A Ordem estabelece-se.(1) Sabendo-se aceite, protegida pela rainha, pelo infante [que ainda não contestava o reino] e pela alta nobreza do condado, começa a construir, através das doações(2) que entretanto recebera, os castelos de Ega, Redinha e Pombal, na zona de Coimbra, bem como algumas igrejas. Recebe os primeiros membros, filhos dessa nobreza.(3) A própria rainha e seu filho, o infante D. Afonso Henriques — futuro [primeiro] rei português —, dão o exemplo e filiam-se [tomar a cruz], incentivando, assim, a que a nobreza faça o mesmo.(4)
[José Manuel Capêlo, Portugal templário, Relação e sucessão dos seus Mestres [1124-1314], A presença templária em Portugal, p. 58, Zéfiro, Sintra, 2008.]
Notas do Autor:
(1) — Segundo verificações efectuadas através de documentos, e no tempo, prova-se, sem quaisquer dúvidas, ser Portugal o primeiro reino na Península Ibérica a ver estabelecida a Ordem do Templo no seu espaço geográfico. Vejamos o que sobre isso escreve frei Bernardo da Costa [ob. cit., pp. 2-3]: E sem dúvida, que logo no seu princípio a Ordem do Templo foi recebida, e admitida neste Reino de Portugal, e me persuado foi muito primeiro que no reino de Hespanha; porque sendo ela criada na Palestina pelos nove Cavaleiros, que lhe deram o princípio, na melhor, e mais bem aceite opinião, no ano de mil cento e dezoito (conferidos os Autores mais capazes nas Cronologias) e confirmada pelo papa Honório II, no concílio Trecence, em catorze de Janeiro do ano de Cristo de mil cento e vinte e oito, como consta das sessões do mesmo Concílio, e mais Documentos, sem dúvida alguma. Já no mesmo ano da sua confirmação, consta estar a Ordem do Templo não só aceita, mas estabelecida em Portugal; e não só neste ano, mas ainda nos antecedentes, e pouco depois que os nove Cavaleiros lhe deram o princípio na Palestina.
(2) — Naquele tempo, nem todas as doações eram assinadas — quando recebidas — pelos Mestres; ou, melhor dizendo, pelos Procuradores.
(3) — Cedo se instalou a nova Ordem em Portugal. (...) quando Hugo de Payns veio da Palestina à Europa, a fim de assentar a Ordem incipiente em bases mais largas, um seu irmão de religião, chamado Raimundo Bernardo, presumivelmente francês ou catalão, dirigiu-se para a Península Ibérica, para reunir dinheiro ou alistar membros para a Ordem. Em Março de 1128, estava ele em Braga, na corte da rainha portuguesa D. Teresa. Esta deve ter compreendido imediatamente a importância da nova corporação para a sua terra, pois logo se empenhou em persuadir os cavaleiros a estabelecer residência em Portugal e a empreender guerra contra os mouros. [Monumenta Henricina, Vol. I, p. 6, nota 5 — direcção de A. J. Dias Diniz e Comissão Executiva das Comemorações do V Centenário da Morte do Infante D. Henrique, Coimbra, 1960.]
(4) — Tanto mãe quanto filho ter-se-iam feito confrades [irmãos] da Milícia templária, entre os anos de 1126 e 1128, seguindo-se-lhes muitos outros cavaleiros das mais nobres famílias portuguesas da época. É por esta altura que, verdadeiramente protegida e apoiada se estabelece a Ordem em Portugal. Não só porque a receptividade ao ideário que propunha e defendia é bem acolhida pela alta nobreza e pelo clero portucalense, mas, muito principalmente, pelas entradas de inúmeros cavaleiros (filhos segundos e terceiros dessas famílias, que sendo nobreza é igualmente clero) que se verificam, bem como por casais abastados que a ela aderem com doações avultadas, de bens e terras — a um ritmo crescente e ininterrupto. Eles como cavaleiros ou apenas confrades, elas como freiras (ou freirissas). Assim sendo, tudo se alia e conjuga para que a Ordem engrandeça: em pessoas e bens.
[José Manuel Capêlo, Portugal templário, Relação e sucessão dos seus Mestres [1124-1314], A presença templária em Portugal, p. 58, Zéfiro, Sintra, 2008.]
Notas do Autor:
(1) — Segundo verificações efectuadas através de documentos, e no tempo, prova-se, sem quaisquer dúvidas, ser Portugal o primeiro reino na Península Ibérica a ver estabelecida a Ordem do Templo no seu espaço geográfico. Vejamos o que sobre isso escreve frei Bernardo da Costa [ob. cit., pp. 2-3]: E sem dúvida, que logo no seu princípio a Ordem do Templo foi recebida, e admitida neste Reino de Portugal, e me persuado foi muito primeiro que no reino de Hespanha; porque sendo ela criada na Palestina pelos nove Cavaleiros, que lhe deram o princípio, na melhor, e mais bem aceite opinião, no ano de mil cento e dezoito (conferidos os Autores mais capazes nas Cronologias) e confirmada pelo papa Honório II, no concílio Trecence, em catorze de Janeiro do ano de Cristo de mil cento e vinte e oito, como consta das sessões do mesmo Concílio, e mais Documentos, sem dúvida alguma. Já no mesmo ano da sua confirmação, consta estar a Ordem do Templo não só aceita, mas estabelecida em Portugal; e não só neste ano, mas ainda nos antecedentes, e pouco depois que os nove Cavaleiros lhe deram o princípio na Palestina.
(2) — Naquele tempo, nem todas as doações eram assinadas — quando recebidas — pelos Mestres; ou, melhor dizendo, pelos Procuradores.
(3) — Cedo se instalou a nova Ordem em Portugal. (...) quando Hugo de Payns veio da Palestina à Europa, a fim de assentar a Ordem incipiente em bases mais largas, um seu irmão de religião, chamado Raimundo Bernardo, presumivelmente francês ou catalão, dirigiu-se para a Península Ibérica, para reunir dinheiro ou alistar membros para a Ordem. Em Março de 1128, estava ele em Braga, na corte da rainha portuguesa D. Teresa. Esta deve ter compreendido imediatamente a importância da nova corporação para a sua terra, pois logo se empenhou em persuadir os cavaleiros a estabelecer residência em Portugal e a empreender guerra contra os mouros. [Monumenta Henricina, Vol. I, p. 6, nota 5 — direcção de A. J. Dias Diniz e Comissão Executiva das Comemorações do V Centenário da Morte do Infante D. Henrique, Coimbra, 1960.]
(4) — Tanto mãe quanto filho ter-se-iam feito confrades [irmãos] da Milícia templária, entre os anos de 1126 e 1128, seguindo-se-lhes muitos outros cavaleiros das mais nobres famílias portuguesas da época. É por esta altura que, verdadeiramente protegida e apoiada se estabelece a Ordem em Portugal. Não só porque a receptividade ao ideário que propunha e defendia é bem acolhida pela alta nobreza e pelo clero portucalense, mas, muito principalmente, pelas entradas de inúmeros cavaleiros (filhos segundos e terceiros dessas famílias, que sendo nobreza é igualmente clero) que se verificam, bem como por casais abastados que a ela aderem com doações avultadas, de bens e terras — a um ritmo crescente e ininterrupto. Eles como cavaleiros ou apenas confrades, elas como freiras (ou freirissas). Assim sendo, tudo se alia e conjuga para que a Ordem engrandeça: em pessoas e bens.
Até breve.
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