O castelo de Soure é tomado [1144] (1) pelas tropas de Abu Zacharia (2), alcaide de Santarém, depois duma renhida batalha em que muitos dos templários são mortos e outros feitos prisioneiros, sendo levados e encarcerados, inicialmente, no castelo de Santarém (3). As contínuas revoltas no norte de África motivaram que Abd al-Mumim se mantivesse em Marrocos com o grosso do seu exército, sem que pudesse atravessar o estreito e desembarcasse no al-Andalus, ou, sequer, pudesse enviar forças militares de ajuda e suficientes para fazer face ao avanço cristão. Tudo isto facilitou as conquistas portuguesas, leonesas e catalãs ao longo da fronteira muçulmana a partir de 1147. É deste momento a ideia de reconquistar Sevilha, ainda em posse dos almorávidas deveras enfraquecidos. (4)
[José Manuel Capêlo, Portugal templário, Relação e sucessão dos seus Mestres [1124-1314], A presença templária em Portugal, pp. 67-68, notas156 a 159.]
Notas do Autor:
(1). — Em 1143, verifica-se uma organização sólida na Ordem do Templo, não só na Palestina, como em Aragão, onde, nesse mesmo ano, o Mestre Robert de Craon, «após demoradas negociações com Raimundo Berengário IV», «ficariam em Monzón e outros lugares de Aragão e que, desde esse momento, tomariam a sério, como própria missão, a guerra contra os mouros em Espanha».
(2). — Abzechri, o seu nome muçulmano.
José de Bragança nas suas Notas à Crónica de D. Afonso Henriques, de Duarte Galvão, pp. 119-120, sugere: Abu Zacarias — que parece ter governado Santarém durante 34 anos — seria o próprio Ismar, segundo o ilustre historiador e arabista dr. David Lopes. Do que hoje sabemos, tudo isto fenece de sentido, já que o comandante almorávida que subjugou a região, bem como as rebeliões que se verificaram no Algarve e na cidade de Córdova, foi Ibn Ganiya. [Bernard F. Reilly, Cristãos e Muçulmanos — a luta pela Península Ibérica p. 253.]
(3). — Templários e habitantes de outras povoações limítrofes, que constituíam a força de defesa, enfrentaram-nos no caminho. Poucos serão os libertados, cerca de três anos depois, aquando da conquista deste castelo [15 de Março de 1147], por ardil, surpresa e imensa felicidade, pelas hostes comandadas por D. Afonso Henriques, tendo nela participado um corpo da milícia templária, sob a chefia do Mestre Hugo de Martónio. Daqueles prisioneiros, alguns foram transferidos, em diversas alturas, para vários lugares do al-Andalus, principalmente Córdova e Sevilha, onde morreram cativos. O caso mais célebre é o do arquitecto de Soure, D. Martinho Árias, que foi transferido uma semana antes da conquista do castelo de Santarém pelas tropas de Afonso Henriques e dos seus confrades templários, primeiramente para Sevilha e depois para Córdova, onde acabaria por morrer. Ele que sempre dissera aos seus companheiros de prisão que o castelo iria ser tomado pelas hostes guerreiras do seu rei, e que todos iriam ser libertados — por sentir e saber — não viu a concretização dessa realidade.
(4). — Os almohadas só conquistariam Sevilha no ano seguinte [Janeiro de 1148] por Barraz, antigo comandante almorávida, que, entretanto, se tinha passado para o lado de Abd al-Mumim, o califa almohada. [Hugh Kennedy, Os Muçulmanos na Península Ibérica, p. 231.]
[José Manuel Capêlo, Portugal templário, Relação e sucessão dos seus Mestres [1124-1314], A presença templária em Portugal, pp. 67-68, notas156 a 159.]
Notas do Autor:
(1). — Em 1143, verifica-se uma organização sólida na Ordem do Templo, não só na Palestina, como em Aragão, onde, nesse mesmo ano, o Mestre Robert de Craon, «após demoradas negociações com Raimundo Berengário IV», «ficariam em Monzón e outros lugares de Aragão e que, desde esse momento, tomariam a sério, como própria missão, a guerra contra os mouros em Espanha».
(2). — Abzechri, o seu nome muçulmano.
José de Bragança nas suas Notas à Crónica de D. Afonso Henriques, de Duarte Galvão, pp. 119-120, sugere: Abu Zacarias — que parece ter governado Santarém durante 34 anos — seria o próprio Ismar, segundo o ilustre historiador e arabista dr. David Lopes. Do que hoje sabemos, tudo isto fenece de sentido, já que o comandante almorávida que subjugou a região, bem como as rebeliões que se verificaram no Algarve e na cidade de Córdova, foi Ibn Ganiya. [Bernard F. Reilly, Cristãos e Muçulmanos — a luta pela Península Ibérica p. 253.]
(3). — Templários e habitantes de outras povoações limítrofes, que constituíam a força de defesa, enfrentaram-nos no caminho. Poucos serão os libertados, cerca de três anos depois, aquando da conquista deste castelo [15 de Março de 1147], por ardil, surpresa e imensa felicidade, pelas hostes comandadas por D. Afonso Henriques, tendo nela participado um corpo da milícia templária, sob a chefia do Mestre Hugo de Martónio. Daqueles prisioneiros, alguns foram transferidos, em diversas alturas, para vários lugares do al-Andalus, principalmente Córdova e Sevilha, onde morreram cativos. O caso mais célebre é o do arquitecto de Soure, D. Martinho Árias, que foi transferido uma semana antes da conquista do castelo de Santarém pelas tropas de Afonso Henriques e dos seus confrades templários, primeiramente para Sevilha e depois para Córdova, onde acabaria por morrer. Ele que sempre dissera aos seus companheiros de prisão que o castelo iria ser tomado pelas hostes guerreiras do seu rei, e que todos iriam ser libertados — por sentir e saber — não viu a concretização dessa realidade.
(4). — Os almohadas só conquistariam Sevilha no ano seguinte [Janeiro de 1148] por Barraz, antigo comandante almorávida, que, entretanto, se tinha passado para o lado de Abd al-Mumim, o califa almohada. [Hugh Kennedy, Os Muçulmanos na Península Ibérica, p. 231.]
Até breve.
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