sexta-feira, 2 de outubro de 2009

El Camiño (II).

E se na crónica de Ibn Sáhibe se encontra expressa referência a uma estrada que, nos tempos de Giraldo, vinda dos lados do Andaluz e da tão arabizada cidade de Niebla, conduz a Badajoz e que o cronista árabe, nessa época, já identifica, com rigor toponímico, por «Camiño» (1) e, ainda hoje, a povoação de Valverde del Camiño se situa, precisamente, na mesma via ( a actual estrada espanhola nº 435) que, mais para norte de Valverde e, portanto, mais perto de Badajoz, atravessa a aldeia de Valle de Matamoros, parece lógico admitir que o temerário golpe da matança levado a cabo por Giraldo e pelo seu grupo nos homens do comboio mouro, pudesse, de facto, ter ocorrido na antiga estrada rasgada no vale que se insinua nos sopés das colinas erguidas junto desta aldeia de Valle de Matamoros.
Tão frequentada era esta estrada durante a Idade Média que ainda hoje se podem observar, no coração de Xerez de los Caballeros, as ruínas de um pequeno «hostal», destinado a agasalhar e a assistir os mercadores e peregrinos que por ali transitavam no trajecto ascendente a caminho de Badajoz ou então a caminho de Niebla ou Sevilha, no regresso à Andaluzia
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[José Pires Gonçalves, Alguns aspectos das campanhas de Giraldo Sem Pavor na região do Guadiana, Anais, Academia Portuguesa de História, Volume 26, T. I, pp. 94-95.]

Nota do Autor:

(1). — Martim Velho, idem (2), p. 139. (Este arabista português, que utilizou, no seu trabalho, o texto arábico de Ibn Sáhibe, não hesita em traduzir o topónimo que identifica o local onde ocorreu a batalha entre o grupo de Giraldo e o comboio almóada partido de Sevilha para socorrer Badajoz, pelo termo castelhano de «El Camiño»).

Nota nossa:

(2). — Martim Velho, Trechos da Crónica de Ibn Sáhib respeitantes a D. Afonso Henriques, a Giraldo Sem Pavor e ao território português, Boletim da Junta Distrital de Évora, 7, 1966, pp. 127-147.

Até breve.

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