Combate na Idade Média.
(…) desde o princípio do seu reinado Sancho cuidou seriamente de uma das mais graves necessidades públicas, a repovoação de territórios assolados por guerras que duravam havia, não anos, mas séculos. Ao passo, porém, que ele buscava assim promover o aumento da força popular e, portanto, novos recursos para a manutenção do Estado, tratava de empregar os outros meios que a política, os costumes e as circunstâncias do tempo aconselhavam para a defensão do país. Entre esses meios, o aumento das Ordens de cavalaria, desse monaquismo militante a cujo espírito guerreiro as monarquias cristãs de Espanha deveram em boa parte a expulsão dos sarracenos, era um dos mais eficazes. Estes monges-soldados, entre os quais a disciplina monástica supria até certo ponto a falta de disciplina militar, bem pouco adiantada naquelas rudes eras, forçosamente levavam por isso vantagem aos outros homens de armas e cavaleiros, a quem nos combates deviam faltar muitas vezes o nexo da obediência e a força que resulta da unidade e simultaneidade de acção. Para a defesa dos castelos que se incumbiam à sua guarda, doando-lhes o domínio temporal deles, nenhuma outra guarnição poderia ser mais própria; porque esse lugar forte ou castelo convertia-se ordinariamente num preceptoria ou comenda (mansio), e os freires que aí residiam, no seu duplicado carácter de monges e de cavaleiros, a consideravam como uma espécie de solar e de convento, de modo que, reduzidos à defensiva, o sentimento de afecto que nos costuma prender ao lar doméstico lhes redobrava esforço e brios.
[Alexandre Herculano, História de Portugal, Desde o começo da monarquia até o fim do reinado de Afonso III, Tomo II, pp. 27-28.]
(…) desde o princípio do seu reinado Sancho cuidou seriamente de uma das mais graves necessidades públicas, a repovoação de territórios assolados por guerras que duravam havia, não anos, mas séculos. Ao passo, porém, que ele buscava assim promover o aumento da força popular e, portanto, novos recursos para a manutenção do Estado, tratava de empregar os outros meios que a política, os costumes e as circunstâncias do tempo aconselhavam para a defensão do país. Entre esses meios, o aumento das Ordens de cavalaria, desse monaquismo militante a cujo espírito guerreiro as monarquias cristãs de Espanha deveram em boa parte a expulsão dos sarracenos, era um dos mais eficazes. Estes monges-soldados, entre os quais a disciplina monástica supria até certo ponto a falta de disciplina militar, bem pouco adiantada naquelas rudes eras, forçosamente levavam por isso vantagem aos outros homens de armas e cavaleiros, a quem nos combates deviam faltar muitas vezes o nexo da obediência e a força que resulta da unidade e simultaneidade de acção. Para a defesa dos castelos que se incumbiam à sua guarda, doando-lhes o domínio temporal deles, nenhuma outra guarnição poderia ser mais própria; porque esse lugar forte ou castelo convertia-se ordinariamente num preceptoria ou comenda (mansio), e os freires que aí residiam, no seu duplicado carácter de monges e de cavaleiros, a consideravam como uma espécie de solar e de convento, de modo que, reduzidos à defensiva, o sentimento de afecto que nos costuma prender ao lar doméstico lhes redobrava esforço e brios.
[Alexandre Herculano, História de Portugal, Desde o começo da monarquia até o fim do reinado de Afonso III, Tomo II, pp. 27-28.]
Até breve.
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