quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Fronteira entre Tejo e Guadalquivir. (III)

Do lado cristão, esses guerreiros são também compostos por efectivos permanentes das Ordens Militares, sempre pouco numerosos mas extremamente tenazes e profissionais, no duplo sentido do conhecimento da arte da guerra e da profissão na fé. Uma combinação destes elementos havia mantido Évora nas mãos cristãs desde 1165, praticamente isolada desde as grandes e bem sucedidas incursões almohadas dos anos 80. Neste primeiro tempo de Sancho [II] um cordão de castelos garantira já, de forma bastante larga e difusa, uma presença portuguesa desde o Atlântico até à serra de São Mamede, numa linha de desenho longitudinal: Alcácer do Sal, a velha Qasr Abī Dānis; Montemor-o-Novo, já relativamente consolidada no dobrar da centúria; Évora e depois numa inflexão súbita devida à presença ameaçadora de Badajoz e de Elvas, o seu posto avançado para ocidente, muito a norte, ou, mais precisamente, a nordeste, Marvão, o ninho de águias que muitos séculos antes, durante as fricções internas do século IX andaluz, esse outro grande homem de fronteira que fora Ibn Marwan, fizera seu, em detrimento da Amaia antiga, no vale.
[Hermenegildo Fernandes, D. Sancho II, p. 137.]

Até breve.

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