quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

A morte espera em Drá.


Depois o príncipe dos crentes (Iúçufe que estava em Sevilha) partiu para a cidade de Marraquexe e levou com ele o cristão chamado Guerando (Giraldo) que mandou residir para o Suz (cuja capital é Tarudante e onde está Agadir) com o seu senhorio. Foi daí que ele escreveu para Lisboa a Ibn Anrike para lhe dizer as condições favoráveis em que se achava ali, junto do mar, e acrescentava: «Se te parecer, manda navios armados para te apossares deste país porque podes contar comigo.» Mas o portador desta missiva foi preso e o príncipe dos crentes mandou a Guerando que viesse falar-lhe à cidade de Marraquexe. Assim foi. Ao mesmo tempo o califa dava a seguinte ordem ao governador de Drá (país a leste do Suz), chamado Muça ibn Abd Açamade: «Quando vos enviarmos Guerando e os seus partidários, reparti estes pelas tribos e a ele matai-o porque nós temos carta dele que mostra a sua traição.»
Depois disto o príncipe dos crentes convidou Guerando a ir para Drá, dizendo-lhe que lá estaria melhor que no Suz. Guerando cumpriu a ordem do califa e com ele foram 350 milicianos cristãos, seus partidários.
Chegados a Drá, Muça mandou-o matar como lhe ordenara o príncipe dos crentes. Sucedeu isto em 565 [24 de Setembro de 1169 a 12 de Setembro de 1170].
(1)
[António Borges Coelho, Portugal na Espanha Árabe, Vol. 2, p. 310, Editorial Caminho, Lisboa, 1989.]

Nota do Autor:

(1). — Códice de Albaidac, in Documents inédits d’histoire almohade, publicados por Lévi-Provençal, tradução de David Lopes, in obra citada (2). (Ibidem, p. 310, nota 2.)
(2). — O Cid Português — Giraldo Sem Pavor, pp. 124 a 127, separata da Revista Portuguesa de História.

Até breve.

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