;
— José Leite de Vasconcelos, Religiões da Lusitânia, Vol. II, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, Lisboa, 1981 (edição fac-similada da de 1905);
— José Luis Corral Lafuente, Templarios en Tierra Santa, los monjes de la guerra, Historia, National Geographic, nº 42, Julho, 2008;
— José Manuel Capêlo, Portugal templário, Relação e sucessão dos seus Mestres [1124-1314], A presença templária em Portugal, Zéfiro, Lisboa, 2008;
— José Mattoso,
Notas críticas ao Livro II, Alexandre Herculano, História de Portugal, Desde o começo da monarquia até o fim do reinado de Afonso III, Tomo I, Bertrand Editora, Lisboa, 1989;
Os moçárabes, Fragmento de uma composição medieval, Lisboa, 1987;
— fr. Lucas de Santa Catarina, Catálogo dos Mestres da Ordem do Templo portugueses, que tiveram, e exercitaram este título, e cargo nesta Coroa Portuguesa, e em outras de Hespanha, Lisboa, 1722;
— D. Lucas de Tuy, Chronicon mundi;
— Luís Garcia-Guijarro Ramos, Papado, Cruzadas y Ordenes Militares, Siglos XI-XIII, Cátedra, Madrid, 1995;
— Luís Gonzaga de Azevedo, História de Portugal, Vol. VI, Biblion, Lisboa, 1935-1944;
— Manuel Sílvio Alves Conde, Tomar Medieval, O espaço e os homens, Patrimonia, Cascais, 1996;
— Marcelo Caetano, Lições de História do Direito Português, 1140-1495, Lisboa, 1981;
— Maria Alegria Fernandes Marques, O litígio entre a Sé de Coimbra e a Ordem do Templo pela posse das igrejas de Ega, Redinha e Pombal, Jornadas sobre Portugal Medieval, Leiria/1983, Ed. da Câmara Municipal de Leiria, Leiria, 1986;
— Maria von Kemnitz, A construção de uma nova sociedade — o caso específico da minoria Moura. 2º. Congresso Histórico de Guimarães, Actas do Congresso, Vol. 4, Sociedade, administração, cultura e igreja em Portugal no séc. XII, Ed. Câmara Municipal de Guimarães e Universidade do Minho, Guimarães, 1996;
— Mário Jorge Barroca, A Ordem do Templo e a Arquitectura Militar Portuguesa do Século XII, Portugália, Nova Série, Vol. XVII-XVII, separata, Instituto de Arqueologia, Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Porto, 1996/1997;
— Marion Melville, La vie des Templiers, Editions Gallimard, Paris, 1974;
— Nuno Villamariz Oliveira,
Os castelos da Ordem do Templo em Portugal, 1120-1314. Dissertação de Mestrado em História da Arte Medieval, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa, Lisboa, 2000;
Oriente e Ocidente na Arquitectura Militar Templária em Portugal — a Ascendência de Bernardo de Claraval, Capítulo IX, Codex Templi, Zéfiro, Sintra, 2007;
— Paulo Alexandre Loução, A Fundação de Portugal e o Mistério Templário, Cap. VI, Codex Templi, Zéfiro, Sintra, 2007;
— Pedro Gomes Barbosa, Reconquista cristã. Nas origens de Portugal. Séculos IX a XII, Esquilo, Lisboa, 2008;
— Pinharanda Gomes, A Regra Primitiva dos Cavaleiros Templários, Hugin, Lisboa, 1999;
— Régine Pernoud, Os Templários, Publicações Europa-América, Mem Martins, s/d. (1996?);
— Rita Costa Gomes, Castelos da Raia, Vol. II, Trás-os-Montes, Ed. Instituto Português do Património Arquitectónico (IPPAR), Lisboa, 2003;
— D. Rodrigo Jiménez e Rada, bispo de Toledo, Historia de los hechos de España;
— Rui de Azevedo, Documentos Medievais Portugueses, Documentos Régios, tomo 2;
— Rutílio, Livro I;
— Santo Agostinho;
— Sylvia Schein, Between Mount Moriah and the Holy Sepulchre: The changing traditions of the Temple Mount in the central Middle Ages, Traditio, nº. 40, 1984;
— V. Joaquim Bastús, Historia de los Templarios, Ediciones Alcántara, Madrid, 1998 (?);
— Vítor Manuel Adrião, Portugal Templário, Vida e Obra da Ordem do Templo, Via Occidentalis, Lisboa, 2007.


Outros:


Codex Templi
Crónica Conimbricense;
Crónica Latina dos Reis de Castela — Autor anónimo
[edição de Luís Charlo Brea] —, Akal Ediciones, Madrid, 1999;
GEPB (Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira), vários volumes;
Monumenta Henricina, vol. I, Lisboa, 1960;
Portugaliae Monumenta Histórica;
Tesouros Artísticos de Portugal (coordenação de José António Ferreira de Almeida), p. 19, Selecções do Reader’s Digest, Lisboa, 1982.]


Até breve.

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Magreb e Al-Andalus.

O Magreb torna a conhecer as sanguinárias e confusas batalhas. Há sultões que ensaiam atrair as massas pelo regresso ao culto do Madi africano. Há outros que recrutam as suas forças entre cristãos e nómadas. Afinal, beduíns árabes — os temíveis hilalianos — e os zenatas, reunidos à tribo dos Merinidas, bando transumante que soube aproveitar o caos, deram o golpe definitivo nos almohadas.
Mais uma vez o nómada audaz esmaga o sedentário imprevidente. E agora, reduzido o campo de pilhagem no Andaluz ao reino de Granada, têm os soberanos cristãos de recorrer a agentes que promovam lentamente a derrocada final do último reduto mouro na península, antes que se organizem as hordas selvagens e ensaiem recuperar o terreno perdido
.
[Eduardo Dias, Árabes e Muçulmanos, A invasão da Hispânia e o aspecto cultural do Islamismo, Tomo 2, p. 144.]
Até breve.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Soure.

Apercebendo-se, contudo, da sua importância estratégica, D. Teresa enceta, passados anos, a sua reconstrução, onde destacamos a já citada doação aos Templários como o elemento primordial da revitalização do território. Efectivamente, se não se pode dizer que o território de Soure se encontrava completamente deserto, certo é também que é aos Templários que se deve a defesa e estabilização da zona e logo a sua prosperidade e a possibilidade de avanço para o sul. Prova do que dizemos é a passagem da Vita Martini Sauriensis que refere que no tempo que mediou entre a fuga da população de Soure e a sua reconstrução por D. Teresa, a terra se tornara em «covil de feras» («ferarum cubilia»).
[Maria Alegria Fernandes Marques, O litígio entre a sé de Coimbra e a Ordem do Templo pela posse das igrejas de Ega, Redinha e Pombal, p. 349, nota 3, Jornadas sobre Portugal Medieval, Leiria/1983, Ed. da Câmara Municipal de Leiria, Leiria, 1986.]
Até breve.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Nunca os portugueses tomaram parte nas Cruzadas…

Mas a dinastia, fundada por Henrique em Portugal, nunca tomou parte nas cruzadas. Nas histórias de Portugal, afirma-se que o rei D. Sancho I projectara uma cruzada ai pelo ano de 1188, mas que desistira dela unicamente por causa do perigo mourisco.
(…) Não somente os reis se retraíam das cruzadas, mas também os cavaleiros e o povo. Repetidas vezes os historiadores portugueses tomaram a peito determinar a parte que o seu povo tomara nas cruzadas. Descartando velhas fábulas, à excepção dum templário e dum cavaleiro de S. João, fica apenas um único cavaleiro português, Sueiro Raimundo, que talvez se incorporou na terceira cruzada.
[Carl Erdmann, A ideia de Cruzada em Portugal, pp. 7 e 10.]

Até breve.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

O auxílio templário na reedificação das estruturas fortificadas.

O auxílio destes cavaleiros na reedificação das estruturas fortificadas e introdução de novas técnicas de arquitectura militar parece ter sido mais reduzido noutras urbes, como Leiria (1), Óbidos, Xira, Sintra (2), Lisboa ou Évora, onde estão confirmadas propriedades desta milícia.
[Nuno Villamariz Oliveira, Castelos da Ordem do Templo em Portugal, 1120-1314, Vol. I, p. 149.]

Notas do Autor:

(1). — No exemplo da cidade do Lis, Saul António Gomes defende, no entanto, que “é esta Ordem que nos surge mais intimamente relacionável com o processo de fundação do castelo leiriense, em 1135, e do povoamento do respectivo alfoz”. Cf. “A presença das Ordens Militares na Região de Leiria (Sécs. XII a XV)”, Introdução à História do Castelo de Leiria, Leiria, 1995, p. 82.
(2). — Sintra foi um lugar onde esta milícia teve também assinalável presença urbana, confirmada no diploma atribuído aos anos de 1157 e 1158. Cf. DMP, DR I, doc. 257.

Até breve.

domingo, 26 de outubro de 2008

Do infante D. Pedro Sanches. (II)

Apesar das conquistas e vitórias de Fernando III de Castela, pode, talvez, dizer que em nenhuma corte de Espanha dominava tão profundamente o espírito guerreiro como no de Leão. Na idade grave, o rei como que pretendia remir as suas passadas alianças com os sarracenos em ódio dos príncipes cristãos combatendo o islamismo a ferro e fogo, sem tréguas nem descanso, e, se era possível, os conselhos do cardeal sabinense ainda haviam ultimamente excitado mais o seu ardor. (1) Dois cavaleiros estremados por valentia ocupavam junto dele os mais altos cargos do Estado. Eram dois portugueses, de quem já anteriormente temos falado; o infante D. Pedro, seu mordomo-mor, e o bastardo Martim Sanches, fronteiro de Toronho e Límia e alferes-mor das tropas leonesas. (2)
[Alexandre Herculano, História de Portugal, Desde o começo da monarquia até o fim do reinado de Afonso III, Tomo II, Livro V, p. 395 e notas 58 e 59, p. 395 — notas críticas de José Mattoso. Verificação do texto por Ayala Monteiro — Livraria Bertrand, Lisboa, 1981.]

Notas do Autor:

(1). — «In senectute positus rex Legionis actus suos domino dedicavit, et arabilus movit guerram», Rodrigo de Toledo, L. 7, c. 25; Risco, Reyes de León, pp. 378 e ss.
(2) — Como tais confirmam ambos o foral de Vilar Maior dado por Afonso IX em 1227 no Sabugal (Gav. 18, Maço 9, n.ºs 7 e 16, no Arquivo Nacional). D. Pedro confirma como mordomo-mor em documentos de 1228 (de que se lembra Flores, España Sagrada, T. 17, p. 103), dos quais de vê ser tal a sua influência que era governandor (tenens) de cinco distritos, Leão, Zamora, Touro, Estremadura e Transerra.

Até breve.

sábado, 25 de outubro de 2008

Nova realidade uma década depois.

Muralhas do castelo de Santarém.

Na realidade, depois da tomada de Lisboa, em Outubro de 1147, e da restauração da sua Diocese, os direitos eclesiásticos de Santarém seriam reclamados pelo novo Bispo olisiponense, Gilberto de Hastings. A disputa prolongou-se por mais de uma década, tendo sido apenas resolvida em Fevereiro de 1159. (1)
[Mário Jorge Barroca, A Ordem do Templo e a Arquitectura Militar portuguesa do século XII, p. 175, Portugália, Nova Série — Volume XVII-XVII, separata, Instituto de Arqueologia, Faculdade de Letras da Universidade do Porto, 1996/1997.]

Nota do Autor:

(1). — A resolução da questão do Eclesiástico de Santarém ficou assinalada em dois diplomas de Fevereiro de 1159: a célebre doação régia do Castelo de Ceras, com seu vasto território, aos Templários como sinal do reconhecimento do Rei pelo acordo alcançado entre a Ordem e o Bispado de Lisboa (DMP, DR I, doc. 271; Monumenta Henricina, vol. I, Lisboa, 1960, doc. 4); e uma carta do Bispo de Lisboa, D. Gilberto de Hastings, em que este cede à Ordem do Templo a Igreja de Santiago, em Santarém, com seu território paroquial, e em que reconhece aos Templários a posse de todas as Igrejas que viessem a edificar no amplo território que o monarca lhes doava em torno do castelo de Ceras (Monumenta Henricina, vol I, Lisboa, 1960, doc. 3). É neste diploma que se fundamenta o facto de Tomar ser território nullis Diocesis. O conteúdo dos diplomas de Fevereiro de 1159 seria confirmado pela bula Justis petentium desideriis, do papa Adriano IV, datada de 12 de Junho de 1159, que concedia aos Templários a faculdade de erguerem igrejas na terra de Ceras sem a obrigação de pagarem tributos ao Bispo de Lisboa (Monumenta Henricina, vol. I, Lisboa, 1960, doc. 5) e pela bula Ea que pró bono pacis, do mesmo Papa, assinada três dias mais tarde, em 15 de Junho de 1159, confirmando o acordo estabelecido entre os Templários e o Bispo de Lisboa (Monumenta Henricina, vol. I, Lisboa, 1960, doc. 6). A primeira bula de Adriano IV seria confirmada por bula do mesmo nome do papa Alexandre III assinada em 27 de Junho de [1168-1169] (Monumenta Henricina, vol. I, Lisboa, 1960, doc. 8). A isenção de direitos episcopais das Igrejas de Tomar seria ainda objecto da bula Te filii magister, de Inocêncio III, de 31 de Maio de 1216 (Monumenta Henricina, vol. I, Lisboa, 1960, doc. 19), e da bula Quoniam labentium tempororum, de Honório III, de 30 de Janeiro de 1217 (Monumenta Henricina, vol. I, Lisboa, 1960, doc. 22). Sobre os direitos dos Templários sobre a igreja de Santiago, em Santarém, veja-se ainda a bula de Alexandre IV de 31 de Março de 1257 (Monumenta Henricina, vol. I, Lisboa, 1960, doc. 53). (Ibid., nota15, p. 175.)

Até breve.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Falsificações e hipóteses indemonstráveis.

Estas teorias confusas, baseadas em falsificações e hipóteses indemonstráveis, são as que têm sugerido que os templários teriam duas doutrinas: a oculta e secreta dos seus mestres, que era o joanismo, e a pública, que era católica. Contudo, existem matizes históricos e doutrinais que não se contemplam na heresia joanina, a qual não tem nenhuma relação com o joanismo católico. Este tema é muito amplo e complexo, e inabordável nesta obra.
A presumida gnose ou doutrina secreta templária da qual tanto se fala baseia-se noutros documentos. Um deles é confirmado pelos «Estatutos de Roncelinus » ou Livro do Baptismo de Fogo.
Em 1780, o bispo de Copenhaga, Friedrich Münter, encontrou na Biblioteca Corsino do Arquivo do Vaticano um pergaminho com duas colunas de escritura românica em cada página e engalanado com a grande cruz da Ordem do Templo.
O documento estava dividido em quatro partes: «A primeira não é mais do que a Regra oficial da Ordem, copiada por um tal de Mathie Tramlay “no dia de São Félix do ano 1205”, hoje em dia conservada em Roma na biblioteca Corsino.
A segunda e a terceira estão assinadas pelo copista Robert de Samfort, que foi procurador do Templo em Inglaterra. Comportam, efectivamente, trinta e vinte artigos agrupados sob a inscrição: “Aqui começa o livro do Baptismo do Fogo ou dos Estatutos secretos redigidos para os Irmãos pelo Mestre Roncelinus”. Finalmente, a quarta parte traz este título: “Aqui começa a lista dos signos secretos que o Mestre Roncelinus reuniu” (onde dá indicações criptográficas).
O bispo Münter não chegou a estar muito tempo na posse destes preciosos documentos. Numa carta que escreveu ao seu amigo Vilke, que preparava uma História dos templários, revela que a maior parte deles desapareceu sem se saber como. Em 1877, o erudito alemão Mertzdorff publicou as três últimas partes do manuscrito descoberto pelo bispo e que ele teria tido a sorte de encontrar num legado de arquivos privados de Hamburgo»
.
[Fernando Arroyo Durán, Templários, Jesuítas e Maçons: O Afã Legitimista, Capítulo XXXI, Codex Templi, p. 597, Zéfiro, Sintra, 2007.]

Nota pessoal:

Enfim, do que se vai escrevendo por aí, presume-se, sugere-se, recorda-se, conjectura-se num amplo leque de dados e meras hipóteses, que, somadas ou baralhadas no cubo mágico dos elementos secretos, se esfumam como toda uma série de documentação que apareceu tão misteriosamente como o que ocorreu aquando do seu desaparecimento.
Se publicamos, neste lugar de História, documentos como este que procuram pôr a nu as evidentes irrealidades que se vêem e ouvem sobre a Ordem do Templo, é para demonstrar quão falsa e inventiva tem sido — e continua a ser! — a escola em que navegam os falsos doutrinários e os apaniguados de uma “Ordem” ou várias “Ordens do Templo” — que pretendem demonstrar como verdadeira(s) (!?...) — e que não passam de uma cabala muito mal montada: já porque ilógica e irracional, tanto quanto desprovida de bases e elementos concretos, apenas construída em hipóteses e delírios de tradição e buscada em qualquer coisa que lembre ou soe a elemento terciário ou de quinta dimensão, numa qualquer presumida gnose que agrupe e interligue o recém ou além descoberto. Afinal, todo um caos causado por essa imensa mentira, embuste, falsificação, fuga à realidade, filmografia de delírio fantástico, imaginação q. b., que muito contribuem para o estado em que estão a colocar a imagem da verdadeira Ordem do Templo, extinta, como se sabe, em 1314, e que teve os seus últimos e verdadeiros elementos diluídos nas Ordens de Cristo em Portugal e de Montesa em Aragão.

Até breve.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Uma troca em 1199.

Em 1199, uma troca concretizou-se: o do padroado das igrejas de Mogadouro e de Penas Róias — cujos castelos haviam sido construídos durante o mestrado de D. fr. Gualdim Pais [1187] e cedidos, por acordo, (1) dez anos mais tarde, ao rei D. Sancho I — por Idanha-a-Nova (2), nove anos depois. Assim ficariam, definitivamente, com a vasta região de Açafa — onde nasceria [a actual Vila Velha de] Ródão (3) — em doação firmada na Covilhã, em que se deixara explícito que o rei Sancho dava esta vila pelo bom serviço que do Mestre D. fr. Lopo recebia e dos templários continuadamente estava recebendo. (4) D. Sancho I encontra nos devotados templários, colaboradores para a grande obra de expansão, não só na conquista e povoamento, como na defesa e independência de Portugal.
[José Manuel Capêlo, Portugal templário, Relação e sucessão dos seus Mestres [1124-1314], A presença templária em Portugal, p. 99, notas 299, 300, 301 e 302, Zéfiro, Lisboa, 2008.]

Notas do Autor:
(1). — Com direito de sucessão e propriedade (jure haereditario in perpetuum habendam).
(2). — Schaefer, ob. cit, Vol. I, p. 97.
(3). — Em finais do século XII, os Templários tinham à sua guarda, entre outros, os castelos de Soure, Ega, Redinha, Pombal, Tomar, Idanha [a-Velha], Ozêzere e Almourol.
(4). — Amorim Rosa, ob. cit., p. 63.
Até breve.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Arreliadora avaria do PC.

Caros amigos,
devido a uma arreliadora avaria no meu PC (Personal Computer), acontecida há dois dias, em que o disco rígido acabou a sua tarefa de me acompanhar na feitura e colocação, no espaço de leitura, deste nosso blog - felizmente nada se perdeu, a não ser a capacidade limitada e finda do anterior disco, substituído por um novo em folha... ainda cheira! - só hoje renovo a feitura do mais encanto.
Para já, esta primeira notícia. Quando tudo estiver pronto, o que será amanhã, recomeçaremos a nossa habitual missão de vos presentear com notícias que nos falem dos Templários em Portugal e de tudo o que à nossa História lhes diga respeito, neste período de pouco menos de duzentos anos em que a Milícia foi corpo e presença no nosso reino, território e fé. Acreditem que o faço com imenso prazer.
Até breve.

domingo, 19 de outubro de 2008

Visita guiada ao castelo e convento de Christo, em Tomar.


Óptima visita e conhecimentos adquiridos sobre as Ordens do Templo e de Christo, aos rés e aos fundos do castelo e convento de Tomar, numa visita sabiamente guiada pelo coronel Américo José Henriques, em demonstração perfeita de conhecimento, intuição e grande àvontade sobre o que nos propôs ensinar. Variado diálogo acima de tudo. Na passada sexta-feira, 17 de Outubro deste magnífico ano de 2008.
Até breve.

sábado, 18 de outubro de 2008

Guerra civil.

Também as ordens militares, aproveitando a situação tumultuária do reino, disputavam umas às outras, não perante os magistrados, mas com a espada na mão, a posse de bens cujo domínio era duvidoso entre elas. Assim os templários iam arrancar os padrões em que estava a cruz dos hospitalários e que demarcavam as herdades de que se criam espoliados por estes, e o Hospital retribuía ao Templo em igual moeda. Travavam-se então combates entre os freires e homens de armas das respectivas comendas, de que resultavam feridas, mortes e depois vinganças que azedavam cada vez mais uma contra a outra estas duas poderosas corporações.
E em nota de rodapé [44] salienta:
É o que resulta da curiosa composição feita posteriormente (Janeiro de 1231) entre o Templo e o Hospital (Gav. 7, Maço 6, nºs 8 e 14, do Arquivo Nacional).
[Alexandre Herculano, História de Portugal, Desde o começo da monarquia até o fim do reinado de Afonso III, Tomo I, Livro V, pp. 386-387, e nota 44, p. 387.]
Até breve.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Sobre Elvas III.

Afonso IX, devastadas as imediações de Badajoz, retrocedia de novo para os seus estados, e o exército português, posto que houvesse tirado maiores vantagens daquela expedição simultânea, devia recolher-se também para as fronteiras. Ou porque as fortificações de Elvas ficassem de tal modo arruinadas que o conservar e defender aquele ponto fosse perigoso e difícil ou porque ocorressem outros quaisquer motivos que hoje ignoramos, a povoação foi abandonada e, segundo parece, a dispersa população muçulmana pôde voltar por algum tempo aos seus assolados lares, até que o temor das correrias dos cristãos e a impossibilidade de lhes resisitir a obrigaram três anos depois a deixar para sempre não só Elvas mas também várias outras povoações fortes no distrito oriental do Alto Alentejo (1). (2)
[Alexandre Herculano, História de Portugal, Desde o começo da monarquia até o fim do reinado de Afonso III, Tomo I, Livro V, pp. 374-375.]

(1). — Nota de Alexandre Herculano a remeter-nos para a Nota XIX das Notas de Fim do Volume Tomada de Elvas e a sua ocupação permanente — e que por ser relativamente longa não cabe no contexto, de lugar e espaço, que pretendemos ou queremos ter para este blog. No entanto, e como a achamos de muito interesse, daremos dela notícia numa outra altura. Tão breve quanto nos permitir a Hora.

(2). — Nota Crítica de José Mattoso:

Azevedo*, VI, 17-18, 138-141, em face sobretudo da Crónica Latina dos Reis de Castela, publicada por Cirot**, mostra, creio que com razão, que a suposta tomada de Elvas por Sancho II em 1226 foi na realidade um fracasso, e que ele teve de se retirar, depois de abandonado (a Crónica diz «destituído») pelos «seus». A doação a Afonso Mendes Sarracins foi realmente feita apud Elvas, mas este advérbio deve significar «junto de» e não «em». É mais problemático saber se o foral de Elvas tem a data errada por falta de uma unidade, isto é, se se deve corrigir o ano de 1229 para 1230 (era MCCLXVII para MCCLXVIII). Sendo assim, explicar-se-ia bem a forma como Lucas de Tuy relata o acontecimento, estaria certa a notícia dada pela «Crónica Conimbricense», que atribui a conquista ao ano de 1230, e seria bem lógica a sua ocupação depois da tomada de Cáceres (1227), que fez cair nas mãos dos cristãos as diversas cidades muçulmanas ao sul do Tejo, até Mérida e Badajoz.
Consequentemente, se a expedição, como supõe Herculano tinha por objectivo dissipar as divergências entre os diversos contendores, acabou afinal por agravar as tensões e pode mesmo ter dado origem a uma primeira guerra civil, como pensa Azevedo.
[José Mattoso, Notas Críticas ao Livro V, in Alexandre Herculano, História de Portugal, Desde o começo da monarquia até o fim do reinado de Afonso III, Tomo I, Livro V, nota 18, pp. 545-546.]

Notas nossas:

* Luís Gonzaga de Azevedo, História de Portugal, Vol. VI.
** Georges Cirot publicou pela primeira vez o texto do manuscrito [G-I] em 1912, documento que encontrara na Real Academia de la Historia de Madrid, constando de 280 folhas de pergaminho (233 mm. X 301 mm) e distribuídos em cadernos de oito fólios cada um, trazendo no reverso o título de Chronica B. Isidori iun. et aliorum, cuja tradução, do latim medieval, fizera, e dando-lhe o título de Une Chronique latine inédite dês róis de Castille jusqu’en 1236. Uma segunda edição foi publicada em 1920 e é essa a seguida pela maioria dos investigadores que a leram e a editaram, mormente Luís Charlo Brea, que ele próprio resolveu traduzir o original manuscrito — do latim medieval, como atrás salientámos — e lhe introduziu notas apensas e explicativas, e cuja edição seguimos.
Sobre o documento Brea refere: É uma cópia, de finais do século XV, de um original perdido, coetâneo dos acontecimentos que relata.
[Crónica Latina de los Reyes de Castilla, p. 6, edición de Luís Charlo Brea, Akal Ediciones, Madrid, 1999.]
Até breve.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Sobre Elvas II.

(…) a recomposição política verificada a seguir ao desastre de Elvas resulta do afastamento ou do exílio de vários nobres que pouco depois se encontram junto do infante D. Afonso, em Bolonha. Azevedo* admite mesmo que tivesse então rebentado uma verdadeira guerra civil, baseado em testemunhos pouco claros e nem sempre muito seguros.
[José Mattoso, Notas Críticas ao Livro V, in Alexandre Herculano, História de Portugal, Desde o começo da monarquia até o fim do reinado de Afonso III, Tomo I, Livro V, nota 20, p. 546.]

* Luís Gonzaga de Azevedo, História de Portugal, Vol. VI, pp. 141-151, Biblion, Lisboa, 1935-1944.

Até breve.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Sobre Elvas I.

O castelo de Elvas.


Da bravura e do seu acto deixa D. Sancho II expresso na outorga com que contemplou o cavaleiro de Paredes e sua mulher:


D. Sancho, pela graça de Deus, rei de Portugal. A vós, Afonso Mendes Sarracins de Paredes, e a vossa mulher, D. Sancha Álvares, faço escritura de doação e de perpétua firmeza daquele tributo que se me deve do couto de Paredes, para que vós o tenhais e possuais em vossa vida e depois façais dele o que quiserdes e o deixeis a quem for vossa vontade e vosse beneplácito. E isto faço pelos grandes serviços que vós, Afonso Mendes, me fizeste, principalmente em Elvas, aonde entraste nas cavas, expondo vosso corpo ao perigo de morte, por meu respeito, etc. Foi esta escritura em Elvas, estando presente D. João Fernandes, mordomo-mor de el-rei, o arcebispo D. Estevão*, D. Martim Anes, alferes-mor, e mestre Vicente, cancelário. E isto sucedeu na era de 1264** no mês de Julho.
[fr. António Brandão, Crónica de D. Sancho II e D. Afonso III, p. 26, Livraria Civilização, Porto, 1946.]

* D. Estevão Soares da Silva, arcebispo de Braga.
** O ano de 1264 da era de César, corresponde ao ano 1226 da era de Cristo.


Até breve.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

A função de vigia.

torre de Santa Maria dos Olivais, em Tomar.

A função de vigia poderia ser exercida por qualquer membro da comunidade, mas verificamos por exemplo pelos foros de Castelo Rodrigo ou de Alfaiates, a existência de especialistas desta função, os atalaeiros ou talaeiros. Seriam homens experimentados e, sobretudo, especialistas quanto ao local onde se deveriam colocar vigias ou as estruturas de vigilância. Isso mesmo parece poder depreender-se de uma passagem dos foros de castelo Rodrigo, onde se lê que «atalaeiro ou outro homem que estiver em vela e for achado a dormir…», reforçando-se, igualmente, a importância de tal função.
Todo este sistema de castelos, castros, torres e atalaias, se tinha um carácter eminentemente defensivo e ordenador do espaço conquistado, era também, em boa medida, parte integrante do apoio a acções de defesa móvel, como o apelido (que poderia ser geral oi régio, e também da responsabilidade do concelho), e a expedições para lá do «limes». Os fossados e as algaras aparecem como formas de agressão levadas a cabo pelas comunidades de fronteira, mas podemos em alguns casos classificá-las (…), como momentos de defesa dinâmica
.
[Pedro Gomes Barbosa, Reconquista cristã. Nas origens de Portugal. Séculos IX a XII, p. 94, Esquilo, Lisboa, 2008.]


Até breve.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

701 anos.

Comemoram-se exactamente hoje 701 anos do dia em que - logo pelo raiar da manhã, dessa sexta-feira, 13 de Outubro de 1307 - um pouco por toda a França de Filipe IV, o belo, onde quer que existisse uma comenda, uma igreja, uma herdade, um lugar onde pudesse existir um Templário, ou sombra dele, os sicários do executor principal, Nogaret, procederam sem temor e com extrema ousadia, no arresto de qualquer um que encontrassem. Submissos e crentes deixaram-se apanhar na teia montada pela inventiva capaz e cálculo extremado do conselheiro real. Impressionante, já que só o poder que a Ordem ostentava e a força militar que sabiam ter seria um primeiro obstáculo a pensar-se, quanto mais ousar-se, a uma qualquer acção directa. A realidade tem destas verdades e a História, sendo igual para qualquer Tempo, repete-se.
Apenas para lembrar...

1126.

Esclarecimento de estarem os templários em Portugal já no ano de 1126. (Elucidário, vb. Ferros, Tomo I, e vb. Tempreiros, T. II). O documento é o foral de Ferreira (de Aves), que está publicado nos Portugaliae Monumenta Historica, Leg et Cons., Vol. I, p. 385.

Até breve.

domingo, 12 de outubro de 2008

1170.

Igreja de Santa Maria dos Olivais. Panteão templário de Portugal.
D. fr. Gualdim Pais dá início à construção da igreja de Santa Maria de Tomar, depois chamada de Santa Maria do Olival e, mais modernamente, de Santa Maria dos Olivais.

Nota do Autor:

Foi inicialmente denominada do Selho [de Sellium e Selio] por ter sido (re)construída sobre um antigo mosteiro de monges negrados [beneditinos], com esse nome, a quem se liga a lenda e martírio de Santa Iria*, acontecido em 653. Mais tarde, e já nos tempos mais próximos, será denominada de Santa Maria do Olival ou dos Olivais, por estar rodeada por uma cerrada de oliveiras.
Foi ela disposta, não obstante a importância da igreja e do convento levantados dentro do castelo, pelos templários, não deixando os Mestres de honrar esta igreja, tomando-a como seu Panteão. Este Mestre faria dela a Cabeça, Casa Capitular — enquanto não se transferiram para o castelo. Quando os monges-guerreiros abandonaram o modesto cenóbio, construído junto da igreja, já em volta se estabelecera densa população de colonos. O templo foi então convertido em sede paroquial. A sua administração pertencia a um vigário sujeito à Ordem do Templo e depois, aquando da sua extinção, à Ordem de Cristo**.
* Sendo de origens obscuras, o seu culto ter-se-á propagado, muito provavelmente, durante o período moçárabe. [José Mattoso, Os moçárabes, Fragmento de uma composição medieval, p. 27, Lisboa, 1987; e Manuel Sílvio Alves Conde, ob. cit., p. 33, nota 22.]
** Para tal e através da bula Magnae devotionis [de 20 de Novembro de 1389], de Bonifácio IX [1389-1404], este determinou que o prior conventual da casa da Ordem de Cristo instituísse, como vigário da igreja paroquial de Santa Maria de Tomar, o presbítero que lhe apresentassem o Mestre e o convento, se para isso o julgasse idóneo, devendo o vigário exercer toda a jurisdição naquela igreja e nas capelas dele dependentes
.
[José Manuel Capêlo, Portugal templário, Relação e sucessão dos seus Mestres [1124-1314], A presença Templária em Portugal, p. 92, nota 261.]

Até breve.

sábado, 11 de outubro de 2008

Do rei

Das obrigações do Rei podemos salientar duas que nos interessam especialmente:

— realização de justiça
— desenvolvimento e integridade territorial.

A realização da justiça era uma obrigação fundamental da realeza, de tal modo que o rei que a não cumprisse era considerado indigno da função:
rex eris si recte faceris…; rei que não faz justiça não deve reinar…, são sentenças correntes, a primeira vinda do Primus Titulus do Código Visigótico e a segunda do romanceiro peninsular (1).
O rei era pois, o supremo juiz.
Assim, e dada a dificuldade das comunicações, para o rei cumprir os seus deveres para com os povos tinha de deslocar-se constantemente de terra em terra acompanhado de sua família e dos seus áulicos: é a corte itinerante
[…]. A passagem do rei pelas várias localidades permitia tornar presente a sua autoridade e conhecer as necessidades dos povos, para cuja satisfação passava cartas que eram veneradas como representando a continuação da presença régia e a perpetuidade da palavra do monarca (2). Defendia assim a segunda das duas obrigações que salientámos.
[João José Alves Dias, Itinerário de D. Afonso II (1211-1223), Jornadas sobre Portugal Medieval, Leiria/1983, p. 99, Ed. da Câmara Municipal de Leiria, Leiria, 1986.]


Notas do Autor:

(1). — Marcelo Caetano, Lições de História do Direito Português, p. 74
(2). — Ibidem, p. 77.


Até breve.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Eclesiástico de Santarém.

O ano de 1147 representa um momento de viragem decisiva para os Templários em Portugal. Em 15 de Março desse ano os Freires participam ao lado de D. Afonso Henriques na conquista de Santarém, no que é a primeira acção de armas dos freires ao lado do rei. O monarca em reconhecimento pelo contributo prestado, assinaria a polémica doação do Eclesiástico de Santarém em favor da Ordem (DMP, DR, I, doc. 221, de Abril de 1147 (1). A doação seria recebida por Hugo Martoniense, Procurador dos Templários, e daria origem, poucos meses depois, a uma acesa e prolongada disputa.
[Mário Jorge Barroca, A Ordem do Templo e a Arquitectura Militar portuguesa do século XII, p. 175, Portugália, Nova Série — Volume XVII-XVII, separata, Instituto de Arqueologia, Faculdade de Letras da Universidade do Porto, 1996/1997.]

Nota do Autor:

(1). — Tb. publicado em Monumenta Henricina, vol. I, Lisboa, 1960, Doc. 2. (Ibidem, nota 14, p. 175.)

Até breve.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Lisboa em 1147. (3)

Cerco de Lisboa.
Aguarela de Roque Gameiro.

Lisboa era uma cidade populosa, rica e forte. Edificada à beira dum vasto porto, estava indicada naturalmente como ponto de escala para o comércio entre o Mediterrâneo e o ocidente da Europa. Não é, portanto, de admirar que confluísse a ela grande número de comerciantes e que no seu seio tivessem residência, fixa ou temporária, as mais diversas gentes das mais diversas paragens.
Nos seus edifícios tão apertadamente aglomerados, que a não ser entre as dos comerciantes dificilmente se acharia uma rua com mais de oito pés de largura, adensava-se um povo heterogéneo
.
A sua população — exclama Osberno — era mais numerosa do que se pode imaginar! Com efeito, segundo depois soubemos pelo alcaide, isto é, pelo governador, depois de a termos tomado, teve esta cidade cento e cinquenta e quatro mil homens, exceptuando as mulheres e crianças.
Informa ainda o cronista minucioso e observador:
À nossa chegada tinha a cidade sessenta mil famílias que pagavam tributos, incluídos os dos subúrbios em volta, mas excluídos os homens que não estavam sujeitos à tributação de ninguém.
Era gente humilde que labuta e serve e a classe opulenta que goza e gasta.
A Lisboa afluíam os que tinham sede de prazer, ouro para gastar ou ânsia de lucros nas transacções da veniaga. Eram todos os nobres de Sintra, Almada e Palmela; eram os ricos mercadores de toda a parte da Espanha e da África.
Havia motivos para tanto
.
[José Augusto de Oliveira, O cerco de Lisboa, em 1147. Narrativa do glorioso feito conforme os documentos coevos, pp. 29-30.]
Até breve.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Lisboa em 1147. (2)

Lisboa medieval, na altura da conquista de 1147.
Reconstituição de Carlos Alberto Santos.

(…) o Tejo formava um largo esteiro entre a colina de S. Francisco, a ocidente, e a do Castelo, a nascente: que o espaço ocupado pelo actual «Largo do Município», «Terreiro do Paço», Ruas «do Ouro, Augusta», e «da Prata», era então invadido pelas águas que subiam na enchente até ao Rossio e se difundiam pela Mouraria até o Arco do Marquês do Alegrete.
Era este Arco uma das portas da cerca de D. Fernando e chamava-se primitivamente «de S. Vicente», porque ali atracara a nau que trouxe a Lisboa, o santo corpo do mártir, que ficou sendo o padroeiro da cidade. Isto é prova bem clara de que ali chegavam as águas do rio.
Nesse esteiro desaguava uma ribeira, que descia da actual Avenida da Liberdade e vinha pela Rua Eugénio dos Santos, a lamber o sopé da colina de Sant’Ana: de Arroios vinha uma outra a lançar ali as suas águas, percorrendo o caminho do que é hoje a Rua das Palma
.
[José Augusto de Oliveira, O cerco de Lisboa, em 1147. Narrativa do glorioso feito conforme os documentos coevos, pp. 24-25.]

Até breve.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Lisboa em 1147. (1)

castelo de S. Jorge

O cruzado que escreve a carta de Osb., e que viveu a situação do cerco e conquista de Lisboa neste ano de 1147, dá-nos a lembrança da cidade:
Ao norte do rio está a cidade de Lisboa no alto dum monte arredondado e cujas muralhas, descendo a lanços, chegam até à margem do Tejo, dela separado apenas pelo muro.
E mais à frente:
O alto do monte é cingido duma muralha circular e os muros da cidade descem pela encosta à direita e à esquerda até à margem do rio.
[José Augusto de Oliveira, O Cerco de Lisboa, em 1147. Narrativa do glorioso feito conforme os documentos coevos, p. 18, Ed. Câmara Municipal de Lisboa, Lisboa, 1938.]

Até breve.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Os templários e o curso do Tejo.

Os templários foram confrontados com a missão de ocupar e defender o curso do Tejo, para leste, até à confluência com o Erges, perto do qual se situa Monsanto.
[António Lopes Pires Nunes, O castelo de Monsanto e a Beira Baixa no tempo da Reconquista, O castelo de Monsanto da Beira. Cesto de gávea em nave de pedra, Cadernos de Património Cultural da Beira Baixa, nº 9, p. 9, Ed. Câmara Municipal de Idanha-a-Nova, 2001.]

Até breve.

domingo, 5 de outubro de 2008

Testemunhos templários.

Na realidade, o primeiro testemunho da presença dos Templários em Portugal remonta a 19 de Março de 1128, quando D. Teresa lhes doa o Castelo de Soure — «… meorum castell scilicet quod Saurium vocatur…» — com seu termo (DMP, DR I, doc. 79) (1) Portanto, os primeiros testemunhos da presença dos templários em Portugal são sensivelmente contemporâneos de um momento-chave da história da ordem, quando o Concílio de Troyes promulgou, em Janeiro de 1128, a Regra da Ordem, um texto redigido por S. Bernardo no ano precedente. Coincidindo com o Concílio, Hughues de Payns desloca-se à Europa, em 1127-1128, para recolher apoios mais explícitos à sua causa. É neste ambiente que devemos perspectivar a doação de D. Teresa. O diploma de doação do Castelo de Soure e seu termo não define de forma explícita os limites deste espaço encravado entre os territórios de Montemor-o-Velho e de Coimbra, uma zona fulcral para a defesa desta cidade já que permitia o controle dos acessos a Sul. Tratava-se, de resto, de um espaço com uma importância estratégica crescente, que saiu amplamente reforçada quando D. Afonso Henriques se fixou em Coimbra, a partir de 1131, convertendo esta cidade em «capital» do reino.
[Mário Jorge Barroca, A Ordem do Templo e a Arquitectura Militar portuguesa do século XII, pp. 172-173, Portugália, Nova Série — Volume XVII-XVII, separata, Instituto de Arqueologia, Faculdade de Letras da Universidade do Porto, 1996/1997.]

Nota do Autor:

(1). — Existe um projecto de uma ampla doação à Ordem do Templo, de que eram protagonistas D. Teresa, o Conde galego D. Fernão Peres de Trava e outros nobres, que incluía a doação de Fonte Arcada (Penafiel) entre numerosos outros bens, e que para Carl Erdmann não terá saído do limiar das intensões (cf. Carl Erdmann, A Ideia de Cruzada em Portugal, Coimbra 1940, p. 33). No entanto, e como Rui de Azevedo sublinhou, as Inquirições de 1258 registam que Fonte Arcada era da Ordem do Templo e que tinha sido doada por D. Teresa (cf. Rui de Azevedo in DMP, DR I, tomo 2, p. 593; PMH, Inq., p579), o que parece indicar que o projecto de doação terá sido realmente executado. O documento de D. Teresa não tem data expressa, tendo Rui de Azevedo fixado a datação crítica em 1128 (cf. DMP, DR I, doc. 77). Assim, este deve ser colocado lado a lado com a doação do castelo de Soure como um dos mais antigos testemunhos da presença dos Templários em terras portuguesas. (Ibidem, nota 2, p. 172.)
Até breve.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Confirmação da doação de Soure.

castelo de Soure visto do seu interior.

Em 1129, D. Afonso Henriques confirma a doação de Soure, que sua mãe tinha feito aos templários. (1)

Em nome da Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, Trindade Indivisível que nunca terá fim mas permanecerá por infinitos séculos dos séculos. Amen. Eu, o ilustre Infante D. Afonso, neto do grande D. Afonso de boa memória Imperador da Hespanha, filho do Conde D. Henrique e da Rainha D. Teresa, e pela misericórdia de Deus, Príncipe dos Portugueses; dou a vós Soldados do Templo de Salomão o antigo castelo que se chama Soure, o qual está situado na Estremadura no território de Coimbra, em águas do Mondego. Dou-vos, e concedo-vos o tal Castelo com todos os seus foros que são, e forem, para que vós os tenhais firmemente, e todos vossos sucessores para sempre, e esta doação faço não por mando, ou persuação de alguém, mas por amor de Deus, e por remédio de minha alma e de meus Pais, e pelo cordial amor que vos tenho e porque na vossa Irmandade e em todas as vossas obras sou Irmão. (...)
Feita a Carta de doação a treze de Março de 1167 [d. C. 1129], em Guimarães. (2)
[José Manuel Capêlo, Portugal templário, Relação e sucessão dos seus Mestres [1124-1314], A presença templária em Portugal, p. 62, Zéfiro, Lisboa, 2008.]

Notas do Autor:

(1). — Por sua vez, em 14 de Março de 1129-1130 o infante D. Afonso Henriques confirmava-lhes a doação do castelo de Soure, por amor de Deus, por sua alma e de seus pais, pela dedicação que lhes consagrava e ainda por ser seu confrade: quoniam in uestra fraternitate et beneficio omnj sum frater. [Por outro lado, a data de 14 de Março é a que consta em Monumenta Henricina, p. 6, nota 5.]
Um dos cavaleiros que aparece na cúria afonsina, é D. Ermígio Viegas, que confirma e subscreve [Ermígio Venegas confirmo] esta (segunda e definitiva) doação de Soure, aos templários. [GEPB, Vol. 35, p. 211]. D. Ermígio Viegas teria sido dos grandes barões portucalenses a apoiarem a libertação nacional encetada por D. Afonso Henriques. Seria primo co-irmão de D. Egas Moniz, o que foi aio deste rei português.
(2). — Fr. Bernardo da Costa, ob. cit., pp. 158-159.


Até breve.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Na fronteira oriental transmontana.

A implantação das Ordens militares nesta parte do país [nordeste transmontano] seguiu a tendência de expansão do complexo das relações senhoriais, como nos informam os inquéritos de iniciativa régia. A presença dos Templários em terras de Miranda remonta, como vimos, às origens do reino português. O contexto da invasão leonesa do século XIII veio alterar, no entanto, a exclusividade desta presença dos freires do Templo, centrada na posse dos castelos de Penas Róias e do Mogadouro. Aí tinham procedido os freires à construção de torres de menagem, inovação de fundamental importância que se prendia igualmente com o reconhecimento da suserania do rei. Seguiu-se-lhe a presença dos Hospitalários, a quem Sancho II doou o importante castelo de Algoso, que então funcionava como sede de toda a “terra” de Miranda. A fronteira oriental transmontana teria doravante nos cavaleiros do Templo e do Hospital importantes agentes da suserania do rei português, estendendo-se a sua presença senhorial com a posse de bens e direitos, em pequenos núcleos dispersos, pelo interior das terras transmontanas, com especial incidência nos vales férteis do Rabaçal e do Tâmega, do Sabor e da ribeira da Vilariça.
[Rita Costa Gomes, Castelos da Raia, Vol. II, Trás-os-Montes, p. 47, Ed. Instituto Português do Património Arquitectónico (IPPAR), Lisboa, 2003.]

Até breve.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Do infante D. Pedro Sanches.

Em 1229, Afonso IX [Leão], ajudado por alguma gente que lhe enviara Fernando de Castela, marchou com o seu exército a sitiar Cáceres, que se lhe rendeu, enquanto o rei castelhano punha a ferro e fogo as cercanias de Jaen. No ano seguinte, Afonso, submetido o castelo de Montanchez, intentou facção mais importante, acometendo Mérida, antiga capital do Gharb, como já o havia sido da Lusitânia, e que ainda nesse tempo era uma das cidades mais importantes do Andaluz. Distinguiu-se nesta empresa o infante D. Pedro, e ao seu esforço se deveu principalmente o bom êxito dela. De feito, Mérida caiu em poder dos cristãos, os quais cobrando novos brios com essa conquista, resolveram acabar a campanha reduzindo Badajoz e repelindo definitivamente para o sul do Guadiana o domínio dos sarracenos. (1) (2)
[Alexandre Herculano, História de Portugal, Desde o começo da monarquia até o fim do reinado de Afonso III, Tomo II, Livro V, pp. 396-397 e nota 60, p. 396 — notas críticas de José Mattoso. Verificação do texto por Ayala Monteiro — Livraria Bertrand, Lisboa, 1981.]

Nota do Autor:

(1). — Lucas de Tuy, p. 114; Rodrigo de Toledo, loc. cit.; foral de Cáceres, em Risco, loc. cit.; «Anales Compostellanos», na España Sagrada, T. 23, p. 323; «Anales Toledanos», II, ibid., p. 408; «Era MCCXXVIII (aliás, MCCLXVIII) dedit dominus villam que vocatur Merida D. Alfonso legionensi per manum infantis D. Petri, filii regia D. Sancii primi Portugalis», «Crónica Conimbricense», in Portugaliae Monumenta Historica (Scriptores), Vol. 1, p. 3.

Nota* de José Mattoso:

(2). — A conquista de Cáceres foi em 1227 e não em 1229, como mostrou claramente J. González, Afonso IX, I (Madrid, 1944), 201-204. A data da conquista de Montanchez, Mérida e Badajoz está correcta: 1230 [ibid., I, 206-211). Sobre o infante D. Pedro Sanches, ver A. Brásio, «O Infante D. Pedro, Senhor de Majorca», in Anais, 9, (1959), 165-240).

*. — Ibid., Notas Críticas ao Livro V, nota 34, p. 547.
Até breve.