Albur (Alvor) era um dos castelos mais fortes que guarneciam a orla marítima de Chenchir (a). O silêncio de Edrisi (b), que dele não fala, descrevendo aqueles territórios apenas meio século antes, e o próprio nome do castelo, Albur (charneca, baldio), indicam ter sido este ali edificado recentemente para servir de centro e defesa de agricultores que viessem arrotear os campos vizinhos, dantes incultos. Foi contra esse ponto que a expedição se dirigiu. Aterrados com o aparecimento de tão grande número de vals e, provavelmente, afugentados dos campos e das aldeias pelos saltos que a gente da frota iria fazendo em terra, os sarracenos daquelas imediações que não haviam podido retirar-se para Silves tinham-se acolhido a Alvor, onde, em vez de amparo, acharam a última destruição. Eram assaz numerosos os cristãos para não poder o castelo fazer larga resistência. Levado à escala, os seus habitantes experimentaram a crueza dos vencedores, que, não perdoando a sexo nem a idade, puseram a ferro perto de seis mil pessoas, deixando, além disso, a povoação reduzida a um monte de ruínas. Depois, a armada do Norte, não querendo retardar a viagem, seguiu o Estreito, acompanhada até lá pelos navios portugueses, que, retrocedendo ao longo da costa, trouxeram alguns sarracenos cativos, enquanto os cruzados se engolfavam no Mediterrâneo com vento próspero e ricos dos despojos de Avor (1).
[Alexandre Herculano, História de Portugal, Desde o começo da monarquia até o fim do reinado de Afonso III, Tomo II, Livro III, pp. 44-45.]
Nota do Autor:
(1). — De Itinere Navali, pp. 11 e 13 [FMHP 160-161]; Godofredo, loc. cit.
Notas nossa:
(a). — Chenchir ou Al-Faghar era uma das províncias em que se dividia o Ocidente do Andaluz, e a que se situava na sua parte mais meridional. Uma faixa de terra lançada ao longo do oceano, como diz Herculano (ob. cit., Tomo II, Livro III, p. 42). As outras duas eram a de Belata e a de Al-Kassr.
(b). — Muhammad Al-Idrisi (1110-1165 ou 1166), cujo nome completo é Abu Abd Allah Muhammad al-Idrisi (em língua árabe أبو عبد اللّه محمد الإدريسي) ou somente Edrisi, foi um cartógrafo árabe da Idade Média, famoso pela qualidade de seus mapas, tanto no desenho quanto na precisão. [in, Wikipédia, a enciclopédia livre.]
Até breve.
[Alexandre Herculano, História de Portugal, Desde o começo da monarquia até o fim do reinado de Afonso III, Tomo II, Livro III, pp. 44-45.]
Nota do Autor:
(1). — De Itinere Navali, pp. 11 e 13 [FMHP 160-161]; Godofredo, loc. cit.
Notas nossa:
(a). — Chenchir ou Al-Faghar era uma das províncias em que se dividia o Ocidente do Andaluz, e a que se situava na sua parte mais meridional. Uma faixa de terra lançada ao longo do oceano, como diz Herculano (ob. cit., Tomo II, Livro III, p. 42). As outras duas eram a de Belata e a de Al-Kassr.
(b). — Muhammad Al-Idrisi (1110-1165 ou 1166), cujo nome completo é Abu Abd Allah Muhammad al-Idrisi (em língua árabe أبو عبد اللّه محمد الإدريسي) ou somente Edrisi, foi um cartógrafo árabe da Idade Média, famoso pela qualidade de seus mapas, tanto no desenho quanto na precisão. [in, Wikipédia, a enciclopédia livre.]
Até breve.
Sem comentários:
Enviar um comentário