Concebe-se facilmente qual seria o estado de um país, em cujo solo se viam ainda os tristes vestígios das correrias dos sarracenos, convertido agora em teatro de longas e deploráveis lutas civis. Nobres e burgueses tinham sido vítimas das dissensões suscitadas ou favorecidas por eles próprios. O desejo da paz devia ter ganhado incremento no meio de tantas devastações e de tanto sangue vertido em vão. As igrejas roubadas; muitos personagens notáveis do clero e da fidalguia mortos a ferro, presos ou fugitivos; os peões perecendo de nudez e de fome ou passados à espada; tal é o quadro que nos apresenta um historiador desse tempo (1), lançando-o à conta do rei de Aragão, mas em que é de crer fossem culpados os diversos partidos. É, todavia, certo que Afonso I, empregando nestas guerras gente colectícia de além dos Pirenéus e dotado de um génio tão violento e feroz como valoroso, devia ter maior quinhão nos males cometidos, posto que muito se haja de rebaixar nas acusações dos seus inimigos.
[Alexandre Herculano, História de Portugal, Desde o começo da monarquia até o fim do reinado de Afonso III, Tomo I, Livro I, p. 311.]
Nota do Autor:
(1). — Historia Compostellana, L. 1, c. 79.
[Alexandre Herculano, História de Portugal, Desde o começo da monarquia até o fim do reinado de Afonso III, Tomo I, Livro I, p. 311.]
Nota do Autor:
(1). — Historia Compostellana, L. 1, c. 79.
Até breve.
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