segunda-feira, 21 de julho de 2008

Poder e manifestação real.

Sobre o procedimento que D. Afonso III teve para com os templários, a quem nunca perdoaria o gesto de não terem participado a seu lado na luta civil travada entre correligionários seus e os que se mantiveram leais e fiéis ao rei D. Sancho II, seu irmão, atentemos no que Alexandre Herculano narra, na sua História de Portugal:

De todas as ordens militares, a dos templários é a que parece ter-se inclinado mais ao partido de Sancho II, caindo por isso naturalmente no desagrado do vencedor. De feito, não só não figura aquela potente e belicosa ordem nos monumentos dos primeiros anos do reinado de Afonso III ou nas guerras desse período, mas sabemos positivamente que foi espoliados seus tesouros e que ao Mestre Paio Gomes, resignatário talvez forçado da dignidade mestral, nem sequer se consentiu gozasse em paz do elevado cargo de comendador de Castelo Branco, em que foi substituído por um obscuro freire*.

Diz, ainda, Herculano em nota de rodapé:

* Num fragmento da inquirição que se acha na Gav. 7, maço 18, n.º 2 [cf. GTT II 527], diz-se que Afonso III arrebatara aos templários os tesouros que tinham juntos e fizera deles o que quisera, e que tirar o castelo de castelo Branco ao comendador Paio Gomes Barreto** para o dar a um simples freire. Paio Gomes era o Mestre da Ordem em 1250, mas já em 1253 era apenas comendador de Castelo Branco (Viterbo, Elucidário, T. 2, p. 370 [Elucid. II, 599.]). Assim vem impresso. [Tomo III, Livro VI, p. 47 — notas críticas de José Mattoso — Livraria Bertrand, Lisboa, 1982.]

** Apenas para referir que o nosso grande historiador não é exacto quando refere que D. fr. Paio Gomes Barreto foi Mestre do Templo em Portugal. Na realidade, foi outro D. fr. Paio Gomes, Mestre de 1250 a 1253, e que teria renunciado à sua dignidade, muito possivelmente, por mando de D. Afonso III, como bem diz Herculano. D. Paio Gomes Barreto teve primordial importância aquando da extinção da Ordem em Portugal. Foi um dos três cavaleiros que deram a cara, por assim dizer, e se mantiveram visíveis e localizados, ao contrário dos demais, assinando, em nome do Mestre D. fr. Vasco Fernandes, tudo o que à Ordem dissesse respeito. E por aqueles dias, ele, ao que tudo indica, seria o Comendador da Ordem em Castelo Branco.
Até breve.

1 comentário:

Unknown disse...

ola Pedro, Muito interesante. Estou interesado na historia dos mestres e comendadores portugueses ja que tuvieron relacio con Jerez de los Caballeros, como no caso de PAIO GOMEZ BARRETO. sabe voce onde puedo pesquisar mais sobre Paio Gomes e outro comendador chamado Joao Bechao?

OBRIGADO