(…) uma circunstância casual veio incitar o ânimo do rei português [D. Sancho I] a realizar os seus desígnios de conquista. Trouxeram-na os acontecimentos do Oriente. As diligências de Gregório VIII e de Clemente III para excitar o ardor dos guerreiros da cruz no empenho de resgatar os santos lugares tinham surtido o desejado efeito. Preparava-se tudo na Itália, na Flandres, na França, na Inglaterra, na Alemanha e ainda nos países mais setentrionais para a partida dos cruzados, uns por terra, outros por mar. Armadas mais ou menos numerosas desciam diariamente do mar do Norte e, vindo ajuntar-se nos portos de Inglaterra ou de França com os navios destas nações, prosseguiam na sua derrota ao longo das costas da Espanha, em cujas povoações marítimas tomavam virtualhas e refrescos ou buscavam acolheita contra os temporais, para depois passarem o Estreito e se engolfarem no Mediterrâneo. Os portos da Galiza ou os de Portugal eram os mais acomodados ao intento, como dissemos falando das anteriores cruzadas, e por isso se viam aparecer, ora nuns ora noutros, frotas após frotas, que conduziam gentes de tão diversos países. Impacientes por combater os muçulmanos, fácil era mover alguns deles a guerrearem os de Espanha, em cujas povoações, ainda ricas e florescentes, devia oferecer-se a esperança de mais avultados despojos do que na devastada Palestina.
[Alexandre Herculano, História de Portugal, Desde o começo da monarquia até o fim do reinado de Afonso III, Tomo II, Livro III, pp. 40-41.]
[Alexandre Herculano, História de Portugal, Desde o começo da monarquia até o fim do reinado de Afonso III, Tomo II, Livro III, pp. 40-41.]
Até breve.
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