sábado, 22 de agosto de 2009

Glossário

Para que haja um melhor conhecimento e enquadramento da época medieval que vimos apreendendo nestes pequenos quadros históricos, que apresentamos diariamente, salvo os raros dias de não publicação por motivos absolutamente alheios à nossa vontade, achei que seria importante e oportuno, tanto quanto útil, inserir um glossário (1) amplo e diverso que nos possa elucidar melhor quanto ao que pretendemos fazer conhecer. A partir de hoje, e espaçadamente, daremos nota desses mesmos termos.


Glossário:

adarve: passeio estreito ao longo das muralhas de um castelo; caminho de ronda.
agareno: descendente de Agar; árabe. Nome porque eram conhecidos os árabes na Península Ibérica, para os diferençar dos magrebinos ou mouros.
alambre: pessoa muito esperta.
alão: cão de fila corpulento; pedra grande de lousa com que se encimam as paredes de pedra miúda para que esta se não solte.
albarda: sela grosseira cheia de palha, própria para b estas de carga, como machos ou burros. Casaco grosseiro.
búzio: pequena trombeta feita com as conchas daqueles gastrópodes, em que os pastores ou guardadores de gado tocavam para, dessa forma, fazer reunir os animais à sua guarda.
Castelo Branco de Moncarchino: nome porque era conhecida a urbe de Castelo Branco antes do Mestre templário, D. fr. Pedro Alvites, lhe ter dado o nome que actualmente tem e que não é mais do que a evidente coincidência de nomenclaturas — como denomina Nuno Villamariz Oliveira, no seu magnífico trabalho Castelos da Ordem do Templo em Portugal — entre Castelo Branco e Chastel Blanc, uma das principais fortificações erguidas pela Ordem do Templo no então condado de Tripoli, na actual Síria [Vol. I, p. 278, Lisboa, 2000 (edição policopiada)].
coima: pena aplicada ao delito, multa.
devesa: grande extensão de terreno baldio, limpo e batido.
dinheiro: moeda equivalente, no geral, a 1/12 do soldo.
fanega [o m. q. fanga.]: medida para cereais, de quatro alqueires.
galga: mó de eixo horizontal, nos lagares de azeite e moinhos.
honrar: tornar a terra honrada, isto é, imune, privilegiada.
infanção: nobre de categoria superior ao cavaleiro, mas inferior ao rico-homem.
juiz: autoridade judicial máxima dentro do concelho.
levada [o m. q. açude.]: corrente ou queda de água de água procedente de um rio, que vai dando movimento à mó do moinho.
mongal ou mangual: instrumento de malhar e debulhar os cereais que se compõe de dois paus, um dos quais está ligado ao outro por uma correia. Segundo algumas opiniões teriam sido os Suevos os que introduziram o mangual e as malhas como método de debulha.
omízio: homicídio.
pegulhal: direito de apascentar um certo número de ovelhas suas com as do seu senhor.
pousada: o mesmo que aposentadoria; obrigação dos vizinhos de acolherem em suas casas, gratuitamente, pessoas estranhas ao concelho.
quebrada: ladeira, declive, depressão com saliências em terreno montanhoso.
ripo: espécie de dente ou gadanho, com um pequeno cabo para soltar as azeitonas dos ramos [ripar].
raussata: “mulher raussata”, mulher raptada, violada.
soldo: moeda de prata; 20 soldos correspondiam, em geral, a 1 morabitino.
terra gallega [ou gualega]: a que não era de campo fértil e rendoso, mas sim de charneca, delgada e não muito rendosa.
taleigo: designação dada às quantidades de sacas cheias de trigo ou farinha, consoante eram transportadas antes ou depois da maogem do cereal.
vizinho: morador e contribuinte do concelho, detentor da plenitude dos direitos e deveres foraleiros.

Pedro Alvites


Nota:

(1) — Para uma consulta da bibliografia aqui inserida, dar-se-á uma relação num dos dias finais de cada ano.

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